Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 48
vida 4.2 capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo dá seqüência aos fatos narrados em vida 4.1 capítulo 4. Dean chega a uma realidade onde o seu correspondente desta realidade acabou de ser transformado no deus da luz. Dean se vê ocupando um corpo desconhecido. Sam, transformado no deus da escuridão, também está ausente.



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- Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.

Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.

- Sam? Ué, estava aqui há um minuto.

Dean olha em volta, olha pela janela, chega mesmo a sair do quarto apenas de toalha. Nada. Nem sinal do irmão. Nem no quarto, nem no corredor, e, até onde a vista alcançava, nem no estacionamento. Só o laptop dele.

A surpresa é quando Dean se vê no espelho do banheiro. Ele, simplesmente, virou outra pessoa. Um homem mais velho, talvez dez anos mais velho. O homem estava em boa forma física. Tinha boa aparência. Percebeu que via as coisas de forma meio embaçada. O homem era míope. Voltou ao quarto. Os óculos estavam na mesinha de cabeceira. Colocou os óculos. Bem melhor.

Dean era bom fisionomista. Examinou o rosto no espelho. Os traços eram familiares. Lembravam um pouco John, seu pai. Cabelos negros. Olhos castanhos escuros. Não lhe passou despercebida, no entanto, a semelhança de seu novo rosto com o de Luke Braeden. Afastou rápido da memória a lembrança que guardou dos dois, num bar, conversando de mãos dadas.

Sabia o que estava acontecendo. Estava pagando o preço por desafiar o Trickster. Que surpresa desagradável ele teria aprontado desta vez? O que tinha feito com Sam? O lugar em que estava era o mesmo. O mesmo motel, o mesmo quarto. Blue Mountains Motel, quarto 212. Então lhe veio, num lampejo, algo que não atentara quando buscara por Sam no estacionamento. Não era apenas o Sam que tinha desaparecido. Vestiu-se rápido e correu para o estacionamento. O Chevy Impala 67 não estava lá.

Lembrou de ter visto um chaveiro quando pegou os óculos. Voltou para o quarto. Existia uma chave de carro. Não foi difícil descobrir de que carro era aquela chave. Era uma chave eletrônica e o carro que respondeu ao chamando de destravar porta foi um Chevy Impala modelo 2009, recém-lançado. O primeiro que via. Não trocaria o seu por este, mas não deixava de ser uma tentação. Sentou-se ao volante e sentiu o embriagante cheiro de carro novo.

Um MP4 player no console. Ligou e foi embalado por Led Zeppelin. Não, conveniente demais. Um dono de um Impala que era fã do Led Zeppelin. Aí, tinha. Ficou com medo de haver algo terrivelmente errado que ainda não descobrira. Voltou para o quarto disposto a conferir um importante detalhe.

Respirou aliviado quando conferiu as medidas. E novamente quando testou o funcionamento. Ainda se sentia o mesmo, mas sabia, por experiência, que isso podia mudar. Mas, momentaneamente, relaxou.

O laptop sobre a cama. Um top de linha, bem mais caro que o que o irmão possuía, embora da mesma cor. Precisava de senha. Tentou a senha que Sam usava: WDEANW. Funcionou.

Respirou fundo. Voltou a encarar o laptop. Estava disposto a só levantar dali quando desvendasse o mistério.

Resolveu começar pelo diretório de fotos. 16563 arquivos de imagens. Os subdiretórios eram identificados por anos. A série começava em 1992. Nascera em 1979. Em 1992 devia ter 13 anos. Mas na foto do diretório parecia ter pelo menos 20. Havia outras fotos no diretório de 1992. Ele aparecia em quase todas. A maioria tirada a distância.

Ele. Ele. Ele e Sam. Ele e John. Ele, Sam e Mary? Como era possível? Mary e um Sam adolescente juntos na mesma foto. As fotos eram scans, mas pareciam genuínas. Nesta realidade, Mary conviveu com os filhos. Acompanhou seu crescimento. Os Winchester não se tornaram caçadores.

Acompanhou o registro fotográfico da vida da sua versão daquela realidade ano a ano. Uma coisa logo ficou clara: naquela realidade ele era cerca de 10 anos mais velho.

As fotos mostravam que a vida de seu outro eu seguiu rumos diferentes da sua própria.

Mostravam que teve uma filha com Lisa Braeden. Que acompanhou Sam quando ele foi para Stanford. Que abriu uma oficina em Palo Alto. Que foi feliz por muitos anos. Família, amigos, namoradas.

A maioria das fotos a partir de 1998 mostrava ele e Sam em ação, ajudando pessoas em diversas situações de emergência. Uma menina que caiu num poço. Gente soterrada. Gente isolada por enchentes. Uma família num carro ameaçado de cair num abismo. Vítimas de um desastre aéreo nas montanhas. Centenas de casos ao longo de 10 anos. A maioria das fotos era de cobertura jornalística. Muitas fotos, tiradas em entrevistas coletivas. Entrega de prêmios. Eles com colegas da Global Rescue, a empresa em que trabalhavam.

Dean sentiu um grande orgulho daquele outro Dean. E daquele outro Sam. Eles eram heróis. E todos sabiam e reconheciam isso.

Fotos com garotas em momentos de lazer. Eles acompanhados de namoradas em férias. Mas nenhuma foto que indicasse uma relação mais séria. A única fora Lisa, a mãe da sua filha Sarah. Descobrira o nome da filha de faixas de festas de aniversário. Ele e a filha apareciam juntos em centenas de fotos, desde quando ela era um bebê até agora, quando já era uma mocinha.

No caso de Sam, houve somente Jessica, mas ela só aparecia em fotos de 1994 a 1997. Nas fotos, eles pareciam muito felizes juntos. As fotos de 1998 não davam pistas sobre o motivo do rompimento.  

Mas havia também fotos de John e Mary. O responsável por aquele dossiê fotográfico não esquecera deles. Algumas fotos pareciam saídas de algum álbum de família. E o mais importante: ambos estavam vivos em 2008. Sentiu seu coração disparar. Poderia vê-los. Bastava ter coragem para isso.

Já passava das 02:00 quando terminou de ver as fotos. Para ele, foi como ver fotos de viagem de férias inesquecíveis. Sentiu um pouco de inveja. Seu eu daquela realidade vivera com os pais até os 22 anos e eles ainda estavam vivos. Convivera com o irmão a vida inteira. Não se separaram nem mesmo nos anos de Stanford. Tinha uma filha linda. Tinha um emprego fixo que PAGAVA e pagava bem para que ele salvasse vidas, coisa que ele faria de graça de bom grado.

Parecia que alguém zelara por ele a vida toda.

E fora realmente assim. Uma pessoa criara a Global Rescue e a fizera ser como ela era somente para que Dean Winchester tivesse o emprego dos sonhos. Para que se mantivesse em movimento, saudável e com a auto-estima elevada. Para que fosse feliz.

Alguém que Dean Winchester nunca viu pessoalmente.

O filho que ele nunca teve: Benjamim Winchester.


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