Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 22
Telefonema


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, vocês devem estar bem bravos com a minha demora, mas vou confessar que andei sem tempo para o computador esse mês, minhas aulas logo irão começar, e eu tive que curtir esses últimos dias de férias >
Bom, antes de tudo, quero agradecer pelas recomendações: Caroline Alves, Anne Taylor, Sakura Reborn, AmandaKeehl e a Ayu-chan ♥
BOA LEITURA ♥



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Misa Mercenary

Telefonema

O telefone celular encima da escrivaninha toca. Não sei por que, mas já abusei Troublemaker, tenho que trocar o toque urgentemente. Retiro o travesseiro do rosto e pego o pequeno aparelho na mão. Número desconhecido.

— Alô?

— Alô, bom dia. Este é o número da senhorita Misa Amane? - Uma voz séria.

— Está falando quem ela, e você, quem é? - Levantei da cama e fui até a cozinha esquentar um leite.

— Ah, aqui é a diretora do Campus em que você estuda senhorita Amane. Vou ser direta, já faz quase um mês que não aparece nas aulas. Liguei para a sua mãe e ela ficou muito preocupada, nunca lhe encontra em casa e você nunca atende o celular para ela... - Bom, isso era verdade, minha mãe tem ligado esses dias, mas eu ando tão nojenta, tão enjoada, que quase sempre rejeito as ligações. - E então, nessas circunstâncias, a instituição tem de intervir. Aconteceu alguma coisa para o seu desaparecimento súbito?

— Bom, nada demais, é que... Eu estou muito doente. Por isso tenho evitado a minha mãe... Estou passando por uma fase difícil, saí de casa e tal... Sofrendo aquelas dificuldades.

— Entendo, mas para isso temos psicólogos. Enfim senhorita Amane, peço para que não falte mais, venha à escola amanhã, terá uma profissional competente aqui disposta a lhe ouvir e ajudá-la a superar esta fase. Ah sim, e aposto que sua mãe e seus amigos também querem vê-la, não é? Se cuide.

— Tá, obrigada. - Desliguei o telefone.

Agora mais essa, ninguém pode virar eremita sem atrair a atenção de terceiros. Mas eu realmente estava errada, quer dizer, se eu mudei de casa foi porque não queria mais atrapalhar a minha mãe, sempre me achei um peso, mesmo trabalhando as vezes e lhe ajudando a pagar o aluguel. Só que nos últimos tempos, nossa relação estava ficando meio complicada... Não me arrependo do que fiz, agora tenho minha privacidade, meu lar.

Vamos atualizar os fatos, noite passada fui até a casa de Raito, me desculpar por não ter lhe avisado do meu namoro repentino com o inglês. E bom, eu achando que ele estava se sentindo traído, me deparo com o cara totalmente feliz nos braços de outra. Quer dizer, eu não sei se ele estava feliz, mas não quero mais saber. Voltei para casa e passei a madrugada fazendo o que eu mais gosto de fazer: jogar enquanto como sorvete. Matt. Só de lembrar jogos, a imagem de Matt vem imediatamente a minha cabeça, e consequentemente, a imagem de Sam. Faz tempo que não vejo o meu amigo Sam, depois que me aproximei de L, comecei a me afastar de todos. Pra falar a verdade, até de Raito. O pior é que, depois começamos a namorar e trabalhar em casos juntos, eu parei com os negócios no MM, poxa vida, o que eu me tornei afinal? Cadê aquela garota marrenta, geniosa e meio psicopata que fazia negócios sujos, se metia em confusão e sempre saía ilesa e com dinheiro no bolso? Será que o inglesinho de merda [desculpem, mas nunca vou desacostumar a chamá-lo assim] me mudou para o lado branco da força? Que se dane!

Vesti a primeira merda que achei no guarda-roupa, tá, merda não, era minha jaqueta favorita, e saí na rua. Eu sei que ainda era cedo, o sol mal tinha nascido, mas eu não resisti. Parei no único bar que ficava aberto pela manhã e já pedi uma dose caprichada de vodka.

— Aqui! - Serviu-me o barman, com aquela cara de “poxa, tão bonita...”.

Bebi tudo só em um gole e já pedi outro e mais outro e mais outro. Meu celular começou a vibrar no bolso da jaqueta, peguei. Era Raito ligando. Aff, parece que o mundo todo tirou o dia para incomodar.

— Oi. - Fria.

— Ah, oi Misa. Fiquei preocupado, liguei pra você a madrugada inteira. - Como ele conseguia falar aquilo e continuar calmo?

