El Aáiun escrita por Maxlin, Tadewi


Capítulo 7
Capítulo 7




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Eram mais ou menos sete horas da manhã. Thony e Samy já estavam acordados. Se vestiram e desceram para o restaurante do hotel. Depois de um café da manhã energético, eles pegaram um táxi e percorreram Paris por trinta minutos até achar ao endereço da francesa Milla.
Quando finalmente chegaram, perceberam que ela morava em um verdadeiro palácio. Do portão se via um jardim enorme, com flores e muito verde, estátuas e fontes de água cristalina. Mas o que realmente impressionava era a garagem, que abrigava mais ou menos quinze carros e três motos.
Thony e Samy se aproximaram do interfone com visor. Ele ergueu o dedo para apertar o botão e se comunicar, mas o portão abriu automaticamente. A voz da francesa, então, saiu da caixinha de som, simpática e suave.
- Entrem por favor, e sejam bem vindos!
Eles seguiram pelo caminho feito entre a grama e chegaram à porta branca em estilo barroco. Thony bateu e Milla abriu, sorridente.
- Bom dia! – ela se aproximou.
- Bom dia – responderam Thony e Samy.
- Ah, vejo que o senhor trouxe sua namorada! – Milla sorriu para Samy.
- Não, não – Thony tratou logo de explicar – essa é minha advogada e amiga – ele se virou para Samy – Essa é Milla Phohié, Samy...
As duas trocaram um aperto de mãos e um sorriso simpático.
- Milla, preciso falar com você – ele continuou sério – fomos seqüestrados por uma espécie de quadrilha de homens mascarados... eu não entendi muito bem, mas fiquei assustado...
- Meu Deus! – a expressão dela petrificou – venham... quero saber os detalhes...
Ela guiou-os pelo saguão até chegar a uma sala de visitas. Eles se sentaram e, durante um bom tempo, Thony e Samy contaram suas versões da história, desde o encontro na casa abandonada até a descoberta dos medalhões semelhantes e o aramaico antigo inscrito neles...
Milla permanecia em silêncio, ouvindo atenta a cada detalhe e anotando tudo. Apenas desviava os olhos do papel à menção das palavras "medalhão" e "aramaico", dedicando total atenção, sem sequer piscar...
Em certos momentos Thony notava que Milla queria dizer algo aparentemente importante, pois estava inquieta. Mas parecia não encontrar coragem para tal.
Depois de muito tempo apenas ouvindo, Milla se manifestou e tomou uma decisão séria.
- Creio que John Glover não saiba da existência de um segundo medalhão, nem da senhorita Samy...
- Bom, ele não comentou sobre isso comigo – Thony disse pensativo.
- E eu fui seqüestrada sem saber o motivo – Samy comentou intrigada.
- Para sua segurança é melhor que a senhorita fique hospedada em minha casa – Milla disse séria e com um suspiro – até que a situação se estabeleça...
- Mas não posso deixar Thony sozinho nessa – Samy olhou para o amigo.
- Srta. Thollar, a senhorita e o Sr. Mandrak têm uma missão – Milla falou baixo e em um tom que deixava claro que aquilo era mais sério do que qualquer um deles imaginava.
- Missão? – Samy intrigou-se, franzindo a testa para a francesa.
- Sim, mas é preciso tempo para compreendê-la. Por enquanto preciso da sua ajuda. Eu entendo o aramaico, mas a linguagem antiga é mais complexa. Quero que me ajude a decifrar essa mensagem nos medalhões...
Samy trocou um olhar de incerteza com Thony. Ela não entendia aramaico, e àquela altura não era bom confiar em muitas pessoas, já que fora seqüestrada sem motivo aparente. E também não queria ficar ali sabendo que seu amigo corria risco de vida.
- Samy – Thony murmurou se aproximando dela – eu quero que você fique aqui. Estará muito exposta comigo... e não quero a vida dos meus amigos em risco. Prometo te manter informada.
