Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 21
Teoria do Caos


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, passando depressa pra deixar um capítulo especial de natal, nada demais nele, só pra vocês não ficarem ansiosos demais pra novidades que vão vir. Último capítulo do ano, 2013 promete! *-*
Música do capítulo: Corner Of My Street - Alain Clark ♥ /recomendo!
Boa leitura!



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Você é. Uma letra que eu rabisquei na vontade da tua pele e agora não consigo cantar e executar a melodia na gaita-de-boca ao mesmo tempo, porque você é assim, mesmo em frangalhos ainda é tudo e demais pra mim. Ficar comigo na teoria pode ser mais doce que na prática, mas você vai se acostumar. Eu vou me acostumar. A gente se acostuma com tudo. Você vai ver. Esta noite estou a fim de dizer eu te amo. O que você acha disso? Então, você está comigo ou não? Negue e eu dou o fora, porque eu não aguento mais te ver desse jeito.

Campos de morango para sempre - Gabito Nunes ♥

Misa Mercenary

Teoria do Caos


— E aquela, com o que parece? - Perguntou-me o inglês, apontando o fino e pálido indicador para outra nuvem que passava sobre nós.

— Hm... Parece uma camiseta de banda! - Respondi-lhe sorridente.

— Camiseta de banda? Mas como, não parece ter banda alguma naquela nuvem... - Indagou-me.

— Mas eu quero que pareça uma camiseta de banda, portanto é uma camiseta de banda.

— Você é muito teimosa. - Fez biquinho virando o rosto para o lado oposto ao meu.

— Sou mesmo... Ei L, e aquela? - Desta vez eu que apontei para uma segunda nuvem que passava.

— Parece um grande bolo de morango coberto de glacê branco! - Chegou a salivar.

— Morango? E onde estão?

— Estão cobertos com o glacê, não ouviu eu dizer? Além de teimosa, é desatenta. - Acertou-me com um peteleco na testa, tenho que confessar que doeu.

— Ah, seu louco! - Dei-lhe uma mordida na bochecha.


Vocês devem estar imaginando a cena agora. É um dos poucos momentos da minha vida em que encontro a paz com coisas simples. L e eu estamos deitados na grama daquele parque que bem conhecemos. Está um dia lindo, não fomos ao Campus hoje, nunca nem precisamos ir. Estamos fazendo uma das coisas mais bobas já feitas por indivíduos intelectualmente desenvolvidos: desvendar desenhos em nuvens. É estranho, mas é romântico. Tá, não gosto de coisas românticas, mas é legal fazer essas coisas com ele. Por mais babacas que pareçam, me fazem um bem danado.

Faz algumas semanas desde que começamos a namorar sério. Ainda não contei dele a ninguém, acho que é meio cedo ou talvez seja apenas medo do que as pessoas vão pensar, no mínimo me pedirão cuidado. Eu sei que estou nas mãos dele agora e isso não é uma metáfora. Ele aceitou de boa, na verdade ficou meio emburrado nos primeiros dias, acha que estou com vergonha dele ou coisa assim. Na verdade, só não quero provocar uma terceira guerra mundial com todas as pessoas a minha volta sem antes ter me programado para ganhá-la. Estou apenas tentando protegê-lo do que seria o caos caso a notícia do nosso namoro chegasse a certas pessoas de forma inadequada.

Pergunto-me como as coisas foram ficar assim. Um dia eu o odiava com todas as forças da minha alma, e então, do nada, comecei a amá-lo de uma forma arrebatadora. Foi tudo muito rápido.

— Eu adoro quando você me morde, me sinto como um... Cheesecake especial.

— Mas você é o meu cheesecake especial, só que mais gostoso do que os outros. - Corou com a minha mini declaração.

— Também gosto disso... Quando você me chama de um substantivo qualquer e põe o pronome possessivo “meu” antes dele. É como se eu realmente fosse seu... - O olhar perdido me encantava de uma forma extraordinária.

— Mas você é meu, com ou sem substantivo. Aceite garoto! - Outra mordida na bochecha pálida, que há essas horas, já estava totalmente vermelha e com a marca dos dentes.

— Misa-san, estou ficando constrangido! - Sentou-se no chão, escapando do abraço que eu ameacei lhe dar.

Como você é bobo... - Fingi uma cara emburrada, e rolei na grama para bem longe dele.

