Lírio Branco escrita por Nina Braes


Capítulo 2
Garota Mestiça




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Charlotte se aproximou da mesa da grifinória no café da manhã com a lista de horários na mão

— Vamos ter praticamente todas as aulas juntas! – Disse Ginny chacoalhando seu horário no ar, sorrindo.

— Sim! – Respondeu animada sentando-se na mesa, acenando e sorrindo para Harry, Rony e Hermione. Se tivesse um pouco mais de intimidade, teria perguntado sem rodeios a Harry o que aconteceu para chegar com o nariz sangrando na noite anterior, mas achou mais sensato perguntar a Ginny quando estivessem sozinhas – Como foi a viagem?

Ginny começou recentemente a sair com Dino Thomas e, pela primeira vez em alguns anos, fez a viagem para Hogwarts longe de Charlotte.

Jurando a si mesma que não se sentiu um pouco abandonada, Charlotte se juntou a um vagão com outras garotas do quinto ano.

A garota de longos cabelos ruivos contou detalhe por detalhe de seu encontro com Dino, Charlotte, ainda sentada ao seu lado, concordava com a cabeça e tentava prestar atenção.

— Mas não fiquei o tempo todo com ele, Slughorn me viu azarando Smith e me chamou para almoçar com ele…

— Ginny! – Charlotte começou a ralhar com a amiga – Espera, Slughorn o novo professor? 

— Ele está montando uma espécie de grupo bizarro, me chamou por que me achou talentosa  – Charlotte a olhava curiosa e com as sobrancelhas arqueadas – chamou vários alunos que ele acha importante ou que tem algum parente influente no ministério. Harry e Neville estavam lá também, e Zabini, da sonserina.

Os olhos da garota se lançaram para a mesa da sonserina, procurando por Zabini. Toda garota desse castelo conhecia Zabini, um dos garotos mais bonitos de Hogwarts.

— Você sabia que a mãe dele teve sete maridos? – Continuou, dessa vez se levantando para ir a aula – Todos morreram misteriosamente.

— Já ouvi algo sobre isso – Respondeu a garota ao seu lado, indo em direção a aula de poções – Pensei que fosse apenas fofoca.

Era bom estar em Hogwarts novamente, caminhar por corredores carregados de alunos, quadros, fantasmas e, agora, de aurores.

A segurança no castelo foi extremamente reforçada esse ano, com diversos feitiços de escudo e aurores distribuídos pelo castelo. Para felicidade das garotas, Tonks estava entre eles.

— Bom, não é.

— Sete maridos e nunca acharam nada contra ela – Charlotte voltou a franzir as sobrancelhas – Ela deve ser brilhante.

— E muito cruel – Pontuou Ginny. Sua voz diminuiu e ela chegou mais perto – Malfoy quebrou o nariz de Harry ontem, por isso que chegou atrasado e coberto de sangue. Harry entrou no vagão com a capa da invisibilidade e lá estava ele se gabando para sua turma de que seria útil para o lorde das trevas esse ano.

Charlotte vira rosto para a amiga com olhos arregalados, conhecia Ginny suficientemente bem para saber que a voz de Ginny tinha uma preocupação.

— É Malfoy, ele só estava jogando palavras ao vento. Deve estar fazendo de tudo para ganhar um pouco de credibilidade novamente agora que seu pai é um presidiário. Marieta ouviu ontem de uma garota da sonserina no trêm que ele perdeu respeito depois do ministério, não duvidaria que começasse uma briguinha de egos na sonserina, provavelmente alguém vai tentar desafiar Malfoy agora – Charlotte contou, deixando de lado o fato de que Marieta não era uma fonte muito confiável, a informação fazia sentido.

— Não tinha pensado em qual patético ele é com o pai preso, não foi convidado para o almoço de Slughorn –Disse a ruiva passando ao lado de Charlotte pela porta da sala nas masmorras. As duas garotas pararam pararam bruscamente ao encontrar o bruxo rechonchudo na mesa de Snape – Desculpe, professor. Pensei ter entrado na sala de poções.

— Srta. Weasley – Cumprimentou entusiasmado – Pensou certo! Sou o novo professor de poções.

As duas garotas trocaram olhares, surpresas.

— O professor Snape agora é mestre de defesa contra as artes das trevas – Explicou Slughorn. Charlotte pode ouvir Ginny lamentar baixinho ao seu lado – Venham, sentem.

Sentaram-se lado a lado na mesa mais próxima de Slughorn, que terminava de arrumar a mesa que agora era sua.

— E a senhorita é…? – Perguntou, ainda sorridente.

— Charlotte Walsh, senhor.

