Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


CapĂ­tulo 22
Uma Pequena Surpresa




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Elinor ainda estava sentindo-se fraca, mas já recuperava-se da doença trazida de Essos. Infelizmente, o mesmo não poderia ser dito de sua prima Megga; a jovem havia falecido apenas algumas semanas após pegar a doença. Elinor, entretanto, só foi informada de seu falecimento após se recuperar.

Elinor sentia que suas tripas às vezes pareciam vazar de seu corpo conforme os ataques da doença a faziam esvair-se em fezes. Toda a energia foi expelida de seu corpo, em vários momentos ela se sentiu tonta e com as nádegas em brasas. Mas o pior eram os sonhos, pois eram neles que o veneno da doença afetava seu sono, fazendo-a ter pesadelos horríveis e desconexos.

Até onde Elinor sabia, a maioria dos servos acabou por morrer pela doença, e ela nem imaginava quantos plebeus teriam sucumbido. Era provável que os corpos fossem levados em carroças, amontoados, e queimados em fogueiras, para evitar a propagação da praga.

A jovem se levantou, um pouco fraca, da cama, sem querer ajuda. Uma banheira foi trazida e alguns servos a encheram de água usando vasos e caldeirões cheios de água quente. Uma serva ajudou Elinor a desamarrar a camisa de linho e a segurou por um braço com as duas mãos, como se guiando-a até a banheira. Uma mulher jogou pétalas azuis na água escaldante; deviam ser de rosa azul do inverno, dado o clima frio em que estavam. E ela reconhecia o cheiro doce vindo delas.

As servas ajudaram-na a se esfregar, tirando a sujeira em todo o seu corpo. Elinor não entendia o porquê de um banho naquele dia, mas, ao ver que tinha crostas de sujeira na pele e a água ficar escura conforme a esfregavam, percebeu, enojada, que estava há muito tempo deitada. Até seu sangue da lua estava acumulado entre suas pernas.

Elinor sentiu a vergonha queimar suas bochechas, mais até do que a água quente em que estava. Por sorte, ninguém comentou nada.

Após esfregarem toda a sujeira de seu corpo, os criados ajudaram-na a se levantar da banheira. Fumaça saia de sua pele molhada, com gotas se acumulando e escorregando através do corpo de Elinor, que tremia um pouco, pingando no chão. Uma serva lhe cobriu com uma toalha, ela e outra mulher esfregaram bastante o corpo da jovem donzela.

Uma serva de Westeros pegou um atiçador e mexeu no fogo da lareira, enquanto outra ajudava Elinor a se vestir e um servo deixava um prato de comida na mesa. Era bom ter companhia de pessoas de seu próprio reino, mas ela sabia que não poderia confiar naquelas moças, afinal, ainda eram servas de Aegon e Daenerys.

A serva que ajudava Elinor a amarrar um vestido verde não parava de tagarelar, mas a jovem donzela nem prestava-lhe atenção. Não confiava na mulher. E sua cabeça estava em outro lugar, de qualquer forma.

—Podem sair — Disse Elinor, falando pela primeira vez.

Os servos fizeram vénias profundas, como se fosse uma grande Lady, e saíram.

Elinor foi até o prato na mesa. Ela estava sem apetite, mas pegou uma faca para cortar o pão e passar manteiga nele, dando-lhe uma pequena mordida nele. Ela ajudou o pedaço a descer com um gole de água. Suas mãos ficaram grudentas ao comer algumas frutas cristalizadas, e ela as limpou com um lenço.

No centro da mesa, estava um vaso de rosas azuis, enchendo o ar do cômodo com doçura. Era a única memória que havia sido deixada por sua prima Margaery.

Quando Elinor terminou de comer, se indagou se deveria pegar a faca e guardá-la para si. Seria perigoso, pois poderiam achar o objeto escondido e, caso o fizessem, ela seria castigada. E, mesmo que não descobrissem, dificilmente uma mera faca lhe seria útil.

Apesar disso, ela a pegou e a colocou embaixo do colchão onde dormia. Teve que ser rápida, pois logo alguém poderia entrar no quarto; isto é, caso já não a estivessem vigiando pelas paredes. Apesar de ser uma pequena lâmina, era melhor do que nada.

Durante quase uma hora —que lhe pareceu durar séculos— Elinor ouviu uma agitação do lado de fora. A jovem se dirigiu para a janela, indo investigar. Como o vidro estava embaçado pelo gelo, ela abriu a janela, fazendo um vento frio entrar e atingir seu corpo fraco.

