O charme que me conquistou escrita por Nara Garcia


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Mais um pra vocês :)
Se der, comentem pra eu saber se estão gostando! Amanhã tem mais.. ♥



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Stella

Mais tarde, naquele dia, entrei em meu escritório e me deparei com um buquê maravilhoso de girassóis sobre a minha mesa. Me aproximei, completamente hipnotizada com a beleza daquelas flores, e peguei o cartão que havia preso à ele. 

"Confesso que os motivos que me levaram a dá-lo a você foram um pouco egoístas. No entanto, só os direi pessoalmente. - M"

Com um sorriso, deixei o cartão em cima da mesa e peguei o buquê, fechando os olhos enquanto sentia o aroma suave das flores. Naquele momento eu soube que meus padrões haviam aumentado um pouco mais. 

— Uh, nossa grega tem um admirador secreto? - Me virei a tempo de pegar um sorriso malicioso nos lábios de Danny, que esperava pacientemente por uma resposta com os braços cruzados. 

— Na verdade, não é tão secreto assim. - Admiti. - E não, não vou te contar quem é. - Danny desfez seu sorriso. 

— Bom, você disse que não é tão secreto, o que diminui consideravelmente minhas suposições. - Comentou Messer, passando a segurar o queixo com uma das mãos enquanto o outro braço se mantinha cruzado contra o seu peito. Ele olhava distraidamente para um ponto qualquer da sala, analisando cuidadosamente suas opções. 

— É sério? Vai mesmo tentar adivinhar? - Questionei, arqueando uma sobrancelha. Ele não respondeu, apenas se manteve na mesma posição. 

— Girassol é uma flor específica para dar de presente. Seja lá quem for, te conhece bem. - Disse, sem ao menos olhar pra mim. - Não há muitas pessoas que te conhecem bem, o que reduz ainda mais a lista. Na verdade, a reduz para uma única pessoa. 

Novamente o sorriso malicioso surgiu em seus lábios, me arrancando um revirar de olhos. 

— Foi o chefe, não foi? - Perguntou, mas logo continuou a falar. - Ele te conhece bem. Melhor do que qualquer pessoa no planeta, me arrisco a dizer. 

— Sim, foi o Mac. E pode desfazer esse sorrisinho malicioso, Messer. Foi só um presente de um amigo, nada mais. - Falei, pondo o buquê de volta na mesa. 

— Não é querendo me meter, mas... É legal ver a forma que ele te trata. Você sorri mais quando está perto dele. E não se preocupe, ok? Essa conversa ficará entre a gente. - Ele disse, antecipando meu pedido não dito.

Observei Danny sair da sala antes de voltar a admirar o buquê. Toquei com as pontas dos dedos alguns girassóis, sentindo mais um sorrisinho surgir. 

— Gostou? - Quando ouvi aquela voz, fiz o possível para controlar meu sorriso bobo e agir com naturalidade. No início, até que funcionou. Mas aí eu me virei para vê-lo, e perdi completamente o rumo. 

Mac estava recostado no batente da porta. Ele usava uma camisa social branca e uma gravata borboleta preta, segurando o smoking em seu ombro. 

— A pergunta foi em relação ao buquê, ou.. - Apontei na sua direção, arrancando uma risadinha dele. 

— Se eu disser "os dois" estarei sendo muito ousado? - Ele me encarava com um sorrisinho no canto dos lábios e um olhar apertado, como se quisesse ver além do que eu estava mostrando. 

— Provavelmente, mas sei que não se importa muito com isso. - Respondi, me aproximando um pouco. - Obrigada pelas flores. Eu amei. - Sorri levemente, enfiando as mãos nos bolsos traseiros da minha calça jeans. - E então, quais são os motivos misteriosos por trás desse presente, hein? 