O velho pareceu pensar alguns segundos.

— Walsh? – Murmurou para si mesmo – É nascida trouxa, senhorita? Não conheço esse nome.

Charlotte arregalou os olhos antes mesmo que pudesse se controlar. Ficou chocada com a falta de pudor de Slughorn em perguntar algo assim de maneira tão direta.

— Sem nenhum preconceito, claro – O professor rapidamente se pôs a dizer, ao ver o choque da garota – Apenas a título de curiosidade.

— Pai trouxa e mãe bruxa – Charlotte decidiu responder, ainda um constrangida e sem jeito – Mas ela não está mais viva, Elen Leroy.

Slughorn olhou assustado para a garota, foi sua vez de arregalar os olhos, derrubando pequenos frascos que em sua mesa, deixando Charlotte ainda mais desconfortável, lançou um breve olhar para Ginny, somente para constatar que a amiga também dividia do mesmo desconforto.

— Elen? Elen Leroy? – Finalmente o velho voltou a falar, o entusiasmo em sua voz aumentou consideravelmente – Você é filha de Elen? Isso é incrivel. Ouvi dizer que ela havia tido um filho, mas pensei que eram apenas boatos, uma de minhas melhores alunas! 

Para sorte de Charlotte, os outros alunos começaram a entrar pela porta e, ao demonstrarem a mesma surpresa que as garotas, precisaram da atenção do professor para explicar a situação. 

A aula de Slughorn era infinitamente mais leve e divertida que a de Snape, o novo professor deixará a matéria, que já era a preferida da garota, ainda melhor.

Na primeira aula, Slughorn ensinou sobre nomenclaturas de poções sempre cobradas no N.O.Ms, ingredientes que usariam nesse ano letivo, além de introduzir as poções que fariam. Passou também uma simples poção de 

— Bizarro! Absolutamente bizarro – Charlotte exclamou assim que estavam longe o suficiente da sala nas masmorras, passando por uma horda de alunos indo na direção contrária – O que foi aquilo?

— Piração, né? – Ginny respondeu – Ele parecia gostar mesmo da sua mãe.

— Sim – respondeu – É a primeira vez que um professor cita ela.

Elen Leroy morreu meses depois de Charlotte nascer, seu pai dizia que Elen era a única Leroy ainda viva e por isso, não conhecia nenhum outro membro da família. Quando veio para seu primeiro ano em Hogwarts, estava decidida a obter toda informação sobre Elen que conseguisse, acabou desistindo da ideia quando o Basilisco começou a fazer suas vítimas e todos associaram isso aos alunos da sonserina, casa a qual sua mãe pertencerá em seus anos na escola. Charlotte teve medo que sua mãe fosse tão cruel quanto qualquer sonserino, como Lucius Malfoy, que deu a Ginny o diário que a fez fazer o que fez no primeiro ano, medo que ela fosse tão desagravel quanto Snape, tão cruel quanto o próprio lord das trevas ou tão patética como qualquer garota sonserina como Parkinson ou Bulstrode. Ver Slughorn falando dela como uma de suas melhores alunas cutucou uma ferida já cicatrizada, fazendo-a sangrar novamente com a vontade de saber mais sobre Elen. 

O que mais as duas tinham em comum além do gosto por poções? 

— Sua poção ficou muito boa hoje – Ginny elogiou, percebendo o incômodo interno de Charlotte.

— Tinha que ter ficado mesmo, li ela no livro umas duas vezes antes da aula de hoje – Disse sorrindo.

 

— Snape é, definitivamente, o pior professor de defesa contra as artes das trevas de todos os tempos – Ginny disse enquanto se jogava em um banco perto do salão principal e colocava as mãos na cabeça, ao fim do dia.

— Umbridge literalmente torturava alunos no ano passado – Lembrou Charlotte jogando o cabelo castanho e liso para trás e apoiando o corpo em uma pilastra próxima. 

— Ok, Snape é o segundo pior.

— Já sinto falta das férias – Colin Creevey se lamentou sentando ao lado de Ginny – Sprout passou 30 centímetros de pergaminho sobre bocas-de-guincho – Se prepare, Binns passou 45 centímetros sobre a guerra dos gigantes – Charlotte aproveitou para reclamar também.

— Eu não sinto – Disse a ruiva irredutível – Prefiro fazer 20 trabalhos a ficar com Fleuma por mais uma semana!

A amiga lançou um olhar afiado para Ginny. As duas discordavam de diversas coisas, da maioria, e uma delas era a respeito de Fleur Delacour, que se casaria em breve com o irmão de Ginny. Charlotte aceitava que Fleur era um pouco irritante às vezes, mas gostava de gastar o francês que seu pai a obrigava a aprender desde bem novinha, desenvolveu uma espécie de quase amizade com os alunos de beauxbatons durante o torneio tribruxo.

