Misa Mercenary escrita por plemos


Capítulo 13
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Estava inspirada, espero que gostem.



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"... Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra ˜ talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou. Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto... Mas desde o princípio alguma coisa ˜ fados, astros, sinas, quem saberá? conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois (...) Para não sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, sem querer justificá-los ˜ ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim: que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Tão lentamente que mal perceberam."

Caio Fernando Abreu

Misa Mercenary

Encontro

Raito me fizera uma proposta quase que indecente: reviver a Misa Mercenary. Há algum tempo resolvi parar com os trabalhos de 'mercenária' por alguns motivos, entre eles o trabalho conjunto que faria com o inglês. Agora eu tinha a chance de voltar a ser quem era, e não desperdiçaria.

— Se eu quiser? Como assim?!

— Você sabe como eu sou influente... Então vou lhe explicar detalhadamente, preste atenção. Um dono de uma multinacional me contatou porque ficou sabendo de mim através de um conhecido em comum... enfim, ele possui mais dois irmãos, cada um possui uma empresa diferente. O pai deles propôs um desafio, quem criar um projeto que faça a sua multinacional ficar entre as mais milionárias do mundo, erda tudo que o pai juntou durante a vida, inclusive a multinacional dos irmãos, respectivamente. Esse cara que me contatou descobriu que seu irmão mais novo ja concluiu seu projeto, e vai dar uma festa para toda a sociedade para apresentá-lo...

— Legal, e onde eu entro nessa história?

— Simples, você vai a festa mais ele, rouba o projeto antes que apresentem, e concluímos o serviço.

A proposta que Raito me fazia era um absurdo. Ok, ta certo que eu queria reviver o Misa Mercenary, mas eu teria que roubar um homem super importante? E se algo desse errado? Ao contrário da família de Raito, eu não era influente em nada, não tinha nem como pagar um advogado, e depois, a segurança na festa com certeza seria de primeiro mundo...

— Acalme-se Misa, - Raito parecia ler meus pensamentos - estarei por trás de todo o esquema, você não vai estar sozinha. Ei, aqui não é o melhor lugar para conversar. Vá a minha casa essa tarde que lhe explico tudo. Tenho que ir agora, até mais...

Raito me deixou ali, sozinha e pensativa. Eu não sabia o que fazer, havia riscos, óbvio. E eu estava acostumava a coisas pequenas, tipo servir vestida de coelhinha em festas ou roubar meus colegas de sala com trabalhos ridículos. Mas entrar numa festa importante, roubar um documento antes que ele seja mostrado para toda a sociedade, e sair sem que ninguém perceba, era praticamente impossível para mim. Estava bastante nervosa, mas não me deixei abater. Fui para casa e tentei me distrair até da a hora de visitar Raito, o que não demorou. Vesti algo totalmente claro, ja estava tomando cuidado. Se alguém resolvesse investigar o caso, não imaginaria que a pessoa que visitou a cabeça do esquema era Misa Amane, até porque Misa Amane não gosta de roupa clara. Nossa, aquilo estava me deixando neurótica.


Raito ja me esperava em casa, Mikami abriu a porta e mandou eu subir até o quarto do irmão. Veio comigo.

— Misa-chan, pensei que ia desistir... - falou o caçula irônico.

— Cala a boca... enfim Raito, vamos lá, quero voltar a ser quem eu era, Misa Mercenary.

— Que bom que aceitou. Então, primeiramente saiba que o que vamos receber, vai valer mais que todos os trabalhos que fez em toda sua vida, não vai precisar de humilhar tão cedo por dinheiro.

— Sim, eu imaginei, vamos cortar o papo, seja mais objetivo.

— Ok Misa, muito simples, você vai como acompanhante do nosso contratante. Ja andei vigiando o local da festa há alguns dias, a segurança é forte, mas nada que um bom racker possa resolver, no caso, eu. Mikami ficará de cobertura, se algo der errado, ele vai dar um jeito de distrair todos, e você poderá sair em segurança. Eu terei controle de todas as câmeras e alarmes, já sei até como me infiltrar na equipe de segurança.

— Ok, aí na hora certa, você vai me avisar, e eu terei de agir...

— Claro, muito simples, não? Pensei em não te meter nessa, mas que outra garota bonita poderia realizar tal feito tão perfeitamente quanto você?

— Ai ai, você tem razão, sou perfeita para isso... E quando vai ser a festa?

— Vai ser em breve, vou mapear a área e depois te passar os últimos detalhes. Até lá, aja como uma boa garota, se algo der errado, não queremos que desconfiem de você, não é?

— É sim, enfim... tenho umas coisas pra fazer, vou indo.

— Coisas? Vai ter um encontro é? - Mikami, parece que veio ao mundo só para me irritar.

— É sim, tenho um encontro.

— Não ligue pra ele Misa, pode ir.

— Estou falando sério, Raito e Mikami, tenho um encontro, vou sair com L.

— O que?! Você está falando sério? - disse Raito visivelmente irritado.

— Claro, por que mentiria? Estou devendo isso a ele, depois explico, ele deve ta me esperando... até mais.

Saí da casa dos irmãos Yagami, e mais uma vez, deixei Raito sem uma explicação plausível, mas depois eu falaria com ele, tinha mesmo era que encontrar o inglês...


O telefone chamou um, duas, quatro vezes, ate...

— Olá Amane-san, aqui é Watari.