O garoto meio que entendendo o recado, levantou-se, com as mãos nos bolsos, foi até mim, sua cabeça cobria o sol, proporcionando uma agradável sombra no meu rosto. Seu rosto sobre o meu. Aqueles olhos, aquelas olheiras, aqueles lábios finos... Quando foi que eu comecei a gostar de tudo aquilo?

Abaixou-se até mim, selando nossos lábios. Quando recobrei a consciência, já estávamos em um beijo meio selvagem no meio da grama do parque, as crianças começavam a observar, e então me recompus.

— Você vai acabar me devorando desse jeito. - Dei uma risadinha pra ver se disfarçava o corado no meu rosto.

— Não tenho culpa se você é a coisa mais gostosa que minha boca já provou... - Aquilo me constrangeu ainda mais.

Troublemaker. Alguém me ligando. Vejo no visor do pequeno aparelho, era Raito.

— Só um minuto, L. - Atendi. - Oi Raito, aconteceu alguma coisa?

— Onde você está? - Sério, curto e grosso.

— Hm, estou em casa... Acordei indisposta. E você, foi para a aula?

— Estou no seu apartamento, e tenho certeza que você não está aqui. Venha agora, Misa. Precisamos conversar. - Desligou.

— Fudeu! - Fiquei pálida. Só algo naquele momento poderia acelerar meu coração além de um beijo do L: uma ligação de Raito direto do meu apartamento.

— Aconteceu alguma coisa, Misa-san?

— Tenho que ir para casa.

— O que Raito-kun queria?

— Ele está lá... Pegou-me na mentira. Puta merda! Acho que ele descobriu, conheço Raito, achei até estranho ele demorar tanto para deduzir... - Levantei-me mais do que depressa. O inglês permaneceu agachado na grama, seus olhos acompanhando cada movimento meu para arrumar a roupa.

— Vou com você, já estava na hora de ele descobrir. - Disse enquanto se levantava.

— Melhor não, isso é entre mim e ele.

— Misa-san, agora é minha namorada. Temos de fazer tudo juntos, é isso que eu quero.

— Por favor, L. - Pus as mãos sobre seu peito tentando acalmá-lo, ele começava a parecer nervoso. - Vá para casa. Conheço Raito, ele é muito... Possessivo. Deve estar endemoniado. Vou conversar com ele, depois te ligo, ok? - Dei um rápido beijo em seus finos lábios e saí correndo do parque, sem olhar para trás.


Respirei fundo antes de abrir a porta do meu lar. Nunca senti tanto medo de voltar para casa como naquele dia. Raito estava sentado no sofá, o semblante sério, as pernas cruzadas.

— E então, onde ele está? - Perguntou sem nem olhar o meu rosto.

— Do que você está falando? - Vai ver eu conseguia enganá-lo por mais algum tempo.

— Deixe de brincadeirinhas Amane Misa! - Saiu da posição séria e veio até mim, estava totalmente fora de si. Bom, vai ver o que me dava medo não era voltar para casa e sim, o que eu encontraria por lá. - Faltando as aulas, você acha que eu percebi apenas a sua ausência?! O pior foi ter que chegar aqui e encontrar isto! - Puxou uma camiseta branca debaixo da almofada do sofá, era de L. Ele tinha deixado aqui na noite anterior. Não, não dormimos juntos, quer dizer, ele passou a noite no meu apartamento, mas estávamos resolvendo uns casos e comendo doces, apenas isso.

— Eu posso explicar! - Puxei a camiseta e me afastei do Raito raivoso. Ele apenas me olhava transtornado. - Bom Raito, é o que você está pensando: L e eu estamos juntos.

— Eu sabia! - Chutou o meu sofá quase o virando contra o chão. - Puta que pariu, eu sabia! Você mentiu para mim, Misa! Isso é inaceitável! - Definitivamente aquele não era o meu Raito Yagami.

— Eu não menti Raito, estava apenas esperando a hora certa! - Tentei acalmá-lo, em vão.

— A hora certa?! E qual seria a hora certa?! A que eu descobriria por conta própria? Porque se eu não tivesse descoberto você estava até agora se enrolando com aquele cachorro de rua enquanto eu me iludia com as suas mentiras!

— Não fale assim, eu... Eu gosto de L, e gosto de você!

— Mentira! Quando foi que você virou... Isso? Você não é mais a Misa que eu conhecia.

— O inglês está me tornando uma pessoa melhor, você também me torna uma pessoa melhor, eu amo vocês dois, e você deveria ficar feliz porque eu estou feliz.

— Você não pode amá-lo, você odeia ele, lembra?

— Odiava, agora eu o amo...

