Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 28
Teoria das Cordas


Notas iniciais do capítulo

Yo, desculpem mais uma vez a demora. Plemos estudava para o vestibular, mas já que tudo passou, posso me dedicar as fics. Em breve atualização de Because you're mine, I walk the line. Enquanto isso, aproveitem MM! BOA LEITURA ♥



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Misa Mercenary

Teoria das Cordas

A noite anterior foi espetacular. Se eu não tivesse sentido um cheiro açucarado no meu corpo pela manhã, juraria que tudo não passava de um sonho. Eu, L e o nosso momento íntimo. Mas não, foi real sim.

Entrei no banheiro receosa, estava com pena de deixar a água lavar parte de todos os sentimentos do mundo agora impregnados nas células epiteliais do meu corpo. Oh céus, eu teria mesmo de tomar banho? Bom, vai ver eu gosto desse cheiro porque sei lá, estou estupidamente apaixonada…

Por fim, tomei a droga do banho. Não lembro bem que dia da semana era aquele, se vocês lembrarem, queridos leitores, por favor, me ajudem com este detalhe. Adoraria gravar essa data na minha caderneta particular… Eu só sei que estava me lixando para o que eu teria de fazer àquela manhã. Olhei o celular ansiosa e meio que me chateei por não ver uma mensagem, uma chamada. Mas tudo bem. Algo começou a me incomodar mais do que aquela falta de pistas do inglês, um barulho irritante no apartamento ao lado.

— Mas puta merda, esse apartamento não estava desocupado? - E estava. O último morador era um velho solitário, morreu há alguns meses, pobre homem. Ele até que era gentil, recolhia minhas correspondências e deixava a minha mãe me aguardar no apartamento dele enquanto eu estava fora…

Vesti uma camiseta de mangas longas vermelhas e o jeans envelhecido, por cima a jaqueta de couro preto, a minha favorita. Coloquei a mochila nas costas e os fones nos ouvidos, tocava um solo simples de piano, só uma melodia mesmo. Juntei as chaves do apartamento o tranquei por fora, pondo elas sob o tapeta, quando...

— Misa... Misa Amane? - Mesmo com a música, pude ouvir a rouquidão ao lado chamar.

— Sam?! Oh, então você é o novo vizinho? - Sorri.

— Tsc, é o que parece, né? - Fui pega de surpresa por um abraço caloroso. Poxa vida, me perdoem, mas... Que braços! O ruivo pareceu ignorar o fato de eu estar esquelética, por pouco não me parte ao meio.

— Wow devagar, eu ainda não tomei café... - Respirei profundo quando ele se afastou.

— Pelo jeito ainda tem a jaqueta que comprou comigo... - Perdoem-me mais uma vez, mas... Que sorriso!

— Hoje ela é a minha favorita! - O ruivo pareceu se excitar (no bom sentido) com as minhas palavras, seus olhos cintilaram como nunca.

— Só falta eu conferir algo... - Suspendeu o meu pulso. Voltou a sorrir quando viu a pulseira da sorte que me dera no nosso último encontro. - Você é inacreditável. - Corei. - Bom, er... Está saindo? Digo, quer uma carona? Comprei um carro, agora não ando mais de ônibus... Não se preocupe... - Espera, agora ele que corava?

— Ah, claro... Eu estava indo... Indo... Bom, eu estava saindo, não lembro mais para onde...

— Não lembra?! - E mais um combo de risadas se seguiram. - Eu entendo, pensei que era só eu que me sentia sufocado em locais solitários como apartamentos… Vamos, se não tiver algo melhor para fazer, pode assistir o ensaio da minha banda.

Eu realmente não pensei em fazer nada naquele dia, L não deixou mensagem, Raito muito menos. Talvez eu devesse visitar minha mãe, mas sei lá, ela me encheria de perguntas e conselhos inúteis para a ocasião. Sam acabou me convencendo, eu até poderia me divertir, eles tocavam algo que eu gostava. Música para meus ouvidos.