- Tudo bem – ela suspirou conformada – eu vou ajudar no que for preciso...
Thony sorriu para ela e agradeceu a compreensão.
- Então enviarei meu motorista até o hotel para apanhar suas coisas, Srta. Samy – Milla sorriu – e o senhor pode aproveitar e voltar para lá se quiser – ela disse para Thony.
- Claro, obrigado – ele agradeceu.
Samy despediu-se do amigo. Ele, então, fez o caminho de volta para o hotel. O percurso foi calmo e silencioso. Thony estava aliviado por saber que mais ninguém iria correr risco naquela história maluca e sem explicação...
Logo outro pensamento veio, preocupando-o novamente. Em algumas horas ele finalmente conheceria aquele misterioso John Glover. Pelo menos era o que ele esperava. O fato é que todos os encontros inesperados que Thony teve nas últimas horas foram com pessoas contratadas por John, exceto a francesa Milla, que parecia trabalhar por conta própria. Mas com tudo aquilo acontecendo, Thony não podia confiar em ninguém...
"John Glover deve ser milionário", ele pensou, lembrando-se da conversa com o brasileiro quando chegou no hotel. Thony imaginou isso desde o começo, já que aquele homem contratava pessoas em todos os lugares, seja segurança, motorista, recepcionista ou entregador de pizza. O preço devia ser alto, já que todas elas corriam risco de vida em suas missões.
Todos os pensamentos de Thony se dissolveram como fumaça quando ele viu que a noite já havia caído, iluminada pela lua cheia. Seus olhos verdes brilhavam à sua luz intensa. Ele olhou pela janela do carro e, ao longe, viu a torre Eiffel, graciosamente iluminada. Era com certeza o mais belo monumento de Paris. Thony observou as pessoas no local. Estavam felizes, se divertindo sem preocupações.
Olhou no relógio, que marcava sete horas e trinta minutos. O encontro com John Glover era às dez da noite. Ainda havia tempo para que ele pensasse muito bem no que iria falar. Afinal ele era um estranho e qualquer palavra errada poderia ser fatal.
Thony acompanhou o motorista da francesa até a suíte presidencial. Ele recolheu as coisas de Samy e entregou-lhe tudo, que logo foi embora.
Thony deitou-se e ficou algum tempo encarando a lua pela janela aberta. Sua cabeça doía. Ele resolveu se levantar e tomar um banho. Vestiu roupas limpas, serviu-se de um pouco de whisky e sentou-se na varanda da suíte. Mal imaginava ele as surpresas que o aguardavam...
************

Samy era uma grande amante dos livros e ficou fascinada ao ver a magnífica biblioteca que Milla possuía: dois andares cheios de prateleiras abarrotadas de livros de todos os tamanhos e cores.
- São dez mil e quinhentos livros no primeiro andar. Vinte e cinco mil no segundo – Milla explicava enquanto as duas atravessavam um dos longos corredores entre as prateleiras.
- E como você espera que eu encontre os livros corretos sobre aramaico? – Samy perguntou perplexa.
- Senhorita Thollar – Milla virou-se para ela meio ofendida – eu sou uma pessoa organizada.
Samy calou-se e sentiu-se um tanto envergonhada sob o olhar de repreensão da francesa. Apenas continuou caminhando.
- Os livros estão em ordem alfabética e dividido em sessões. Os que tratam de aramaico estão no segundo andar ao lado da janela mais alta.
- Certo.
- E seu quarto já está preparado. Suas coisas também chegaram. Venha, eu te acompanho até lá...
Samy seguiu Milla pelas longas escadas em caracol, subindo dois andares até chegar ao quarto.
- Bom, é aqui. O meu fica ao lado. Se precisar de algo é só chamar...
Samy olhou no corredor e disse:
- Ao lado? – ela riu um pouco hesitante – fica do outro lado do corredor. E é o único aqui além do meu...
- Força do hábito – Milla deu um sorriso simpático – bom descanso...
- Obrigada por tudo – Samy correspondeu.