Ignorando o corte gélido, ela olhou por entre as grades, para baixo, mas não viu nada, além de uns homens correndo pelo caminho de gelo. A gritaria, percebeu, era de além das muralhas do castelo. Era do povo pequeno.

Elinor ergueu os olhos, mantendo-os abertos com dificuldade, por causa do vento frio de inverno. Podia ver algumas pessoas indo para frente da fortaleza, mas não lhe pareceu ser uma revolta. Na verdade, parecia-lhe mais uma aclamação.

Um rugido ressoou no céu escuro, e uma mancha verde foi vista no céu, indo em direção ao castelo, aumentando de tamanho e ganhando forma, conforme se aproximava. Era o dragão verde dos usurpadores, voltando ao seu lar.

O povo está aplaudindo o usurpador?, Elinor se indagou, surpresa com aquela ideia. Sua prima era amada pela plebe, não lhe parecia que poderiam esquecer dela tão rápido dela.

Então, os portões da fortaleza se abriram e vários cavaleiros e homens montados passaram por eles, seguidos de uma enorme carruagem dourada.

Conheço aquela carruagem, percebeu. Era a carruagem que o pai de Margaery tinha em Highgarden.

Mas, quando a carruagem parou e as portas foram abertas, para o imenso espanto de Elinor, nĂŁo foi sua prima quem saiu de dentro, e sim seu primo Willas, junto de sua mĂŁe Allerie e sua avĂł Olenna.

 

Elinor se reencontrou com a sua família na arcada das donzelas. Um lugar sem janelas, onde o antigo rei Baelor prendera suas irmãs, para mantê-las puras. Foi aqui que Margaery se instalou após chegar à Capital, se lembrou. Lembrava-se que Sansa havia ido visitar sua prima no primeiro dia, trazida por Loras, que ainda estava vivo e belo. Elinor não estava falando com elas nesse dia, entretanto, lembrava-se de ver a garota ruiva conversar com Margaery e Olenna… Foi apenas há alguns anos, pareciam ser séculos para Elinor.

Alyn também estava vivo, lembrou-se Elinor. Havia bastante gente viva e alegre naquele local naquele dia, mas a maior parte ou estava agora muito longe ou morta. Haviam perdido muitos nesse tempo.

Haviam alguns parentes Tyrell em vários lugares, e outros de casas vassalas. Nenhum servo de Essos era visto, apenas de westeros. Tudo parecia uma verdadeira bagunça.

Olenna estava sentada no mesmo lugar onde havia estado no dia da visita de Sansa, assim como Allerie. Mas a jovem Stark não estava mais onde antes era o seu lugar…

Nem Margaery.

A velha rainha dos espinhos parecia menor e mais triste, mas era a nora dela quem parecia em pior estado: Allerie estava pálida, com os ossos pontudos colados nas peles da bochecha. Os lábios pareciam secos, e o olhar, vazio.

Will estava onde antes havia se sentado Margaery. Alla estava lá com eles, em pé, servindo uma jarra de vinho. Além de Margaery, Megga também não estava por perto. Elinor sabia que teria de se acostumar que a jovem prima partira, mas nunca deixaria de fazer falta para ela.

Ao vê-la entrar, os parentes na mesa principal pararam de falar e olharam para ela. Willas fez um sinal com o braço para que ela se aproximasse.

—Elinor! —Uma voz familiar a chamou, enquanto Elinor se aproximava dos familiares.

Elinor se virou e correu emocionada em direção a voz.

—Oh, pai! —Ela disse, abrindo os braços e pulando nos braços de seu pai Theodore. —Como senti falta de vocês! —Lágrimas surgiam em seus olhos, enquanto seu primo Luthor e sua mãe Lia se juntavam ao abraço. Sua mãe lhe dava beijos na cabeça. Elinor se deixou relaxar ao sentir o calor de sua família.

Quando seu pai a soltou e seu irmão e sua mãe a soltaram, Elinor se endireitou e retirou as lágrimas com as pontas dos dedos. Tinha um sorriso trêmulo nos lábios.

—Oh, que bom que vocês estão aqui! —Ela disse, sentindo júbilo. 

—Oh, filha, como está magra! —Disse sua mãe, visivelmente preocupada com a filha.

—Eu estou bem, milady mãe. —Elinor tentou relaxá-la. — Ainda estou recuperando da praga.

—Praga? —Sua mãe indagou, mortificada.

O pai de Elinor colocou uma mĂŁo no ombro da filha.

—Que praga, querida?

