O bebê de Edward tinha chegado ao mundo no final de Maio, um pouco antes da data prevista. Anthony Geoffrey Cullen era a cópia perfeita do pai, embora Charlie Swan tivesse outra opinião. Eu estava sentada na poltrona no quarto particular da minha cunhada na maternidade. Minha barriga de cinco meses estava pesando, e meu bebê cujo sexo ainda era um mistério me sugava bastante energia, o cansaço era uma constante no último mês.

     - Ele é mesmo muito lindo – eu disse admirando o rostinho sereno do meu sobrinho. Bella tomava um banho com auxílio de Renée, que estava na cidade apenas para auxiliar a filha nesses primeiros dias e estava trazendo ciúmes para Esme que jurava que iria poder cuidar do neto e nora durante esses primeiros dias. – Charlie estava todo orgulhoso ao saber que resolveram homenagear o pai dele.

       - Bem, temos que agradar nossos sogros as vezes. – Edward brincou, e então pegou o filho dos meus braços quando o mesmo ameaçou chorar, Edward só era pai a dois dias e parecia que já tinha nascido com todas as habilidades paternas exigidas para se tornar um bom pai. – E sobre agradar sogros, como está a convivência com a sua?

      Não havia um só dia em que nos encontrávamos para ele não questionar isso, desde que passei a morar na casa de Sarah Black enquanto a minha própria casa a poucos metros de distância não ficava pronta.

     - Se dependesse da minha sogra, eu não colocaria os pés para fora da cama – desabafei – E estranho, ela consegue me sufocar mais do que nossa mãe.

     - Bem, ao menos fico tranquilo em saber que está se dando bem com ela. Soube que tem ido pouco ao restaurante também.

     - Sinto falta do meu restaurante, tenho me sentido muito cansada então só vou até lá uma vez por semana e na companhia do Jake ou da Claire, eles também não perdem em nada para Sarah quando o assunto é se preocupar comigo. Ao menos agora poderemos enfim ter uma lua de mel de verdade.

     - Vão mesmo viajar? – assenti – Vai tranquila, vamos cuidar bem de Lara pra vocês.

~~☆~~

     Jacob queria que eu relaxasse todo o estresse acumulado nos últimos meses por viver entre dois mundos distintos estava acabando com meu sistema nervoso, carregar um filho dele também não estava sendo nada fácil e eu confesso que começava a temer todo esse cuidado que eles tinham comigo, como se eu fosse um objeto frágil prestes a quebrar a qualquer segundo.

      Me despedir de Lara, mesmo sabendo que estaria de volta em vinte dias foi sem dúvidas a coisa mais difícil que eu já fui obrigada a fazer. Quase não consegui soltar ela quando chegou a hora de irmos para Seattle onde pegaríamos voo para Miami. Dias de Sol era o que supostamente estávamos precisando.

     O hotel tinha uma cama que parecia estar me chamando, de tão macia que parecia ser. Como se lê-se meus pensamentos Jacob apontou para a cama.

     - Se deita amor, eu vou só ligar pra casa para avisar que chegamos e já volto pra te fazer companhia e aquela massagem que você tanto gosta. – Jacob se retirou para a varanda e fechou a porta atrás de si, tudo o que eu conseguia ver era meu marido de costas e o movimento de subida e descida de seus ombros, ele parecia bem agitada

      Havia uma parte de mim que queria o tempo todo fugir dessa loucura toda. Eu não conseguia me acostumar com essa vida dupla, com tantos segredos a serem mantidos. Na cidade, eu era Renesmee Black, era casada com um pediatra reconhecido e homem admirado por muitos na sociedade. Na reserva, eu era a mulher do alfa. O homem respeitado por manter a ordem e reconhecido não só por sua força, inteligência e todas as melhorias que fez ali, mas também pelo seu temperamento nada dócil.

       Eu não conseguia me acostumar com o fato de que em um segundo estávamos em nossas atividades rotineiras, como qualquer casal e no outro ele estava correndo para a floresta afim de assumir sua forma de lobo, que aliás, eu não fazia questão de ver novamente.

     Eu não conseguia me acostumar com ele sendo meu marido, me tratando com tanto carinho, tanta delicadeza, me mostrando que eu sou a sua rainha como ele bem diz e no instante seguinte ele fechava a cara e assumia seu lugar como líder respeitado e também temido.

      Eu também não estava nada satisfeita de não ter mais o meu marido sendo o meu marido. E talvez só por isso eu tenha aceitado me afastar por uns dias da minha filha, Jacob estava diferente a uns dois meses, desde que a barriga ficou evidente.

      Minha mente trabalhava em cenários nenhum pouco favoráveis a continuação da nossa relação para justificar a ausência dele , e isso não era algo saudável também. Chegou ao ponto de começar a imaginar com qual mulher ele poderia estar saindo.

       Enquanto o assistia reclamar de algo no celular encostado no guarda-corpos eu busquei por um vestido mais confortável e segui para o banho morno. Deixei a banheira do hotel encher, colocando essência de lavanda ali como eu gostava. Com cuidado, mergulhei ali me deliciando com a água morninha em contato direito com a minha pele.

