Lírio Branco escrita por Nina Braes


Capítulo 1
Retorno à Hogwarts




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Charlotte Walsh olha para o relógio em seu pulso, uma brisa leve balançou seus cabelos longos e castanhos.

— Faltam alguns minutos, melhor eu ir indo, não quero desencontrar dos Weasley – Diz a garota, se virando para seu pai e sua avó, ambos encostados no carro da família Walsh.

— Não esqueça de escrever semanalmente, querida – Disse Cinthia Walsh dando um abraço demorado, apertado na neta.

Cinthia possuía cabelos grisalhos até a altura dos ombros, usava brincos e colar de pérola, Charlotte podia sentir o perfume floral que a senhora costumava descrever como o perfume perfeito e apropriado para sua idade. Frequentava a missa próxima a casa dos Walsh todos os domingos de manhãs, aproveitando, quase sempre, para convidar as outras senhoras para chás da tarde e jantares, exibindo orquídeas, caminhos de mesa e bordados que a mesma cultivava e fazia.

Frank, filho único de Cinthia, passava as mãos pelo cabelo ondulado, inquieto e inseguro, olhando para os lados e balançando a perna. Charlotte nunca viu seu pai dessa maneira e, achou que o nervosismo não combinou com o professor de literatura que regularmente publicava algumas poesias no jornal londrino e que recentemente publicará seu primeiro livro. 

Até mesmo os dois trouxas percebiam a sua frente percebiam a tensão no ar, informados pelo senhor e senhora Weasley sobre a situação do mundo bruxo e sobre a real sobre as desgraças que vinham acontecendo no mundo trouxa. Quando Cindy finalmente soltou Charlotte, Frank a abraçou.

— As regras continuam valendo, Lottie – Disse Frank, soltando o abraço apenas para segurar a garota pelos ombros.

—  Já sei, já sei – resmungou tentando se livrar dos braços de seu pai, percebendo o mesmo só a soltaria depois de repetir as regras, como faziam todos os anos –  Não arrumar problemas, não me ferir gravemente, ficar longe dos garotos e não me apaixonar.

Revirou os olhos enquanto recitava as regras impostas por Frank desde seu primeiro ano em Hogwarts. Pegou a mala pequena que Molly Weasley encantou para ela com um feitiço de expansão. 

Despediu-se da avó chorosa e caminhou sozinha para o caldeirão furado, puxando o capuz da capa que vestirá quando sairá da vista dos trouxas e entrava no estabelecimento da maneira mais quieta e discreta que conseguiu, como orientou o senhor Weasley.

O estabelecimento estava cheio de pessoas andando em grupo e murmurando entre si, a maioria estava com o capuz puxado sobre suas cabeças.

Charlotte sentiu seu estômago revirar enquanto caminhava em direção aos fundos, onde entraria no beco. A varinha estava em sua mão por baixo da capa, mas isso não a deixou menos apreensiva, relembrava mentalmente todos os feitiços que Harry Potter havia ensinado no ano letivo anterior na Armada de Dumbledore e, mesmo que defesa contra artes das trevas fosse o seu forte, a chance de conseguir se defender de qualquer um desses bruxos encapuzados não saia dos 5%. 

Repassou a carta que recebeu da senhora semanas antes, onde a convidava para passar o resto das férias em sua casa, onde estaria segura e poderia ser encaminhada para hogwarts em maior segurança. Charlotte recusará o convite para conseguir acompanhar seu pai no lançamento do livro que aconteceria apenas nas semanas seguintes. Agora, com a mão tremendo e gelada de nervoso, desejou ter abandonado seu pai e o lançamento do romance. 

Pensou que seu coração batendo forte iria matá-la antes de qualquer bruxo das trevas quando viu os Weasleys, respirando aliviada e andando rapidamente em direção a família que acenava em sua direção, se jogando no abraço de Molly, que a apertou em seus braços. 

— Que bom chegou, Charlotte – Disse quando se soltaram e a garota apertou a mão de Arthur Weasley, percebendo quanto Molly estava muito nervosa também.

Sorriu e acenou para Rony, Hermione, Hagrid e Harry enquanto cruzava os braços com Ginny, andando colada com ela, na situação em que estavam, não abria espaço para abraços calorosos com todos. Os aurores que cercavam a família passou, ao mesmo tempo, uma segurança e um terror a mais, precisar de tanta segurança assim para comprar livros e caldeirões mostrava o quão preocupante era a situação em que estavam.