Milla deu um aceno de despedida e foi para seu quarto.
***************
Quando o relógio marcou nove e meia da noite, Thony saiu do hotel. Ele arrumou suas malas, como John Glover havia pedido no bilhete que deixara no passaporte. O motivo Thony descobriria em seu encontro com o homem misterioso.
Durante seu trajeto conduzido pelo motorista contratado, Thony via as ruas esvaziando-se aos poucos. A torre Eiffel continuava iluminada como antes, e não havia sinal de pessoas suspeitas.
Quando faltavam dez minutos para as dez horas, Thony desceu do carro e pegou o elevador da torre, subindo até o andar principal, o último. Uma voz eletrônica saiu de um alto-falante acima de sua cabeça, falando em francês. Ele não entendeu muito. Mas logo a voz mudou para o inglês, dizendo que a torre seria fechada em minutos e todos deviam se retirar.
Thony, no entanto, prosseguiu e logo chegou ao seu destino. O andar estava vazio e escuro. Ele saiu do elevador enquanto os últimos turistas entravam. Pela primeira vez desde que chegara ali, ele hesitou.
"E agora? O que eu faço?"
- Olá meu caro jovem Anthony Mandrak – uma voz grave disse – ou será que posso chamá-lo de Thony?
Thony virou-se sobressaltado.
- O senhor é... John Glover?
- Exatamente.
John era um homem alto e usava um casaco preto batendo nos pés. Também usava um chapéu da mesma cor que projetava uma sombra em seu rosto, deixando visível apenas seus olhos de um azul elétrico, que se tornavam assustadoramente brancos à luz da lua. A escuridão do lugar ajudava a ocultar o rosto de John.
- Tenho muito a lhe dizer em pouco tempo, por isso não me interrompa até que eu tenha terminado...
- Ah, claro – Thony disse ainda assustado.
- As pessoas que estão perseguindo o senhor são caçadores de recompensa que trabalham para o chefe de expedição do Egito, o Sr. Thaúr Rossori. Ele pretende roubar seu medalhão para encontrar a cidade perdida de El Aáiun, a Cidade dos Deuses. Esta cidade está escondida a centenas de anos. De acordo com a lenda, deuses gregos e egípcios se uniram aos descendentes de Cristo e fundaram esse lugar. Durante anos, a cidade guardava todos os segredos do mundo, porém eles foram sendo esquecidos ou escondidos pela Igreja Católica, sem contar que também continha muitas riquezas materiais. Com o tempo os deuses procriaram e geraram descendentes. Hoje em dia, ninguém mora na cidade. Muitos descendentes protegem-na e procuram os outros medalhões para serem destruídos. Eles são a chave para entrar em El Aáiun e, sem eles, não há outra forma.
Thony escutava a história, perplexo. Não havia como não acreditar, depois de todas as coisas loucas que aconteceram a ele. Agora tinha certeza que John Glover mencionaria sua família a qualquer momento. Ele ansiava por isso.
Então começou a se lembrar da conversa com Natany Ousborne, das grandes revelações que ela fizera e a descoberta de que sua família estava viva. Thony desejava que a sua também estivesse bem. Lembrou-se de seus longos anos de amizade com Natany, de como confiavam um no outro.
John Glover continuava a falar.
- Olha, são doze descendentes dos deuses que possuem o medalhão. Lembra dos doze apóstolos de Cristo? A Igreja tentou esconder a verdade dos doze medalhões na bíblia. Na verdade existem cinco mil pessoas em todo o mundo que são descendentes, mas só doze delas possuem o medalhão, um de cada Deus. E você, Anthony, é um deles. Descendente de Zeus, deus dos deuses.
"Bom, concluindo, há seis descendentes com medalhões que protegem a cidade. Infelizmente eu não sei quem são os outros, eles são muito sigilosos sobre esse assunto e os outros seis não sabem da verdade. Aliás, cinco. Agora você sabe. Tenho os nomes de três, ainda estou investigando o paradeiro dos outros".