Charlotte ficou em silêncio, fitando o chão, nem mesmo  aula de História da Magia, lecionada por um fantasma incrivelmente chato e monótono que costuma dar sono em uma turma inteira, fez a garota relaxar após a aula de Slughorn, pensou em sua mãe o dia inteiro.

Elen estava morta, Charlotte podia até fugir do passado de sua mãe, mas isso não iria mudá-lo.  Elen foi quem foi e, boa ou má, Charlotte estava pronta para conhecê-la.

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Alguns dias haviam se passado desde a primeira aula de poções, Charlotte ainda não sabia se teria coragem de perguntar sobre detalhes da vida de sua mãe para Slughorn, tão pouco escreveu a seu pai perguntando, era, de fato, um tema delicado e com certeza deixaria Frank desconfortável.

O bom de andar com Ginny é que sua vida estava sempre em movimento, hoje Ginny realizaria o teste para o time de quadribol. Charlotte estaria lá torcendo por ela, mesmo não sendo da mesma casa.

— Não sei se vou conseguir, vai ter vários alunos do sexto e sétimo ano – Disse a garota contraindo os lábios.

— Claro que vai, você é a mais brutal e agressiva jogadora de quadribol de Hogwarts, eu teria você no time da corvinal se fosse possível. Só vou assistir esse teste na esperança de você quebrar o braço de alguém – Brincou a morena, dando um sorriso de canto – Toma, Luna me deu isso a uns anos, disse que é um amuleto contra azar, coisa da Luna, sabe?

Entregou a Ginny um pequeno amuleto de formato estranho que sempre carregava em sua bolsa. Não acreditava que aquilo realmente funcionava, mas acho fofo o presente da colega de quarto, carregava consigo dentro da bolsa, assim como deixava o filtro dos sonhos dado pela mesma embaixo do travesseiro desde sempre.

Ginny, mais alta que Charlotte, passou o braço por seu ombro, dando uma espécie de abraço.

— Obrigada, Lottie.

Os testes estavam sendo tudo que Charlotte esperará, sentou na arquibancada embaixo de um céu cinza como a fumaça e com um vento que jogava seus cabelos para trás, adorava a sensação do vento em seu rosto. Durante uma hora, a garota viu alguns alunos se acidentando e Ginny conseguindo a vaga de artilheira, de bônus viu Harry, que agora era o capitão do time, ameaçando azarar alguns alunos. A diversão acabará depois disso, mas Charlotte decidiu ficar para apoiar Rony.

— Nunca te vi em nenhum teste da Corvinal – Disse uma voz masculina ao seu lado. Charlotte olhou na direção da voz apenas para encontrar Thomas McGruder em pé ao seu lado, de braços cruzados e sobrancelhas levantadas.

Thomas era o novo capitão do time da corvinal, tinha cabelos e olhos pretos, além de ser bem alto, praticamente todas as garotas da corvinal possuíam uma quedinha pelo garoto, que era sempre carismático no salão comunal.

Sorriu involuntariamente, sentindo as bochechas queimarem. Vinha observando Thomas de longe a algum tempo, sempre atrás de algum objeto e sem a menor intenção de trocar qualquer palavra com ele que não fosse o “olá”, “bom dia” ou “boa noite” que davam um para o outro de maneira educada sempre que se esbarram.

— Só estou aqui por ela – Disse ainda sorrindo, apontando com a cabeça em direção a amiga no campo. 

— Você não joga? – Perguntou, agora sentando ao seu lado. A garota desejou que o chão da arquibancada a engolisse, sentindo seu estômago se revirar com a proximidade.

Apenas balança a cabeça negativamente, com medo de tentar falar algo e gaguejar. Thomas apenas ficou ali, sentado ao seu lado e assistindo o jogo que, a essa altura, Charlotte não prestava mais atenção.

— Por que você está assistindo o teste? – Perguntou finalmente, tirando uma mecha de cabelo do seu rosto, quando virou seu rosto para falar com o garoto.

— Estudando os inimigos – Brincou o garoto, desviando o rosto do de Charlotte quando ouviu gritos vindo do campo, colocando-se de pé – Weasley como goleiro, ótimo. Nossos testes vão acontecer daqui dois dias, espero te ver lá, tem que torcer pela corvinal também.

O garoto virou e saiu antes que a garota tivesse chance de responder, se levantando e correndo em direção a Ginny, abraçando-a

— Eu disse! Eu disse que você conseguiria – Deu outro apertão na garota.

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