P.O.V.  Marcos 

Passei horas conversando com o prefeito da cidade o senhor Justin, o encontro foi muito produtivo, pois ele me ajudaria a realizar meus planos.

Sai da prefeitura  e fui em direção ao meu carro que estava estacionado na outra rua. Dirigia pelas ruas tranqüilas da cidade em direção ao bairro onde ficava a mansão.

Desde a primeira vez em que vi a mansão, há dois anos, sempre quis compra-lá. O mesmo era com Liza, e assim nos juntamos o dinheiro que possuíamos para realizamos o nosso sonho.

Naquele tempo eu era feliz, estava noivo e ia me casar com a mulher da minha vida. Queríamos construir uma família, um lar, eu tinha certeza que nada no mundo poderia atrapalhar a minha felicidade.

Mas as coisas não haviam acontecido de modo bem diferente.

De um momento para o outro, o mundo tinha virado de pernas pro ar. O meu sonho tinha virado pesadelo, uma espécie de filme de terror, do qual eu era a vítima, sem menor chance de salvação.

O destino havia me pregado uma peça.

Além do acontecimento terrível que me havia acontecido, que me fez sair da cidade repentinamente, ainda por cima uma coisa que sempre pensei serem apenas lendas contadas pelo meu avô, se tornaram reais.

Esse dois fatores me haviam roubado um tempo precioso da minha vida e dignidade. De vida porque se passaram messes , que mais pareciam séculos , passei entendendo o que eu havia me transformado .

E de dignidade porque fiquei impedido de voltar para a cidade, para os braços de meu amor.

Nunca pensei que esse processo todo levaria dois anos. No entanto foi isso que aconteceu.

Agora estava de volta e queria recuperar o tempo perdido com Liza.

Mas seria possível?

Meu coração queria acreditar que sim.

Mas minha cabeça dizia que não.

Eu não podia contar para ela o que me fez sair da cidade, só podia contar a ela no que eu havia me transformado, mas como contar a ela, que eu me transformara em um lobo? E como contar a ela isso, sem contar o motivo que me fez sair da cidade?  

Essas perguntas não saiam da minha cabeça.

Liza nem queria olhar para minha cara.

“Mas também o que eu, mas esperava?” me perguntei” Como pude imaginar que depois de ter sido abandonada na véspera do casamento, e de passar dois anos sem dar noticias, a mulher que mais amo deste mundo me receberia de braços abertos?

Claro que era perca de tempo esperar por isso.

Até mesmo a mulher mais compreensiva do mundo não poderia tolerar uma coisa dessas.

O problema é que o tempo passou.

E Liza já estava com outro. Essa é uma certeza tão dolorosa quanto um golpe certeiro no meio do coração.

Mas mesmo assim, eu a amava com todo o meu ser, não importava se iríamos ficar juntos ou não, o que eu quero é que ela  apenas seja feliz, é assim que funciona o imprinting, eu vou ser o que ela precisar, e se ela precisar apenas de mim como amigo, era o que iria ser, mas não antes de tentar ter ser amor de volta.

Em todos os momentos que estive fora, ela estava em meus sonhos.

Mesmo nos momentos mais terríveis , quando julgava que não ia conseguir me controlar , bastava fechar os olhos e abrir as cortinas da memória para que a imagem dela se estampasse na minha mente.

Sem me dar conta já estava em frente à mansão.

Muitas vezes nos últimos dois anos sonhei com aquele momento , a mansão me pertencia , seria meu novo lar, meu novo lugar de trabalho.

Queria transformar a mansão em um restaurante, assim na ficava sozinho.

Desliguei o motor do carro e sair, peguei as chaves e abri a porta.

- É aqui que nós seremos felizes meu amor, eu prometo!