Desliguei o computador correndo, tomei banho e me arrumei. Eu nunca fui preocupada com minha roupa, como a maioria das meninas, MAS, hoje estou meio do contra.

Não pense que é por causa do Arthur. Ou de qualquer outra pessoa no mundo. E sim porque... AH, me deu vontade!

Não vou detalhar. Não estava tão arrumada quanto... Pessoas pra irem ao shopping. MAS, estava bem arrumada.

Jeans, camiseta, tênis. O básico. Coloquei uma calça velha, já me preparando para os arranhões e esfoladas que o skate irá me causar.

-Nossa. Quem é essa garota tão linda?

-MÃE! Você quase me matou de susto! Há quanto tempo está aqui?!?!

-Estava indo para o quarto por o celular carregar e vi uma garota parecida com minha filha... Só que bem arrumada.

-Valeu a auto-estima mãe. Estou me sentindo feliz em saber isso.

-Calma gatinha!Você é sempre linda! Mas arrumada deste jeito, está ainda mais!

-Obrigada, mas você é suspeita. Que horas são?

-Quase quatro. Fique calma. Vai se dar bem no skate. E daqui a pouco o... – Mamãe parou ao ouvir a campainha.

Olhei pela janela e vi Arthur lá na frente.

-JÁ VOU! – saí correndo. – Tchau mãe, amo você!

-Também te amo...

Corri, desci as escadas correndo e o resultado já era imaginado. Escorreguei no tapete infeliz da entrada. Por sorte, a porta de madeira impediu que o Arthur visse a cena terrível.

-Oi Alex! Pronta?

Arthur segurava um skate preto nas mãos. E um de seus pés estava apoiado em um skate bem parecido.

-Hm... Na verdade, eu não to pronta. MAS, vamos! – foi o máximo que consegui dizer, em meio à confusão em minha mente.

Ok. Pronta pra que? Pra ir? Pra ficar sozinha com ele? Pra andar de skate? Pra cair? Pronta de arrumada? Pronta emocionalmente, fisicamente...?

-Ok. – ele disse entre risos. – Fica com esse.

Ele me entregou o skate que estava no chão.

-Qual a diferença? – sim, eu não entendo nada de skate. Na verdade, nada que seja esporte faz parte do meu vocabulário.

-Olhe em baixo.

Percebi que ele sorria.

Virei o skate e embaixo ele era todo desenhado. Várias cores se misturavam... Formavam diversas formas. Linhas sem sentido, triângulos, ângulos, pássaros, um rádio, notas musicais... E me surpreendi. Estava escrito meu nome. Em vermelho sangue. Bem grande. As letras eram gordas, fofas.

Levantei os olhos e Arthur me olhava com um sorriso.

-Você fez isso pra mim?

OK. Isso sim era surpresa. Ele pensava em mim? Ele se dedicou pra mim?

-Na verdade... Não. Eu paguei. O cara da loja é que fez.

Pode não ter sido ele que fez mais, ele comprou um skate pra mim?!

-Mas... Por quê?

Sim. Fiquei boba. Nem era timidez. Era mais um espanto.

Ok, eu acho o Arthur lindo e tudo o mais... Mas não esperava nada dele.

-Coisa dos meninos. Nós sempre andamos de skate. Eu já tinha falado de você pra eles... Eles disseram que se você fosse legal, adorariam ter você na turma. Não é como naqueles bandos, famílias... Sei lá o nome deles. Somos só amigos. E andamos de skate juntos. Eles concordaram, eu fui à loja, e pedi o skate de sempre. Mas, pedi pra trocarem as cores para algumas mais femininas... Colorido. E pedi pra escrever Alex. Agora, é sua obrigação aprender a andar de skate.

Conhece a mistura perfeita entre decepção e felicidade?!

Eu acabei de conhecer!

Triste. O Arthur não fez aquilo pra mim, porque ele quis. Fez assim como fez para outros meninos. Fez como ato de amizade.

Feliz. Os garotos me querem no grupo!

-Vem, vou te ensinar a andar de skate!