Misa Mercenary

Chá das 5 horas

Tarde de sábado. Depois de passarmos o dia no Lar Wammy's, finalmente voltávamos para casa. Ao entrar, L trancou-se imediatamente no seu 'escritório' pra fazer o seu lanchinho ou sei lá o que mais, eu fui para o meu quarto, aguardar a bondade deles pra poder voltar ao Japão. Tomei um banho demorado na água mais gelada que tinha e depois pulei pra debaixo de um cobertor totalmente sem roupa. Ah, como era bom uma cama quentinha depois de um banho congelante, há tempos que eu não fazia algo assim. Ainda tentava entender o que foi aquilo essa manhã, tantas coisas, uma hora eu tentava seduzir o inglês, outra hora parecíamos os melhores amigos do mundo. "Meu Deus, o que está havendo afinal?". Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho lindo do toque do meu celular. Enrolei o lençol no meu corpo e fui pegá-lo encima da instante.

— Alô? – Falei demoradamente, como se estivesse cansada demais pra atender uma ligação.

— Misa, sou eu. – Curto e grosso.

— Ah sim, como vai, Raito-kun?

— Como eu vou?! Como você acha que eu vou? O que diabos você faz na Inglaterra? E logo com esse cara... Quero explicações agora. – Nossa, e eu que sou a esquentada.

— Acalme-se Raito, vou bem, obrigada por perguntar mesmo. Estou aqui porque L simplesmente me arrastou e também por conta do nosso trabalho em equipe, é o básico por enquanto, quando chegar dou mais explicações.

— Ah ta, mas você tinha que viajar pra Inglaterra? Tão longe, por que Misa? Por que não me avisou? Esse cara não é confiável... – Acalmou-se, para a nossa alegria.

— Não se preocupe, o L não vai me devorar... Ainda. – Brinquei, ta certo, não era hora para brincar.

— Que porra! E quando voltam?

— Bem, acho que... – E então, da forma mais estranha possível, o garoto inglês simplesmente toma o celular da minha mão. MAS ESPERA, COMO ELE ENTROU NO QUARTO?

— Raito-kun, aqui é L. Voltaremos quando eu tiver vontade, e Misa-san também, creio que ela está gostando daqui... Opa, a ligação ta ficando cara para você, não vou dificultar as coisas. Até depois. – E desligou, entregando o celular em minhas mãos.

Santa mãe de Deus, como esse louco varrido entrou aqui?! Além de psicopata, biruta, pertubado e maníaco, ainda era ninja. Antes de eu me preparar para socá-lo lembrei de ainda estar de toalha.

— PUTA QUE PARIO L! Como tu entrou aqui? – Correndo para o banheiro.

— Sempre as mesmas perguntas, Misa-san. Ah sim, e vou confiscar este celular. – O colocou no bolso, pondo as mãos logo em seguida e preparando-se para ir embora do quarto.

— Onde você pensa que vai?!

—Sair para que possa se vestir. E ah, se arrume depressa, vamos sair.

— Sair? Para onde porra? – Tarde demais, o inglês sumira do quarto.

É, eu estava sozinha no quarto, novamente. Ele se fora, e levou meu celular junto. Por que será, hein? Será que ele sentiu.. não, claro que não. Ele nunca sentiria... ciúmes. De alguma maneira, essa ideia me decepcionava. Fiz como me mandara, vesti uma de suas roupas, suas porque afinal de contas, as minhas nem estavam mais em meu poder. Uma T-shit colorida e um jeans comum, o inglês dissera que iríamos sair, então, como ele é, eu imaginei que iríamos a um lugar bem frequentado, nada melhor que andar bem comum. Conclusão: Eu queria irritá-lo.

Desci rapidamente depois de secar meu cabelo, que ficaou leve e solto. L me esperava com Naomi na sala do local, e como sempre, vestido feito um ex-presidiário.

— Quanta demora Misa-san. – Protestou mordendo uma barra de chocolate.

— Mas valeu a pena, não é? Veja. – Dei uma rodada para lhe mostrar o meu look de merda haha’

— Está linda. – Comentou Naomi, sempre sorridente e gentil.

— Vamos logo. – Cortando o meu barato, o garoto estranho simplesmente me puxou pelos pulsos.