— O seu sorriso. - Disse. - Esse sorriso. - Ele apontou pra mim. Desviei o olhar instantaneamente, a fim de esconder o rubor que tenho certeza que surgira em meu rosto. Em seguida, mordi o lábio inferior tentando desfazer o sorriso, mas foi em vão. 

— Então quer dizer que me deu flores apenas para poder ver o meu sorriso? 

— Você tem um sorriso diferente para situações como essa. - Ele desencostou do batente e entrou de vez na sala, aproximando-se de mim. - Fazia tempo em que eu não o via. 

— Não acha que está se esforçando um pouquinho demais para aumentar meus padrões? - Questionei em um tom de provocação. 

— E dificultar ainda mais a vida do Nick? Eu não faria isso. - Ele respondeu, forçando um olhar inocente. Limitei-me a sorrir. - E então, vocês vão jantar? 

— Não mais. - Aproximei-me o suficiente para ajeitar sua gola borboleta, que estava levemente torta. - Ele teve que cancelar. Surgiu um imprevisto. - Vi o exato momento em que aquela sombra de dúvidas brotou nos olhos dele. - Não me olhe assim. 

— Assim como? - Terminei de ajeitar sua gravata, mas me mantive próxima. Apenas alguns centímetros seguros nos separavam. 

— Como quem está pensando em uma forma de desmarcar um compromisso por minha causa. - Ele fez menção em falar, mas eu o interrompi. - Olha, eu estou cansada. Vai ser bom dormir mais cedo. Vá a essa festa e tente se divertir um pouco, ok? 

Mac respirou fundo e assentiu, contrariado. Ele pôs o smoking e o ajeitou logo em seguida. 

— Como eu estou? - Perguntou, dando uma volta. Meus olhos o acompanharam, e confesso que me arrependi um pouco por tê-lo incentivado a ir. 

— O quão sincera você quer que eu seja? - Indaguei, cruzando os braços contra o peito. Mac enfiou as mãos nos bolsos da calça social e me lançou um olhar desafiador. Eu deveria saber. - Eu diria apaixonante, mesmo não querendo dar esse gostinho à você. Confesso que há sérios riscos de que Gillian se apaixone. - Ele riu. 

— Só ela? - Ele perguntou, e sinceramente manter a compostura naquele momento foi um trabalho árduo. 

— Não me provoque, Taylor. Sabe que esse caminho é perigoso. - Alertei, mas nenhum dos dois de fato se importava com o quão perigoso poderia ser. Ainda assim, parecia sensato alerta-lo. Se bem que o alerta era mais para mim do que para ele, realmente. 

— Tem razão. Me desculpe. Deveríamos pegar leve nos flertes. - Ele disse, sem qualquer convicção em sua voz. - Eu preciso ir. Se cuida, tá? 

Eu apenas assenti, sorrindo levemente. Mac se aproximou, ainda com as mãos nos bolsos, e deixou um beijo carinhoso em minha testa. Depois eu o vi sair da sala, e me permiti soltar o ar que parecia estar preso desde o momento em que o vi. 

•••

Mac

Já havia passado um bom tempo desde que chegamos à festa. Cumprimentei algumas pessoas e me sentei, limitando-me a apenas observar o movimento, desde então. 

Olhei mais à frente, onde havia uma rodinha com algumas pessoas. A maioria políticos e chefes de departamento puxando saco do prefeito que, pela sua cara, não queria estar na festa tanto quanto eu. 

Normalmente eu ia à essas festas com Stella, o que tornava tudo consideravelmente mais fácil. Nós apenas marcávamos nossa presença por uma ou duas horas e depois íamos embora sem qualquer aviso prévio. Já Gillian parecia realmente gostar daquele ambiente, pois só a vi uma ou duas vezes desde que chegamos. 

Já passavam das 22h quando peguei meu celular e mandei uma mensagem para Stella, apenas para me certificar de que ela ainda estava acordada. Quando ela me respondeu, alguns minutos depois, eu me levantei e dei um aceno para Gillian de longe, que logo o retribuiu, e depois saí do salão. 

