Alguém tem que ceder escrita por Nara Garcia


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

MAIS UM!
Espero que gostem :)



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Mac estaciona em frente a um galpão abandonado numa rodovia há poucos quilômetros do centro. Ao sair do carro ele segue até o porta-malas, pegando seu colete e o colocando. Em seguida, Mac retira sua arma do coldre e caminha até a entrada do galpão. 

Cautelosamente, o ex-marine adentra o galpão com a arma em posição. Os raios de sol entravam através das frestas nas janelas quebradas, iluminando o suficiente para que ele enxergasse o que estava a sua frente. 

Alguns passos depois, Mac se aproxima de uma porta. A mesma estava trancada, obrigando-o a arromba-la. Dentro da sala havia um colchão e um pequeno rádio ao seu lado. O lugar é pequeno, diminuindo o tempo de sua busca por detalhes que possam ajudá-lo. 

Mac então volta para a parte principal do balcão, indo em direção aos fundos. Não havia muitas salas. Além daquela, outras duas foram encontradas no decorrer. Ambas escancaradas, sem nada dentro. O ex-marine suspira, decepcionado. Ele esperava encontrar Johnny Lawson, o dono do colchão e, até então, principal suspeito do seu caso. 

Mac para de andar assim que chega à porta, observando Stella recostada em seu próprio carro, usando colete. Com o cenho franzido, o detetive corre os olhos até a parte traseira do carro, onde Johnny está sentado utilizando algemas. 

— Eu o peguei tentando fugir. Não sabia quem ele era, mas dadas as circunstâncias achei que fosse seu cara. - Anuncia ao ver a confusão no rosto de Mac. 

— O que está fazendo aqui? - Questiona, exasperado.    

— Tentando te manter vivo. - Responde, dando alguns passos em sua direção. - O que deu em você pra vir até aqui sem reforço? - Ele não responde de imediato, apenas caminha até o seu carro que está na frente do de Stella. 

— Eu dou conta, Stella. 

— Ah, é mesmo? É por isso que tem um drogado dentro do meu carro? - Sua voz sai carregada de raiva e deboche. - Por que você está sendo tão irresponsável? 

Ele para abruptamente e se vira para olha-la. 

— Quer mesmo falar de responsabilidade agora? Sinceramente, eu... - Ela o interrompe, erguendo uma das mãos. Seus olhos rolam até Johnny, que os encarava com a boca aberta. - Ele está drogado, Stella. Vai esquecer tudo isso antes de chegarmos à delegacia. - Diz, retirando o colete. 

— Não vou discutir com você. Não foi pra isso que eu vim até aqui. 

— E pra que você veio? - Indaga, jogando o colete de volta no porta-malas. 

— Pra tentar colocar o mínimo de juízo na sua cabeça. E por que eu sou sua parceira, Mac. É isso o que os parceiros fazem, lembra? Tentam evitar que o outro se mate! - Exclama, levemente alterada. 

Mac solta uma risada, desacreditado.

— Irônico você querer usar nossa parceria como desculpa, não acha? - Ele se aproxima, mantendo apenas alguns centímetros seguros de distância. - Não é você quem tem problemas com ela? 

Stella abre a boca para falar, mas volta atrás e permanece em silêncio. Ela sabia que se continuasse, seria como um ciclo sem fim. Mac estava irritado, e agora ela também estava. Nada de bom sairia daquela conversa. 

— Como eu disse antes, não vim aqui pra discutir com você. - Diz com a voz calma, tentando mudar o rumo daquela conversa. - Eu só queria te ajudar. Sei que Sinclair está no seu pé e que você está sozinho nesse caso. 

— Por opção. - Responde, baixinho. Stella faz um esforço surreal para não revirar os olhos. 

— Mac, para de tentar puxar briga. Não vai funcionar. Não dessa vez. - Ele faz menção em falar, mas ela logo o interrompe. - Eu te encontro na delegacia, ok? - Ela então se vira, sem esperar por uma resposta. 

— Stella, espera. - Pede, calmamente. Ela se vira novamente, apenas para olha-lo. - Vai no meu carro. É mais fácil do que passá-lo para cá, já que ele caiu no sono. - Stella olha em direção ao seu carro, vendo Johnny em um sono bizarramente profundo. - Ele pode ter um surto quando acordar. Pode ser perigoso. 

