Coração Imortal escrita por isabellatmassei


Capítulo 13
My boyfriend reads minds


Notas iniciais do capítulo

É O SEGUINTE, EU VO FALA PRA VOCÊS, LEIAM MINHA FIC, E AUMENTO SUA POP (8)
ok, não sou boa em funk... ¬¬
kkkkkk, tomara que gostem...



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Não tomei a água, não abri a boca pra dizer nada. Fiquei ali parada ouvindo o Beto e a Kathy conversarem. Ouvi a Kathy dar adeus ao Beto. Ouvi a Kathy saindo do banho. Ouvi a porta do quarto se abrindo e ela entrando. Posso até dizer que a ouvi sussurrar pra Blair que eu estava fora de mim e que era uma coisa de momento. Ouvi o Edu resmungar que estava com dor nas costas de ficar tanto tempo no chão. Ouvi a descarga, provavelmente a Blair tinha ido ao banheiro. Vi a noite escurecer mais e mais e depois clarear mais e mais. Ouvi um galo cantar. Ouvi os ossos do braço do Edu estralar. Mas a única coisa que não ouvi durante a noite toda foi meu coração batendo. Eu estava semimorta. Fiquei na mesma posição a noite toda, fiquei pensando a noite toda. Estava terrivelmente cansada e com fome. Não tive tempo de tomar nada e nem de comer. O Edu não desistia, ficou a noite toda do meu lado. Às vezes acariciava meu rosto, às vezes parecia estar dormindo. Tudo continuava igual agora a não ser pelo ronco exagerado do Edu. Meu corpo sequer correspondia ao cérebro. Eu estava paralisada. Tentei levantar e senti muita dor no braço. Eu havia dormido de mau jeito e agora ficaria de mal jeito.

- Quer levantar?- Du perguntou desencostando da parede

- Quero muito- disse me apoiando nele- Estou muito cansada.

- Sua cara esta horrível Ash- disse ele acariciando meu rosto- Você ta bem?

- Não- respondi sem hesitar. Mentir pra ele agora era como decretar independência e solidão.

- Eu te entendo... - disse ele me estreitando em seus braços

- Como você me entende?- perguntei indignada- Eu fui terrível. Eu quase matei alguém.

- Ash, você nunca mataria alguém com aquela faca de pão- disse ele me debochando

- Você é muito idiota Edu, eu mataria você com as minhas mãos se necessário.

Ele me afastou de seu corpo e olhou dentro de meus olhos.

- Você me mataria?- perguntou ele estreitando os olhos

- Não- disse aliviando a tensão de meu corpo- Eu mataria quem te machucasse.

- Ninguém machucará ninguém- explicou ele largando-me

- Aonde vai?

- Vou embora Ash- respondeu ele indo em direção à porta

 Porque ele iria embora? O que eu teria dito de errado?

- Por quê?- disse com uma voz pra lá de estranha

- Eu também passei a noite no chão sem dormir e sem comer. Mereço descanso, não mereço?- perguntou ele com uma sobrancelha levantada

- Ah- respondi muito aliviada- Durma aqui se necessário, mas não vá.

Ele olhou pra mim com um olhar malicioso apontou pra roupa amassada que estava.

- Você pode ficar sem elas se quiser- respondi. Caramba, eu tinha passado por poucas e boas e estava me insinuando pro meu namorado.

- Sério que você não se importa?

- Não mesmo- disse indo pro banheiro. Um banho não seria tão ruim assim.

- Posso ir?- perguntou ele atrás de mim

- Por favor- respondi automaticamente. Tomar banho com ele seria meu remédio hoje.

Dessa vez não ficamos com roupas intimas. Tiramos tudo e entramos embaixo do chuveiro. Eu sei que sou nova, eu sei que não devia ter esse tipo de comportamento. Mas o Edu era meu porto seguro. Não sei se ele é o cara certo. Às vezes não. Mas eu quero viver o presente. Eu quero fazer o que me der vontade antes que eu perca a oportunidade. Mamãe e papai nunca saberiam. Pelo o que sei, eles estão bem no céu, descansando em paz. Pelo menos nunca senti arrepio, nem mal estar nem tremelique. Mamãe e papai nunca fariam menos de mim se soubessem disso. Eu não precisava me sentir mal por isso.

- Essa água quente faz desse banho melhor do que o que tomamos juntos da outra vez. Lembra-se?- ele perguntou

- Claro que sim. Mas agora em compensação estamos sem roupa nenhuma.