— Gui retirou da sua conta em Gringotes, muita fila lá dentro –  Disse senhor Weasley entregando um pequeno saco de dinheiro na mão da garota, que agradeceu rapidamente guardou embaixo de sua capa.

Enquanto Harry, Rony, Hermione e Hagrid seguiam para Madame Malkin buscando por uniformes novos, Ginny, seus pais e Charlotte seguiram para a Floreios e Borrões comprar os livros necessários daquele ano letivo. A separação deixou a senhora Weasley mais ansiosa do que estava.

Floreios e Borrões estava lotada de pessoas, como nos anos anteriores, a diferença é que o ambiente, geralmente agradável, estava sombrio, denso e cheios de olhares de canto suspeitos.

Charlotte segurou mais forte no braço de Ginny, sempre acreditará em Harry e sabia da volta do Lord das Trevas desde o torneio tribruxo, mas foi somente no ano passado, depois do ataque que Arthur Weasley sofreu e depois da batalha no  departamento de mistérios, que levou o padrinho de Harry, que a garota passou realmente a se preocupar com isso, percebendo que o carinho que sentia pelas pessoas não as colocavam dentro de um escudo.

— Esse livro não é do nosso ano – Apontou Ginny quando Charlotte adicionou um livro do sexto ano na pilha de livros do quinto ano.

— Vou dar uma olhada nele se tiver tempo, acho bom antecipar qualquer coisa

— Respondeu franzindo o cenho, levantando levemente a cabeça para olhar para a garota ruiva – Apenas se tiver tempo, com os N.O.M.s  as coisas vão ficar um pouco apertadas…

Ginny aproximou o rosto mais perto e levantou as sobrancelhas.

— Vai continuar vendendo trabalhos para os sonserinos? – Perguntou, sua voz afiada como uma lâmina. Pelo tempo de amizade com Ginny, Charlotte sabia que dependendo de sua resposta, estava muito perto de uma briga.

— Com os pais deles envolvidos até o pescoço com você-sabe-quem? Não, obrigada – respondeu dando as costas para a ruiva e pegando outros livros.

Charlotte começou a fazer os trabalhos dos alunos da sonserina em troca de alguns sicles, principalmente de Bulstrode e Nott, no seu segundo ano em Hogwarts. Tudo começou quando Bulstrode havia segurado a garota pelo colarinho do uniforme e a obrigará a fazer um trabalho extenso de transfiguração. Emília, que provavelmente pesava o dobro de Charlotte e era muito mais alta que a mesma, continuou explorando-a, até que Ginny, que sempre teve um talento para azarações, a defendeu.

Acontece que aquela altura, Charlotte já havia desenvolvido certo deleite na situação, gostava de como Bulstrode devolvia o trabalho que a garota, mesmo um ano anterior ao dela, com uma nota satisfatoriamente alta. Disse a Bulstrode, então, que faria sim os trabalhos da garota, desde que a mesma pagasse. A garota ficou surpresa quando Bulstrode aceitou a oferta e ganhou bons trocados bruxos dando aulas particulares de revisão, tentando ensinar algo para que a garota pudesse ter um desempenho minimamente decente no seus N.O.M.s.

As garotas se aproximaram novamente dos pais de Ginny quando pegaram todos os livros que precisavam, fizeram uma cara confusa quando viram que a pilha de livros de Charlotte era quase o dobro de tamanho, mas não questionaram.

O grupo voltou a se unir ao saírem da Floreios e Borrões, passando no boticário para comprarem ingredientes para poções. 

Ficou tão nervosa em ter que encontrar os Weasley sozinha que esquecerá completamente da loja de logros que Fred e George abriram. Mesmo de longe, era possível ver o brilho da loja.

Diferente de todo beco diagonal, a loja permanecia iluminada e visualmente alegre, os olhos dos mais novos se iluminaram, Charlotte pensou que seu queixo iria cair de seu rosto quando se aproximaram do letreiro brilhante em que se lia

“Para que se preocupar com Você-Sabe-Quem?