Quando penso que não, já estou no carro do ruivo. Não vou entrar em detalhes porque eu mesmo não conheço muito de carros, mas era confortável, tinha um cheiro agradável e estava bem conservado. Sim, era um seminovo, mas era de Sam, isso que importava. Conversamos muito no caminho até o lugar do ensaio, ele chegou a pôr algumas músicas deles, uma garota cantava, mas a letra era de Sam. O que eu achei? Fantástico. Fiquei feliz, não por ele ser meu amigo, mas por eu ser a garota no carro dele naquele instante. Logo que chegamos ele me apresentou os amigos. Saika, uma morena baixinha e com grandes seios, era a vocalista. Shizuo, um loiro alto e mal encarado que fumava descontroladamente, era o baterista. E Yoshiro, um outro moreno tão alto quanto Shizuo, usava óculos e possuía cabelos longos e um sorriso gentil, era o irmão mais velho de Saika e o baixista. Também compunha letras assim como Sam. O ruivo me apresentou a todos, Yoshiro e Saika eram falantes e agradáveis, Shizuo um pouco introvertido, fumava cigarros o tempo todo. Não me incomodei de forma alguma, pelo contrário, a presença dele me era mais confortável que a dos demais. Sam disse que faltava mais um, William, o líder e segunda guitarra. William chegou pouco depois, era bastante educado, me cumprimentou com um beijo na mão, de cabelos acobreados e bom papo, poderia facilmente conquistar qualquer desavisado que surgisse.

Antes do início da sessão de ensaios, o líder deu um aviso: a banda tocaria naquela noite em um aniversário muito importante. A garota que os chamou viu um show deles há alguns meses, desde então os gravou na cabeça. E sabe o que é melhor? Era um membro da alta sociedade, filha de um dos empresários mais importantes do Japão. Todos comemoraram. Foi a deixa para Sam me puxar de canto.

— Viu? Cheguei a conclusão de que você é o meu amuleto da sorte... - Beijou o canto da minha boca, aquilo me fez corar. Mas logo se afastou, iria começar o ensaio para o show daquela noite, a grande chance da vida deles.

Eles todos tocavam magnificamente bem, mas por alguma razão, eu só conseguia sentir a guitarra de Sam, se sobrepondo entre os demais instrumentos. E ele percebia isso, não parava de olhar pra mim um instante, às vezes corava, outras desviava o olhar para o teto ou para o instrumento, mas sempre retornava pra mim. Olhei para a minha pulseira, a pulseira que ele disse que me traria sorte daquele dia em diante, de certa forma trouxe sim, ultimamente as coisas só estão dando certo na minha vida. Quando ele beijou-me o canto da boca e disse que eu era seu amuleto da sorte, pude entender o que ele quis dizer. Não fui eu que ganhei um amuleto, foi uma troca, como se ele me desse a pulseira em troca de minha amizade. “Então eu sou o verdadeiro amuleto, é isso Sam?”, pensei. Um sorriso tímido brotou no meu rosto.

Seis músicas depois deram uma pausa. Pediram uma pizza e muito chocolate quente, estava frio no fim das contas. Agradeci por não ser bebida alcoólica, não por mim, mas por eles que fariam um show daqui algumas horas. Conversamos tanto sobre músicas, sonhos, trabalhos, dia-a-dia que não vimos o tempo passar. Já estava entardecendo. Busquei o celular na mochila e encontrei o que tanto esperava: uma mensagem do inglês. Dizia: “Venha para cá e não demore.” Bom, recebi a mensagem duas horas antes de ler, então de certa forma, ele já devia estar muito irritado. Mas muito irritado mesmo.

— Sam… - O puxei de lado, sem que os outros percebessem. - Tenho que ir…

— Mas já? Espera, a gente vai ensaiar mais algumas músicas e eu te deixo em casa.

— Não, eu preciso ir mesmo. Aconteceu algo e… - Desviei o rosto para que ele não tentasse me ler, já estava óbvio que ele tinha essa capacidade.

— Ah, entendo. - Apertou sua mão quente no meu braço. - Escuta, aqui está um exibível do aniversário, apenas as pessoas que tocarão lá receberam. Estou dando o meu para você. - Mostrou-me um cartão rosado que acabara de tirar do bolso, o segurei na mão, estava aflita.

— Mas e se você precisar? E o que eu farei com isso?

— Não é óbvio, sua boba? Eu não vou precisar, eu irei tocar lá porque minha banda foi contratada pela garota. Não irão me deixar de fora, o principal guitarrista. E mais… Quando terminar de resolver isso, apareça por lá. Quero te ver em frente ao palco, a minha primeira amiga desde que chegamos em Tóquio. - Sorriu.