Stella sabia que aquela era a forma dele de cuidar dela quando estavam brigados. Ele demonstraria preocupação, mas jamais admitiria. 

— Tudo bem. - Ela passa por ele e entra no carro. Ele a segue com seu olhar, em silêncio. - Eu vou te ajudar nesse caso. Então até que resolvamos isso, - ela gesticula com o dedo, alternando entre os dois. - precisamos dar uma trégua. - Ele assente, ainda em silêncio, e a vê arrancar com o carro. 

— Onde é que eu tô? - Grita uma voz exasperada vinda da parte de trás do carro de Stella. Mac bufa, evitando um revirar de olhos. 

— Achei que dormiria até a delegacia. - Murmura ele indo até o carro e adentrando-o. 

— Delegacia? Por que raios eu estou indo para a delegacia? - Johnny tinha os olhos arregalados enquanto segurava o encosto do banco da frente com suas mãos algemadas. - Olha, cara, eu juro que essas drogas eram minhas, ok? Eu não roubei de ninguém. 

Mac da partida no carro, aliviado por ele estar ali ao invés de Stella. 

— Não foi isso que Holly Bishop nos disse. - Mente, a fim de arrancar alguma informação de Johnny. 

— Holly? Mas ela não está morta? Não que eu tenha alguma coisa a ver com isso, é claro. - Diz, forçando um olhar inocente. - Mas, cá entre nós? Quem teve a ideia de matá-la com um taco de beisebol foi um gênio! 

— Ah, é? E como você sabe dessa informação? - Questiona Mac, observando-o brevemente através do retrovisor.

— Eu... Ah, sabe como é.. Eu ouvi por aí. - O homem se joga para trás, recostando no banco. 

— Engraçado você dizer isso, já que o taco não estava na cena. Ninguém além da minha equipe, e o assassino, é claro, tem essa informação. 

— Droga... - Sussurra Johnny, fechando os olhos. 

Mac sorri satisfeito enquanto segue pela estrada. 

•••

— Então esse é o nosso cara? - Don pergunta ao ver os dois amigos entrando na delegacia, acompanhados por um Johnny meio aéreo. 

— Tudo indica que sim. - Responde Mac. - Vou interroga-lo oficialmente antes que ele se esqueça do que me disse no carro. - Sem esperar por qualquer comentário, Mac puxa o suspeito pelo braço até a sala de interrogatório. Don e Stella os acompanham com o olhar. 

— Você acredita que ele entrou em um galpão abandonado sozinho? Ninguém sabia que ele estava lá, Don. Tive que pedir ao Adam para rastrea-lo. - Stella cruza os braços contra o peito e respira fundo, olhando na direção que o parceiro seguiu. 

— Esse é o Mac não tão cauteloso que surge quando sua mente está uma bagunça. - Diz Don, encarando a amiga. - Sei que não justifica, mas é o mecanismo de defesa dele. 

— O mecanismo de defesa dele é uma droga! - murmura, irritada. - Como ele pôde ser tão descuidado? O irônico é que se fosse eu a entrar em um balcão abandonado sozinha, tenho certeza que escutaria seu sermão por uma semana. Mac não deixaria barato. 

— Talvez é isso que você deva fazer. - Stella rola seus olhos até ele, confusa. - Não digo literalmente. Só o faça ver que, se fosse o contrário, ele ficaria louco! - O moreno alto desenha um sorriso travesso. - Você se importa com ele, Stella, mesmo com esse clima tenso entre vocês. Sei que ele não merece, mas.. Mostre isso a ele. 

— Acha que ele está fazendo isso para chamar minha atenção? Para ver se ainda me importo? - Flack da de ombros. - Mac não seria irresponsável a esse ponto. 

— Todos nós temos nossa fase irresponsável. Eu tive a minha, e vocês me ajudaram. Ajude-o também. - Don se vira e segue seu caminho até a sala de interrogatório, onde Mac está. Stella permanece parada por mais algum tempo, sentindo-se levemente irritada por tantas reflexões que Don estava jogando sobre seus ombros. 

Na sala, Mac tentava arrancar o máximo de informações de Johnny antes que ele novamente caísse no sono. Para sua sorte, Johnny gostava de se vangloriar pelo que tinha feito a Holly, sua ex-namorada. 

