As contracções estavam mais regulares mas também já tinham passado duas horas que estávamos ali. A médica vinha periodicamente ao meu quarto ver se estava dilatada ou se continuava estável. A Rose continuava a tentar ligar para o Jasper mas como previsto, ele não atendia.

- Alice, vou ligar para a minha mãe. Ainda não a avisamos.

- Ok, mas fica aqui. Não aguento mais estas contracções, estou exausta…

- Eu sei, Alice, mas mentaliza-te, ainda falta o pior, o parto.

- Eu sei…

A Rose pegou no telemóvel e marcou o número da Esme. Ouvi um pouco da conversa. Quando a Rose disse que eu estava em trabalho de parto, ouvi um gritinho do outro lado mas depois não consegui ouvir mais nada, veio uma contracção. A Rose desligou o telemóvel e continuou ao meu lado. Ela tentava distrair-me das contracções e do Jasper não vir. Eu estava a entrar em pânico.

***

- Ó Rose, já são quase seis horas e o Jasper ainda não veio nem atendeu o telemóvel. – Disse com voz de choro.

- Ele vai chegar a tempo. Ele já deve ter saído do tribunal, ele agora tem de ligar o telemóvel para ver o monte de chamadas que eu lhe fiz e ele não atendeu. Ele vai logo perceber que se passou algo.

- Espero que ele ligue o telemóvel rápido. Não quero ir para a sala de partos sem ele…

- Eu sei. Por isso acalma-te, vai tudo correr certo. – Disse ela, limpando o suor que me escorria pela testa. Passou-se mais alguns minutos, quando o telemóvel da Rose toca. Fiquei a ouvir a conversa para ver se era o Jasper.

- Estou? – Perguntou a Rose. Ela não olhou para o ecrã.

- Rose! O que se passa? Para quê tanta chamada? – Perguntou o Jasper.

- A Alice entrou em trabalho de parto. Estamos no hospital. Ela quer-te aqui. Despacha-te. – Disse a Rose.

- Deixa-me falar com ela.

- Ok, vou passar-lhe. – A Rose passou-me o telemóvel.

- Jasper… - Disse.

- Alice, estás bem?

- Sim, tirando as contracções.

- Eu vou já para aí, esperem por mim. – Disse ele.

- Nós esperamos. Vem rápido.

- Ok, estou a ir.

- Ok, estou à tua espera. Beijos.

- Beijos. – Desliguei o telemóvel.

- Ele está a vir… - Disse mais feliz.

- Vês, vai tudo correr bem. – Disse ela.

- Espero que sim. – Disse.

Passado um quarto de hora, o Jasper apareceu com o Emmet no quarto. Eles devem ter ido juntos para o tribunal.

- Alice! – Disse o Jasper vindo ter comigo. – Há quanto tempo é que estás aqui? – Perguntou ele.

- Desde a hora do almoço. – Respondi. – Aii! – Gritei apertando a mão do Jasper. – Não aguento mais contracções. – Desabafei.

- Queres que eu chame a médica? – Perguntou o Jasper.

- Quero.

- Já volto. – Disse dando-me um beijo na testa. Dei a mão à Rose.

- Então, a pequenina quer sair? – Disse o Emmet carinhosamente, acariciando a minha barriga.

- Quer. – Disse meio ofegante. – Só espero que a médica me leve para a sala de partos, não aguento mais contracções.

- Vais ver que daqui a nada, vais estar aqui com a Liv. – Disse o Emmet para me acalmar.

- Espero que sim.

Esperámos uns minutos e o Jasper ainda não tinha voltado. Espero que voltasse depressa com a médica.

- Porque é que o Jasper está a demorar tanto? – Perguntei ofegante.

- Deve estar à procura da médica, ou a falar com ela. – Disse a Rose. – Já deve estar aí a vir.

- Ok. Aiiii! – Gritei apertando a mão da Rose. Tinha sido a contracção mais forte que tive. Porque é que o Jasper estava a demorar tanto? Eu não aguentava mais. Ficámos à espera mais uns minutos e o Jasper apareceu com a médica.

- Por favor, diga que eu já estou dilatada o suficiente. – Supliquei à médica.

- Vamos ver, ok? – Afirmei com a cabeça. A médica viu se que já estava dilatada ou não. – Sim, a Alice já está dilatada o suficiente. Vamos prepara-la para ir para a sala de partos.

Nos minutos seguintes, levaram-me para a sala de parto. Deitaram-me numa maca e puseram os meus pés naqueles apoios para os pés. Estava pronta, comecei a ficar com medo. Tinha medo de não conseguir, estava exausta e demasiado fraca.

