Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 20
Sentimento


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, sorry pela demora, tive uma decepção amorosa, e fica meio difícil escrever um romance com o coração partido, não é mesmo? ;/ Mas já estou me recuperando *-*
Música do capítulo: I can't live without your love - Dan Torres ♥
Boa leitura!



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Misa Mercenary

Sentimento


Onde eu estou agora, afinal? Não, não é na cama do inglês que até um dia desses eu odiava, pode ser meio decepcionante para vocês, mas não estou com a cabeça encostada no peito dele, nem mordendo-o de alguma forma que demonstre carinho, nem comendo seus doces ou vestida em alguma camisa branca qualquer que eu achei em seu armário. Estou apenas no meu quarto, o quarto do meu apartamento, olhando para o teto que eu não consigo lembrar o nome de sua cor agora, deitada na minha cama, minha. Onde está L? E eu que sei! Taí, uma expressão que eu nunca imaginaria dizer: E eu que sei!

Tá tudo estranho. Lembro-me da noite anterior como flashes na minha cabeça. Nós dois, no meio da avenida, eu prestes a ir embora em um táxi qualquer, quando ele me prende com aqueles dedos finos e do nada, diz que me ama, tascando-me o beijo mais estranho, e mais confuso, e mais melado, e mais doce, e mais... Maravilhoso da minha vida. O que aconteceu depois? Ele parecia envergonhado, corado. Isso depois que a sua boca faminta deixou um pouco a minha de lado, eu fiquei triste com isso, claro. Beijos bons merecem ser eternos. Mas puta que pariu, estávamos no meio da avenida mais movimentada da cidade! Calamos-nos, mas nossos silêncios nos entregavam de uma forma aterradora. Ele me olhou, coçou o olho com a manga da camiseta e então disse: “Err posso te deixar em casa?”. Agora vem a parte ruim, por favor, não parem de ler minha história depois que eu lhes contar o que aconteceu! Pois bem, falei da maneira mais natural [e louca!] que eu pude: “Melhor não, eu vou de táxi mesmo, então, até...”. Olhei alguns instantes para o inglês, que desviou o rosto para o chão, eu sei, sou uma garota má. Aí entrei no táxi, passei o caminho todo vendo as luzes da cidade pela janelinha transparente, paguei o motorista velho, subi as escadas do conjunto, destranquei o meu apartamento, tirei os sapatos, deitei sobre a minha cama, e bom, fiquei a madrugada inteira da mesma forma que estou agora: pensando um bilhão de coisas enquanto encaro o teto desse lugar. Queria saber como L ficou, se ele chegou em casa bem, se escovou os dentes antes de dormir... Eu ainda não escovei os meus, ainda não bebi nada, embora esteja com uma sede animal, mas é que sei lá, tenho a sensação de que mantendo a minha boca longe de pequenos objetos tipo um copo de água, o beijo do inglês continuará aqui.

Foi bom? Foi maravilhoso. Foi especial, foi mágico. Da maneira como eu imaginei. Queria mesmo era levantar dessa cama, tomar um banho decente e ir atrás dele... Mas ele não me ligou, olho mais uma vez o celular, nenhuma mensagem. Ah, o L nunca teve esse costume de mandar mensagem mesmo, mas é que sei lá, há uma primeira vez para tudo não é? Inclusive para o que estou sentindo agora: Amar.

E agora? É isso. O que vocês queriam saber, não é? Estou amando. Como eu falei para o inglês, estou sentindo algo estranho no peito há alguns dias, e agora tenho absoluta certeza de que não é nenhum problema de artérias lotadas de gordura ou gases, é apenas amor.

Aí alguma força sobrenatural me faz levantar da cama e caminhar até o banheiro, ligo o chuveiro esperando que a água fria dê lugar a água quente, mas todos sabemos que isso não vai acontecer, é a minha vida, tudo têm de dar errado. Tomo meu banho encostada ao chão, qual é, estou cansada demais para ficar em pé sob uma água gelada. Aí volto para a cama, me enrolo com o cobertor e ponho um travesseiro no rosto, querendo mais que tudo no mundo, que aquelas lembranças desaparecessem, que ele sumisse da minha cabeça. Como se eu fosse capaz. E então, perdida em pensamentos, o telefone celular toca ao som de Troublemaker. Atendo depressa, vendo o nome de Raito no visor.

— Alô...

— Misa, estou há horas batendo aqui na sua porta! Venha abrir, você não escutou? - Parecia meio alterado.

— Ah, desculpe, eu estava no banho, vou abrir... - Desliguei, então levantei repentinamente procurando pelo menos uma blusa que pudesse me cobrir inteira e amarrando o cabelo com alguma caneta qualquer.