— Ela era louca! - Exclama, alterado. - Aliás, louca é pouco para descrevê-la. Holly tinha um parafuso a menos. Eu fiz um favor para a humanidade.

— O que você fez, Johnny? - Pergunta Mac, já sem paciência. 

— Ela disse que me encontraria na última quinta para conversarmos sobre a nossa sociedade. - Começa, logo sendo interrompido por Don. 

— Sociedade? É sério? - Indaga. Johnny consente. - Sobre o que era essa sociedade? 

— Eu tinha um bom fornecedor. Holly ficou com inveja e propôs uma sociedade. Como eu era um completo idiota na época, aceitei. Só que depois de um tempo, esse acordo começou a me trazer problemas. Como eu disse, Holly era louca. Sua loucura começou a atrapalhar meus negócios, então eu apenas desfiz a sociedade. - Explica. - Ela não aceitou, é claro, e me chamou pra conversar. 

— Só que o que era para ser apenas uma conversa se transformou em uma briga que saiu do controle. - Supõe Mac. Novamente, Johnny consente. 

— Eu perdi a cabeça, valeu? Mas, sabe o que é? Não me arrependo. Aquela mulher destruiu a minha vida. 

— E você destruiu a dela. - Mac arrasta a cadeira e se levanta, mas Johnny logo chama a sua atenção. 

— Ei, você e aquela mulher, a de cabelos cacheados, eu notei o clima tenso entre vocês. Acredite quando digo que é exatamente assim que começa. Vai chegar uma hora em que você vai chamá-la para uma conversa e ela estará te esperando com um taco de beisebol, irmão. 

Don não consegue segurar a risada. Mac morde o lábio inferior para reprimi-la, e ambos saem da sala. 

— Parece que hoje é seu dia de sorte. - Diz Don, referindo-se a resolução dos casos. 

— Stella facilitou as coisas não deixando esse cara fugir. - Admite Mac, olhando em volta. - Onde ela está? 

— Encostada no seu carro. - Mac olha para fora da delegacia e a vê distraída enquanto brinca com o chaveiro na mão. - Quando vocês forem conversar, certifique-se de que não há um taco de beisebol por perto. - Mac solta uma risadinha quase inaudível. Com um sorriso divertido nos lábios, Don se afasta. 

O ex-marine caminha até o lado de fora da delegacia, atraindo a atenção de Stella ao se aproximar. 

— Obrigado por esperar. 

— Tudo bem. - Responde, estendendo a chave na sua direção. Ele então a pega, mas não se afasta depois. 

— Eu tenho que voltar para o laboratório, mas.. Posso passar no seu apartamento mais tarde para conversarmos? E pra.. Você sabe, te agradecer pela ajuda. - Seu jeito meio envergonhado a faz sorrir um pouco. 

— Tudo bem. - Diz, simplesmente. Mac retira de seu bolso a chave do carro de Stella e entrega para ela. - Nos vemos depois então. 

Stella vai até o seu carro, que estava na frente do de Mac, sendo acompanhada pelos olhos dele. Em seguida ele entra em seu próprio carro, rumo ao laboratório. 

••• 

Stella decidiu seguir um caminho diferente para a sua casa. Era mais longe, 15 ou 20 minutos a mais do que o percurso padrão. Em compensação, a vista era fantástica! 

Ela percorria tranquilamente por uma estrada meio deserta, mas cercada por árvores dos dois lados. Seus olhos dançavam pela vista a sua frente, mais tranquila do que deveria naquele horário. Claramente, ela agradeceu por isso. 

Seus dedos fazem um rápido trajeto até o rádio, pondo em uma estação qualquer. Ela adorava viajar com uma música ambiente quando estava sozinha, apenas porque era melhor do que o barulho do motor do carro. 

Ela suspira e recosta um pouco mais no banco, batendo distraidamente os dedos contra o volante. De repente o pedido de Mac para ir ao seu apartamento invade seus pensamentos. Ela ainda estava chateada, e, devido aos últimos acontecimentos, irritada também. Mas, acima de tudo, ela realmente sentia falta dele. 