—Não sabem… —Ela balançou a cabeça —Não importa. Estou feliz que estão aqui, mas como…?

—O Rei Aegon nos ordenou. — Respondeu seu pai. —Estamos aqui para… —Ele se interrompe para limpar a garganta e lamber os lábios secos, claramente nervoso. —O casamento.

Elinor franziu o cenho.

—Casamento? —Ela indagou, confusa. —Que casamento? Aegon e Daenerys já se casaram… Ah, se referem ao casamento de Wilas e a princesa de Dorne, certo? Quase havia me esquecido.

Sua mãe abanou a cabeça.

—Lhe deixaram no escuro mesmo, não é? —Disse. —Não sabe que Daenerys está no Norte, filha?

Elinor acenou.

—Bem, eu imaginei. —Ela respondeu. — Afinal, eles estão em guerra com os usur… —Mordeu o lábio inferior. —Em guerra com os nossos reis. É de se esperar que…

—Elinor —Lia a interrompeu. —Você sequer sabe o que houve com Margaery?

A filha respondeu com um dar de ombros e balançando a cabeça, fazendo os cachos castanhos dançarem.

—Não, milady mãe.

Sua mĂŁe suspirou em resposta, parecendo desapontada. Ela olhou para a mesa onde Willas estava.

—Bem, vá falar com seu primo e lorde —Ela disse, dando um beijo no couro cabeludo de sua filha. — Eles vão lhe explicar tudo. Enquanto isso, eu e seu pai vamos arrumar um aposento para que possamos ficar; nada de nos separarmos novamente.

Elinor assentiu, despedindo-se de seu pai e seu irmão, e indo até Willas.

Willas estava mais barbudo desde a Ăşltima vez que ela o viu. Fazia tanto tempo que eles nĂŁo se viam, que Elinor quase sentiu que estava olhando um estranho.

Ela fez uma reverĂŞncia ao primo quando se aproximou dele e do restante da famĂ­lia.

—Lorde Willas. —Ela disse.

Seu primo acenou com a cabeça.

—Prima. —Ele disse —Como está crescida! Mais bela do que nunca.

Elinor deu um sorriso triste. Seu primo era sempre gentil, mas ela já não se sentia tão facilmente agradada por meras palavras. Sabia que estava pálida e magra.

—Sente-se, filha —Olenna indicou um aceno para ela, com uma pequena mão manchada. —Está muito pálida.

Elinor fez o que lhe era mandado, de forma obediente. Ela pegou a jarra e despejou água em um copo de estanho. Seu meistre lhe disse para beber bastante água para se recuperar.

—Precisa de algo mais forte, filha —Disse Olenna, fazendo um gesto com a cabeça, indicando para que Alla servi-lhe algo.

Sua prima serviu um pouco de hipocraz para  ela, juntando com água de seu copo. Elinor sorriu em agradecimento, mas Alla o recebeu com indiferença, deixando-a desconfortável.

—Soubemos de Megga —Revelou Willas, enquanto Elinor tomava um gole da bebida. —Lamento, prima.

Elinor assentiu levemente, com um meio sorriso triste. Nenhuma lágrima veio, para sua própria surpresa, apenas um leve calor nos olhos e uma dor no peito. Talvez já tivesse chorado todas as lágrimas que tinha para chorar.

—Ela está com o pai, agora. —Elinor respondeu, com uma voz fraca. Ela olhou para Alla, que tinha lágrimas se acumulando nos olhos.

—Estão te tratando bem, prima? —Willas perguntou, provavelmente pela frágil aparência que ela agora tinha. Ela imaginou que os usurpadores devem ter escondido sobre a praga.

Elinor aquiesceu.

—Sim, eu só estou um pouco fraca pela doença. —Ela revelou, embora não soubesse se devesse, mas era melhor eles saberem logo o risco que corriam. —Eles ajudaram a me recuperar.

Willas e Olenna trocaram olhares. A idosa balançou a cabeça.

—Bom, pelo menos sabemos que Megga não foi assassinada.

Elinor olhou para Alla.

—Não sabia da doença? — indagou.

Alla negou com a cabeça, fazendo os cachos balançarem.

—Fiquei trancada, lembra? Não tive contato com quase ninguém até me liberarem hoje mais cedo.

—Prima —Willas chamou a atenção de Elinor. —Sabe de Margaery?

Elinor balançou a cabeça e depois a abaixou.

—Ela morreu pela praga ou pelo dragão? —Ela perguntou, sentindo as lágrimas surgirem.

—Oh, pelos deuses! —Olenna exclamou, alarmada.

