Alguém tem que ceder escrita por Nara Garcia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Um acidente. Arrependimentos. Sentimentos postos à mesa. Preparados? :)



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Depois de parar no acostamento, Mac caminha até a beira da estrada, chegando ao local exato que Adam havia rastreado. Seus olhos rolam até o carro de Stella, fazendo seu coração disparar. O detetive então escorrega pela baixa ribanceira e corre em sua direção. 

— Stella! - Ele a chama ao se aproximar, abrindo a porta do carro. Ao encontrar aqueles olhos verdes que tanto amava, Mac suspira aliviado. 

— Você chegou rápido. - Ela esboça um meio sorriso. - Parece bem pior do que realmente é. Eu garanto. - Diz, notando os olhos cheios de preocupação de Mac. 

— Você se machucou em mais algum lugar? - Pergunta, receoso. Stella se mexe um pouco no banco, apenas para conferir se todos os seus membros estavam ok. 

— Não, só a testa. Eu só não me aventurei a sair do carro porque minha cabeça ainda está girando um pouco. - Ela leva uma das mãos a testa novamente, mas Mac a impede de tocar na ferida. 

— Vamos ao hospital ver isso, ok? - Ele entrelaça seus dedos nos dela, desenhando um pequeno sorriso em seus lábios a fim de passar confiança. - Vem, vamos tirar você daí. - Com cuidado, Mac a ajuda a sair do carro. Ele mantém as mãos em sua cintura, com medo de que ela caia. - Consegue ficar de pé? - Stella tem as mãos nos braços dele, tentando buscar algum equilíbrio. 

— Acho que sim. Só preciso de um minuto. - Ela recosta no carro e respira fundo. Mac aproveita e vai até o porta-malas do carro, pegando algumas gazes na maleta de Stella. Ele então volta e se aproxima dela, passando gentilmente a gaze pela sua testa e lateral do rosto, secando o sangue que havia escorrido. 

— Está doendo? - Indaga, referindo-se ao corte. 

— Só minha cabeça que dói. - Mac põe uma gaze limpa sobre o ferimento de Stella e ela o pressiona com as pontas dos dedos. - Da próxima vez acho que não vou me aventurar por um caminho novo. - Apesar do tom brincalhão, algumas poucas lágrimas escapolem de seus olhos marejados. Mac apenas a envolve cuidadosamente em seus braços. 

— Você não faz ideia do quanto estou feliz por você estar bem! - Confessa, acariciando seus cachos. - Eu não posso perder você, Stella. 

— Você não vai. - Ela diz, afastando-se o suficiente para olha-lo. - Não vai se livrar de mim, ok?

Mac sente seus próprios olhos lacrimejarem, mas nenhuma lágrima teima em rolar. Ele segura o rosto de Stella com suas mãos e se aproxima, deixando um beijo casto em sua testa. 

— Pronta para sair daqui? - Ela assente, mantendo a gaze pressionada contra o ferimento. Mac entra rapidamente no carro e pega a bolsa dela, pendurando-a em seu ombro antes de abraçar Stella de lado, segurando-a firmemente pela cintura.

— Não que eu me importe muito com isso agora, mas.. Qual é a situação do meu carro? 

Mac vira um pouco a cabeça, apenas para olhar a parte da frente do carro. Ele franze o cenho, tentando encontrar as palavras certas. 

— Olha, já vi situações piores. - Stella gargalha, atraindo o olhar de Mac. Ele sorri genuinamente, feliz por ouvir aquela risada. 

— Eu realmente deveria ter seguido o trajeto normal. - Murmura, mexendo a cabeça levemente contrariada. Eles começam a caminhar, devagar. 

— Não tinha como você saber. O importante é que você está viva e bem! - Seu polegar acaricia a cintura dela, como se necessitasse daquele toque para saber que de fato tudo não passou de um enorme susto. O coração dele se acalmou, finalmente. As batidas já não estavam mais fora do ritmo normal. 

Talvez um pouco, mas pelo simples fato de estar ao lado dela. 

•••

Ele encara o copo de café já frio em suas mãos, enquanto seus pensamentos vagueiam pelo dia intenso que tivera até aquele momento. Mais especificamente, os momentos que envolviam Stella. 

Mac põe o copo de lado e apoia os cotovelos nos joelhos, entrelaçando suas mãos. Ele respira fundo, sentindo-se responsável pelo que havia acontecido. Talvez seja aquela parte sua que se responsabiliza por tudo o que acontece, ou então a certeza de que Stella nem mesmo deveria estar naquele lugar, o que, para ele, o tornava culpado. 