Pedi o carro ao manobrista e esperei pacientemente por alguns minutos, enquanto sentia o vento gelado da noite me lembrar que um smoking não é páreo para o inverno intenso de Nova York. Antes que o frio se tornasse drasticamente desconfortável, o manobrista reapareceu com o meu carro. 

Durante o não tão longo trajeto até seu apartamento, reparei na fraca neve que começara a cair. Stella sempre ficava vislumbrada com esse fenômeno que, de acordo com ela, era o mais impressionante e mais belo que existia. Passar no meu apartamento após o turno em dias assim tornou-se quase que tradição, apenas para que ela pudesse contemplar a neve através da minha sacada. 

Estacionei em frente ao prédio alguns poucos minutos depois. Ergui os olhos em direção a sua janela e notei as luzes acesas. Sorri levemente ao pensar que ela provavelmente revirou na cama várias vezes antes de desistir de tentar dormir cedo. 

Saí do carro, puxando o smoking um pouco mais numa tentativa falha de que ele me aquecesse. Andei à passos largos até a portaria. Carl encarava algo no computador distraidamente enquanto tomava um gole de seu café. 

— Boa noite, Carl. - Ele me olhou e sorriu. 

— Senhor Taylor, como vai? Faz tempo que não o vejo. - O rapaz, que aparentava não ter mais do que 30 anos, afastou a cadeira e se levantou, estendendo a mão na minha direção. 

— Eu estou bem, obrigado. - Respondi, cumprimentando-o. - É a correria. Não sobra tempo pra muita coisa. 

— Entendo. Bom, dessa vez o elevador está funcionando. - Comentou, apontando em direção ao mesmo. Agradeci mentalmente por isso. - Quer que eu avise a senhorita Bonasera que está aqui, ou prefere subir direto? 

— Eu já avisei a ela, mas obrigado Carl. - Não era exatamente verdade, mas também não era exatamente mentira. - Tenha um bom turno. - Observei uma senhora sair do elevador e então eu entrei, dando um último aceno para Carl antes de as portas se fecharem. 

Quando vi meu reflexo no espelho que cobria a parede do fundo, lembrei-me instantaneamente de Stella em seu escritório mais cedo. De acordo com ela, eu estava "apaixonante". Sorri com a lembrança e passei a ajeitar o smoking e a gravata. Em seguida, alisei meus cabelos com uma das mãos, abaixando alguns fios que se rebelaram por conta do vento. Eu queria estar impecável, o suficiente para ver aquele olhar no rosto dela novamente. 

Quando as portas se abriram, segui pelo corredor até os fundos e parei em frente a sua porta. Toquei a campainha uma única vez e me afastei, pondo as mãos nos bolsos. Em poucos segundos escutei os passos dela se aproximando e dei uma última ajeitada na gravata, por precaução. 

— Oi. - Ela disse ao abrir a porta. Quando eu ia cumprimenta-la, as palavras simplesmente fugiram de mim. Meus olhos correram pelo longo vestido amarelo florido que ela usava. Aquela sim era a definição de "apaixonante". - Eu não consegui dormir então resolvi separar alguns vestidos que não uso há um tempo para doar. 

— Menos esse, certo? - Indaguei, quase que em tom de súplica. Stella soltou uma risadinha e chegou para o lado, me dando espaço para entrar. 

— Você gostou? - Ela me perguntou após fechar a porta, mantendo um sorrisinho travesso no rosto. 

— O quão sincero você quer que eu seja? - Questionei, repetindo sua fala de algumas horas atrás. Assim como eu, ela apenas me lançou um olhar desafiador. - Você está perfeita. - Vi o exato momento em que o rubor surgiu nas bochechas dela e seu olhar meio tímido se desviou do meu. No entanto, aquele lindo sorriso continuava presente em seus lábios. 