— Nossa, agora você se preocupa? Depois da humilhação que eu passei ontem... Foi muita covardia, sabia Raito? - Tentei me controlar, mas o alcool já subia a cabeça.

— Está em casa? Vou aí para conversarmos melhor.

— Por favor, não quero ver ninguém.

— Diga Misa. - Firme.

— Tô naquele bar... Você sabe.

— Escuta, não gosto de você nesse bar sozinha, já lhe falei, ok? Estou indo aí. - Desligou. Mas vejam só uma coisa dessas, depois daquela cachorrada de ontem, ainda se sente no direito de brigar comigo. Haha, como se ele fosse o MEU namorado. Mas deixe quieto, Raito Yagami.

Quinze minutos depois, o jovem japonês ao qual estou terrivelmente intrigada, estacionou seu Impala em frente ao lugar. Saiu com uns óculos escuros e arrumando o cabelo, de uma forma tão natural que quem olhasse realmente pensava que ele não fazia aquilo de propósito. Aliás, era incrível que mesmo eu estando com raiva daquele garoto, conseguia achá-lo irresistível naquele momento. Calma, todos sabem quem eu amo realmente. Mas Raito era tão lindo, que praticamente superava as barreiras da perfeição. O garoto sensualmente aproximou-se de mim, puxando o meu copo de vodka.

— Que vergonha, Misa.

— Foda-se! - Tentei recuperar o copo, fracassei com a mão dele apertando meu braço.

— Vamos para casa. - Puxou-me para fora do bar, mas antes jogou uma nota no balcão.

— Qual é Raito, não quero conversar porra nenhuma! - Relutei.

— Não me faça ligar para seu inglês. Já que não me escuta mais, espero que pelo menos ele, você obedeça.

— Não seja ridículo! - Parei por um instante. - Eu colaboro, mas não meta o L nisso.

— Ótimo. - Abriu a porta do passageiro para que eu entrasse e logo sentei. Voltamos para o apartamento, pelo menos eu voltei para a minha casa.

Raito trancou a porta como se estivéssemos fugindo de alguém. Fui até a geladeira e peguei um pote de sorvete, talvez o gelado me acalmasse.

— Bom, Misa, vou ser rápido com você. Escutei tudo o que falou noite passada, me senti muito culpado depois por ter feito você passar por essa “humilhação”. Mas vejo agora que você mereceu, e bem... Quem diria, o inglês tá realmente te modificando muito... - Sarcasmo?

— O que?! L não tá me modificando porra nenhuma, eu continuo a mesma de sempre, se nem a minha mãe que viveu a vida toda comigo mudou algo em mim, por que aquele branquelo pré-diabético mudaria? - Não senhor sorvete, você não está me acalmando.

— Ah então já estão assim? Se chingando e tudo?

— Já chega, não quero mais falar sobre isso! - Fui até o meu quarto e tranquei a porta, sei que Raito não sairia do apartamento tão cedo, então se fosse pra ele ficar ali, que pelo menos eu estivesse trancada em um cômodo onde ele não me incomodaria.

— Misa, volte aqui! - Ordenou Raito do outro lado da porta. - Não seja infantil.

— Eu sei o que você está tentando fazer, quer sabotar a minha vida, Raito. Quer se vingar, não é? Está conseguindo...

— Não, sua retardada! É claro que eu não quero te sabotar, você é a última pessoa no mundo que eu gostaria de... Machucar... - Seu tom de voz ríspido sumiu para dar lugar a um tom mais gentil.

— Não parece...

— Volte aqui, converse olhando nos meus olhos. - Como uma cachorrinha obediente, abri lentamente a porta do quarto e o encarei nos olhos, pareciam sinceros. - Ótimo. - Puxou-me pela mão me voltando para o sofá da sala.

— E então, fale logo o que quer tanto conversar...

— Queria principalmente pedir desculpas, pela noite anterior...

— Tudo bem, e o que mais?

— Ah, tenho um serviço novo para o Misa Mercenary. Bom, isso se você ainda tiver a fim de continuar com “os negócios”...

— Por que eu não estaria a fim? - O encarei, estava curiosa com aquela afirmação que fez.

— Não sei, pensei que agora que está namorando, quisesse largar os serviços... Sei que faz principalmente pelo dinheiro, e eu sei que L é rico, então...

— Então o que?! O que está tentando insinuar? Que estou com ele por interesse? - Em um ataque de fúria, puxei o colarinho de sua elegante camiseta, e o encarei profundamente nos olhos, aquele olhar de “não sei como, mas quero te assustar”.