Ele ouve o barulho da porta à sua frente se abrir e se levanta, observando a Dra. Francine se aproximar com uma prancheta em mãos. 

— Stella teve uma leve concussão, o que causou a tontura e a confusão mental. Ela foi medicada por causa da dor. Apesar de não ser grave, pode ser que ela se sinta mal nas próximas horas, então é importante que pelo menos hoje alguém fique com ela. - Mac assente no mesmo instante. - Fora isso, ela está bem. - Francine esboça um pequeno sorriso acolhedor. - Ela está se trocando. Depois disso, estão liberados. 

— Obrigado, doutora. - Mac diz, sem esconder o alívio. Francine acena e passa por ele, mas logo para antes de continuar seu caminho. 

— Se Stella não estivesse de cinto, ou se o carro tivesse batido com um pouco mais de força, o cenário seria completamente diferente. Ela teve sorte, detetive. A vida resolveu lhes dar uma segunda chance. Aproveitem-na. - Mac a vê se virar e seguir pelo corredor. Seu coração bate um pouco mais rápido ao assimilar as palavras da doutora. As coisas poderiam ter acontecido diferentes. Stella poderia não ter tido apenas uma fraca concussão. Ela poderia ter morrido, e cogitar aquilo foi doloroso. 

— Você está bem? - Mac sai de seu pequeno devaneio com a voz de Don, que se aproximava com uma sobrancelha arguida.

— Sim, estou bem. - Responde, alisando os cabelos com uma das mãos. - Stella teve uma concussão, mas vai ficar bem. - O moreno alto se permite respirar profundamente, feliz com a notícia. 

— Ela já teve alta? 

— Aham... - Murmura Mac, enfiando as mãos nos bolsos da calça. Seus olhos pousam distraidamente em um ponto qualquer na parede ao lado de Don. 

— Quer me contar? - Pergunta, sem precisar ser mais específico. Mac volta a olha-lo. Uma sombra de culpa rodeando seu olhar. 

— Era pra Stella estar em casa. Se eu não tivesse agido como um irresponsável a manhã inteira, isso não teria acontecido. Ela saiu de casa por minha causa, Don. - Mac se vira e da alguns passos, esfregando a testa brevemente antes de voltar com a mão para o bolso. - Ela não deveria estar lá. - Sussurra, sentindo o peso das últimas horas sobre seus ombros. 

— Cara, não entra nessa. - Pede Don, quase em tom de súplica. - Isso é uma droga, eu sei. Mas essas coisas acontecem. Quer culpar alguém? Culpe o cara que fez aquela ultrapassagem. Ou então, culpe a mim. Stella não teria saído de casa para início de conversa se eu não tivesse ligado pra ela. 

— Não tinha como você saber. - Mac se vira, olhando para o amigo. - Não tinha como nenhum de nós saber. É só que.. É realmente uma droga! - desabafa, sem alterar sua voz. - A doutora Francine disse que Stella teve sorte. Que por mais um pouco talvez ela não estivesse aqui. 

Don sente o peso das palavras de Mac e olha em direção a porta da sala onde Stella estava, imaginando o que poderia ter acontecido. 

— Eu tornei tudo mais difícil. Não consegui deixar a mágoa de lado, mesmo meu coração gritando para estar perto dela. Eu não queria ser aquele que toma a iniciativa e pede desculpas, assumindo o erro. - Ele riu, sem humor. - Você tinha razão, Don. Eu fui orgulhoso. 

— Stella também foi. - Don volta a olhar para o amigo, inexpressivo. - Eu a amo. Ela é como uma irmã pra mim. Mas Stella também foi orgulhosa. Vocês dois foram. Os dois erraram, Mac. E os dois saíram magoados nessa história. 

— É, você está certo. Mas se fosse para estar de bem com ela de novo, eu levaria a culpa toda sozinho. - A sombra de um sorriso surge nos lábios de Mac. Flack solta uma risadinha. 

— Eu sei. Você sempre gostou de poupa-la, até mesmo quando ela não merecia. 

— Já perdi a conta de quantas vezes ela me poupou, e na maioria delas eu também não merecia. Mas eu não me importo, sabe? Porque por ela, eu... 

— Você faz qualquer coisa. - Completa o moreno, sorridente. Mac apenas retribui, em silêncio. 