      Mesmo de olhos fechados, eu consegui sentir que alguém me encarava não muito tempo depois em que entrei na banheira. Ouvi seus passos vindo ao meu encontro e delicadamente senti suas mãos quentes me afastando da banheira e se encaixando atrás de mim. A temperatura da água parece aumentar, mas eu sabia que o calor não vinha da água e sim dele. Joguei minha cabeça para trás, recostando em seu ombro quando o sentir acariciar meus braços. Ele depositou um beijo no topo do meu cabelo, enquanto me acariciava. Suas mãos se fecharam em meus seios, de forma possessiva.

       - Senti falta disso, de estar totalmente a sós com você. – ele sussurra – É tão difícil me controlar perto de você, Ness. Eu quero tanto ter você em meus braços novamente, quero tanto sentir seu corpo, estar dentro de você. É tão difícil manter o controle.

       - Não quero que se controle, - falei firme, ele estralou os lábios. Suas mãos deixaram meus seios e foram para a minha barriga.

      - Não posso machucar vocês.

       Não falei mais nada, sabia que só iria resultar em uma discussão e o que eu menos queria agora era discutir com ele quando finalmente estávamos sozinhos e longe de toda a confusão sobrenatural que era a vida dele.

    ~~☆~~

        O restaurante em que estávamos era frente para a praia, pedimos nosso jantar tomando o cuidado com os alimentos que eu iria ingerir para não termos nenhuma surpresa desagradável, no entanto, a regra não valia para Jacob que fez questão de pedir camarão empanado e se arrependeu imediatamente ao ver em meus olhos que havia me deixado com vontade.

        - Só um Jake – pedi fazendo bico, minha boca salivando para experimentar um pouco com molho.

     Ele levou uma das mãos aos fios, me encarando por uns segundos.

        - Baby, tem certeza que você quer? Amor, você nunca comeu e se te fizer mal? Ou ao nosso filho?

        - Jacob Ephraim Black, não sou eu que estou desejando um pedaço desse camarão empanado é o seu filho e a culpa é sua por ter feito o pedido quando podia muito bem ter se limitado a salada e a lasanha quatro queijos que eu pedi.

       - Só um pedaço – ele disse pegando um pequeno camarão e o colocando na minha boca após passar no molho. Enquanto saboreava aquela maravilha ele chama o garçom e eu sabia que ele ia se livrar dos demais camarões que ficaram na bandeja.

      - Deixa aqui!

       - Nessie, amor...

        - Eu já falei pra deixar aí Jacob Black, isso está uma delícia e você não vai me privar de mais esse prazer.

      - Baby, escuta

       - Não! Eu preciso ao menor ter algum desejo concedido. E eu quero muito comer isso.

        Ele não gostou nenhum pouco do tom que eu usei para falar com ele, mas não estava me importando no momento.

~~☆~~

          Após uma pequena caminhada na praia eu estava suficientemente exausta para ser levada quase nos braços pelo meu marido para o nosso quarto do hotel. Desde o episódio do jantar que Jacob permaneceu calado, mesmo assim não deixou de ter cuidado comigo até me colocar delicadamente sobre a cama novamente.

       - Quer que eu faça a sua massagem agora? – perguntou, mas não tinha o mesmo tom de sempre. Parecia ser mais automático, ele realmente tinha se chateado com a forma que eu falei com ele no restaurante.

       - Não, obrigada. – respondi ríspida.

       - Acho que alguém me deve um pedido de desculpas. – ele cruzou os braços e ficou me encarando de pé em frente a cama.

       - Por acaso eu menti? A quanto tempo faz que você não cumpre seu papel como marido?

      - Vai começar de novo com isso ? Nessie, eu já disse que não dá. Não vou arriscar machucar vocês. – ele apontou pra cabeça- coloca uma coisa na sua cabeça, eu não posso deixar que você se arrisque e isso inclui evitar certas atividades até que nosso filho ou filha esteja nos nossos braços, aqui fora. Você se cansa com alguns passos, imagine algo assim...Não dá, não vai rolar. Fora de cogitação atividades sexuais nessa relação até segunda ordem.

        - Então eu não tenho nada pra te pedir desculpas, eu não menti. Comer é o único prazer que tenho ultimamente.

      Jacob bufou irritado e saiu do quarto batendo a porta. Eu achei que nessa viagem eu teria meu marido de volta, estava enganada. Eu começava a acreditar que não era mais o suficiente para ele, as palavras de Olivia quando deixou o aniversário dele em Janeiro sendo arrastada por Sam entraram novamente na minha mente “ Ele vai abusar de você também, ele sempre abusa e descarta”. Começava a acreditar que se ele estava comigo era simplesmente por o filho.

       Eu não dormir naquela noite, e ele não retornou até o Sol estar nascendo.

Jacob entrou no quarto e se ajeitou ao meu lado, encaixou meu corpo junto ao dele e beijou meus cabelos.

— Desculpa, eu precisei sair para não brigarmos de verdade. Eu sei que são seus hormônios falando mais alto.

— Jake, você me ama ainda? Ou já abusou de mim também? - ouvi e senti ele rindo.

— Como pode pensar uma besteira dessas? Eu nunca vou abusar de você, baby. Te amo tanto que chega a doer, e não sabe o quanto me dói não realizar sua vontade. Por favor, não vamos brigar por isso. Vamos ficar assim, coladinhos. Eu preciso mesmo dormir com a minha mulher agora.

Jacob já havia se habituado aos meus altos e baixos emocionais causados pelos hormônios. Eu dormi aninhada ao seu corpo, sentindo o calor de seu corpo e me sentindo a mulher mais amada do universo.