- E quem são? – Thony quis saber.
- Você, Josh Farrel e Samy Thollar.
- Samy? – ele se surpreendeu ao ouvir o nome da amiga.
- Sim, o senhor a conhece?
- Ah, não... não – Thony decidiu mentir – mas espere... e minha família?
- Thaúr Rossori mandou homens atrás deles para roubarem os medalhões. Eles pretendem roubar a cidade e usufruir de tudo, além de se tornarem consagrados em todo mundo. Sua família tentou despistá-los. E creio que não sobreviveram... sinto muito – John deixou escapar um suspiro melancólico.
- Mas... como assim? Você disse... olha só, nunca encontraram os corpos, ainda existe esperança, não é?
- Calma, eu também não sei o que aconteceu. Só disse o que eu penso, porque seus pais e sua irmã nunca foram pegos...
Thony ia questionar, mas ouviu o barulho de tiros cortando o ar, aumentando gradualmente.
- CORRA! – John gritou.
De repente surgiram vários homens de todos os lados. Esses não usavam máscaras e Thony recordou que os seqüestradores de Samy eram mascarados.
"Agora não estou entendendo mais nada" Thony pensava enquanto corria desesperado. Como os elevadores estavam desligados, ele disparou pelas escadas de emergência. Mas havia mais homens subindo por ela e descendo também, atrás dele.
Thony viu-se encurralado e não sabia o que fazer. "Agora é meu fim".
- Thony, suba aqui!
Ele olhou para cima e viu uma longa corda que John havia jogado. Ele agarrou-a e escalou com dificuldade. Logo voltou ao andar onde estava.
- Voltar? Ficou maluco? – Thony exclamou indignado.
- Confie em mim! Suba no elevador!
- Mas estão todos desligados...
- Eu disse para subir e não entrar nele! VAI!
Thony e John correram para um dos elevadores e subiram, segurando-se nos cabos de aço. John tirou um afiado facão de dentro do casaco.
- Segure-se Thony – ele disse.
Os homens se aproximavam rápido, empunhando espadas que brilhavam com a lua, chegando cada vez mais perto.
John ergueu o facão e golpeou o cabo principal que sustentava o elevador. Eles começaram a cair em queda livre. O vento uivava em seus ouvidos.
- Quando eu mandar, pule e se agarre em uma das bases – John gritava olhando para baixo – AGORA!
Com muito medo, Thony pulou aos três metros de altura. Sentiu seu corpo colidir com o ferro gelado e se agarrou nele com força. Ouviu o elevador parar, rangendo.
- O quê? – ele exclamou olhando para cima – eu achei que ia explodir...
Ele olhou para baixo e viu que estava na base da torre.
- Não explodiu por causa dos freios de segurança. Se tivéssemos ficado nele, seríamos jogados para fora. Agora, depressa, vamos descer...
Eles desceram pelos ferros muito rápido e entraram no carro de John, que acelerou, fazendo os pneus cantarem.
- Para onde vamos? – Thony perguntou.
- Vamos até o hotel. Pegaremos suas coisas e partiremos para o aeroporto.
- Aeroporto? Por quê?
- Você deve encontrar Josh Farrel que, pelas minhas investigações, deve estar chegando em Atenas. Encontre as cinco pessoas que possuem o medalhão.
- Mas por quê? Como posso confiar no senhor? – Thony indagou desconfiado.
- Você não tem escolha, sua família está trancada na cidade.
- Mas você disse...
- Eu sei, mas era o único jeito de você me compreender.
- E o que você quer com tudo isso?
- Eu menti em certa parte da historia. Os descendentes dos deuses não morrem quando estão na cidade, minha esposa está morrendo com uma doença grave. Nem meu dinheiro pode ajudar nos tratamentos
- Mas como você sabe da história?
- Eu sou hacker e acessei os computadores de todos os médicos do mundo. Sem querer acessei o computador de Thaúr Rossori e consegui todas as informações sobre o assunto. Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de ninguém morrer dentro de El Aaiún.