- Melhor pra mim.

- Como assim?- perguntei com inocência

- Melhor do que responder é mostrar- ele disse acariciando meu rosto.

Com muita delicadeza deslizou a mão pelas minhas costas e beijou todo meu corpo com a sutileza de um principe. Já eu estava cravando minhas unhas em seus braços e me encaixando cada vez mais em seu corpo. Ele abraçava-me forte como se estivesse assim à garantia de que eu não iria sair dali. Sim, fizemos sexo no banho. Por mais estranho que pareça, foi até melhor. Dessa vez não doeu como antes, e eu também não fiquei pensando tanto nas conseqüências. Eu sabia que agora isso seria uma coisa normal pra gente, ou melhor, não seria anormal pra gente.

- Edu... - gemi quando ele entrou em mim

- Ash, eu sou seu e de mais ninguém. Não existirão mais preocupações. Não existirá mais ninguém que nos impeça de ser feliz. Somos jovens, mas somos pessoas. E pessoas têm sentimentos.

- Eu fico imaginando o que os outros pensariam se soubessem dessa nossa intimidade. Eu acho que estamos nos antecipando.

- Estamos seguindo nossos corações. Isso é errado?- ele perguntou

- Não, claro que não- respondi com certo nó na garganta.

Ele ficou olhando pro meu rosto como se estivesse vendo que havia algo errado.

- Ash, prometa uma coisa pra mim?

- Prometo.

Ele olhou pro teto e depois quando voltou a olhar pra mim vi que ele estava com os olhos cheios de lagrimas.

- Prometa que nunca me esquecerá, porque te esquecer é impossível- disse ele deixando a lagrima cair ao rosto

- O que foi isso? Porque do choro?- perguntei fazendo uma careta

- Não sei. Eu estou meio preocupado com você deve ser isso. Eu, bem... Eu sinto que vou te perder- disse ele se abraçando mais uma vez comigo

- Isso nunca vai acontecer, eu prometo- respondi me deixando chorar pela leve emoção.

Ele ficou um pouco mexido com essa sensação estranha. Mas o que eu não poderia dizer era que eu sentia a mesma coisa. Que eu sentia que iria perdê-lo. Talvez fosse sono, não dormimos nada. Pensamos tanto enquanto ficávamos olhando o nada que talvez devêssemos ter pensado em terminar o namoro. Pelo menos eu pensei. Mas sem motivo, porque até agora tudo estava muito bem. Até agora.

- Vamos sair? Estou morrendo de sono- disse ele me soltando

- Você dorme aqui?- perguntei

- Se não tiver problema - ele parou, pensou melhor e disse- Se você não se importar em dividir a cama comigo.

- Que bobeira Edu, vamos dormir- disse me enrolando numa toalha

Saímos do banheiro rindo da situação. Ele dizia estar agradecido por não ter dormido de noite e agora poder fingir certinho que estava doente. Eu já dizia que comeria um elefante se conseguisse. Estava morrendo de fome.

- Bom dia pombinhos- Blair disse levantando do sofá onde estava- O banho estava agradável Edu?

- Ótimo- respondeu ele

Fingi não ver o ceticismo na voz dela pra não ter outro ataque.

- Ontem Ash, você quase me matou. Mas tem dias da caça e dias do caçador. O que você faria se eu dissesse que chamei o diretor pra ver o que os dois estavam fazendo?- perguntou ela fazendo bico

- Eu- Eu- gaguejei sem saber o que dizer

- Não se preocupe, não fiz isso. Se fizesse ele iria presenciar o que eu vou fazer agora- disse ela pegando no sofá uma faca de carne

- O que você vai fazer com essa faca Blair?- perguntou o Edu

- Como assim Edu? Ela me mataria se eu não a matasse- respondeu ela passando o dedo na faca pontiaguda

- Você não vai esfaqueá-la, eu não vou deixar- ele disse indo para minha frente

Ela balançou a faca pra lá e pra cá, reprovando o ato de heroísmo dele.

- Eduzinho meu amor. Eu te darei o mundo. Darei-te tudo o que essa dai não pode te oferecer. Mas se você se meter nessa história... – ela parou e vendo quando eu passei na frente dele continuou- Isso bebê, vai lá junto com a Kathy. Ela esta bem aconchegada amarrada na cama- disse ela dando uma gargalhada

- Eu não vou a lugar nenhum. Daqui eu não saiu-  disse ele me empurrando pra trás pra que eu corresse.