—Morta? —Willas indagou, confuso. —Elinor, minha irmã não está morta.

Aquilo surpreendeu Elinor, que rapidamente levantou a cabeça e olhou para o primo. Esperou pela resposta.

—Margaery está no Norte. —Willas revelou. —Está com Sansa, e, deuses a salvem, talvez já esteja com Daenerys.

A jovem donzela ouviu as palavras, sem entendê-las no começo. Margaery estava no Norte? Mas como e por quê?

—Como…?

—A pequena filha de Ned Stark. — Respondeu Olenna. —Foi ela, de alguma forma. Tirou minha neta daqui.

Elinor ouviu tudo atentamente, mas ainda nĂŁo via sentido em nada daquilo.

—Lady Sansa parecia querer nosso apoio na guerra —Explicou Willas, provavelmente vendo a confusão no rosto da prima.

Elinor se mexeu no banco, sentindo-se desconfortável ao ouvir tudo aquilo.

—E você recusou. —Ela disse. —E a deixou como refém.

Seu primo baixou o olhar, parecendo levar um sermĂŁo.

—Precisávamos de Aegon para derrubar os homens de ferro. —Willas se defendeu. —E eu não podia condenar minha casa e pessoas inocentes contra os dragões.

—Hum! —Allerie fez um som desagradado. Seu filho lhe lançou um olhar ferido e furioso.

—Milady mãe, acha que eu queria…

A Senhora Allerie se levantou, fracamente e se afastou. Alla deixou a jarra na mesa e a ajudou a ir se sentar em uma poltrona ali perto.

Willas se afundou mais na cadeira e soltou um suspiro. Sua avó colocou uma mão no ombro dele, tentando acalmá-lo.

—Sua mãe logo vai entender, filho. —Olenna disse. —Ela só está tomada pelo luto e desespero.

Elinor balançou a cabeça. Nada daquilo fazia sentido para ela.

—Você disse que Daenerys talvez já esteja no Norte. —Ela disse. —Se estiver certo, e nenhum mal aconteceu com Margaery, então por quê…

—Elinor, minha aliança com Aegon pode ter condenado minha irmã. — revelou Willas, sombriamente. —Ela pode já ter virado cinzas.

Elinor esbugalhou os olhos e deu um suspiro de horror.

—Mas…

A porta dos aposentos foi aberta, abruptamente. Dois Filhos do Guerreiro entraram sem ser anunciados.

—Lady Olenna —Um deles anunciou. —Está na hora.

A idosa se equilibrou na bengala, de uma forma desequilibrada que Elinor nunca a viu ter, e se levantou com um certo esforço. Quando terminou, já estava quase sem fôlego.

—Certo. —Disse Olenna, cansada, mas com raiva na voz. —Vamos acabar logo com isso, então. Eu já vivi demais mesmo.



—Eu matei Joffrey. —Disse Olenna, sem medo, diante do Rei no trono de ferro e seu pequeno conselho. —E não me arrependo.

Estranhamente, Jon Connington não era visto; Tyrion estando em seu lugar. Barristan e Jorah também não estavam por perto, ou qualquer sacerdote vermelho ou mesmo imaculado. Elinor não sabia dizer quantos haviam morrido ou ido para o Norte com Daenerys.

Uma septã anotava tudo que era dito, enquanto soldados da fé estavam em pé nas paredes do grande salão.

O Alto Septão, com suas roupas imundas e pés duros e sujos, estava sentado em um banco sem encosto. Ele colocou apoiou os cotovelos na mesa e juntou os dedos calosos, fazendo uma casa com as mãos. Seus olhos eram escuros e duros. Só aquilo já fazia Elinor se encolher.

—Admite ter quebrado o direito dos hóspedes e matado Joffrey? —Ele perguntou.

Olenna bufou.

—Deve ter calos em seus ouvidos também, Vossa Santidade. —Respondeu. —Eu envenenei Joffrey, mas minha neta nada tem com isso.

O velho a olhou de soslaio.

—Mas sua neta sabia — lembrou o velho septão.

Olenna encolheu um pouco ao ouvir aquilo.

—Avó —Disse Willas, atrás dela. —Apenas diga tudo, antes do julgamento da fé.

Olenna abaixou a cabeça.

—Certo. —Ela concordou, derrotada. —Fui eu quem deu o veneno para Margaery. — Ela revelou, por fim. — Tramamos tudo com Petyr Baelish, aquele traste.