— Tenho mais alguns vestidos pra experimentar. Uma opinião seria bem-vinda. - Eu assenti de imediato, o que a fez rir. Ela se aproximou e pôs a mão na gravata, retirando-a cuidadosamente. - Hora de se sentir a vontade, Taylor. Esqueceu da regra da gravata? 

Sim, ela havia criado uma regra sobre gravatas. Ela me proibiu de ficar no apartamento dela de gravata, a não ser que fôssemos para alguma festa ou qualquer outro compromisso justificável. Nesse caso, a gravata estava fora de cogitação. Mas, enquanto ela a tirava, pude ver aquele olhar novamente.

— Esqueci da regra. - Comentei, sorrindo levemente. Stella a colocou sobre a mesinha de centro e desabotoou os dois primeiros botões da minha camisa social. 

— Gosto de como você fica todo elegante com roupa social. - Ela admitiu, ajeitando a gola da camisa. 

— Ah, é? - Ela ergueu os olhos, encontrando com os meus. Suas mãos continuaram em meu peito, mesmo depois de terminar de me ajeitar. Tirei uma das mãos do bolso e a coloquei em sua cintura, notando o sorrisinho travesso surgir no rosto dela. 

— Isso parece um pouco mais do que apenas flertes inocentes. - Ela disse, me fazendo rir. 

— Sabe que os nossos flertes já não são tão inocentes há um tempo. - Confessei. Stella mordeu o lábio inferior, reprimindo um sorriso. 

— Não disse que deveríamos pegar mais leve? - O tom provocador em sua voz fez com que pela segunda vez naquela noite as palavras simplesmente fugissem. Tirei minha mão de sua cintura e a levei até seu queixo, trazendo seu rosto para mais perto. 

— Podemos começar a pegar leve amanhã? - Naquele momento notei um brilho diferente surgir em seus olhos. Ela apenas sorriu, e não se afastou. Suas mãos desceram até minha cintura e, sem eu perceber, ela retirou o celular do meu bolso e o ergueu. 

— Pode ser importante. - Disse ela. Eu o peguei e, com um suspiro, li a mensagem que havia recebido. 

— É o Don. Houve uma troca de tiros na Times Square. Duas vítimas. - Guardei o celular de volta no bolso e a olhei. - Tenho que ir. Estou de plantão. 

— Tudo bem. - Reaproximei minha mão de seu rosto, pondo alguns cachos atrás da sua orelha. 

— Eu adoraria ter ajuda da minha parceira, se não for um pedido muito injusto. - Ela apertou os olhos, como se soubesse que havia mais por trás daquele meu pedido, do que eu estava contando. - Não me culpe por querer ter sua companhia pelo máximo de tempo possível. - Ela riu levemente. 

— Então quer minha companhia? Não era você quem estava numa festa com a Gillian? - Ela me provocou, cruzando os braços. 

— Gillian me convidou para que eu pudesse conhecer algumas pessoas interessadas em custear equipamentos para o laboratório. Não estávamos juntos. Não como acompanhantes. - Afirmei, vendo-a se esforçar para esconder o sorriso que teimava em aparecer. - Não precisa esconder sua felicidade em saber disso. 

— Não abuse, Taylor. - Ordenou, fingindo seriedade. - Eu vou com você. Talvez eu não esteja pronta para encerrar a noite também. 

Ela se afastou, antes que eu pudesse fazer qualquer comentário. Eu a vi caminhar até o quarto enquanto segurava o vestido para que o mesmo não arrastasse no chão. Antes de entrar, Stella me olhou uma última vez. 

Nós éramos bons em decifrar os olhares um do outro. Era a forma que usávamos para nos comunicar no trabalho, quando usar as palavras estava fora de cogitação. Naquele momento, seu olhar estava carregado de provocação. Stella Bonasera sabia que com apenas um olhar poderia ter o que quisesse de mim. 

Ela sim tinha um charme infalível. 

Continue... 


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