Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 29
Custódia


Notas iniciais do capítulo

Meus agradecimentos a linda da Lily Dellares que fez uma recomendação muito linda! Enfim, finalmente achei tempo para postar (tô de férias, mas não sei porque, ando muito ocupada). Um aviso: estamos chegando na reta final, é hora de darem as caras leitores fantasmas haha! Boa leitura queridos! s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81729/chapter/29

Misa Mercenary

Custódia

Eu olhava tudo de baixo. A vista estava meio confusa, há dias que eu não via a luz do sol, quer dizer, pareciam dias, não sabia quanto tempo passou desde aquela conversa confusa, que dia da semana era aquele ou que horas marcavam no relógio. “Será se já comi hoje?”, bocejei. Um barulho de sirene tocou, provavelmente aquele código estranho na porta metálica havia sido decifrado. Watari entrou com um carrinho carregando bandejas. “Acho que não.”, respondi a pergunta anterior.

— Você deveria se animar, senhorita… - Óbvio que não respondi a provocação. - Vamos, levante-se do chão, irei abrir a cela para comer um pouco, o senhor mandou preparar pudim de chocolate com passas de sobremesa… - O velho foi descrevendo cada prato nas bandejas, e sempre voltando o assunto para L, aquele inglês maldito. - Ele está preocupado, vamos, anime-se! - Sorriu para mim, o ignorei.

Ah é, queridos leitores, vocês devem estar um pouco perdidos. Vou relembrá-los dos últimos acontecimentos. Bom, Watari pôs algemas em mim porque o inglês disse que eu estava presa por algum motivo. Até aí tudo bem, não, tudo bem não! Eu não entendi nada no começo, mas depois ele começou a falar o motivo daquela prisão repentina: lembram da última missão do Misa Mercenary? Pois é, lembram do fio de cabelo que colou no vidro? Lembram que a estúpida aqui acreditou piamente que ninguém no mundo poderia reparar naquele fio? Então, agora estou aqui, com pijamas acinzentados de algodão, esfregando a minha efemeridade no chão gelado desse cubículo de cela. Aposto que vocês ainda não entenderam, então deixa eu ser mais clara: L não me entregou à polícia. Quer dizer, ele cuidou de tudo, Watari não me explicou bem, apenas disse que L ficaria responsável pelo meu processo, mas enquanto isso eu terei que ficar em custódia, e adivinha quem seria o responsável por me “custodiar”?

Devo confessar que eu fiquei muito chateada. Com L? Claro, mas comigo, principalmente. Errei em tudo, como alguém tão perfeccionista deixou-se sabotar por um fio de cabelo? E o garoto levou a sério quando disse que ia me custodiar. Eu sei que vem sempre um delegado averiguar se estou sendo tratada como uma verdadeira criminosa, até porque ninguém acreditou muito quando L disse que ficaria responsável por mim. Bom, isso foi só o que o velho me contou. Até agora eu não sei de nada. O inglês uma vez ou outra vem aqui na minha cela, me observa com aquele olhar superior, suspira e às vezes briga porque estou no chão ou faço greve de fome, eu apenas o ignoro. Não sei como anda meu processo, não sei como está a minha mãe ou o que aconteceu com Raito. Só sei que esse quarto é gelado, essas paredes são claras demais e este chão agora é o meu melhor amigo.

— Aqui está o pudim, coma um pouco, sim? O senhor disse que vem vê-la daqui a pouco… - Deixou o prato de doces e vegetais sobre a minha cama, fechei os olhos e cochilei. Não fazia nada o dia todo, mas aquela rotina me cansava.

Acordei com uma terrível dor nas costas. Aquele chão duro já começava a fazer efeito no meu corpo. Levantei com um pouco de dificuldade, a sala estava meio escura, bati o dedinho do pé no canto da cama.

— MAS QUE PORRA! - Praguejei.

— Faz um tempo que eu não ouço a sua voz… - Um calafrio percorreu minha espinha, olhei para fora da cela até perceber a sombra. Ah, maldito inglês.