O barulho da maçaneta girando atrai a atenção dos dois. Stella então sai vestindo a jaqueta que Mac a emprestara, já que a sua tinha sujado um pouco de sangue. A bolsa estava pendurada em seu ombro. Havia um discreto curativo no ferimento em sua testa, e nenhum resquício de sangue. 

Ela olhou com um leve sorriso para os amigos, aproximando-se. 

— Você nos deu um baita susto. - Diz Don, dando um abraço na amiga. - Por favor, não faça mais isso. - Stella solta uma risadinha, se afastando. 

— Acho que Mac ficará de olho em mim por um tempo, então estarei longe de qualquer encrenca. - Ela olha para o parceiro de rabo de olho, reprimindo um sorriso. 

— Pode apostar, mocinha. - Afirma Mac, fingindo seriedade. Flack sorri com a cena. 

— Um policial deixou seus pertences com o porteiro do seu prédio, junto com a sua maleta. O Avalanche está sendo rebocado até o meu mecânico. Ele já resolveu situações bem mais catastróficas, então pode ficar tranquila. 

— Obrigada, Don. - Stella desenha um pequeno sorriso e se volta para Mac. - Já podemos ir? Estou um pouco cansada. 

— Claro. - Responde, descansando sua mão nas costas da parceira. 

— Se precisarem de alguma coisa, me liguem. - Pede, alternando o olhar entre os amigos que apenas assentem. Por fim, seus olhos pousam em Stella. - Estou feliz que esteja bem. 

Eles o vêem se distanciar, caminhando pelo longo corredor do hospital. Stella respira fundo, deitando a cabeça no ombro de Mac.

— Obrigada por estar aqui, e por ter me resgatado. Quando eu te vi, sabia que tudo ficaria bem. 

Mac se afasta para poder olha-la. Ele põe as mãos na cintura dela, puxando-a para mais perto. 

— Eu sempre estarei aqui por você. Sempre. - Uma lágrima escapole por sua bochecha no mesmo instante em que um sorriso encantador surge em seus lábios. - Quer parar naquele restaurante que você gosta? Podemos levar e comer em casa. Sei que deve fazer um bom tempo que a senhorita não come. 

— Só eu? - Questiona com uma sobrancelha arqueada. - Aposto que você não comeu nada até agora! 

— Eu tomei café. Uns dois copos até agora. - Mac vira um pouco a cabeça, encarando o copo de café deixado pela metade em cima do banco. - Dois e meio. - Stella ri. 

— Mac, já passou das 14h. Não dê uma de espertinho pra cima de mim. Sabe que isso não conta. 

— Tem razão. Vamos fazer uma refeição decente, está bem? - Stella consente. Mac deixa seus olhos passearem pela jaqueta envolta nos braços dela e sorri. - Tenho que admitir. Essa jaqueta fica bem em você. 

— Bom, levando em conta que a minha está manchada de sangue e que eu provavelmente a perdi, acho que terei que pegar a sua emprestada de vez em quando. - Ela sorri, mas dessa vez não há humor. Falar sobre o sangue em sua jaqueta fez com que as imagens do acidente voltassem com tudo a sua mente. 

— Ei. - Mac leva uma de suas mãos ao rosto de Stella, acariciando-o com o polegar. - Está tudo bem agora. Você está bem! - Enfatiza, secando uma lágrima que escorrera. 

— Você continua sendo minha base, mesmo depois de tudo o que eu disse. Mac, eu sinto muito. Eu... - Mac logo a interrompe, puxando-a para um abraço. Ele escuta o choro baixinho de Stella contra o ombro dele, enquanto ele acaricia seus cachos. 

— Não importa o que aconteça, nem quantas brigas tenhamos. Eu não vou sair do seu lado. - Afirma. - Sei que temos muito o que conversar, mas podemos fazer isso mais tarde. O mais importante agora é que você coma e descanse. - Ela balança a cabeça em concordância. - Vem, vamos dar o fora daqui. Sei que odeia hospitais. 

E assim eles fizeram. 

•••

Ela estava despojada sobre o sofá. Seu dedo pressionava o botão do controle remoto, passeando despretensiosamente pelos diversos canais da TV. Depois de um tempo, ela desiste e, com um breve suspiro, deixa o controle sobre a mesinha de centro, mantendo em um canal aleatório em que uma senhora simpática fazia a receita de um bolo de cenoura. 

