Através de Robert escrita por HEILA HANS SHEFTER


Capítulo 32
CAPÍTulo 32




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A sala de estar estava iluminada por uma luz suave e quente. Fotos de toda a família adornavam as paredes. Nathan, Elizabeth, Alien e pequeno Jack aproveitaram os últimos dias para tirar muitas fotos e organizar sua casa com tudo das duas famílias que haviam se unido naquele casamento. Os portas retratos de Jack Thorton, que Elizabeth tinha na estante e na parede, ela começou a retirar para guardar, afinal agora ela era uma mulher casada e não queria que Nathan se sentisse desvalorizado, mas para a surpresa dela, ele segurou as fotos e cada uma permaneceu no mesmo lugar, somente juntando a deles e das crianças ao lado, segundo ele, Jack Thorton era parte da vida dela e de seu filho e nunca iria permitir ninguém tirasse isso deles, e para ele era um orgulho saber que estaria cuidando e amando o filho daquele bom homem, somente no quarto de casal foi retirado as fotos de Jack Thorton, e também a cama de casal, passando a usar a cama de Nathan por ser maior e por motivos óbvios. Elizabeth estava recuperada, e na semana seguinte começaria a trabalhar novamente, mas em ritmo lento. O sábado havia sido maravilhoso pescando em família. Seus filhos estavam no quarto brincando, enquanto seu marido tomava um belo banho para tirar todo aquele cheiro de peixe. Mais quinze dias e eles iriam fazer uma pequena viagem de lua de mel. Ela e Nathan resolveram esperar para terem sua primeira vez, quando estivessem a sós, mas dormiam todos os dias um no braço do outro. Havia um sofá no canto da sala, onde Elizabeth adorava sentar e pegando um livro ela passou minutos agradáveis ali.
Uma batida à porta...
Elizabeth olhou para o relógio e nervosa olhou para a porta.
“Quem seria naquela hora tão tarde. ”
Descendo a escada, vinha Nathan com a toalha secando os cabelos. Elizabeth, se levantou, abriu a porta e encontrou seu pai, Wilian Thatcher, parado ali com um buque de flores nas mãos.
— Pai? Elizabeth falou surpresa ao ver aquele homem.
Inseguro, e meio cabisbaixo, aquele homem foi falando:
— Oi, Beth… eu trouxe essas flores para você.
Elizabeth, aceitou as flores, olhando para elas com emoção. Willian Thatcher, parecia desconfortável com aquela situação, mas aparentava determinação.
— Obrigada, pai. Elizabeth tinha lagrimas escorrendo em sua face.
Eles entraram na sala e se sentaram no sofá, e um silêncio tomou conta daquele local.
Willian começou a falar, antes que perdesse toda a coragem:
— Beth, eu sei que fui um pai ausente por muito tempo. Eu nunca te apoiei como deveria. Mas tenho refletido muito sobre isso e quero tentar consertar as coisas.
Elizabeth olhava para Nathan, que do outro lado da sala somente ouvia a conversa dos dois, lhes dando privacidade.
— Pai, eu sempre esperei por esse momento, mas as palavras não podem mudar ou apagar o passado.
— Eu sei que não podem, mas estou disposto a fazer o que for preciso para ser um pai melhor a partir de agora.
— Eu quero acreditar em você, mas a dor e a mágoa são muito grandes.
— Beth, você precisa me dar uma chance. Precisamos tentar nos acertar.
— Eu não preciso tentar nada, nem com você e nem com ninguém. Tentar? Tentar? É um pouco tarde para isso, não acha? Ela falava com voz alterada, como Nathan nunca havia visto.
— Nada irá mudar o passado, minha filha, mas quero fazer o que estiver ao meu alcance para te apoiar daqui para frente.
Com expressão de descrença, Elizabeth olhava para seu pai. Nathan notou o olhar de sua esposa, aquilo era mágoa, dor, revolta. O coração de sua pequena esposa havia sido esmagado cruelmente por aquele pai, e Nathan esperava não ter feito algo errado tentando os unir.
— São palavras vazias, pai e jogadas ao vento.
— Eu sei que vai levar tempo para reconquistar sua confiança, mas estou disposto a tentar de tudo, mesmo que leve anos.
— Veremos pai. Mas as feridas são profundas.
A tensão na sala de estar era palpável, e a reconciliação parecia uma tarefa árdua, enquanto pai e filha lidavam com cicatrizes do passado.
Wilian olhou para o teto, Nathan via que aquele homem não estava acostumado a pedir perdão. Mas Elizabeth era uma mulher teimosa como seu pai e não estava disposta a perdoar facilmente.
— Beth… eu realmente não entendo porque você está tão magoada. Eu estava apenas fazendo o que um pai faria. Elizabeth, o fuzilou com o olhar, suas bochechas estavam vermelhas, Nathan queria e estava fazendo de tudo para eles se reconciliarem, mas parecia que tudo estava tomando outro rumo, foi quando alterada ela falou:
— Fazer o que um pai faria? Você esteve ausente a maioria da minha vida, pai. Nunca esteve lá quando eu precisei de você.
— Eu estava trabalhando duro para fornecer o melhor para você e para nossa família. Willian falava em tom de voz se defendendo.
Mas Elizabeth o respondeu bem sarcástica:
— O melhor? O que eu realmente precisava era do seu apoio, não de presentes caros ou dinheiro.
— Eu sei, Beth. Eu entendo que errei. Mas acredite em mim, eu estava fazendo o que achava ser o certo naquela época.
— O problema, pai, é que você nunca perguntou o que eu achava certo...
