Underneath The Moonlight escrita por Mercy_Dawn
A profª Verônica ainda não havia entrado na classe, por isso vários garotos atiravam gizes uns nos outros e várias meninas estavam conversando, entre elas estava Avril. Ela encarava-me enquanto eu entrava na classe com Gavril, eu a ignorei como se ela não fosse nada, ela ficou muito mais zangada com isso.
Gavril guiou-me para as duas carteiras mais distantes de onde a grande massa de pessoas estavam, apenas um grupinho de garotas sentavam-se perto de nós, mas quando fizemos menção de sentarmos naquelas carteiras, elas saíram de perto do nós. Eu achei que as pessoas tinham medo dele.
- Por que as pessoas têm medo de você? - perguntei para Gavril, enquanto sentávamo-nos.
Gavril sorriu, seus dentes brancos cintilaram na luz artificial e pálida de nossa sala de aula.
- Depende das pessoas com quem você anda - ele deu sorriso tristonho. - Mas por que as pessoas têm medo de você? - acrescentou ele de repente.
- N-ninguém tem medo de mim! - eu gaguejei e minha voz ficou mais fina, eu sempre fazia isso quando eu mentia.
Ele continuou sorrindo.
- Bem, parece que Avril Pandelesc discorda de você. Ela está com medo de você agora - ele aproximou a carteira da minha, sua boca batia na minha orelha, o sorriso ainda em seus lábios o tornava tão irresistível! - Foi por isso que eu te achei interessante.
Eu olhei para ele, senti meu rosto corar. Um forte impulso fez-me aproximar mais daquele menino tão estranho que atraia-me tanto! Ele era tão lindo, principalmente quando sorria. Pelo que conversei com ele a caminho da sala, nós gostávamos das mesmas coisas, até o modo dele vestir-se era igual ao meu.
Uma voz, que eu acreditei fervorosamente que não pertencia a mim, fez-me questionar a respeito de Cristopher. E não demorou muito até que minha mente encheu-me de imagens de Cristopher e dos dois beijos que ele roubara de mim. Aqueles dois beijos que fizeram-me pegar fogo.
Cristopher era perfeito a sua maneira, mas eu estava concientemente certa de que ele era imaginário. Como eu poderia entrar numa relação com alguém que era imaginário? E se ele não fosse imaginário, falando sério, ele só aparecia para mim, e para a minha mãe uma vez, mas mesmo assim... Ele praticamente só era visível para mim. Que outra explicação plausível eu teria que não fosse "eu inventei ele"?
Eu sabia a resposta, eu tinha inventado Cristopher e sonhei que minha mãe o viu, pronto era a explicação que eu procurava, mas mesmo assim não satisfazia-me, porque no fundo, no fundo, eu sabia que ele era real.
Quando Gavril aproximou-se de mim também, pude ver Cristopher aparecer magicamente na janela. Eu levei o maior susto, levei minhas mão ao coração, minha respiração e meus batimentos cardíacos pararam por um segundo.
Eu não conseguia tirar os olhos da janela, Cristopher encarava-me com um olhar traído e eu fiquei furiosa. Comecei a encará-lo e, inconcientemente, ergui uma sombrancelha.
Ah, qual é? O Cristopher era o pior amigo imaginário que existe, isso porque nem amigo meu ele era, ele só era um canalha que aparecia do nada, fazia-me promessas de que cuidaria de mim, roubava-me beijos e nada respondia-me! Por que eu deveria sentir-me mal por ele?
Eu estava tão furiosa, que minha cor começou a mudar para um vermelho vivo, eu pude sentir isso.
Gavril encarava a janela junto comigo, mas quando viu-me vermelha desistiu de ver algo que não via e olhou-me.
- Você está ficando vermelha! - disse ele, bem baixinho.
Eu desviei meus olhos da janela para voltar a olhar para Gavril, abaixei meu olhar e sorri timidamente, mas quando voltei a fitar a janela, Cristopher havia desaparecido.
Desviei meus olhos da janela e voltei a olhar para Gavril.
- Isso acontece o tempo todo.
Gavril aproximou-se mais de mim e colocou a mão direita, que era maior que toda a minha cabeça, na minha bochecha esquerda. Minha pele ficou mais quente sobre a palma da mão dele.
- Você fica linda quando cora, miss Annie - ele sussurrou em uma voz sedutora.
Eu já tinha ouvido aquilo numa voz bem diferente, mas eu gostei em como ficou na voz dele.
A profª Verônica interrompeu todos na sala, quando entrou pela porta.
Ela era muito alta, ela podia ter um metro e oitenta centímetros, e extremamente magra, seu rosto era cheio de pés de galinha. Seus óculos eram de "fundo de garrafa" e caíam sobre seu rosto fino e ossudo, ela estava totalmente desarrumada, usava uma camiseta preta justa e uma longa saia marrom escura, ela também usava pantufas. Seus cabelos crespos, pretos e desidratados estavam bem presos à um rabo-de-cavalo, seus olhos também eram pretos.
Ela varreu todos os rostos que a encaravam e quando achou quem procurava, seu rosto iluminou-se um pouquinho.
- Você deve ser a Annie - sua voz era aguda e fraca, era exatamente a voz que você poderia esperar de um corpo daquele. Ela fitava-me, querendo intimidar-me, pensei.
- Sim, senhora - eu respondi educadamente.
- Senhorita - corrigiu ela em um tom não tão educado comigo.
Eu a encarei com um olhar mortal, pude ouvir Gavril dar gargalhadas ao meu lado.
- Com licença, - eu disse levantando-me, se tinha alguma coisas que eu não suportava era quando alguém era menos desrespeitoso comigo quando eu era respeitosa com a pessoa - por que a senhorita falou comigo assim? Eu não fui mal-educada com a senhorita - eu destaquei bem as palavras "senhorita" imitando o tom de voz que ela usou comigo.
Eu vi quando a professora começou a descer do salto um pouquinho, eu a encarava com um olhar de poucos amigos e ela mordeu o fino lábio inferior.
- Desculpe, Annie - disse ela. - desculpe se meu tom pareceu desrespeitoso para você, mas não foi essa minha intenção.
Sentei-me e em minha mesa havia um bilhete que deveria ser de Gavril.
Eu o abri.
Aí miss Annie, mandou bem.
Eu sorri, talvez eu estivesse apaixonando-me por Gavril, só um pouquinho.
Ele estendeu-me a mão e bateu na minha quando eu fiz menção de pegá-la.
Sim, eu estava apaixonando-me por Gavril.
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