- Alice, eu sei que está fraca mas quando vier a próxima contracção quero que faça força, combinado? – Perguntou a médica já posicionada para ajudar-me no parto.

- Combinado. – O Jasper apareceu ao meu lado e deu-me a mão. – Estou com medo de não conseguir. – Disse baixinho para o Jasper.

- Shh! Claro que vais conseguir, se conseguiste até agora, vais conseguir até ao fim.

Quando a contracção veio, fiz força, tanta quanto pude. A partir daí, era tudo um enorme borrão. Mal conseguia manter os olhos abertos. O parto estava a ser difícil e o meu estado estava a dificultar as coisas. Fazia força quando a médica me mandava mas estava quase no meu limite. Não conseguia fazer mais força, por mais que quisesse. Não tinha forças para mais.

- Quando eu contar até três faça, força! – Ouvi a médica. Eu não ia conseguir.

- Não consigo… - Disse o mais alto que consegui. – Estou exausta…

- Alice, tu consegues! Está quase no fim. – Encorajou-me o Jasper.

- Alice, só falta mais dois empurrões para a Olívia nascer. Não vai desistir agora.

- Está a doer muito e estou muito cansada… quero dormir…

- Alice, não adormeça! Mais dois! Só mais dois! – Incentivou a médica.

- Alice, está quase. Não desistas, pensa na Liv. – Continuou o Jasper.

Ia fazer força mais duas vezes. Não podia desistir, tinha de continuar. Havia muito tempo depois para dormir. Tinha de fazer força. Muita força. Tinha de conseguir. Quando veio outra contracção, fiz força, tanta quanto conseguia. De seguida, veio uma grande dor.

- AIIIIIII! – Gritei já a chorar. – Não aguento, dói muito. – Chorei.

- Só mais um, estou com a cabeça na mão, só mais um. – Disse a médica. Estava quase, só mais um, faltava apenas mais um e depois podia descansar. – Vá, um, dois, três! – Fiz força mais uma vez mas não resultou, estava sem forças e a força que fiz não chegou. – Ela está muito fraca. – Ouvi a médica a dizer para um enfermeiro. – Alice, não foi força suficiente. Tem de fazer força mais uma vez. Tem de conseguir, pense na sua filha.

- Vá, Alice, está quase! Mais um e isto acaba. – Incentivou o Jasper.

- Ok… mais uma vez… - Sussurrei.

- Aos três, Alice. – Avisou a médica. – Um, dois, três. – Fiz tanta força quanto pude.

- AHHHHH! – Gritei.

- Já está, Alice. – Disse a médica. Comecei a ouvir um choro. Era o choro da Liv. Comecei a chorar, queria pegar nela mas não tinha forças para isso.

- Consegui… - Disse num tom baixo para o Jasper.

- Conseguiste. Ela é linda, Alice. – Admirou o Jasper. Ele estava com ela ao colo. Abaixou-se para eu conseguir ver o seu rostinho. Ela era realmente linda. Estava com os olhos fechados, por isso não podia ver a cor mas tinha os cabelos castanhos da mesma cor que o meu. Tinha as bochechas rosadas e estava a mexer os seus bracinhos. Sorri.

- Ela é realmente linda. – Admirei.

- Queres pegar nela? – Perguntou o Jasper. Querer, queria mas não tinha forças, não queria arriscar.

- Estou exausta… não tenho forças… - Disse. Jasper percebeu que eu não iria conseguir e deitou-a um pouco ao meu lado. Fiz carinho na sua bochecha. Ela era realmente muito irrequieta. Não parava de mexer as suas perninhas e os seus bracinhos.

- Tenho de a levar. – Ouvi alguém a dizer. Não queria afastar-me dela mas sabia que ela tinha que ir fazer os exames normais. Uma enfermeira levou-a depois de eu beijar a sua testa. Mal, ela saiu de ao pé de mim, adormeci. Não aguentava mais os olhos abertos.

Voltei a acordar com várias vozes no quarto.

- Ela é linda! – Ouvi a Rose. Abri os olhos lentamente e avistei, a Rose, o Emmet e o Jasper. Estavam os três à volta do berço onde estava a Liv.

- Olá. – Disse.

- Já acordaste. Estavas mesmo cansada. – Comentou a Rose.

- Que horas são? – Perguntei.

- Dez e um quarto da manhã. Passaste quase a noite toda na sala de partos. Só vieste por volta das duas da manhã. – Informou a Rose.