Ela tinha uma tristeza em sua voz que doía o coração de Nathan.
— Pai, eu… você não respeitou meu luto.
— Luto? Eu não entendo; nós te recebemos em casa, mas você quis retornar para essa cidade pequena, nem mesmo se importou com tudo que arrumamos para te fazer feliz.
Com muita mágoa, ela foi falando:
— Quando eu perdi Jack, eu precisava do apoio de minha família, especialmente de um pai. Mas você não estava lá para mim. Além de ocupado com o trabalho, você apoiou a mamãe e a Viola a me arrumarem um pretendente rico, enquanto eu estava de luto, com uma semana após meu marido morrer.
— Como você sabe disso?
— A mamãe me jogou na cara, como uma forma de me humilhar, quando ela fez questão de apontar meus na vida como me casar com um mountie. Ela disse que você estava preocupado com meu futuro, e que eu não deveria ficar sozinha, pois já não era moça mais… não era bom para a reputação de minhas irmãs.
Nathan passou as mãos nos cabelos, aquilo era um gesto que ele estava nervoso, aquela história só piorava...
— Beth, minha filha! Eu só queria o melhor para você. Eu achei que estava ajudando.
Com os olhos pegando fogo, ela gritou:
— Só tinha sete dias que Jack havia sido enterrado! Você não percebeu que naquele momento, eu só precisava de apoio emocional? Que eu precisava chorar, até que minha dor fosse curada ou amenizada? Estava passando pelo meu luto, e em vez de entender, você tentou apressar meu processo de superação da forma a me jogar nas mãos de qualquer homem por aí. Lágrimas jorravam de seus olhos e Nathan começava a se preocupar.
— Eu entendo como isso foi insensível da minha parte e de sua mãe. Eu não deveria ter feito isso.
— Eu sei que você se preocupa comigo, mas na sua pressa em me arrumar um pretendente, e fez sentir como se minhas dores não importassem. Ainda tive de ouvir de mamãe e de Viola, que eu não deveria chorar, pois quem casa com um mountie já sabe que isso irá acontecer. Ele era um ser humano, mas vocês me fizeram sentir como se tivesse errada. Vocês não viram que eu naquele momento preferia estar morta do que viva, e se não fosse pelo meu filho eu não sei o que teria feito.
Nathan suspirou, e em sua testa começava a brotar suor, ele nunca imaginou isso e pior ainda, ele não sabia que em seu momento de maior dor ela estava sozinha e por pouco não tomou medidas erradas. Graças a Deus, Jack Thorton, havia deixado seu legado dentro do ventre dela, e assim a fez lutar por sua vida.
— Eu sinto muito, eu estava errado. Continuou Willian.
— Eu não sei se quero tentar isso, pai. Você não sabe minha mágoa, quando vocês não estiveram para me auxiliar, mesmo eu sendo uma viúva, mãe sozinha, e dando à luz em uma cabana no meio de uma tempestade, nesses quatro anos vocês não me procuraram.
— Eu, digo, nós ficamos sabendo, o juiz Bill Avery avisou sobre seu parto, mas sua mãe não queria vir e eu fiquei preso com a empresa, além disso, ainda naquela época minha cabeça era outra.
— Isso é parte do problema, pai. Eu estava em um momento de extrema necessidade de carinho; quando mais precisei dos meus pais, eles estavam ausentes.
— Eu lamento profundamente por não estar lá naquele momento crucial de sua vida ou mesmo depois.
Elizabeth tinha a voz embargada, as lagrimas grossa ainda rolavam em sua face.
— Você perdeu o nascimento do seu único neto. Agora ele tem quatro anos, e vocês não estavam lá para ver o primeiro choro dele, ou o primeiro dente, ou o primeiro passinho.
Willian Thatcher, acabava de ser atingido por uma bala de canhão, Nathan percebeu que agora, sim, a ficha dele começava a cair para tudo que havia perdido. Seu primeiro e único neto e ele não esteve ali por ele.
— Eu não posso mudar isso também, filha, mas quero fazer o que for preciso para estar presente na vida do meu neto a partir de agora. Mesmo sua mãe não aceitando, eu estarei aqui por vocês.
— Vai levar tempo pai, vai levar tempo para que eu possa superar isso. Eu quero que esteja lá para meu filho e minha filha, mas a mágoa ainda é grande;
Nathan percebeu que ela, chamou Alien de filha e a incluiu em sua família. Ele se orgulhava cada vez mais dessa mulher.
Nathan saiu com Willian, seu sogro, e ao chegar em frente ao hotel, prestes a se despedirem, ele colocou a mão no ombro de Willian e perguntou preocupado:
— O senhor está bem? Willian, eu quero que você tenha calma e lute pelo perdão de sua filha. Ela está magoada, mas ela é sua filha.
Willian tinha um olhar determinado e Nathan já tinha visto isso em sua esposa, deveria ser a marca dos Thatcher.
— Eu sei, Nathan. Estou disposto a fazer qualquer coisa para consertar as coisas com ela.
— Isso é o que eu queria ouvir. Lembre-se de que o tempo é um aliado na cura das feridas.
— Obrigado, Nathan… eu vou fazer o meu melhor para reconstruir nosso relacionamento.
— Boa sorte, estarei torcendo por vocês.
Willian, entrou no hotel, determinado a começar o processo de reconciliação com sua filha.
A noite Elizabeth dormiu nos braços de Nathan, mas em silêncio ela permaneceu o tempo todo. Ele iria ajudar a curar o coração de sua esposa.


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