DEVIA mais era se preocupar com 

O-APERTO-VOCÊ-SABE-ONDE

a prisão de ventre que acometeu a nação”

Loucos! Os mais loucos de todo o mundo! repetia em sua mente enquanto ouvia a reação do grupo com que estava, os garotos gargalhavam e a senhora Weasley transbordava preocupação.

A loja dos gêmeos pareciam um portal que transportou todos ali dentro para outro continente, onde bruxos das trevas não ressurgiram. 

Charlotte abraçou forte os gêmeos quando os viu, estava com saudades e só de pensar em estar em Hogwarts sem os garotos lhe dava uma sensação de abandono.

— Está lindo, eu amei tudo – Disse a Fred enquanto seus olhos percorriam a loja, seu tom um pouco mais alto, para que pudesse escutá-la – Quero trabalhar aqui!

— Vamos ver o que podemos fazer por você quando terminar a escola –brincou Fred, mostrando os produtos da loja.

A simples menção de Hogwarts fez Charlotte murchar um pouco.

— Vou sentir falta de ver vocês todos os dias. – Falou, seu olhar se entristeceu.

Fred passou o braço em seu ombro.

— Também vamos sentir sua falta, mas vamos nos ver nas férias e feriados – Disse, tentando animar  a garota.

Charlotte saiu da loja com alguns alguns Marca Negra Comestíveis e um mini-pufe rosa, combinando com o mini-pufe roxo de Ginny.

A volta para para a toca foi em um carro trouxa cedido pelo ministério, Sr. Weasley, entusiasta de artigos trouxas, parecia extremamente entusiasmado.

— Bacana, hein? – disse inclinando seu corpo em direção – Acho que seu pai gostaria.

Os pais de Ginny haviam conhecido intimamente a família de Charlotte ano passado, em um jantar destinado a contar aos trouxas que as coisas poderiam ficar complicadas no mundo bruxo.

Assim como as garotas, as famílias se deram muito bem. Frank levou o Arthur Weasley para dar uma volta no carro da família Walsh e terminaram a noite, regada a um pouco de bebida alcoólica, com Frank e Cindy cantando músicas famosas no mundo trouxa para mostrar ao casal bruxo. Os Weasley fizeram a mesma coisa com músicas bruxas.

Molly cantou “Um caldeirão cheio de amor quente e forte”, música especial para ela e Arthur, umas duas vezes, a família de Charlotte não percebeu a repetição da música, aplaudindo Molly as duas vezes. A ocasião deixou as jovens bruxas extremamente constrangidas mas, desde então,  os quatro cultivavam uma amizade.

— Acho que sim – Respondeu a garota no banco de trás.

˗˗˗˗˗˗˗˗ˏˋ ♥ ´ˎ˗˗˗˗˗˗˗˗

A luz da manhã entrava pela janela do quarto de Ginny, sentada na cama, conversava com Hermione e Charlotte, com quem dividiu os últimos dias.

Hermione mostrava suas notas no N.O.M.s com Charlotte que, como uma boa Corvina, já estabelecia quais métodos de estudo usaria para se preparar para o exame.

— Você acha que a maioria foi bem? – Perguntou Charlotte enquanto prendia seu cabelo castanho em um rabo de cavalo

— Não sei… Não estava muito fácil, na verdade. Acho que a sala de poções vai estar praticamente vazia, Snape exige um “ótimo” para continuar. Harry e Rony conseguiram um “excede expectativas”.

Ginny aproveitou a menção do nome dos garotos para mudar de assunto.

— Harry está meio obcecado, não é? – Ginny mudou de assunto, enquanto cruzava as pernas.

Harry passou os últimos dias das férias falando sem parar em Draco Malfoy e em sua visita à loja Borgin & Burkes, pensando em todas as hipóteses possíveis para a atitude de Malfoy.

 – Entendo toda a preocupação – Disse Charlotte se encolhendo – Ele já perdeu muita gente. Pensei que estaria pior depois de Sirius.

— Mas você acha que ele está certo em algo? – Perguntou Hermione.

— Não – Respondeu a garota rapidamente – Acho que você-sabe-quem não escolheria como seu seguidor um garoto de 16 anos, ainda mais Malfoy, agora que seu pai foi preso.

As garotas passaram mais algum tempo conversando antes que precisassem partir para a estação.

A viagem para Hogwarts seguiu tranquila.


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Notas finais do capítulo

Ginny Weasley it girl do mundo bruxo.



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