Stella nota um caminhão vindo no sentido contrário, e logo atrás um motorista apressado em seu carro querendo fazer uma ultrapassagem. Ela desacelera um pouco e nota que ele parece desistir, mas sua desistência dura apenas alguns instantes. 

O carro então da início a sua ultrapassagem, no entanto, o motorista do caminhão dificulta, acelerando ainda mais. Eles estão perigosamente próximos. Stella se assusta ao ver o carro vindo em sua direção. Para evitar uma batida em cheio, ela joga o carro para a sua direita, descendo a pequena ribanceira que havia e batendo em cheio numa árvore. Com o impacto, sua testa bate no volante antes que o cinto a puxe de volta, deixando um corte. Seus olhos se fecham com força ao sentir sua cabeça latejar e tudo a sua volta girar. 

— Ai - o sangue quente começa a escorrer pela lateral do seu rosto. Stella leva a mão a testa, tocando o corte levemente com a ponta dos dedos. - Droga. - Ela murmura. Tudo ainda parecia muito confuso e incerto. Ela vê um pouco de fumaça saindo da parte da frente do carro, e então a ficha do que havia acabado de acontecer, enfim, cai. 

Apesar da ribanceira não ser muito ingrime, era difícil verem-na de onde ela estava. As árvores tornavam tudo mais belo, mas também atrapalhavam a visão de quem passava pela estrada. 

Enquanto luta com todas as forças para não desmaiar, Stella retira o cinto e estica o braço até o banco do carona. Com certa dificuldade, ela abre sua bolsa e pega seu celular, pressionando um dos números na discagem rápida. 

•••

Mac bufa pela terceira ou quarta vez dentro de um curto espaço de tempo. Sua mesa estava cheia de papelada, e os últimos dois casos que resolvera geraram ainda mais relatórios. Se Stella estivesse lá, provavelmente aparecia em seu escritório dizendo que um almoço cairia bem, e que se afastar um pouco daquele monte de relatórios não faria mal algum. Ele então sorriria e, sem pensar duas vezes, a seguiria para fora do laboratório. 

O pensamento o faz sorrir. Ele da uma rápida olhada em seu relógio, ansiando para que o tempo passe mais rápido para que ele a encontre no fim do turno. Tudo o que ele mais queria era resolver toda essa bagunça que havia criado. Ele sentia falta dela. Sentia falta das conversas, dos sorrisos.. Ele sentia falta da companhia, do clima agradável que sempre havia entre eles. 

Ele sentia falta dela, por completo. 

Como num passe de mágicas, Mac vê o nome dela surgir no visor de seu celular. Ele então recosta na cadeira, ficando mais confortável, e o atende. Antes mesmo que pudesse cumprimenta-la, ele ouve sua voz sussurrada do outro lado da linha. 

— Mac, eu preciso da sua ajuda. - A voz arrastada trazia um tom meio melancólico, enviando sinais claros ao detetive de que algo estava errado. 

— Do que você precisa? O que aconteceu? - Ele empurra a cadeira e se levanta, se esforçando mentalmente para não pensar no pior. 

— Eu sofri um acidente. - Diz, baixinho. - Desviei de um carro que fazia uma ultrapassagem e acabei batendo em uma árvore. Eu estou bem. Inteira, pelo menos. - Anuncia, antecipando sua pergunta não dita. 

— Onde você está? - Mac pega seu terno e a chave do carro e vai até a porta. 

— Eu peguei um caminho diferente pra casa, mas não me lembro o nome da rua.. Tem muitas árvores em volta... - Ela suspira. - Eu.. Eu não me lembro.. Minha cabeça está doendo. 

— Ei, não se preocupe com isso. Eu vou te encontrar, está bem? Chego aí o mais rápido que der. - Com passos rápido, o detetive atravessa o corredor e entra como um furacão na sala onde Adam estava. - Adam, preciso que rastreie o celular da Stella e vá me guiando pelo celular, ok? 

— Tá... Tá bem, chefe. - Com os olhos arregalados, Adam começa a fazer o que Mac havia dito. 

Em pouquíssimos minutos Mac já estava na estrada. Ele seguiu até a delegacia e depois de lá passou a seguir as instruções de Adam, que estava no celular. Com as sirenes ligadas, ele diminuiu o tempo do percurso pela metade, chegando, enfim, ao local do acidente. 

Continue... 


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