- A Liv é linda, Alice. – Comentou o Emmet.

- Eu sei. Quero pega-la. – Pedi.

- Ok, eu vou leva-la. – Disse o Jasper sorrindo. Ele pegou nela e veio na minha direcção. Estiquei os meus braços para receber a Liv. Ela encarou-me com os seus grandes olhos verdes. Ela tinha os olhos do Jasper. Peguei na mãozinha dela, era tão pequenina e linda.

- Ela tem os teus olhos. – Comentei fazendo carinho na bochecha da Liv. Neste momento, entra a Esme com a Amber, o Ray e a Amy.

- Mamã, deixa ver a Liv. Deixa ver! – Pediu a Amber entusiasmada. O Jasper pegou nela ao colo e meteu-a ao meu lado na cama. Dei-lhe um beijo na testa.

- Ela é tão linda. – Disse a Amber mexendo na mãozinha da Liv.

- Pois é, agora tenho duas princesas lindas. – Disse para ela. Ela sorriu para mim.

- Mamã, também quero ver a Liv. – Pediu a Amy à Rose. A Rose pegou-a ao colo e chegou-se para o pé da cama para a Amy conseguir ver. – Mamã, ela é tão fofinha! – Disse a Amy. A Rose sorriu para ela. A Liv estava a crer dormir. Estava a fechar os olhinhos. A Amber continuava a acariciar-lhe a mão. Chamei o Jasper e pedi para ele a pôr na cama.

- Então princesinha, estás bem? – Perguntei, abraçando a Amber.

- Sim. – Disse ela sorrindo. – E tu? – Perguntou ela, indo para o meu colo.

- Também. Olha, vais dormir estes dias em casa da avó, ok? Enquanto a mãe está aqui.

- Está bem. – Disse ela, sabia que ela queria ficar connosco mas por enquanto não dava. – Quando é que vais sair daqui? – Perguntou ela.

- Não sei, mas daqui a uns dias, devo sair.

- Ok, eu quero que saias rápido para irmos todos para casa.

- Eu sei, princesinha. É só por uns dias.

- Ok. – Disse sorrindo um pouco. – Amo-te. – Disse ela dando-me um beijo.

- Também te amo!

Fiquei mais um pouco com ela e depois ela foi-se embora com a Esme. A Rose e o Emmet também foram para casa com o Ray e com a Amy. Eles estavam cansados, passaram a noite no hospital. Fiquei apenas eu e o Jasper com a Liv.

- Bom dia! – Disse a enfermeira entrando no quarto.

- Bom dia! – Dissemos nós.

- Está na hora da Olívia ser amamentada. – Disse a enfermeira indo buscar a Liv. Peguei-lhe e comecei alimenta-la. Depois de alimentá-la, ela ficou um pouco ao meu colo. Adorava pegar-lhe. Estive um pouco com ela e depois passei-a para o Jasper. Ele esteve a adormece-la e depois meteu-a no berço.

- Estou tão feliz! – Disse ele beijando-me.

- Também eu! – Disse sorrindo. Era a mulher mais feliz do mundo. Estava com o homem que amava, com duas filhas lindas e uma família maravilhosa.

- Estás cansada? – Perguntou.

- Um pouco. – Respondi sinceramente.

- Dorme um pouco. Daqui nada tens de dar mama à Liv. Precisas de descansar.

- Ok, descansa também. Não deves ter dormido muito esta noite.

- Eu estou bem. Dorme lá um pouco.

Acomodei-me na cama, fechei os olhos e adormeci, de seguida. Voltei a acordar com o Jasper a chamar-me. Dei de mamar à Liv e depois pus ela a arrotar e a seguir ficou ao meu colo. Ela era tão linda e era muito mexida. Quando estava acordada não parava quieta com os braços e as pernas.

- Acho que vamos ter algum trabalho com ela. Ela não é tão sossegada como era a Amber. – Disse sorrindo.

- Pois, já vi que ela é um pouco irrequieta. Como era a Amber? – Perguntou o Jasper.

- Era muito calma e sossegada. Ficava muito tempo a dormir e só acordava quando queria comer. Depois quando cresceu, continuou a ser sossegada. – Disse. Gostava que o Jasper tivesse estado lá nessa altura.

- Queres que eu a meta no berço? – Perguntou.

- Não. Deixa-me ficar mais um pouco com ela. – Disse deslumbrada. Ela era mesmo muito bonita, parecia muito a Amber quando ela era pequenina. Apenas mudava a cor do cabelo, pois a Amber é loira e a Liv é morena.