— Pff… - Deitei-me sobre a cama, virando as costas para ele.

— Não me trate como se fosse superior. Não sei se percebeu, mas a criminosa aqui é você… - Como ele podia continuar tão tranquilo? Não sei, mas eu continuaria silenciosa. - Olhe para mim, Misa! - Sua voz ficava cada vez mais exaltada. Barulho de código sendo usado. “Droga, ele vai entrar aqui.”

E ele entrou mesmo. Eu sentia o cheiro de doces cada vez mais forte.

— Você está magra, pálida… - Um dos seus finos dedos enroscou-se em uma mecha de meu cabelo. - Apenas me escute. Não quero que me odeie, se for para entregá-la à justiça, prefiro que fique sob minha proteção.

“MAS QUE PORRA É ESSA? ENTÃO POR QUE VOCÊ SIMPLESMENTE NÃO FINGIU QUE NÃO SABIA DE NADA?”. Entregar à justiça uma ova, se ele quisesse me proteger, inventaria outra desculpa, me pouparia daquele sofrimento. Virei-me pra ele. Pff, ele tava mais magro que eu, não podia falar nada. As mãos nos bolsos, a pose imbatível, os olhos grandes e enigmáticos.

— Se você quisesse me proteger, tsc… - Desviei o olhar, por algum motivo absurdo não conseguia encará-lo.

— Já sei o que vai falar. - Suspirou profundo e saiu da cela, trancando-a no código. - Misa, eu sou um detetive. Os irmãos do qual você roubou um documento me incumbiram de descobrir o culpado. É uma pena que você tenha sido tão descuidada, depois do tempo que trabalhamos juntos, pensei que seria pelo menos mais competente encobrindo seu crime… - COMO É SEU DESGRAÇADO?! - Você é uma garota corrupta, você sempre foi desde que lhe conheci. Você vende trabalhos na sua turma e os ameaça se eles não pagar, isso é corrupção, não é? Dando uma pesquisada no seu passado, descobri que você também realizava pequenos furtos e até se envolveu em comércio ilegal. Comércio de que, aliás? Aí eu não sei, parece que você tomou cuidado com isso, ou seria outra pessoa que te encobriu? - Parou de cuspir as palavras.

Eu não sabia bem a minha cor naquela hora, acho que era uma mistura de vermelho com verde. Eu estava com medo e com raiva. Medo por ter uma ficha tão podre descoberta assim e raiva pela forma como ele falou, jogando os fatos na minha cara, mudando de personalidade num piscar de olhos sem se preocupar se me machucaria ou não.

Se eu era uma pessoa corrupta? Eu era sim. Isso e muito mais. Eu era egoísta, encrenqueira, imatura e violenta. Talvez eu ainda seja, talvez não, eu sou! Mas se eu sou assim, ele é pior, não é?

— Se fôssemos colocar numa balança todos esses fatos chegaríamos a conclusão de que você é pior do que eu…

— Pior? Eu trabalho para a justiça, eu sou a justiça!

— Você me pagou uma viagem simplesmente porque não queria fazer um trabalho simples comigo. E agora, você se aproveita do seu poder de “melhor detetive do mundo” para me manter sob sua proteção. Isso é corrupção, não é?

— E desde quando você está tão tagarela? - Mudando de assunto, detetive L?

— Desde que ouvir a sua voz passou a me irritar mais que passar dias e noites neste lugar imundo.

— Ah… - Suspirou mais uma vez. “Yes, o irritei!”. - Eu iria lhe levar para passear nesse fim de tarde, Watari melhorou o jardim, parece que estamos em uma casa inglesa agora, mas… Você está irredutível hoje, perdi a vontade. - Virou-se para mim e saiu da sala onde a minha cela ficava.

Desistiu. Fácil? Até demais. No mínimo se arrependeu de ter me bajulado tanto esses dias para ouvir a minha voz. Pobre inglês. Sorri satisfeita.