Elinor ouvia tudo aquilo, chocada. Alla segurou sua mão, talvez para acalmá-la, talvez para se acalmar. Elas apertaram as mãos, tentando não expressar nenhum som.

—Eu apenas queria que acreditassem que o jovem engasgara. — Continuou Olenna. — Petyr deve ter dado aquele espetáculos com anões porque já pretendia ter outro resultado… —Deu de ombros —De qualquer modo, nunca quis nada contra o anão. Nem contra Sansa.

—Como obteve o veneno, senhora? — indagou Varys.

—Petyr. —Ela disse, parecendo ter desgosto em dizer aquele nome. Olenna percebeu o quanto ela estava nas mãos daquele tolo tarde demais. —Ele deu algum jeito de dar para Sansa, e eu o peguei da rede dela no dia do casamento; após isso, dei para Margaery, que colocou na taça de Joffrey. —Continuou. — Mace não sabia de nada, nem meus netos.

Este último relato era uma mentira; Loras e Garlan sabiam —Bom, Garlan sabia, Loras talvez suspeitasse. —, mas ela preferiu deixar a memória deles intacta. Sem as manchas de um regicídio. Também não quis esclarecer que Sansa era inocente, ela havia capturado sua neta, então, caso ela escapasse da conquista de Daenerys, que a fé talvez terminasse com ela. Aquela ruiva nortenha parecia mais difícil de matar do que Olenna imaginava.

—Fiz o que fiz para proteger minha neta. E faria tudo de novo, se assim eu pudesse.

Aegon ouvia tudo aquilo do alto de seu retorcido trono. A princesa Arianne estava em pé, ao lado do assento de espadas, observando o seu rei, vendo se ele esbanjava alguma reação,  mas ele parecia quieto. Arianne não sabia se gostava daquilo.

Vamos, pensou a princesa, irritada, termine logo com essa pantomima, seu tolo.

Finalmente, apĂłs ouvir tudo aquilo, Aegon se levantou.

—Bem, a fé decidirá as acusações que Lady Olenna enfrentará pela quebra do direito sagrado. — Disse Aegon. —Mas a senhora deve ficar tranquila quanto ao regicídio.

Olenna franziu o cenho ao ouvir aquilo, cuidadosa e desconfiada.

—Joffrey não era nenhum rei. — Aegon disse. —Ele era um bastardo e um falso rei, assim como seu irmão mais novo. Como eu ordenei, todo e qualquer registro que o chamasse de príncipe ou Rei, foi destruído ou reescrito. Assim como os que tratavam Tommen e sua irmã Myrcella.

Ninguém falou do fato de Cersei ter ganhado o julgamento por combate. Isso poderia ser ignorado.

—Mas… —Olenna se sentia perdida, não estando segura o bastante para acreditar em nada do que aquele Targaryen louco lhe dizia. Sabia que ele iria querer apoio da Campina, de todas as casas, mas não podia acreditar que ele iria ajudá-la tanto assim.—E o que acontecerá agora?

Aegon começou a descer do trono, um degrau depois do outro.

—Isso caberá à Fé, o Alto Septão me pediu para julgar os vossos crimes e eu o permiti de fazê-lo. Tenho certeza que o Alto Septão e os seus juízes irão analisar tudo como deve. Até lá, seu neto Willas, deve jurar ante os sete tê-la como refém e liberá-la no dia do julgamento.

Aegon terminou de descer os degraus e esticou um braço em direção a Arianne que foi em sua direção.

—Mas isso deve esperar —Ele disse, sorrindo, enquanto a princesa tomava a sua mão. Ele olhou adiante, para todos no salão. —Por agora, vamos celebrar o casamento entre mim e a amada princesa Arianne.

Deveras um rei, pensou Arianne, vendo Olenna se espantar com o tempo extra de vida que Aegon havia lhe dado. Ele talvez pudesse libertar a velha de algum julgamento, visto que não tinha motivos para irritar qualquer grande casa da Campina, mas ele não poderia se arriscar em irritar a fé, então fez o que pode. Agora, Lady Olenna teria de aproveitar o tempo que tinha com família e unir quaisquer que fossem as provas que conseguisse para tentar se salvar.

Em teoria, tudo estava indo bem para a princesa, mas, apesar disso, não conseguia se librar de um mal estar no estômago. Teve que forçar para manter um sorriso, enquanto Aegon anunciava o que praticamente todos já sabiam —menos as duas pequenas primas de Margaery, que, ela percebeu, estavam arregalando os olhos e soltando suspiros de surpresa.

Pobrezinhas, pensou a princesa, são ainda tão inocentes...


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