O garoto entrou eufórico pela porta, olhou-me confuso e perguntou o que aconteceu comigo por estar tão estranha (fisicamente, óbvio, ele não era assim tão mágico pra saber a confusão de sentimentos que existia em mim).

— Eu estou bem Raito, só ando com insônia... Aconteceu alguma coisa para aparecer aqui tão cedo? - Perguntei cabisbaixa, enquanto me sentava em uma almofada com uma caixa de sorvete na mão.

— Você tinha razão, eu fui infantil... Pode me perdoar? - Aqueles castanhos olhos simplesmente me induziram a perdoá-lo, mesmo que naquele momento eu estivesse tão confusa.

— Tudo bem... - Voltei-me para o sorvete, quem sabe o gelado dele esfriasse um pouco as coisas por dentro de mim.

— Mas enfim, tenho uma novidade!

— Conte...

— Consegui um serviço para hoje. Estava procurando algo para fazermos quando na verdade, me encontraram primeiro. Não é trabalho grande e ele envolverá apenas você.

— Explique melhor.

— Tomei a iniciativa de me pôr como seu gerenciador. Você é uma garota bonita, Misa, e altamente talentosa e inteligente, as pessoas buscam garotas do seu perfil...

— O que você quer dizer com isso? - Desviei minha atenção para o rosto de Raito, que agora me olhava provocativo. Será que ele queria me usar para alguma coisa?

— Calma sua boba! - Sorriu inocentemente. - Você é linda, e apesar de eu ser meio ciumento, quero compartilhar com o mundo a beleza da minha garota. - Veio até mim e, estranhamente, me abraçou.

— Então quer dizer que agora eu sou uma modelo? Sem esse papo furado...

— Mais ou menos, será apenas uma forma de protegê-la. Fazemos certas coisas que são erradas, tipo o lance de sabotar um projeto milionário, como o último, você lembra? Então, temos que encobrir nossos rastros, principalmente os seus, de alguma maneira. Você estando na mídia, sendo aclamada e adorada pelo seu jeito, ninguém nunca vai desconfiar de que na verdade, você é Misa Mercenary, uma profissional do submundo.

— Então você quer me fazer uma estrela? Genial! Apesar de ser o tipo de coisa que eu não curto... Tudo bem Raito, eu vou aceitar, mas não quero ser famosa, tão famosa, ao ponto de não poder andar na rua, você entende?

— Entendo sim, eu só quero lhe dar um pouco da boa fama, para que futuramente ninguém tenha suspeitas ruins de você. - Segurando-me pelos ombros, me olhou fraternalmente.

— Agora diga, que serviço é esse? - Voltei a comer o sorvete.

— Você será a garota propaganda de uma grife de roupas esportivas, nada muito complicado, só fará um comercial. E aí, topa? - Como eu poderia recusar um pedido de Raito Yagami?

— Tudo bem, é para quando?

— Aqui está o endereço, passe neste local em duas horas. Vá como costuma se vestir mesmo, não precisa de nada especial.

— Mas já está tudo acertado, vou chegar lá e já fazer o comercial?

— Preparei um book de fotos suas, os produtores adoraram, você vai e eles vão avaliar se é tão bela e talentosa quanto eu disse que era, e aí, lá mesmo fará tudo. É coisa rápida, um comercial de um minuto e meio, estourando... É isso. - Enquanto terminava de explicar, ia levantando do sofá e dirigindo-se até a porta, o acompanhei com o olhar. - Misa, vou indo para lá, afinal de contas, eu sou o seu empresário. Por favor, não se esqueça de ir, e não se atrase, é um primeiro trabalho que pode lhe lançar na mídia, entende?

— Sim senhor, vou só me arrumar aqui e chego antes do horário.

— Ótimo, até. - Saiu do meu apartamento.

Agora mais essa, eu, Misa Mercenary, a garota que nunca se importou com futilidades, representará uma grife de roupas como uma verdadeira profissional da moda. Raito me metia em cada uma... Pelo menos aquilo poderia me distrair naquele dia.

Vesti algo decente rapidinho, um jeans de lavagem mais clara, uma T-shirt azul marinho e a jaqueta, deixei os cabelos soltos.

Tranquei o meu apartamento e saí em direção ao local. Era bem distante da minha casa, e de metrô então, levaria no mínimo 50 minutos para chegar ao local. Aquilo me deu a rápida ideia de comprar um meio de transporte mais eficaz para mim em breve, um carro talvez.

No trajeto olhei para a tela do celular pela octogésima vez, como se esperasse uma mensagem que nunca chegaria.

— A quem você está tentando enganar, Misa? - Sussurrei baixinho.