— Quer saber? Foda-se você e o seu amor. - Saiu do meu apartamento, batendo a porta, praguejando ao vento.

Fiquei estática alguns minutos, pensando o que fora aquilo que aconteceu. Meu melhor amigo, uma das pessoas que eu mais amava no mundo, simplesmente passara a me odiar naquele instante. Desabei no sofá onde ele se encontrava quando cheguei, e chorei o resto da tarde.

Fiquei pensando se Raito tinha razão, eu não era mais a Misa que ele conhecera. Sei lá, quando foi que eu me tornei esta criatura emotiva e sentimental? Aquilo não era eu. Quando foi que eu permiti meus sentimentos bloquearem minha razão? Realmente foi uma atitude estúpida esconder o meu namoro com o inglês do garoto que mais me conhecia no mundo. Estava tudo fora do controle.

“Vamos Misa, soerga-se!”. E claro, a melhor forma para se levantar de uma queda feia, é com um belo banho, pelo menos para mim. Depois que eu já estava melhor, resolvi ligar para Raito. O telefone chamou uma, duas, quatro vezes e desligou. “Ah, agora vai me evitar!”. As coisas estavam ficando complicadas para gente, em menos de um ano, brigamos mais que em toda noda vida juntos. Alguém tinha que dar um basta nesta situação, e claro, sobraria para mim. Vesti uma roupa discreta, tranquei o apartamento e saí. Se a Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé.

Quando estava prestes a entrar no ônibus, meu telefone toca. Era L.

— Oi L, algum problema? - Fui falando enquanto entrava no ônibus.

— Venha até aqui, estou em casa. - Frio.

— Não posso, tô saindo pra outro lugar... A conversa com Raito foi péssima, vou ver se consigo falar com ele agora, vou à casa dele. - Tentei me justificar.

— Não, venha agora, Misa. - Desligou.

Sim, L não estava nada feliz. “Deve ser o tal do ciúme que todo mundo fala.” Não tive escolhas, desci na primeira parada e peguei outro ônibus direto pra casa do inglês, bom, acho que Raito poderia esperar um pouco.

Watari abriu a porta sorridente, como sempre.

— Por aqui senhorita. - Levou-me até a sala onde L sentava-se à sua maneira, com um notebook na mesinha da frente, estava vidrado em alguma coisa, tanto que nem se virou quando o velho homem anunciou a minha chegada.

— Misa, sente-se aqui ao meu lado. - Chamando-me apenas por Misa, deve ser um bom sinal. Fiz como ele pediu, me sentei em uma segunda poltrona bem ao seu lado.

Watari me ofereceu chocolate, aceitei de bom grado. Foi aí que eu percebi, o que L tanto via no notebook.

— Pode me explicar quando isso aconteceu? - Olhou-me curioso, um pouco desconfiado.

— Ah isso?... Foi há algumas semanas, tava precisando de um dinheiro...

— E como eles a encontraram?

— Na verdade, Raito me ajudou com isso. Mas esqueça, já passou. Tenho mais nem o que recebi.

— Eu esquecer?! - Deu um pulo para fora da poltrona. - Você está exibindo vulgarmente neste comercial, para todo o Japão ver! - Realmente ele estava bem irritado.

— Não estou me exibindo L, estou exibindo as roupas da grife que me contratou. Não há nada de vulgar aí.

— Você está seminua, todo país agora vai saber quem você é... Acha que eu gosto disso? - Com as mãos nos bolsos e o caminhar curvado começou a observar através da janela do grande e majestoso cômodo. Fui até ele, o abraçando pelas costas.

— L... Você está com... Ciúmes? Ou apenas, preocupado?

— Do que você está falando? - Desvenciou-se do meu abraço, caminhando de volta à poltrona. - Não é ciúmes! Nem sei o que é ciúmes... - Fitando o nada, passou a mordiscar o polegar.

— Então me explique o que você está sentindo. - Permaneci na mesma posição, só que agora o observava confusa.

— É que... Bem... Watari me ajude! - Não havia percebido, mas o velho homem estava ali, rente à porta, nos observando com um leve sorriso no rosto. Só ele para achar aquela situação engraçada.

— Lembra o que me disse mais cedo, senhor? Misa Amane agora é sua assistente, e logo será uma detetive profissional assim como o senhor. Além do mais, ela é a pessoa de fora mais próxima a você. O fato de ela se expor dessa forma pode não apenas prejudicá-la como ao senhor também. É isso. - Sorriso de canto de boca.