— Você não é normal… - O abracei, saindo em seguida.

Sim, eu definitivamente iria aparecer.

Cruzei duas esquinas até a parada de ônibus. Eu ainda não tinha um carro no fim das contas. Perca de tempo, Watari me esperava em frente a uma loja, onde eu pegaria o ônibus. Um mal pressentimento me trouxe calafrios na espinha.

— Misa-san, a levarei até meu senhor. - Sorriu gentilmente enquanto abria a porta do carro. Entrei, sentando no macio banco daquela limusine.

— Escuta Watari-san, aconteceu alguma coisa? L está irritado? Por que tanta urgência em conversar comigo? - O velho sorria enquanto me oferecia alguns biscoitos e dirigia o carro. Os rejeitei.

— Sinto lhe informar, Misa-san, mas ele definitivamente está muito irritado. Acredito eu que pela sua demora em aparecer… - MAS ORA BOLAS!

— Pff… Ele mandou você me seguir, não?

— Não posso falar mais nada. Ele me pediu que não conversasse tanto com você porque ele sabia que me faria essas perguntas. - Encerrou o assunto.

— Inglês desgraçado...

Sim, algo terrível me esperava. Disso eu não tinha dúvidas.

Cheguei à conclusão de que não fora Watari que me seguia. A mensagem havia chegado há duas horas, segundo os meus cálculos, era o horário em que William chegara ao local de ensaio da banda, uma espécie de garagem. Mas algo me dizia que L já sabia que eu estaria ali. Por que ele resolveu pôr Watari para me seguir? Não, por outro motivo. Será se ele pôs algum dispositivo na minha roupa? Também não, olhei até a etiqueta da minha calcinha. Seria na mochila? Muito menos isso. Talvez o celular… Mas por que diabos ele estaria tão irritado? Por que eu demorei a ler a mensagem e ir de encontro a ele? Será se ele não pensou que EU deveria estar irritada? Afinal de contas, passamos uma noite maravilhosa e ele até dormiu um pouco ao meu lado, apesar de quase nunca precisar dormir. E o que ele fez depois? Desapareceu sem nem me dar um aviso. Sim, ele definitivamente era um filho da puta, e se ele queria brincar de ser infantil e insuportável, então eu também entrarei em seu jogo. “Mas por que você está pensando essas coisas, Misa? Você o ama, vocês ficaram, fizeram amor… Vai deixar a sua mentalidade estragar esse dia, esse momento na vida de vocês?”, a minha mentalidade não, a dele já fez todo o trabalho sujo. Eu apenas dançaria no seu ritmo, detetive L…

Quando o carro atravessou o portão principal da mansão, outro calafrio percorreu minha espinha. Saí aflita sem nem ao menos esperar Watari abrir a porta, logo estava adentrando a sala. O inglês, como de costume, se entupia de doces e café, desta vez estava no chão da sala, sobre um tapete, envolto por uma verdadeira máquina tecnológica. Uma espécie de computador de seis telas e três teclados incríveis. Alguns fones de ouvido e microfones, além de câmeras também. Aquilo me desconcertou, estava acostumada com o notebook humilde que ele sempre usava.

— Que desperdício, algo tão incrível assim jogado no chão da sala… - Referia-me a máquina, sabia nem se era mesmo um supercomputador. Claro que me referia a L também, embora não quisesse confessar.

— Por que você demorou tanto? - Olhou sério para mim, aquelas gigantes orbes negras.

— Poxa, você acha mesmo eu preciso fazer tudo que você quer? E nem demorei tanto, foram só algumas horas… - Uma risada sarcástica, bem à la Misa.

O inglês apenas voltou-se para a máquina, iniciando-a. Todas as telas se encheram com imagens minhas. Na minha sala de estar, no meu banheiro, na minha cozinha, no meu quarto e, principalmente, na parte em frente ao meu apartamento e ao apartamento vizinho, o apartamento de Sam.

— O que significa isso?! - Aproximei-me para ter certeza.

— Eu que lhe pergunto: você conhece este homem? - Ele centralizou na imagem de Sam sorridente, no momento em que conversávamos em frente a minha porta.

— Claro que conheço, é o meu novo vizinho.

— É, mas pelo que percebi vocês já se conhecem de longa data. - Curto e grosso. Bebericou o café diabético.