Finalmente o local do tal serviço. Raito conversava com uma moça ruiva e riam como se fossem melhores amigos. Mello comia uma barra de chocolate em um canto isolado, como sempre. Eu sei que não tem nada a ver comentar isso agora, mas Mello anda meio cabisbaixo, eu não sei bem o que tá acontecendo, mas por algum motivo bizarro eu estou preocupada com ele. “Já chega Misa, você já tem os seus problemas.”

Quando Raito me viu veio até mim, trazendo consigo mais dois rapazes, além da ruiva.

— Vejam só, essa é Misa Amane, eu não disse à vocês que era maravilhosa? - Apresentou-me altamente satisfeito.

— Realmente é muito linda, vamos ver se é tão talentosa quanto parece. - Disse um moreno de óculos escuros que me olhou de cima a baixo.

— O importante é que ela parece ter atitude. Amane-san, esta é a principal característica de nossa grife, atitude. Atitude em primeiro lugar, se a nossa representante é uma garota de atitude, todas as nossas compradoras vão querer ser também, entende? Não vendemos simplesmente roupas esportivas ou casuais, vendemos atitude! - Agora eu entendo porque Raito ria tanto com aquela ruiva.

— Ah, eu sei muito bem a proposta da grife e estou disposta a dar o meu melhor e vender o máximo que vocês já venderam desde o início!

— Muito bem, é disso que eu gosto! - Completou a ruiva, já me puxando pela mão e me sentando em uma cadeira para que eu fosse maquiada.

O cenário do local era maravilhoso, um sítio afastado da cidade, tinha um campo verde belíssimo, algumas piscinas, um riacho por trás da casa principal, alguns animais e muitas árvores frutíferas. Eu tinha apenas que vestir as roupas adequadas para cada cenário, acho que o mais chato foi fazer a piscina, além de eu não ser muito fã desse tipo de lazer, eu não curto usar biquíni. Reparei que todos olhavam muito para o meu corpo. O contrato incluía apenas o comercial de um minuto e meio, mas havia um fotografo lá que tirou algumas fotos que ficaram tão boas, que o contratante pediu para incluí-las no contrato, assim além do comercial, eu seria lançada em um catálogo. Adorei a ideia, significava que eles estavam mais satisfeitos do que eu esperava, além do cachê simplesmente dobrar. No final tudo correu bem, a ruiva, seu nome era Nuel, avisou-se que o comercial já iria ao ar no fim daquela tarde, em um dos canais mais populares da TV japonesa, a TV SAKURA. Fiquei um pouco nervosa com a ideia, mas aceitei.

Depois que terminamos tudo, Raito me deixou em casa. Perguntou se eu queria sair para tomar um sorvete ou assistir um filme, mas eu inventei a desculpa de que na verdade, as fotos me cansaram muito. Eu só queria ficar sozinha, aquilo me tranquilizava.

Ao destrancar a porta do apartamento, a surpresa que eu não esperava.

— Onde você estava? Estou há horas lhe esperando... - O inglês...

— Você já está aqui sem permissão mais uma vez! - Tentei parecer despreocupada, mas na verdade estava feliz e nervosa ao mesmo tempo.

— Achei que... Precisávamos conversar.

— Ok, pode começar. - Sentei-me sobre a almofada de sempre, no chão, meu rosto na altura de seus pés sobre o sofá, aqui de baixo via seus olhos negros penetrar os meus com a maior intensidade desse mundo.

— Misa-san, sobre ontem... Eu... Eu não paro de pensar. - Desviou sua atenção para o teto.

— O que você tanto pensa?

— Nas suas palavras, naquele beijo... Nunca senti isso na minha vida, você realmente estava normal? - Agachou-se no chão, encarando-me mais de perto.

— Por quê? Você acha que eu estava louca? Ontem eu estava totalmente normal, nem bêbada, nem chapada... - Sim, eu me embraveci, com razão. POR QUE DIABOS ELE NÃO ACEITA QUE EU O AME?

— Não faz sentido Misa-san, passei a madrugada tentando encontrar uma razão... Você me odiava até anteontem, não existe motivo para me amar agora! - Primeira vez na minha vida o que o via exaltado daquela forma.

E então, aquela era a cena do momento. O candidato a possível futuro amor da minha vida, sentado de uma forma estranha no chão, seu rosto na altura do meu, me encarando com gigantescos olhos negros, exaltado porque não entende como alguém pode amá-lo. Amá-lo? Fácil até demais, difícil é dizer o porquê. Eu adoraria falar que a vida é cheia de encontros, de papos legais e agradáveis, entre outras possibilidades românticas, mas não é. Não há consolo, apenas esperas e incertezas e corações esburacados. A vida não é feita de campos de morangos para sempre, como aquela dos Beatles. Ela é feita, em sua imensa maioria, de cretinos de carteirinha e clubes de risadas mórbidas. Você não precisa andar muito pra achar um. Só que às vezes, no meio de toda essa merda, aparece alguém como esse inglês, capaz de despertar o interesse de quem for meio apaixonado por desafios...