- Você vai sim Edu. Vai lá e solta a Kathy- eu disse tentando levá-lo até o quarto.

- Ash, você prometeu- disse ele segurando dos dois lados da porta

- Eu vou cumprir- expliquei deixando a lagrima cair- Eu te amo.

- Ash, não vai la não... - Kathy disse amarrada ao pé da cama- Ela vai te matar Ash. Ela não é o que pensamos...

- Ela que sabe. Se não vier por bem, virá por mal- disse Blair vindo em minha direção

- E-eu amo vocês. E se eu sair dessa...

- Cala a boca cachorra- Blair disse puxando meu cabelo e levando até o sofá- Fica ai e nem um piu. Se ficar quieta sai sem nenhum arranhão.

Fiquei quieta no meu canto a vendo ir pra lá e pra cá pensando no que fazer. Ela tinha minha idade apenas. Uns 16 anos e não passava disso. Essa pessoa revoltada não combinava com ela. Se eu falasse saia perdendo. E perdendo seria perder a vida. Precisava dizer adeus às pessoas de quem eu tinha carinho. Eu só precisava ajudá-la a voltar a si. Ela parecia estar decidindo se fazia ou não fazia, e quais seriam as conseqüências.

- Blair?- sussurrei

- O que?- perguntou ela se virando pra mim com a faca apontada

- Você não pode deixar que ela faça isso com você. Você é você Blair- disse tentando dizer o que o Du havia dito antes.

- Não me encha o saco- ela parou e pareceu pensar por uns bons minutos até que deu um sorriso gentil- Eu sou a Blair, certo?

- Isso Blair. Você é você.

-  Meu Deus do céu me desculpe Ash- disse ela olhando pra mim com olhos marejados.

- Hm, tudo bem Blair- disse com um alivio no peito.

- Eu quase te matei.

- Quase, e outra... Não era você aqui, não é?

Ela fez que não com a cabeça.

- Sim, ela faria. Sim ela faria- disse o Edu

- Não Du, ta tudo bem- eu disse levantando e indo até ele- Eu tive tanto medo.

- Você não vai precisar ter medo nunca mais. Eu vou contar para o diretor e ela sai dessa escola amanha mesmo!

- Não, não Eduardo. Eu não tive culpa. Eu sinto muito- Blair disse tropeçando na perna do sofá e se apoiando em meu braço- Ash, me ajuda... Não o deixa fazer isso!

- Não Blair. Você quase a matou. Ela não pode te responder isso agora- Kathy disse saindo do quarto e vindo me dar um abraço.

Sai do abraço apertado de minha amiga e me virei pra Blair.

- Sim- respondi

- Sim?- perguntou ela levantando uma sobrancelha

- Sim, eu vou te ajudar. Isso não pode acontecer- disse me sentando no sofá

Mais alguns minutos de silêncio total. Estava quase perdendo a cabeça, será que era assim que as pessoas ficavam quando tinha passado por uma quase-morte?

- Eu consigo lembrar tudo agora- disse ela apoiando a cabeça nas mãos

- Tudo o que? - perguntou Edu se sentando do meu lado

- Eu me lembro de ter pedido desesperadamente pra vir estudar aqui. Lembro de dizer adeus friamente para os meus amigos e de terminar o namoro com o Caio. Eu me lembro do... Acidente! - disse ela levantando o rosto e fixando o olhar assustado em mim. Era um olhar forçado, um tanto exagerado. Parecia encenação de filme barato.

- O que? - perguntei olhando pros lados como uma tonta. Quem estaria ali ouvindo?

- Eu matei meus pais- sussurrou ela levantando uma mão e botando no coração

- Impossível Blair. Eles morreram porque o avião caiu- expliquei

- Não, não é isso. Eu deixei o piloto inconsciente e o avião perdeu o controle. Meus pais não sobreviveram, eu quase morri- disse ela indo em direção a porta

- Onde você pensa que vai?- Kathy perguntou indo até ela e agarrando ela- Você não sai daqui!

- Segura ela Kathy- gritou o Du indo até lá ajudá-la

- Não gente. Ela não fez isso. Quem fez foi a bisavó dela. Ela não tem nada a ver- eu disse sentando no sofá. Eu sabia que eles iriam atender meu pedido.

Eles foram sentando do meu lado e depois a Blair chegou perto de nós sentando na estante e disse:

- Vou me entregar pra policia.