Mais tarde naquele dia interminável, Watari voltou a cela trazendo o jantar. Perguntou se eu queria tomar um banho. Acenei positivo com a cabeça. Não queria comentar, mas eu também estava em greve de banho. Ele sorriu gentilmente e pediu para que eu esperasse, iria preparar o banheiro e pegar umas toalhas limpas. Arregalei os olhos. Depois de dias iria sair daquele lugar.

No caminho até o local, ele começou a conversar.

— A senhorita realmente sabe como irritá-lo. Desde que ele veio vê-la, não para de comer bolos, estou cansado de ter de cozinhar o tempo todo…

— Ele está sempre comendo bolos, não é de se espantar… - Fitei o chão.

— Não, mas eu sei quando ele está irritado: quando simplesmente ignora os morangos. - “Francamente…”, pensei.

— Mas… Mudando de assunto. Diga-me, faz quantos dias desde que fui presa?

— Oito dias, senhorita.

— Como isso aconteceu? Quer dizer, como a polícia reagiu? Como o homem que eu roubei reagiu? Ele está me processando, não é? E minha mãe, ela sabe? - E eu, exaltadamente, vomitava as perguntas.

— São muitas dúvidas para um velho só resolver… Vamos, concentre-se apenas em seu banho agora, depois pensamos nisso, sim? - Maldito sorriso gentil, parecia que ele debochava de mim o tempo todo.

— Só mais uma pergunta. - Aproximei-me de seu ouvido. - Tem câmeras nesse banheiro?

— Infelizmente sim… - Sorriu, corando em seguida. Logo se retirou, deixando toalhas limpas e uma roupa nova.

“Mas que porra é essa agora? Câmeras para quê se nem existem janelas aqui…”

— Seu tarado! - Gritei olhando para o teto.

Tirei as roupas de cima ficando com as íntimas. Se ele pensava que eu iria fazer um strip para alegrá-lo, estava muito enganado. Se ele pensava que eu iria tomar banho pelada, estava mais enganado ainda. Entrei no chuveiro de calcinha e sutiã mesmo, infelizmente elas eram brancas, então alguma transparência iria surgir. Fechei os olhos enquanto ensaboava o corpo, podia ouví-lo em minha cabeça brigando com Watari, algo como “por que você falou que tinha câmeras no banheiro?”, patético.

Enrolei uma das toalhas no corpo e a outra no cabelo. Escovei os dentes e depois vesti o pijama. Watari veio me buscar no banheiro devolvendo-me à cela. Não tocou mais nas minhas perguntas, também não o pressionei, quer dizer, fazia agora oito dias que eu não abria a boca para nada… Enchê-lo de perguntas só iria acuá-lo.

Comi um pouco porque no fim das contas, me sentia estupidamente fraca. Não havia mais nada para se fazer, encostei a cabeça no travesseiro e dormi.

Sala de estar - Casa do detetive L - 02h56min AM

— Sim, irei conversar com o meu senhor… Aguarde que eu retornarei a ligação… Não tem de quê… Bom dia, então.

O telefone não parava de tocar. Apesar de eu odiar essas tecnologias, elas eram essenciais no meu trabalho, conseqüentemente, na minha vida. Watari baixou o aparelho e voltou-se para mim.

— Senhor, Yagami-san pediu para fazer uma visita pela manhá à Amane-san. Qual o horário mais adequado para o senhor permitir?

— Não existe horário nenhum, não entendo a insistência desse garoto, o que ele quer com a Misa? Ela está sob minha custódia, não pode receber visitas! - Bebi um gole do café. “Mas que horror, está muito amargo!”.

— Sinto lhe informar, senhor, mas já passou o período de sete dias do qual Amane-san não poderia receber visitas. Ele está no direito, e ainda completou que recorreria ao advogado se você negasse mais algum pedido dele para vê-la.

— Mas que petulância… - Parei para pensar um pouco. - Certo, Watari, ligue e o informe que pode vir às 10…

— Sim senhor. Deseja mais alguma coisa?

— Mais açúcar, este café está muito amargo… - Ele apenas sorriu.

Como pode? Até encarcerada, Misa não parava de me causar problemas.

