Uma peça dos jogos escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 3
Maybe it's the past that's talking




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Peeta Mellark 

 

Eles dizem que estão tentando me ajudar. Não sei se consigo confiar em qualquer um daqui. Não sei se posso confiar em qualquer pessoa. Me sinto sufocado o tempo todo, como se estivessem terminando de me tirar tudo que tinha. 

 

Tentam me fazer lembrar de quem eu era, falam sobre o garoto do distrito 12, que decorava bolos e biscoitos em uma padaria. Ambos não existem mais. Nem a padaria. Nem o distrito. Nem o garoto. 

 

Estão começando a trazer visitas. Pessoas que talvez eu não queira matar, pessoas que não ativem meus mecanismo de defesa. Pelo que dizem o monstro sou eu. Não Katniss. Pelo que sei o monstro é ela. 

 

Começaram trazendo Delly, do distrito, minha amiga, brincávamos quando pequenos e ela dizia que eu era seu irmão. Ela voltou tantas vezes, tentando me convencer que Katniss era boa, que eu estava errado. Que a Capital tinha mexido com minha cabeça. Delly me dava broncas, exatamente como uma irmã faria. 

Trazia lembranças e aos poucos estava me ajudando a confiar um pouco naquelas pessoas. Annie também passou a vir com frequência assim como Finnick e as vezes Prim como ajudante das enfermeiras. Todas as vezes que ela vem me lembro de desenhar primroses em um livro, nessa lembrança Katniss parece quase inofensiva. 

 

Mas logo sinto uma raiva crescendo em mim. Algo que não consigo controlar, depois de algumas sessões eu já consigo entender que existem dois Peetas dentro da minha cabeça. Um programado para matar, um querendo escapar da prisão. 

 

Estou começando a controlar o monstro mais facilmente, mas ainda respondo sarcasticamente sempre que pintam Katniss como a salvadora. Talvez seja um pouco do ego abalado, talvez fosse ela e o fato dela não parecer se importar com o que fizeram comigo. Nesses momentos vejo flashs da batalha, escuto os gritos das outras celas, lembro da explosão e o medo vai crescendo dentro de mim. 

 

Apesar das informações básicas que fico repetindo sempre. Acrescentei mais uma para tentar me lembrar de que não sou um monstro. 

 

— Não sou um monstro, não sou apenas uma peça. Não sou um monstro. Eu consigo escolher. Não sou um monstro. Não sou um monstro. 

 

E por breves momentos tenho lembranças embaçadas de mãos entrelaçadas, de conversas longas, de braços envolvendo o corpo dela, não para matar mas para aconchegar. 

 

Então sinto-me exausto. Perdido dentro de mim mesmo. 


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