— É isso, Misa-san. - Fez biquinho enquanto punha chocolate na sua xícara.

— Ah tá... Você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito, pode ser? - Fui até o inglesinho invocado, tirei suas pernas da poltrona para sentar em seu colo. Ele me olhava surpreso. Beijei seus lábios. Aquilo estava ficando cada vez melhor. Por fim, mordisquei suas bochechas, que coisa gostosa caramba!

Deixei o inglês da forma que estava quando cheguei, só que agora mais calmo. Não fez perguntas nem nada, pediu apenas para que Watari me deixasse onde eu quisesse ir, e que cuidasse para que eu ficasse bem. Que estranho, além pedindo pra eu ficar bem.

Watari dirigiu até a casa de Raito, no caminho conversamos coisas banais tipo como o dia estava frio ou qual era o tipo de sorvete favorito de L. Saí do carro e toquei a campainha da casa de Raito, antes de partir, Watari me disse:

— Amane-san, não se preocupe com L, era apenas ciúme. - Sorriu dando a partida no carro. Sorri de volta, eu sabia que era ciúme.


No final das contas, Mello veio abrir o portão.

— Olha só, a senhorita esquisita. - Malditas provocações.

— Onde está Raito? Pensei que esta fosse a casa dele, não a sua. - Fui entrando enquanto ignorava por completo a presença daquele garoto.

— Blá blá bla... - Mello simplesmente foi embora, nossa, que maravilha, podia ser sempre assim, quando eu chegasse aos locais, ele poderia simplesmente sair de lá.

Mikami estava na sala assistindo algum filme pornô idiota enquanto comia umas porcarias. “Poxa, pior que eu adoro esses salgadinhos.” Ignorando-o subi as escadas, até o quarto que queria.

— Abra Raito, sei que está aí.

— Misa, vá embora. Não estou com tempo para conversar.

— Olha Raito, já que não vai abrir, escute o que tenho pra dizer... - Nenhum ruído do outro lado da porta. - Eu sei que você está chateado, sei que está com medo de me ver sofrer. Ok desculpa, eu não devia me achar tanto, mas você me faz pensar assim. Você sempre lá, me cuidando, me protegendo... Ninguém jamais me fez sofrer, nunca me obrigariam a isso, sempre que sofri por alguém foi porque quis, não por julgar que valessem a lágrima, cada uma delas. E eu sei que errei feio contigo, mas você me conhece, não gosto de me justificar e dar explicações. Por isso que, quando eu erro, eu erro feio... Não fica assim, tipo... Ah! Eu odeio o seu cinismo, sua incapacidade de clarear as coisas, sua habilidade em ser outra pessoa de um minuto para o outro. Eu gosto do seu verdadeiro Eu, aquele por quem eu me apeguei tanto, aquele que me faz sentir especial. E então, quantas pessoas existem no mundo capazes de fazê-lo sentir alguém especial? Capazes de falar na lata que gostam de você? E quantas vezes você faz alguém sentir-se bem? Não sei... Não sabia até um dia desses, existem poucas, e você com certeza é uma das mais importantes para mim. Eu nunca te disse isso, mas... Eu amo você, Raito Yagami. E sei que você me ama, e mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase. Por favor, não me deixa...

— Nossa Raito-chan, a gente tem mesmo que ficar escutando isso? - Uma voz feminina.

“Olha só, Misa, é isso. Toma retardada, tu preocupada com o Raito, achando que ele estava mal, sofrendo, blá blá blá, e ele lá, curtindo com alguma demente qualquer.”

— Ah, desculpem, eu não queria... Foda-se! Raito, seu imbecil! - Com todo ódio desse mundo chutei aquela porta e saí casa a fora.

Nunca me senti tão humilhada, sei lá. Mas o que eu queria afinal? Tá, eu mereci. Como eu sou idiota, meu Deus...

Pensei em voltar para a casa de L, mas puta que pariu, mal conseguia enxergar nada de tanto fogo nos olhos. No final das contas voltei para casa, recebi várias sms’s durante a noite. O que eu fiz? Mandei todas para a lixeira. Nunca mais na minha vida queria me sentir daquela forma, nunca!


Continua...


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal amores, e um próspero ano novo! Que próximo ano tudo seja muito melhor, que possamos realizar nossos sonhos e fazer muitas conquistas, porque vocês sabem, não é? Ganharemos mais 365 oportunidades para melhorar, recomeçar. Muita saúde, paz e felicidade! Amo vocês ♥