Aquele caso estava me dando nos nervos. Por algum motivo algo não estava certo. Analisando todo o método que ela usou para invadir a segurança e roubar o documento, era mais do que certo que ela teve cúmplices. Raito Yagami, o melhor estudante do Japão, era meu principal suspeito. No crime, Misa era apenas uma arma, o bode expiatório, nos meus cálculos, a pessoa que teria a competência de desativar a segurança era nada mais, nada menos, que o seu melhor amigo. E isso era óbvio, ela não poderia trabalhar com outras pessoas. Apesar de tudo, Misa era um animalzinho selvagem, ela não pediria ajuda de qualquer outro hacker ou gênio da tecnologia para realizar esse trabalho sujo, Raito estaria com ela. Era ele sim, Raito e Misa, a própria ficha manchada dela já entregava, apesar de não haver provas, ele que estava sempre por trás dos trabalhos sujos dela.

— Covarde… - Bebi mais do café, agora um pouco mais açucarado. Quando aceitei este caso, não imaginaria que iria me deparar com esse tipo de surpresa: o responsável era a minha namorada, mas a cabeça por trás era o seu melhor amigo.

Mas havia um problema: Como provar que ele, Raito Yagami, era a cabeça de tudo? O caso não era difícil, mas culpar as pessoas certas sim. No fim, não queria entregar minha Misa à polícia, talvez ela tenha razão, me aproveitei do poder em minhas mãos para me responsabilizar por ela e acabei pagando caro por isso. Isso não justifica o fato de ela me chamar de corrupto. As pessoas erram, agora percebo que eu errei tentando protegê-la. Por que ela simplesmente não entende isso, que tudo é para o seu bem? Garota imatura!

Passei aquela madrugada um pouco chateado. Chateação, mais um sentimento novo que ela trouxe para a minha vida…

Cela da Misa - 09h43min AM

— Bom dia Amane-san, acordou cedo hoje… - O velho estava recolhendo minhas roupas de cama enquanto arrumava algumas frutas sobre a mesinha do cubículo. Eu, como sempre, estava estirada no chão como uma lagartixa na parede do banheiro (?).

— Ei, Watari, por que eu tenho de ficar nesta cela tão pequena e apertada? Há um quarto espaçoso aqui, e ele está sempre trancado. Por que não deixam a cela aberta, pelo menos para eu caminhar pelo quarto?

— Você quer saber por que o senhor não permite? - Olhou-me de canto de olho, o sorriso sempre estampado no rosto. - Bom… Isso é algo que você mesmo tem de perguntar, mas lhe digo uma coisa… - Abaixou-se ao meu lado. - As câmeras estão concentradas aqui, e elas estão sempre mandando imagens suas para os computadores centrais. - Corei. “Aquele hentai!”

Tentei esconder o rosto entre as mangas do pijama, mas ele já havia percebido, dando uma risada tímida. Quando terminou, saiu da cela.

— Já que me perguntou, vou deixar a cela aberta, até porque você terá uma visita mais tarde… - UMA VISITA?! QUE ÓTIMO!

Fiquei apreensiva quando passou pela minha cabeça que a visita seria na verdade L, ele e Watari eram as únicas pessoas que iam me ver. Porém, tive a sorte de estar enganada. Meu coração quase saiu pela boca quando vi Raito entrar no quarto e vir em minha direção. Pulei em seus braços quase nos derrubando no chão.

— Ei ei… Também estou com saudades de você. - Afagou meus cabelos. Segurei sua mão e o levei até uma poltrona no canto esquerdo do lugar. Ele se sentou bem próximo de mim.

— Eu… - As palavras não saiam.

— Você está diferente, Misa. Não está comendo por quê? Não quero que adoeça neste… Lugar.

— Raito, como está minha mãe, como estão todos? - Meus olhos encheram-se de água, eu só conseguia pensar na minha mãe, em como ela deveria estar decepcionada.

— Acalme-se. - Abraçou-me de novo. - Sua mãe está bem, inventei algo simples e ela acreditou. Não se preocupe, ela não sabe que você está aqui. - Ah, aqueles abraços de Raito.