— Bem, eu só queria dizer que, apesar desse seu jeito todo iceberg de ser, eu te acho um rapaz incrível. Você é o melhor ser humano entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso.

— Eu... - L levantou do chão e começou a andar em círculos na sala, o polegar no lábio inferior. Aquilo me deixava confusa. Será se ele não sentia o mesmo por mim? Mas como assim, a garota mais sem sentimentos da cidade, estava amando pela primeira vez na vida, e o responsável por isso simplesmente não sentia nada em troca?

— Eu o que L?! Diga alguma coisa, você não sente o mesmo? Está me confundindo!

— O que você sente afinal? - Parou de caminhar em círculos e voltou sua atenção para os meus olhos novamente.

— Bom... - Não sabia como falar, não sei como dizer que amo alguém. Se souberem por aí, me ensinem, por favor. Mas era aquilo que L queria, me manipulava para que eu confessasse, para que eu dissesse que amo, assim como ele fez na noite anterior. Poxa vida, a noite anterior passou, estava todo mundo morrendo de frio na chuva, vai ver ele falou por coisa do momento, até porque pouco antes estava acreditando que eu fiquei louca ao confessar algo que era simplesmente impossível de acontecer em nossas vidas: Eu amá-lo. - Eu acho que estou gostando de você, sabe...

— Explique-se! - Insistiu.

— Sabe, gostar... Não como amigo, você já é meu amigo...

— Ainda não entendi.

— Além de amigo, entende? Aquele sentimento...

— Fale agora. - Com aqueles olhos penetrantes, paralisou-me por completo.

— Eu... Amo você, seu inglesinho de merda!

Fácil. Até demais. Qualquer idiota consegue, talvez seja menos complicado cuspir isso sem realmente sentir. Os mentirosos são os mais fortes, têm mais estômago pra esse tipo de composição gramática e sentimental. Eu não, hesito, sinto medo e quando estou a ponto de bala de dizer a coisa, meu queixo treme e chego a passar mal. Mas amo, é o que importa. Amo demais. Sem discursos, sem frase de efeito, sem irresponsabilidades. Eu sei porque se não fosse tão forte eu não ficaria sem palavras.

L entreabriu lentamente a boca, suspirou pesadamente, e com as duas mãos nos bolsos, dirigiu-se até a cozinha, me deixando ali sozinha, pensativa, meio que largada no chão. “Será que eu fiz alguma bobagem?”. Trinta segundos depois, retornou, sim, eu cronometrei o tempo. Trazia uma caixinha vermelha na mão. Abaixou-se novamente até a altura do meu rosto e me entregou a caixa, estava corado, mas sério. Ficou olhando para as minhas mãos enquanto eu começava a abri-la. Ela estava fria, provavelmente ele a encontrou na minha geladeira, ou então ele que a pôs lá, para me entregar quando fosse a hora, e a hora era naquele instante.

O que havia dentro? Um doce... Um pequeno bolo.

— Ah, um bolo... Obrigada, mas...

— Olhe direito, veja! - Ordenou com a voz firme. Você quem manda.

E então, concentrando-me o máximo que pude, percebi em pequenas letras brancas, que mal apareciam devido a coloração amarela do pequeno bolo. Era uma frase curta, mal dava para ler.

— Você... - Sussurrei acompanhando as palavras. - Quer... Ser... Minha... - Uma lágrima começara a escorrer pela minha bochecha esquerda. - Garota favorita... No mundo? - Não pude me controlar, e de repente várias lágrimas escorriam, uma por uma. - L, o que... Significa isso?

— Você quer, Misa Amane? Você já é... - E me beijou!

E naquele beijo a gente resolveu... A gente resolveu que ia se amar. E ninguém sabe melhor sobre nós que nós mesmos. Naquele dia, ninguém poderia me dar um único argumento para que eu devesse ficar sem aquele inglês de merda. O meu inglês.


Continua...


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Notas finais do capítulo

E aí, estão achando os capítulos cansativos? Prometo cuidar e agilizar a história, agora que estamos entrando na segunda parte *-* Pretendo não ultrapassar os 40 capítulos, mas é só uma estimativa, quando tiver uma certeza, aviso!
Beeeeijos e deixem reviews u.u ♥