- Impressionante.
- Quero que você encontre os portadores dos medalhões. Eu vou procurar os guardiões da cidade.
- Tudo bem, mas será que poderia fazer uma ligação antes de irmos?
- De maneira alguma! – John repreendeu-o – você não pode colocar mais ninguém nesse jogo. O risco é muito grande.
- Certo.
Eles continuaram o caminho até chegar ao hotel. John esperou no carro enquanto um Thony perplexo e trêmulo subia até o quarto, pegando as malas que estavam sobre a cama. Logo eles se dirigiam ao aeroporto. Thony tinha que falar com Natany, Milla e Samy. Elas precisavam saber de tudo, e ele precisava da ajuda delas. Era muita informação para uma noite e uma só pessoa. Ele tentava juntar as peças e montar aquele intrincado quebra-cabeça, mas parecia que só ficava mais confuso. Algo ali não se encaixava...
Finalmente chegaram ao aeroporto, John virou-se para Thony com um aparelho celular na mão.
- Fique com isto, você irá precisar. Meus números estão registrados nele. Eu preciso ir...
- Espere! Tenho uma pergunta. Ontem eu e a... quer dizer, ontem eu fui seqüestrado por pessoas mascaradas. Quem são elas?
- São descendentes dos deuses que desviaram de seus destinos. Eles são maus e querem os medalhões para abrir El Aaiún e roubar as riquezas. Trabalham por conta própria e são outros com os quais você deve se preocupar, eles perseguem todos que sabem sobre a cidade.
- É por isso que eles queriam nos... quer dizer, me sacrificar!
- O senhor não me contou sobre isso – John cravou em Thony um olhar inquisitivo.
- Claro, o senhor não deixou...
- Mas agora não tenho mais tempo. Preciso ir. Depois quero os detalhes dessa história. Faça boa viagem...
- Obrigado.
Thony olhou para John de relance e observou que na face esquerda do rosto dele havia uma cicatriz, logo abaixo do olho.
John se foi e Thony desviou os olhos para o celular em sua mão.
- Estou ganhando presentes demais – ele disse para si mesmo, sarcástico.
Ele desligou o telefone e jogou dentro da lixeira mais próxima. Depois comprou sua passagem. Os vôos eram programados para sair de hora em hora e, por sorte, um deles sairia para a Grécia às onze e meia. Thony olhou no relógio. Onze e dez. Ele ainda tinha vinte minutos para fazer algo importante.
Andou pelo aeroporto procurando um telefone público. Quando encontrou um, discou o número de sua amiga, Natany Ousborne.
- Alô? – ela atendeu sonolenta.
- Natany, sou eu, Thony...
- Thony... isso são horas? – ela disse indignada.
- Preste atenção: preciso que você pegue o primeiro vôo para Atenas. A história está se repetindo...
Natany sentiu um espasmo de alerta e todo o vestígio de sono abandonou-a por completo. "A história está se repetindo". A frase acendeu um flash em sua mente. Tudo o que aconteceu com ela estava agora acontecendo com seu amigo, ela sabia disso. E havia um grande segredo prestes a explodir novamente.
Ela não hesitou. Foi rápida e arrumou suas malas. Tomou um banho, vestiu-se e saiu. Natany parou em um caixa eletrônico e tirou uma boa quantia de sua conta. Já era meia noite quanto ela chegou ao aeroporto.
Enquanto isso, Thony estava a bordo do avião, a caminho de sua terra. Estava preocupado, com medo de que aqueles homens estivessem seguindo-o ou pudessem cercá-lo em seu castelo em Atenas. Por isso decidiu que, assim que chegasse, procuraria um hotel. Estaria um pouco mais seguro. Voltaria ao castelo apenas para pegar seus documentos e mais algumas roupas, seu celular e laptop.
Thony pensava em como iria encontrar John e qual seria a reação dele ao descobrir a verdade. As horas iam passando devagar. A voz de uma aeromoça ecoou no avião:
- Estamos sobrevoando a Itália neste momento...