— Que bom… E você, quer dizer… - O garoto apertou o abraço, quase me deixando sem ar.

— Misa, eu estou cuidando de tudo, o advogado que contratei para você é o melhor do Japão, ele me prometeu que até o fim do mês você estará livre das denúncias e livre deste lugar. - Soltou-me de seus braços.

— Sei, mas é que…

— Sim, sobre a goteira do seu apartamento, então, não há muitos problemas com isso... - O quê?! Do que ele estava falando? Meu apartamento não tinha goteiras. - As conseqüências delas não serão tão ruins, o problema era a estrutura antiga, ela propiciou isso, terei de chamar um encanador muito bom que eu conheço também, para mim, ele é o melhor. - MAS O QUE DIABOS?! QUE MERDA O RAITO TAVA FALANDO?

— Eu não tô…

— Felizmente as goteiras do meu quarto não me incomodam, não me trazem tantos problemas, é coisa pouca, eu mesmo consigo arrumar. - Interrompeu-me.

Demorou um pouco até eu perceber, meus olhos arregalaram-se quando me lembrei de Watari falando que L recebia imagens minhas o dia todo no computador. Aquele quarto estava repleto de câmeras e escutas, como se ele já tivesse preparado tudo antes de receber minhas primeiras visitas.

— Entendo… - Entrei no joguinho de Raito, finalmente decodificando as palavras dele. - Não sei por que, mas tenho a impressão de que tudo relacionado à você, é o melhor do Japão. - Ele apenas sorriu, mostrando satisfação com a minha resposta.

Não entenderam? Eu decodifico para vocês. Raito fez uma analogia com a nossa situação atual. Por que minhas goteiras estão tão ruins? Porque eu estou presa, afinal de contas. Um fio do meu cabelo foi encontrado, não do cabelo dele. Então eu era a principal culpada. Mas pelo que ele falou, com bons profissionais ao meu lado, tudo vai ficar bem, apesar da minha ficha suja. Aliás, apenas Raito sabia que eu já tinha passagem pela polícia e estava com a reputação bem melada com a justiça. Quanto às goteiras de Raito, parecia que eu não precisaria me preocupar. Talvez essa fosse a maior diferença entre ele e eu, Raito era mais racional, eu até tentava suprimir os meus instintos femininos como emoções exageradas, mas eu sempre deixava passar algo. Raito não, ele era impecável em tudo, apesar de se envolver em algumas coisas comigo, ele conseguiu manter a ficha transparente, e agora, conseguia se manter longe das suspeitas. Isso era bom, para ele e para mim, afinal de contas, eu poderia contar com a sua ajuda para me sair daquela situação.

— Vai demorar um pouco para você sair daqui, os irmãos estão pegando pesado para mantê-la presa, felizmente o pai deles está ao seu lado.

— O quê?! Kitana-san conseguiu sair daquele hospital psiquiátrico?!

— Parece que sim. - Raito sabia, mas fingia que não sabia para não dar pistas ao inglês. - Ele está bem agradecido a você, que o ajudou a provar que ele estava sano e de quebra, impediu que seus filhos roubassem sua fortuna e pesquisas.

— Que legal!

— No fim, foi muita sorte, Misa. O documento não pertence aos filhos, pertence ao homem que está ao seu lado. O problema é que na época que você o roubou, eles ainda estavam com a posse dele, então foi furto da mesma forma, sem contar que você danificou o local na hora de extrair o testamento…

— Ah, eu tentei ser tão cuidadosa. - Tudo que conversávamos, L com certeza já sabia. - Eu só não entendo uma coisa: por que eu tenho que viver como uma prisioneira de periculosidade máxima? Olhe este quarto, parece um hospício!

— Você deveria ficar sob a proteção da polícia da mesma forma. Não gosto de assumir, mas… O detetive L fez o melhor pra você, ou pelo menos, quero acreditar.

Senti uma pontada no coração, o que Raito quis dizer com isso?