— Encontrou algo de bom? - Ela olha em direção a voz, observando Mac voltar para a sala. 

— Não, mas não estava muito focada em encontrar algo de fato. - Há um notório desânimo em sua voz, que faz Mac analisá-la com o olhar. 

— Você está bem? 

— Sim. - Responde, simplesmente. Mac se aproxima e senta no braço do sofá, do lado oposto de onde ela estava. - Problemas? - Pergunta, apontando para o celular nas mãos dele. 

— Não. Era só o pessoal te checando. - Ele sorri levemente. - Danny pôs no viva voz para que todos soubessem que você está bem. Eles estavam preocupados. 

— Eu nem tive chance de ligar para eles. Vou fazer isso com calma mais tarde. - Ela se ajeita no sofá, encolhendo as pernas. - Você precisa voltar? 

Mac balança a cabeça antes de responder. 

— Não. Pedi ao Danny para cuidar de tudo até que eu volte amanhã a tarde. - Stella lança um olhar confuso em sua direção. - A médica disse que você não pode ficar sozinha. Pelo menos não hoje. Claro que, por precaução, vou estender esses cuidados até amanhã de manhã. 

— Então eu posso voltar com você para o trabalho amanhã, certo? - Havia esperança em sua voz, e em seu olhar. Mas, ao ver a expressão no rosto de Mac, sua esperança se esvai. 

— Hoje era pra ter sido seu dia de folga, mas ao invés disso você me ajudou em dois casos. Um deles quase custou a sua vida. - Afirma, sentindo um nó em sua garganta. - Descanse amanhã, e então depois, dependendo de como você estiver, nós conversamos sobre voltar aos turnos normalmente. Tudo bem? 

Apesar de contrariada, Stella sabia que não era apenas aquele lado protetor que Mac tinha, querendo mantê-la longe de trabalho por um tempo. Na verdade, ele tinha razão. Por mais que ela não gostasse da ideia, ficar em casa um pouco ajudaria na sua recuperação, mais mental, por tudo que havia acontecido, do que física. 

O silêncio entre eles cai sobre o ambiente. O único som ouvido é o da senhora na TV, dizendo quanto tempo o bolo teria que ficar no forno. Stella olha distraidamente para ela, mesmo que não estivesse prestando atenção de verdade. Talvez fosse a sua forma de esconder seu aparente nervosismo pelo que poderia acontecer a seguir. 

— Você parece bem concentrada para quem não liga pra esse tipo de programa. - Ele sorri um pouco. - Quer me contar no que está pensando? 

Assim que seus olhos encontram os dele, ela sente um pouco daquela raiva voltar. Ela estava bem agora. O susto enfim havia passado. Com isso, sobrava tempo para que ela se lembrasse dos riscos desnecessários que ele correu durante todo o dia até aquele momento. 

Stella estica o braço até a mesinha de centro e pega o controle, desligando a TV. Ela se ajeita novamente no sofá, dobrando uma perna enquanto a outra vai para o chão. Seus olhos vão até ele novamente, dessa vez enviando uma mensagem silenciosa. 

Mac escorrega e senta no sofá, esticando o braço sobre o encosto. Eles mantiveram distância, cada um em uma ponta. A única coisa que os conectava eram seus olhos, ligados quase que a todo instante. 

— Nós trabalhamos juntos há bastante tempo, e posso contar nos dedos as vezes em que você agiu por impulso em algum caso. Mas em todas essas vezes, até mesmo seu impulso parecia ser calculado de alguma forma, sabe? Só que hoje foi diferente. Não foi um risco calculado, você apenas.. Se jogou. 

Mac morde o lábio inferior, reprimindo um longo suspiro. Seus olhar cai, desviando-se do dela por um momento. Era difícil olha-la quando tudo que havia em seus olhos era uma intensa sombra de decepção. 

— Eu achei que se me jogasse de cabeça nesse caso, poderia esquecer todo o resto. Só que quanto mais fundo eu ia, mais eu me lembrava do que tinha acontecido e me martirizava por provavelmente ter destruído o que há entre a gente. - Ele volta a olha-la. - Eu perdi o controle. Deixei a frustração me guiar e acabei sendo irresponsável. Acho que na hora não pareceu tão ruim porque era apenas a minha vida que estava em risco, e sei que isso não justifica, mas... 