Agora Thony sabia exatamente quanto tempo faltava para chegar em seu destino. Duas horas eram suficientes para ele descansar...
****************
- NÃÃÃÃÃO!
Samy acordou assustada. "Calma, foi só um pesadelo. Um pesadelo horrível", ela pensava enquanto respirava fundo tentando se acalmar.
Levantou-se, vestiu um roupão e desceu para a cozinha.
Estava tudo escuro. Samy pegou um copo de água e subiu novamente. Mas, no caminho, algo chamou sua atenção. Na parede do fundo da sala principal havia um grande quadro pendurado. Ela não lembrava de tê-lo visto antes. Desceu as escadas novamente, indo até o quadro.
Quando se aproximou, Samy assumiu uma expressão perplexa. Logo foi tomada por um ódio descomunal. Tinha vontade de matar Milla. Como ela pôde fazer aquilo com Thony e ela?
Mas Samy foi arrancada de seus pensamentos por um barulho alto e estranho, amplificado pelo teto alto da mansão. Ela se assustou.
"Veio lá de cima", Samy concluiu.
Ela subiu as longas escadas silenciosamente. Os sons aumentavam. Samy então parou em frente à porta da biblioteca.
"O som vem daqui", ela pensou colando o ouvido na porta de carvalho "é melhor chamar Milla, pode ter um ladrão aí dentro".
Samy correu para o quarto da francesa, mas ela não estava em sua cama, ou em qualquer lugar.
Concluiu então que era a própria Milla que estava na biblioteca. Mas o que ela fazia lá àquela hora?
Samy voltou à pesada porta de carvalho e empurrou-a devagar. A biblioteca estava mergulhada na penumbra, era impossível enxergar alguma coisa. O único vestígio de luz vinha de uma alta janela de caixilhos que deixava entrar alguns feixes luminosos da lua, iluminando o teto.
Repentinamente o barulho cessou, fazendo um silêncio pesado comprimir os ouvidos de Samy. Ela pensou que Milla havia descoberto que ela estava lá. Samy manteve-se imóvel. Não se atrevia sequer a respirar alto.
Fechou os olhos.
Do silêncio, uma linda melodia saída de um piano pairou na biblioteca. Sentindo-se mais aliviada, Samy deu meia volta para sair, quando os gemidos da francesa chegaram aos seus ouvidos, acompanhados por outros de alguns homens. Ela não sabia o que significava. Talvez nem quisesse descobrir. Apenas se retirou rápido da biblioteca.
Voltou para seu quarto, sentindo-se perturbada. O sono veio aos poucos e ela adormeceu...
*****************
Quando Natany Ousborne pegou o vôo para Atenas eram uma e meia da manhã.
Enquanto isso, Thony acordava assustado em sua poltrona no avião. Outro pesadelo. Aquela madrugada parecia não ter fim.
Quando eram três horas e cinco minutos, Thony desembarcou em Atenas. O aeroporto estava deserto. Ele sentiu medo, como se houvesse alguém seguindo-o. Reuniu-se ao pequeno grupo que saía do avião com ele.
Pegou um táxi e foi para seu castelo.
Castelo Mandrak, Atenas 03:18
Thony desceu do táxi e entrou nos jardins até o castelo silencioso e escuro. Ele chegou ao hall principal e logo vozes desceram as escadas de mármore, chegando até seus ouvidos.
Ele foi até um armário antigo e pegou um revólver. Carregou o pente e subiu as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
A voz vinha do quarto de seus pais. Andou silenciosamente pelo corredor e abriu a porta devagar. Havia uma mulher ali. Por um instante ele pensou que fosse Natany, mas sua lógica alertou-o que não era possível que ela tivesse chegado antes dele ali.
Então quem era?
Thony aproximou-se devagar e colocou o cano da arma nas costas da estranha, e disse com uma voz baixa e calma.
- Quem é você? O que faz em minha casa? Responda agora!

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