Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 9
De volta à realidade


Notas iniciais do capítulo

De volta a vida real, Misa agora parece confusa com tudo que lhe aconteceu.



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Misa Mercenary

De volta à realidade

Chovia muito naquele dia, os trovões estavam assustadores. A casa velha e escura balançava, ao ponto de sucumbir se por um acaso um vento avassalador atacasse. Meus pais brigavam, meu pai estava bêbado, minha mãe chorava e gritava com ele ao mesmo tempo.

— Cadê a porra do dinheiro, mulher? – O homem quebrava as poucas coisas que ainda tínhamos.

— Não tenho mais dinheiro. Tudo que eu juntei no mês, você gastou com bebida. Veja! Sua filha esta faminta, nem roupas mais ela tem! – Minha mãe tentava se defender toda vez que ele ameaçava tacar-lhe algum objeto.

— Que merda de vida! Não tenho mais filha nem esposa, morram! – “Plafta!”, um tapa violento no rosto de minha pobre mãe. E assim ele sumiu na imensidão da porta já arrombada.

Minha mãe saiu correndo atrás dele com uma vassoura, praguejando ao vento e na esperança de descontar o tapa, me deixando sozinha. Olhei-me no espelho meio segundo, reparei minha aparência frágil. Olhos azuis assustados, cabelo curto bagunçado e alguns trapos cobrindo o meu corpo. Estava com as mãozinhas pequenas nos joelhos, parecia ter oito anos. Chorei enterrando meu rosto entre minhas pernas.

— Ei, ei menina. – Uma voz rouca me fez levantar a cabeça. Reparei no semblante pálido e cansado que me chamava.

— Quem é você?

— O que faz sozinha aqui, pequena? Está frio, aqui é perigoso... – Coçou os cabelos.

— Sou Misa. Meus pais me deixaram sozinha... Você vai me machucar? – Falava entre soluços.

O homem encarou-me por alguns segundos, que pareciam minutos. Percebi que sua cor realmente era anormal, tão pálido quanto papel, roupas simples, olheiras profundas. Piscou seus olhos três vezes e então me pegou em seu colo.

— Não irei lhe machucar, cuidarei de você. É uma promessa. – Concluiu.

Com a manga de sua camiseta branca, ele enxugou meu rosto e acomodou-me em seus braços, encostando minha cabeça em seu ombro. Ele era tão quentinho, tão delicado, pude perceber o afeto que desenvolvera por mim naquele instante só pelo modo como me segurava. Por fim, saímos da casa a passos lentos. Ao olhar sobre suas costas, percebi a casa sucumbindo com o vento. Meus pais já não estavam mais lá, e eu só tinha, a partir daquele momento, aquele homem como porto seguro. E ele prometeu que cuidaria de mim.

— Senhor, qual o seu nome?

— Me chame de L... Misa-chan. – A neblina nos cobriu e eu adormeci. L, era seu nome.

— Misa, Misa! Acorde, menina. – Ah, a minha mãe mais uma vez incomodando meu raro sono. – Chega de moleza, você não está mais na Inglaterra.

— PUTA QUE PARIU! – Pulei da cama e fui direto para um espelho. – Mas ontem, eu lembro... Eu...

— Filha, trate de voltar para a realidade. Ontem era Inglaterra, agora é Japão. Tome seu banho que Raito vem aqui lhe ver, vou preparar o almoço. – Jogou uma toalha sobre minha cabeça.

Como assim? Ah, eu não acredito no que aconteceu. Então mais uma vez, L quis me pregar uma peça e devolveu-me para minha casa do mesmo modo como me levou pra Inglaterra, inconscientemente. Tudo Bem L, o que é seu está guardado. Fiz como minha mãe mandara, tomei meu banho, tranquila, pensando no sonho que eu tivera. Meus pais, brigando. E L me cuidando. Talvez não tivesse significado algum, até porque nunca cheguei a conhecer de verdade meu pai, já que ele partiu quando eu tinha um ano. E no sonho, parecia que eu tinha um pouco mais que isso, e depois, por que L? Quer saber? Estava cansada, dessa confusão de pensamento, dessa realidade assustadora, e tudo começara a mudar quando ele me apareceu. Então, se eu tiver que fazer alguma coisa pra isso parar, farei.

Minha mãe estava preparando o almoço como tinha falado. Eu vestia roupa típica de domingo, jeans confortavel e uma camiseta branca. Meu cabelo estava preso, e as olheiras denunciavam a noite mal durmida.