Naomi sim estava bem vestida, com um vestido vermelho e de um tecido bem nobre, seus cabelos negros estavam presos em um penteado lindíssimo, e havia uma tiara de brilhantes em seu cabelo. Linda era ela, e não eu.

Entrammos no mesmo carro de sempre, um limousine extremamente luxuosa e nada discreta. O inglês tirou meu celular do bolso e o me devolveu, pedindo desculpas por ter tomado ele mais cedo.

— Tudo bem L, mas diga-se, onde iremos?

— Para o Hyde Park, aqui de Londres.

— Você vai adorar, Misa-chan. Lá tem o típico Chá das 5 horas, é uma maravilha. – Falou a mais velha, sempre sorridente.

Nunca imaginei em tomar um “chá das 5 horas” na Inglaterra, certo, eu sempre achei interessante a cultura inglesa, mas chá das 5 horas? NÃO TINHA O DAS 6 HORAS? Tá, parei de ser chata. Enfim... Chegamos ao Hyde Park antes das cinco, ele era enorme, uma grande aréa verde, algo surreal.

— Misa-chan, você sabia que o Hyde Park é adjacente com Kensington Gardens, e juntos formam umas das maiores áreas verdes da cidade com 2,5 km² de extensão? Ele é oficialmente reconhecido como um dos parques reais de Londres, nao é fabuloso?

— Já pesquisei alguns parques reais, e até já ouvi falar deste. Mas ele é realmente fabuloso. – Claro que eu não sabia nada do local.

— Imagino que também saiba que ele é atravessado pelo lago Serpentine. Também ocorrem muitos shows de bandas por aqui, você ainda não viu nada Amane-san. Vamos, está quase na hora e eu gosto de ser pontual. – L, sempre inconveniente.

Eu realmente estava maravilhada, Londres era uma cidade tão moderna, tão fabulosa [não que Tóquio fique atrás, jamais!] que nunca passaria pela minha cabeça que haveria uma região tão verde assim. Acompanhei os dois a minha frente, e nos sentamos no centro do Park sobre uma mesa branca com detalhes florais. Havia chícaras de porcelana, pratinhos de mesmo material e talheres em prata, tudo tão fino quanto eu imaginei que seria. Exatamente as 5 horas, tomamos o chá e conversamos. Naomi era tão inteligente, ela falava coisas incríveis, nem parecia que era tia do L. Ele apenas observava e se entupia de doces. Logo escureceu e voltamos para casa.

— Nossa, eu estou esgotada e não fiz quase nada! – Falei enquanto desabava no sofá e jogava os sapatos para o alto.

— Obrigada pelo passeio, queridos. Vou para o meu hotel agora, até depois. – Despediu-se Naomi, L apenas acenou. Garoto egoísta, com uma casa enorme daquelas, ainda permitia a tia dormir em um quarto de hotel.

Depois que Naomi saiu, resolvi ir para o meu quarto. Ao subir as escadas, escuto o garoto me chamando.

— Tenho boas notícias. – Falou enquanto coçava o pescoço com os finos dedos da mão direita. – Voltaremos para Tóquio amanhã.

— SÉRIO? – Praticamente pulei da escada. – Que bom! Já estava na hora.

— Não gostou da viagem? Seja sincera... – Aquilo nele era um rostinho emburrado?

— Bom, tirando o fato de eu ter sido sequestrada, usado roupas que eu não gosto, aturar crianças barulhentas, sentir cheiro de doce o dia todo e quase me mijar de medo do carro fechado... FOI MARAVILHOSA L. – Sarcasmo.

— Você é tão chata... – Saiu devagarinho para uma porta qualquer, bem uma quinta cozinha cheia de doces...

Eu também nem liguei mais. Aquele dia foi legal, tá, a viagem em si foi um saco, até porque eu não concordei com isso nenhum minuto, mas houve momentos bons sim. A gente até conseguiu se entender alguns momentos, mas acho que faz parte da nossa genética, sermos eternos inimigos para sempre. Subi de vez para o quarto, desabei na cama e como um golpe na cabeça, simplesmente adormeci. Advinhem com quem eu sonhei naquela noite?

Continua...