- Não, como assim vai se entregar? Você não fez nada disso! Vai ver é coisa da sua cabeça- disse

- Nós três sabemos que não é coisa da minha cabeça- disse ela massageando a testa. Ela devia estar com muita dor de cabeça.

Edu e Kathy concordaram com ela, eu não. Não achava que tivesse sido ela, por mais canalha que ela tenha sido.

Três batidas na porta fizeram com que a Kathy se levantasse e fosse atender o Beto.

- Oi pessoal. Ah, oi Blair- disse ele se sentando do lado da Ka- Quais são as novidades?

- Blair vai se entregar pra policia- digo

- Matou quem Blair?- pergunta ele rindo

O silencio permaneceu na sala por um instante a não ser quando o Beto grita quando a Kathy belisca a perna dele. Bem que foi merecido.

- Meus pais- disse ela limpando o rosto com a manga da blusa

- Ahn?- pergunta ele distraído

- Eu matei meus pais Beto- repetiu ela levantando e indo até a porta- Vou até a diretoria, e não se preocupe Ash, não vou contar nada do que aconteceu pro diretor.

Ela sai da sala e fico olhando pra cara de bocó do Beto. Cara, ele era muito lesado.

- Ela matou os pais dela? Pensei que o avião...

- Beto, cala essa boca!- sussurrou Kathy levantando e indo até a mesa- Tenho dez reais, dá pra ir até o parque High Line de ônibus para pegar minhas borboletas. Vamos?- pergunta ela

- Não, prefiro ficar aqui- digo num relance- Quer dizer, é que talvez o diretor queira conversar comigo.

- Que novidade. Beto e Eduardo, vocês vem?

- Não Kathy- disse Edu se levantando- Vou até meu apartamento dormir um pouco, isso aqui é coisa de louco!

A Kathy olha pro Beto e bate o pé no chão.

- Eu vou Kathy, eu disse que ia- ele disse se levantando- Vou ao apartamento também. Vou me trocar e daqui a pouco venho aqui.

- Edu... – chamo por ele. Algo me diz que ele esta um pouco nervoso.

- O que?- diz ele se virando pra mim e me fulminando com o olhar.

- Posso falar com você um pouquinho lá no quarto?

- É rápido?- pergunta passando a mão no cabelo- Estou morrendo de sono.

- É sim...

Fui até o quarto e fiquei esperando ele entrar. A última coisa que precisava era brigar com ele. Não sabia o que estava acontecendo, mas coisa boa não era.

- Aconteceu alguma coisa- digo enfim

- Não, nada

- Isso não foi uma pergunta. Aconteceu e eu sei. Você pode me contar?- pergunto me aproximando dele.

Ele automaticamente se afasta e diz:

- Você deveria saber. Você quase é morta por uma psicopata que até matou os pais e defendeu ela. O que eu não daria pra te ver mais uma vez com aquela faca na mão- diz ele balançando a cabeça

- Eu estava fora de mim, e você não aprovou minha atitude- digo assustada com a mudança de opinião.

- Até ela querer te matar. Aquela história de querer ajudá-la acaba aqui, ouviu bem?

- Você que deu essa idéia

- Mudança de planos. Eu acho que ela não é o que faz parecer. Ela fingiu tudo isso. Desisti das atrocidades dela na hora H e você se derrete como manteiga. Já cansei de acreditar nas ceninhas dela Ash- diz ele sentando na cama.

- Você desconfia disso, mas não tem certeza- digo enfim conseguindo chegar mais perto dele- Como vamos maltratá-la e acusá-la sem provas?

- Ash, sinto muito te dizer isso. Mas se você não tomar cuidado vai acabar perdendo os amigos por culpa dela.

Fico olhando pra expressão dele. É uma expressão vazia, distante. Os olhos não mantêm mais o foco. Ele não gosta mais de mim. O que me lembra a Bia...

- O que a Bia tem a ver com isso tudo?- pergunta ele olhando pra mim

Silêncio constrangedor.

- Bia? Como assim?- pergunto assustada

Ele fica olhando pra todos os lados, como se tentasse inventar uma mentira.

- Como você adivinhou no que eu estava pensando? – perguntei um tanto nervosa.

- Não adivinhei, pensei ter ouvido você falar que...

- Você leu meus pensamentos! – disse maravilhada e um tanto assustada.


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Notas finais do capítulo

O:
beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem, não podia deixar um pouco de fantasia de fora, né?
DEPOIS DE AMANHA POSTA MAIS UM CAP... beijos flooooores.