— Claro que não sua babaca, é brincadeira. - Afastou minha mão de sua camisa.

— Eu faço as coisas, mais pelo prazer, a sensação de me sentir depois útil, o dinheiro é apenas uma consequência boa.

— Eu sei... Então, esse serviço será um pouco parecido com o último. Escute logo os detalhes, e depois você decide se aceita ou não, ok?

— Manda. - O observei atentamente, enquanto ele explicava os detalhes.

— Matt tem um amigo distante que passa por problemas. Na verdade, ele está internado em uma clínica psiquiátrica. Seus filhos o colocaram lá há alguns meses, arranjaram uma forma qualquer de provar para as pessoas que ele estava enlouquecendo, e então o internaram antes que ele finalizasse seu testamento...

— Então iremos trabalhar para um velho louco? - O interrompi.

— Ele não é louco, Misa. Muito pelo contrário, o senhor Kitana é um farmacêutico genial, fez pesquisas incríveis a sua vida toda, sua maior ambição foi, com certeza, descobrir a “fórmula da imortalidade”. Não sei se ele conseguiu, sabemos apenas que o seu testamento possui informações importantíssimas acerca da sua vida e toda a sua fortuna. Informações que prejudicariam os quereres de seus filhos...

— Aí por isso que eles internaram o pai, por medo de ele querer continuar com a ideia de escolher um testamento que prejudicaria os interesses deles...

— Mais ou menos isso, é uma história meio complexa. O que você precisa saber é que teremos de recuperar o testamento. Ele está em um banco de segurança máxima em Yokohama. Você vai invadir o banco, destrancar o cofre e trocar o testamento por outra droga qualquer, assim como fizemos com o projeto do nosso último serviço, lembra?

— Claro que lembro, tenho crises de risos até hoje quando lembro os zumbis dançarinos. Mas Raito... Como eu vou arrombar um cofre de segurança máxima?

— Arrombar é modo de falar, Matt e eu invadimos o computador da família e através de uma série de códigos descobrimos a senha. Você terá apenas de entrar lá na calada da noite e trocar o documento.

— Se é apenas isso, por que Matt mesmo não vai lá, abre o cofre e troca?

— Porque teremos de ser discretos, há uma série de câmeras por todo o local, para desabilitá-las será necessário o esvaziamento do banco, coisa que só acontece pela madrugada. E se Matt fosse trocar o documento pela manhã, você acha que os filhos não saberiam? Tudo tem que ser feito para parecer que nunca aconteceu, entende?

— Entendo... Acho que vou acabar sendo contratada por alguma indústria de espiões...

— Não mesmo, você já faz parte da nossa equipe! - Sorriu satisfeito.

— Eu topo, quando será?

— Esse final de semana, dá para você?

— Na verdade eu tinha um compromisso, mas tudo bem, eu desmarco, só espero que possamos voltar para Tóquio antes da segunda-feira, tenho de voltar a frequentar a escola...

— Ah sim, também queria conversar sobre isso. Não fica legal você e L continuarem faltando às aulas, você sabe não é Misa? Então por favor, volte o quanto antes.

— Amanhã mesmo...

— Bom, tenho de ir, vou estudar o local mais um pouco e reservar um hotel para ficarmos em Yokohama, se cuida. - Beijou a minha testa e saiu apartamento afora.

“Ah Raito, se eu não gostasse tanto de você... Já teria explodido seus miolos...”, pensei antes de me afogar em mais uma lata de sorvete.

-

— Watari, Misa ligou? - Perguntei para o velho que me trouxera mais uma fatia de cheesecake de morangos, o meu favorito.

— Não senhor, por que não liga para ela? - Aconselhou-me sorrindo.

— Boa ideia. Traga-me um celular. - Estendi a mão esquerda enquanto mergulhava na fatia do doce na mão direita.

Disquei o número do seu telefone celular, era incrível como eu conseguia decorar tudo que tinha a ver com aquela loira invocadinha, seu número era apenas um dos detalhes. A garota atendeu, sua voz estava entediada, mas eu não podia reclamar, a minha pelo menos, estava sempre da mesma forma.

— Oi L, como está?

— Misa-san, onde você está? - Foi involuntário, respondi sua pergunta com outra pergunta.

— Estou em casa, e você?

— Venha para cá, quero dar uma notícia que irá te agradar, não demore, por favor. - Desliguei. Eu sei, às vezes pareço meio grosseiro, mas é que falar ao telefone era uma das muitas coisas que eu não gostava de fazer. Mandar-lhe uma mensagem seria o mais adequado, mas acho que nada substituía a sensação boa de escutar sua voz ao telefone.