— E então Misa, como foi lá?

— Hein? – Distraída.

— Como foi lá na Inglaterra?

— Ah! Poxa mãe, como você deixa um desconhecido me levar assim para a Europa? Estava louca o quê? E se ele me matasse?! – Nervosa.

— Ele não me pareceu nada perigoso, foi gentil e educado. Disse que eram amigos e até me mostrou fotos de vocês. E você está viva, não está?

— Mesmo assim, foi precipitado tomar essa decisão! – Eu estava muito irritada. Simplesmente bati a porta ao sair de casa, Raito me esperava na esquina de casa. Entrei em seu carro depressa, ele parecia irritado.

— Como você some assim, hein? – Nossa, curto e grosso.

— Estou bem, e você?

— Bem, eu?!

— Tudo bem Raito, desculpe, fui pega de surpresa, L...

— Quero saber se L é seu dono para te carregar pra onde for... – Sim, ele pegou pesado.

— Não vai acontecer mais, desculpe Raito, mas, por favor, sem sermão agora, já briguei com a minha mãe!

— Tudo bem, vamos mudar de assunto... Tenho algo para você hoje, se sente cansada? Se estiver, eu deixo pra outro dia...

— Qualquer coisa que ocupe minha cabeça! - Liguei o mp3 do carro pra ver se um som melhorava o meu humor.

— O senhor Kimura da padaria precisa que realizem umas entregas, hoje é dia de folga para os seus funcionários. - Raito pôs-se a dirigir.

— Beleza. - Fomos até a padaria, Raito me perguntava como foi, o que fizemos, como eu me senti, cada detalhe. Eu entendia sua preocupação, mas eu não tinha culpa, também fui vítima do 'golpe' do inglês.

Chegamos até a padaria, ele me deixou na porta e me apresentou ao senhor Kimura, pelo menos eu não teria que usar roupinha de coelhinha e faria as entregas numa bicicleta. Naquele dia fiz 5 entregas, um em cada ponto distante da cidade. Sim, eu estava exausta, se fosse pelo menos um carro...

— Misa Misa, uma última entrega pra você, mas é o seguinte, fica em um lugar um pouco longe. Toma, lhe daria um pagamento especial. - Falou o meu chefe temporário entregando tudo o que me devia e mais um extra, estava pensando seriamente em desistir, mas...

— Certo, me passa o endereço.

— Entregue estes bolos neste lugar, cuidado, esse cliente é meio exigente, ele vai perceber até na maneira de você segurar os bolos. - Entregou-me as caixas dos tais clientes.

— Ok ok.


O lugar realmente era bem longe, mas valeu a pena, era um lugar lindo, uma casa enorme, com um jardim na frente, e algumas árvores frutíferas. Toquei a campainha duas vezes, e Watari veio abrir.

— Ah, eu imaginei, bolos…

— Olá senhorita Amane, L a espera na sala principal, siga-me. - Perguntava-me como o inglês sabia que eu estava trabalhando naquela padaria durante aquele dia.

Mas enfim, ainda tinha sala principal. E a casa era realmente enorme, parecia ter mais cômodos do que eu imaginava. L estava no sofá, na mesma posição de sempre. Meio apreensivo. Encarou-me e riu sarcasticamente.

— Pensei que não viesse mais hoje. - Disse me encarando e já arrancando as caixas de bolos que estavam sobre os braços de Watari.

— Estou aqui, não estou?

— Deve estar me odiando agora...

— Vou ter que me acostumar com esse seu jeito de ser, não é mesmo?

— Não vai precisar, acho que não tem mais que me suportar... - Mordeu uma fatia do bolo já retornando a sua poltrona inseparável.

— Só se for por hoje, então tchau... - Fui me retirando da sala.

— Não por hoje, mas para sempre. Preparei o relatório sobre nossa viagem, não precisa fazer mais nada comigo. Está livre de mim, Misa-san, só espero que não retorne a cismar comigo... - Pude ouvir sua voz pelas costas.

— O que?! Como assim? - Tive que olhá-lo novamente. MALDITO INGLÊS!



Continua...


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Notas finais do capítulo

Então pessoas, deixando claro, que no início do capítulo, é tudo sonho da Misa. Perdoem se tiver pequeno, e boa páscoa pra vocês *-*