— O me… Melhor? - Corei.

— Sim, ele a trouxe para a casa dele, e, aliás, este quarto é muito melhor que a unidade da polícia que você ficaria. E tem mais… Ele também está com um advogado trabalhando para livrá-la logo de tudo isso, até convocou uma reunião de conciliamento para vê se os irmãos maneiravam nas queixas… O problema é que você mexeu com homens grandes da sociedade, a mídia está caindo encima. E graças ao inglês, ainda não expuseram você.

— L está…

— Mas eu confesso que isto está demorando demais, tem algo errado aí. L disse que ficaria responsável por encontrar o culpado, e até descobriu você, mas ainda não fechou as investigações. É por isso que está demorando pra você conquistar a liberdade.

— Raito… Você acha que no fim das investigações, eu serei presa por quanto tempo?

— Não se preocupe com isso, pequena. - Afagou meus cabelos mais uma vez. - No máximo, você vai ter que prestar serviços à polícia, já que o detetive também revelou que você andou resolvendo alguns casos-problema com ele…

— Sei… - Baixei o olhar, triste.

— Bom, tenho que ir agora. Irei encontrar com o encanador, que disse que iria melhorar essas goteiras. Não se preocupe, certo? - O garoto segurou o meu queixo e levantou meu rosto, dando um beijo no canto da boca. Eu deveria estar parecendo um tomate de tão vermelha, mas aquilo me acalentou.

Depois que Raito saiu, voltei para a minha cela. O ruim é que não dava para fazer nada ali, apenas pensar. E depois dessa conversa, meus pensamentos voariam lá para quem não devia.

“Frio”, despertei de um sono sem sonhos. Estava muito frio. Levantei-me do chão e, como ontem, fui até a cama, tacando o dedinho no canto de novo.

— Você parece uma criança que nunca aprende… - Aquela voz…

— Se pensa que eu serei melhor que ontem por conta da conversa que tive com Raito, está muito enganado, seu babaca!

— Não gosto da intimidade dos dois, ele está sempre te alisando ou encostando a boca em você. - O tom sempre sério.

— Isso não é da sua conta.

— É sim, porque eu sou…! - Parou.

— O que?! O quê que você é? - O provoquei.

— Hoje não cairei nas suas brincadeirinhas, estou exausto demais. Watari trará seu jantar… - COMO? JÁ ERA HORA DO JANTAR?

— Vai tarde… - Bem, eu não queria dizer aquilo.

Conseguia ouvir os passos lentos de L até a saída, a cela ainda estava aberta, parece que ele acatou meu desejo. Eu pensava: por que ele fazia tudo para me agradar se eu continuava o apedrejando?

L era o grande detetive da época, todos sabiam de sua existência, mas ninguém sabia quem ele era realmente. E agora, o grande detetive, perdia seu tempo conversando com uma garota que só o tratava mal.

Um vento frio e estranho passou balançando meus cabelos, aquele local era fechado, mas por algum motivo, havia circulação de ar ali. Seria algum anjo passando?

— Inglês... - O garoto parou seus passos lentos e virou-se para mim. - Bom, é que… Está frio… E Watari ainda não trouxe cobertores, eu estava pensando se…

L me encarava, os olhos sempre curiosos. Suspirou profundamente, aquilo começara a me irritar. Veio a passos mais rápidos que o normal em minha direção. Eu não precisava falar mais nada, ele entendia perfeitamente. Aproximou-se apertando minhas mãos entre as suas, o abracei, minhas lágrimas desmancharam-se em sua camisa. Aquela noite seria longa, da forma como eu queria que fosse.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, agora eu estou no blog Garotas Geeks, na sessão Otaku, meu nome la é apenas Paula, deem uma passadinha qualquer dia, faço recomendação de animes (me recomendem algum pra eu comentar por lá, amo demais fazer isso). O blog é muito legal, e as garotas são super engraçadas, no mínimo vocês rolarão de rir com os comentários delas nas postagens! Enfim, até o próximo amores, obrigada pelo carinho! s2