Katniss Everdeen 

Sei que não é ele, não mais, sei disso por causa do olhar. Os olhos dele continuam iguais, azuis como o céu lá fora, um céu que não vejo mais com tanta frequência como quando ia caçar no doze. Mas ainda são azuis, porém estão opacos. Tão opacos quanto ferozes. Os olhos de Peeta nunca foram raivosos. Sempre foram benevolentes, como no dia que me entregou aquele pão queimado propositalmente. Os olhos dele sempre foram decididos, como no dia que ele decidiu que eu seria desejada por toda Capital quando ele me desejou como sua namorada, os amantes desafortunados nos salvaram durante muito tempo, mas Snow queria uma prova e lá estava ela. A prova bem na minha frente. Peeta se debatia amarrado na maca. Tudo era branco, mas meu mundo era todo cinza. O menino do pão, dos olhos brilhantes e decididos estava morto. Snow conseguiu fazer exatamente o que Peeta sempre teve medo de que fizessem com ele. O transformou em uma peça dos Jogos. E lá estava eu, sofrendo, uma dor lancinante, que pulsava bem no meu coração, o sangrando. Meu Peeta morreu. Mesmo vivo. Ele não é mais o mesmo. Snow me venceu. Aperto a pérola em minha mão direita, passo minha mão esquerda no meu pescoço dolorido. Quero gritar. Como Peeta grita e se debate na minha frente. Ele luta sua guerra interna agora. Eu não sei se tenho mais forças para lutar uma guerra depois que Snow me venceu.