— Oi Watari, L está?

— Está sim, ele esperava por sua ligação...

"Me dê o telefone, Watari!" - a voz de L no fundo da ligação.

— Olá Misa-san, decidiu sobre nosso encontro?

— Sim, pode me encontrar agora perto daquela sorveteria grande no centro?

— Venha até minha casa, quero evitar sair na rua esses dias.

— Aff, ok. - desliguei o telefone.

Mas vejam só, eu o convido para sair e ele me chama para uma visita, eu teria que ir até a casa dele se quisesse sair com ele?! Que absurdo. Mas seria até melhor, assim ninguém nos veriam juntos. Então, o que usar num encontro com um inglês idiota e tão esperto quanto eu? Me troquei rapidamente, quanto mais cedo eu chegar lá, mais cedo eu volto. Sei lá, fui de preto, é minha cor favorita mesmo.

Watari atendeu a porta com um sorriso maroto, pediu para que eu esperasse na sala, que L ja viria. "Nossa, não acredito que ainda tenho que esperar o cara num encontro." O inglês não demorou, ele era tão irritante que nem a roupa fez questão de trocar, o mesmo jeans surrado e a camisa branca de sempre.

— Se precisarem de algo, me chamem. - avisou Watari, se retirando da sala.

L sentou-se numa poltrona do outro lado da sala, serviu-se de café e me encarou com os olhos fundos e negros.

— Encontro hein? Me mostre como é isso.

— Primeiro, as duas pessoas saem de suas casas, e se encontram em um lugar descontraído. Isso que é um encontro, entende?

— Por que diabos alguém saíria de sua casa para encontrar outro alguém?

— Verdade, nem eu nunca entendi.

Risos. Rimos em uníssono. L e eu tínhamos nossas divergências, mas haviam momento que... éramos apenas nós. Pessoas espertas e solitárias, que se entendiam. O inglês veio até mim e olhou-me nos olhos.

— Misa-san, você não parece a vontade.

— Bom, não sou acostumada com encontros...

— Mas como pode? Pensei que saía todos os dias com alguém, é uma garota jovem e bela.

— UAU me fazendo elogios, está no caminho certo.

— Ei, estou falando sério. - Sentou-se sério e pensativo em outra poltrona que ficava bem próxima de mim.

— Acontece que... eu tenho o maior complexo de inferioridade do mundo...

— Inferioridade?

Olhando assim, ninguém diz. Mas há toda uma explicação do porquê eu ser desse jeito. Só eu mesmo, que sempre estive comigo, aguentando as barras, as rupturas, os socos na cara...

— Alguém já te magoou? - examinava minhas expressões curioso.

— Não importa... Mas agora tá tudo bem. Aprendi que quanto mais superficialmente você costura uma relação, menos chance há de se afogar. Navegar é preciso, o negócio é não faltar nas aulas sobre como boiar em águas nem doces nem salgadas... Hoje posso dizer convicta que prefiro o clarão das aparências que a penumbra de mergulhar fundo, sem saber como respirar abaixo do chão. Agora, como boa marinheira de incontáveis viagens, finalmente sei como desatar nós...

— Hum... - Enxia seu café de torrões de açucar, ainda me examinando.

— Nossa, quero um pouco desse café..,

— Watari está preparando um bolo, você vai gostar, é uma receita inglesa...

— Vou esperar então... Enfim L, e você, alguém ja te magoou?

Minhas relações com as pessoas são muito distantes, e não confio em ninguém.

— Compreendo, hoje eu sou assim, como você.

— Acredite, é a melhor forma de sobreviver no mundo hoje. As pessoas são muito egoístas e não se importam com os outros, sabe Misa-san, depender dos outros pra conquistar a própria felicidade, é quase suicídio...

L falando daquela maneira... não sei, mas me entristeceu. Então ele nunca seria capaz de estabelecer laços, não porque não conseguia, mas porque não queria mesmo. Depois de tudo que passamos, depois de tanto que pensei sobre nossos momentos, então... eu não passava de alguém comum para ele, alguém ao qual ele nunca estabeleceria uma ligação. Nossa, a quem estou tentando enganar, eu não precisava daquele inglês, não precisava!

— É melhor eu ir, L.

— Você parece chatiada...

— Não estou não, só me bateu um cansaço, até mais. - Levantei-me e quando saíria pela porta, escuto L.

— Espere, Misa-san, não vá...

— O que...

— Por favor, agora não.

— Mas L... acho que não temos mais nada para conversar.

— Mas fique... eu invento um papo se for preciso...

O inglês agora era o que parecia triste ali, impressão minha ou ele me implorava para que ficasse?

— L, você mesmo falou... Não confia em ninguém, então não faz sentido eu ficar, não faz sentido mesmo.

— Mas eu quero que fique! FIQUE AQUI MISA-SAN!

— Não grite comigo!

O inglês recuperou a calma, tomou mais um gole de café. Watari chegou com um bolo, separou pedaços para gente e se retirou. L usou o bolo como desculpa para eu ficar, não fazer essa desfeita com Watari, foi o que ele falou. Eu fico. Ele sorri pra mim e desvia o olhar antes que eu tenha um AVC bem na sua frente... Aí neste exato momento descubro que gosto dele, mais ainda, pois acaba de salvar minha vida...


Continua...



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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro gramatical, me perdoem, não tive tempo de revisar. Abraços e até o próximo! *-*