— Você é um idiota. Mas por que porra mesmo pôs câmeras na minha casa?! - Tive de me exaltar, aquilo me revoltou.

— Não mude assunto, Misa-san. Não sei se se esqueceu, mas eu sou um detetive. Filmar os meus suspeitos é uma tarefa obrigatória. Preciso observá-los, preciso estudar seu comportamento.

— Sabe o que você é?! Você é um… - Então a ficha caiu.

Vocês conseguem entender do que eu estou falando? L me chamou de suspeita, pior do que isso. Pude perceber que ele só pôde revelar minhas imagens hoje, e sabe por quê? Porque ontem não havia câmeras, disso eu tive certeza. “Mas Misa, vai ver ele revelou isso porque não gostou de te ver com outro homem”, cheguei a pensar. Mas não, e sabe por quê? Porque ontem foi a primeira vez que L foi a minha casa e ficou sozinho por tanto tempo, no momento em que eu me trocava no banheiro para nossa noite. Pior, ele ainda pôde aproveitar o momento em que eu dormia para instalar o restante das câmeras. Sabe o que me chateava em toda essa história? Não foi o fato de ele revolver me vigiar, mas sim porque ele aproveitou a oportunidade. Ele se aproveitou do momento em que eu estava mais fragilizada, mais aberta aos nossos sentimentos. Ele usou a nossa noite, a noite mais importante para mim, para pôr todo o seu instinto desgraçado de detetive em seu benefício. L definitivamente conseguira me irritar. Chorava, não pela decepção, mas de ódio.

— Eu sou um… - Pediu que eu completasse a minha frase.

— Você fez isso mesmo, L? Usou nossa noite como pretexto para instalar as câmeras? Mas por que? Por que você resolveu aceitar o fato de ser um maníaco psicopata ciumento? Por que você usou seu status de melhor detetive do mundo para resolver vigiar a sua namorada? Tsc… - As palavras simplesmente foram cuspidas da minha boca.

L não respondeu, permaneceu calado e sem expressão, mordia um bolo de morangos. Desejei do fundo da minha alma que ele engasgasse naquele instante.

Sem mais o que esperar daquele garoto, virei-me para saída. Naquele dia, aquele não era mais o meu lugar. Eu precisava esquecer, precisava me acalmar, organizar as informações, ser racional.

— Misa, espere… - Ainda que rouca, a voz firme pediu. Parei meus passos lentos em direção à saída. - Eu confesso que eu fiquei enciumado. Já basta o fato de eu ter de aceitar seu amigo Raito perto de você o tempo todo… Agora tenho de lidar com um vizinho desses… Se fosse levar em consideração o intelecto, ele perderia feio para mim, mas nos outros quesitos…

— O que diabos você está falando? Esse não é o inglês que eu conheci… - Definitivamente, não. Parecia mais um garoto bobo, desses de fundamental.

— Você tem razão, estava apenas tentando quebrar o gelo… - Fez uma pausa, provavelmente para tomar café. - Mas este garoto, Sam Winter... - Não me surpreendi por ele já saber o sobrenome de Sam antes mesmo que eu, até porque… - Não é o motivo para eu lhe chamar aqui… Não o principal.

— Já chega L…

— Não me interrompa.

— Vai se foder! - Segurei-me para não quebrar um dos jarros que enfeitavam a sala, vai saber quanto custava aquilo. Apesar de tudo, o ódio já me fazia enxergar tudo vermelho, precisava sair dali antes que explodisse e levasse tudo comigo. Estava fervendo.

— O que eu estou tentando dizer… - Outra pausa, outro gole de café. Sabia mesmo que não estivesse de frente para ele. - É que você está presa. Watari, por favor… - Meus olhos se arregalaram. MAS O QUE DIABOS… Tarde demais, o velho já me pusera as algemas.

Continua...


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Notas finais do capítulo

A Teoria das Cordas é uma tentativa de unificar a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica, além das 4 forças fundamentais. É vista pelos físicos como a principal teoria que possa explicar o universo inteiro, até em seu nível mais fundamental, desde o surgimento do Big Bang até o possível final do universo (Big Crunch ou Big Freeze). Em que contexto ela se aplica ao Misa Mercenary? Misa não é nada mais, nada menos que um pequeno ponto no universo de dúvidas de L, talvez o começo de todas elas.
Uma fotinha de Near ♥ ~