— Não era a só a sua vida. - Ela sussurra, sentindo seus olhos lacrimejarem. - Isso não afetaria só você, Mac. Hoje mais cedo, quando você me resgatou, eu pude ver o medo nos seus olhos quando disse que não poderia me perder. Como você acha que eu ficaria se perdesse você? - Stella manteve a voz baixa, mas não se importou em esconder a mágoa que havia nela. - Eu também não posso te perder. Droga! Eu não sei o que faria se isso acontecesse. Então você pode não pode sair por aí correndo riscos desnecessários, porque eu não aguentaria se algo te acontecesse. 

Assim que a última palavra sai, através de sua voz embargada, algumas lágrimas começam a rolar pelo seu rosto. Mac se arrasta pelo sofá, aproximando-se de Stella. Ele põe sua mão sobre a dela e entrelaça seus dedos. Com a mão livre, ele seca algumas das lágrimas que rolaram pelo rosto dela. 

— Me perdoe. Eu fui egoísta. Não pensei em como você se sentiria e nas consequências dos meus atos. - Admite, sentindo seu peito doer ao vê-la daquela forma. Stella fecha os olhos e se inclina um pouco ao toque de Mac em sua bochecha. Ela sentira falta daquela sensação. A mão quente dele em contato com sua pele, causando um formigamento por todo o seu corpo. - Eu prometo que essa foi a última vez, está bem? De agora em diante serei apenas o detetive cuidadoso que só corre riscos se forem extremamente necessários. Confia em mim? 

Stella o analisa com seu olhar sereno. Havia tanta culpa nos olhos dele. Mais do que provavelmente ela já vira em todos aqueles anos de amizade. E ela sabia que aquela culpa não se dava apenas pelos atos irresponsáveis das últimas horas. 

— Você nunca quebrou suas promessas antes, e isso é uma das coisas que eu mais admiro em você. - Diz ela, deixando seu olhar cair brevemente sobre suas mãos unidas. - Eu confio em você, Mac. 

Mac se permite soltar o ar que havia preso dentro dele, em um suspiro de alívio. Ela nota, e sorri levemente. Aquele parecia o momento ideal para entrar no assunto da briga, mas antes que tivesse chance, o celular do detetive toca. Após um olhar de desculpas, ele o pego no bolso da calça. 

— Taylor. Oi, Sinclair. - Ao ouvir aquele nome, Stella revira os olhos. Mac sorri com a cena. - Estou de folga. Ela está bem. - Diz, olhando-a de relance. - Ok, até mais. 

— Deixa eu adivinhar: ele tem um assunto inadiável para tratar com você?! - Mac suspira, recostando no sofá. 

— Ele quer conversar sobre o caso de Gerrard. Parece que a imprensa está cobrando um posicionamento do Departamento. Eu disse a ele ontem que não trataria esse caso como prioridade. Que eu tinha outros nas mãos. Obviamente Gerrard não gostou disso. Ele insinuou que eu não queria pegar o caso pois não gosto dele. De fato, eu não gosto. - Stella sorri levemente. 

— Sinclair sabe que você é profissional, e que o laboratório não gira em torno de Gerrard. Você está investigando. Isso é o que importa. - Ele assente. 

— Eu tenho que ir. Quanto antes resolver isso, melhor. Volto a tempo de cozinhar algo pra você, o que acha? - Propõe. Stella arqueia uma sobrancelha. 

— Eu aceito a parte da janta. Mas vou com você! - Mac a olha incrédulo. 

— O que? Não! Você precisa descansar. - Ele solta sua mão da dela e se levanta. Stella faz o mesmo, cruzando os braços contra o peito. 

— Mac, eu estou bem. Além do mais, tenho o dia todo amanhã para descansar. Meu chefe cuidou disso. - Diz, com deboche em sua voz. - Sem contar que a médica disse que eu não posso ficar sozinha, lembra? Isso significa que, para o meu bem, - enfatiza - eu tenho que ir com você! 

Ele suspira pesadamente, alisando os cabelos com uma das mãos. Stella poderia ser bem persuasiva quando queria, e batalhas assim geralmente já estavam perdidas antes mesmo de começarem. Ela era teimosa, e apesar dele reclamar constantemente disso, era uma das características dela que ele mais amava. 

— Acho que eu não tenho muita escolha. - Resmunga, vendo um sorriso vitorioso surgir nos lábios da grega. 

— Vou me trocar. Volto em um instante. - Sem esperar por resposta, ela vai até o quarto, sumindo rapidamente da vista de Mac. O moreno então senta em uma poltrona e a espera pacientemente. 

Continue... 


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