— Senhor, não pode fazer isso com uma garota... - Disse Watari, trocando o meu café por chocolate quente.

— Isso o que?

— Garotas não gostam de ser ignoradas, Misa-san lhe fez duas perguntas, você não respondeu nenhuma delas, foi meio bruto chamando-a para vir aqui, nem quis saber como ela estava...

— Eu sei Watari, uma garota normal já teria telefonado de volta e me mandado para o inferno, talvez até chorasse um pouco e perguntasse “Nossa, por que você é assim?” Mas aí que está. Misa nunca será uma garota normal, ela não se importa com essas coisas...

— Será por isso que você a ama tanto?

— Talvez... - Amor, não sei por que, mas ainda não me acostumei com a ideia de estar apaixonado por uma garota. E o melhor, ela está me amando de volta...

Depois de mais algumas conversas com Watari e uns casos simples solucionados, minha invocadinha chegou.

— Watari, onde está aquele inglês mal educado?! - Gritou da porta de entrada, sim, era ela mesma. - Você viu o jeito que ele falou comigo ao telefone? Deu vontade de atravessar o aparelho e socar a cara dele!

— Vi sim senhorita Amane, também falei que ele foi grosseiro. Sabe o que ele respondeu?

— O que?

— Que você nunca faria uma coisa dessas, porque era uma garota especial, que não se importa com essas bobagens.

— E ele tem razão, sou uma garota especial, mas só porque não me importo com essas bobagens, não quer dizer que eu tenha que suportar isso. Na próxima, eu juro que o soco.

Tenho que confessar que fiquei meio assustado. Misa e Watari apenas riam de tudo. A garota logo estava ali perto de mim, comendo dos meus doces, aquele sorriso que me desmanchava feito marshmallow na fogueira.

— E então L, qual a notícia que você quer me dar? - Perguntou enquanto enroscava seus braços no meu pescoço. Como era gostosa aquela sensação de se sentir protegido.

— Iremos para a Inglaterra esse final de semana, é dia de visita na Wammy’s. - A respondi enquanto depositava mordidas nas suas bochechas.

A garota afastou-se de mim subitamente e me encarou nos olhos.

— Esse final de semana, como assim?

— Esse mesmo, sábado agora. Você não quer rever as crianças?

— Bom, eu quero, mas não posso... Combinei com a minha mãe que ia passar o final da semana com ela, não dá para ficar pra outro dia?

— Misa-san, você sabe como eu gosto de ser pontual, sobretudo com as datas, e aquelas crianças sabem muito bem quando irão receber visitas minhas, não posso mudar o dia.

— Mas L, é a minha mãe, não vou poder ir...

— Não quero ir sem você... - Fitei o chão por alguns instantes.

Depois que a gente se acostuma a estar sempre com alguma pessoa, fica difícil ter que se afastar dela. Acho que é por isso que Watari anda sempre comigo.

— L, você não quer é ir sozinho... Vamos fazer o seguinte, e se eu chamar um amigo para ir com você, como se ele me substituísse? - Me propôs enquanto se aninhava sobre as minhas pernas.

— Ninguém pode te substituir... - Lhe respondi brutamente. Que ideia mais ridícula!

— Não L, eu estava pensando, seria legal. Eu tenho um amigo que sempre quis conhecer a Inglaterra, acho que ele vai topar na hora. E bom, ele adora crianças...

— Raito Yagami?

— Claro que não... Olha, amanhã eu trago ele aqui, pode ser?

Como eu poderia negar um pedido feito por aqueles olhos brilhantes, os mais belos que já vi em toda a minha vida? Como eu poderia dizer não àquela invocadinha do sorriso “desmanchador de marshmallows na fogueira”? Não, eu nunca negaria um pedido só que ela me fizesse.

Satisfeita com a minha decisão, selou nossos lábios.

Passamos a noite solucionando mais alguns crimes e dormimos juntos, aliás, ela dormiu primeiro que eu, aninhada entre a minha manga longa e o meu ombro. Misa Amane me proporcionava momentos de felicidade instantânea, espero eu que isso não acabe, pelo menos não agora...

Continua...





 


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Notas finais do capítulo

Vocês devem estar se perguntando o que tem a ver o título do capítulo, na verdade, ele remete a alguma situação que ocorre no decorrer dele, como os vários telefonemas que a Misa recebeu. Nada demais, só falta de criatividade mesmo u.u kkkk
Beijos ♥