Uma Segunda e Verdadeira Chance a Nós escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 3
Capítulo 3




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Um cheiro doce e agradável encheu as narinas de Crowley, o que o fez sorrir satisfeito, mesmo que Aziraphale não visse sua expressão facial no momento. Eles estavam quietos, nos braços um do outro, apenas em companhia silenciosa, ainda processando o que tinha acontecido no dia anterior. Estavam realmente casados, para todos os fins que isso implicasse, e essa decisão era a mais correta e precisa que já tomaram na vida.

Crowley conseguia sentir pelo movimento circular do polegar nas costelas de Aziraphale a maciez de sua pele. Ela por sua vez, em resposta, alisou os poucos pelos ruivos em seu peito magro e esguio. Outra mão dele tinha se depositado sobre o quadril dela, sentindo a curva acentuada que fazia.

—Você é tão linda, minha esposa... , ele murmurou de repente, mais uma vez, encantado.

—Gosto de quando me chama assim - ela respondeu de volta, e se ajeitou para olhá-lo mais de perto, apoiando-se sob o peito dele.

—Minha esposa... - ele repetiu obediente, passando as mãos pelos cachos um tanto bagunçados, mas não menos perfeitos, dela.

—Eu não sei se consigo concordar, ao menos num momento como esse - ela refez a opinião dele com a dela, duvidando de sua aparência.

—Ora, que besteira é essa num momento tão sublime como esse? - ele a repreendeu de maneira gentil.

—Posso não ver, mas posso sentir como o meu cabelo deve estar um verdadeiro ninho de rato - ela confessou, rindo de constrangimento, chegando a esconder o rosto em seu peito.

—Ah não, não senhora - ele passou a mão por seus cabelos outra vez - arrumados ou não, não importa, porque você é perfeita.

—É um elogio e tanto, embora eu acredite que não haja perfeição - ela voltou a encará-lo, de modo pensativo e adorável.

—Pode ser que não, mas nós aqui, juntos, é o nosso tipo de perfeição, concorda comigo? - ele acariciou as costas dela enquanto compartilhava seus pensamentos.

—Concordo, mas há algo que deixaria tudo ainda mais perfeito - ela argumentou.

—O que? - ele levantou uma sobrancelha em dúvida para ela.

—Um café da manhã completo, eu faço questão de preparar - ela sorriu abertamente e já se preparava para levantar quando Crowley a segurou pelos pulsos - Crowley!

—Não, pra que levantar? Está ótimo aqui! - ele reclamou.

—Eu sei, mas eu quero compartilhar a primeira refeição da manhã com você - Aziraphale insistiu.

—Não pode fazer tudo surgir com um simples milagre? - ele sugeriu, como se fosse óbvio.

—Não, eu queria eu mesma ter o trabalho com as próprias mãos, é importante pra mim - ela insistiu - não podia ceder isso à sua esposa, por favor?

O rosto contraditório dele se contorceu em favorável quando Aziraphale passou um dedo suave debaixo de seu queixo.

—Tudo bem, tudo bem, eu posso aceitar isso - ele suspirou, mas acabou ganhando um beijo entusiasmado dela.

—Muito obrigada, meu querido! - ela sorriu e então se levantou, animada por começar um novo dia ao lado do marido.

Crowley apenas se virou para o lado, se esticando ainda mais, uma mão apoiando o queixo de forma preguiçosa, mas não menos contente. Ele observou a esposa escolher as roupas e sapatos que usaria naquele dia de forma empolgada.

Aziraphale voltou de dentro do closet com uma camisa de seda branca, saia verde musgo e trocando o velho casaco por um cardigã creme. Ela se trocou de forma diligente, colocando cada peça no seu devido lugar. Por fim, ajeitou a blusa por dentro da saia e escorreu os pés em sapatilhas amarelas. Aziraphale averiguando sua aparência rapidamente com as mãos na cintura, um gesto simples que valorizava a silhueta dela, Crowley constatava que não havia criatura mais doce e bonita do que sua adorável esposa.

Ela se virou para ele com sorrisinho, ao ver que ele a observava de forma sonhadora e apaixonada.

—O que foi? - ela perguntou inocentemente.

—Você é um verdadeiro sonho, sabia? - ele elogiou abertamente.

—Ora, eu... - ela deu uma de suas risadinhas fofas enquanto corava - eu...

—Você é, porque é verdade, apenas concorde - ele rebateu, com ainda mais certeza.

—Está bem - ela aceitou ser elogiada, o que se fosse levar em consideração, era uma relativa novidade.

Aziraphale então dedicou os próximos minutos ao seu cabelo, o que foi uma tarefa um pouco mais difícil do que estava imaginando. Com paciência, ela desembaçou os nós e os deixou no formato que apreciava novamente, saltitantes conforme ela andava, balançando por cima de seus ombros.

—Volto já - ela prometeu, saindo do quarto.

Foi tempo suficiente para que o marido sentisse falta dela e fosse atrás dela, ainda de pijamas, numa postura muito mais relaxada e menos diligente. Em poucos minutos, estava praticamente no mesmo posto, observando Aziraphale fazer o café da manhã de forma paciente e cuidadosa.

—Então, aqui estamos nós, espero que aproveite - ela lhe ofereceu o prato pronto, se voltando para o dela logo em seguida.

—Eu vou - ele garantiu - então, aqui estamos nós, o que me leva a uma outra questão.

—Questão? Achei que era você quem estava no clima de lua de mel - ela se surpreendeu um pouco.

—Justamente, eu estou muito feliz aqui com você, mas se algo ou alguém, maior que eu e você nos encontrar aqui? - Crowley disse o que estava pensando.

—Eu não tive muito tempo de pensar nessas precauções, já que eu tinha outras prioridades no momento, mas... - ela suspirou - é algo a se pensar sim, o que é oficial é que eu me aposentei, eu não trabalho mais para o Céu, nós dois criamos nosso próprio destino e nosso próprio trabalho.

—Tá aí uma coisa que eu concordo - ele respondeu.

—Podemos trabalhar numa estratégia juntos, podemos reforçar as barreiras de segurança - ela sugeriu.

—Aziraphale, se precisasse deixar a livraria, você acha que conseguiria? Eu sei que não, sei que não seria um problema lutarmos pra defender esse lugar e tudo mais, a questão é, queremos passar por tudo isso de novo? - ele se explicou, o que deu muito que pensar à sua esposa.

—Acho que dois conflitos enormes seguidos são de bom tamanho - ela concordou, com um sorriso triste, segurando a mão dele por cima da mesa- o que eu posso prometer a você no momento é tomar medidas de precaução e... preparar o meu pobre coração pra deixar a livraria, se for necessário.

—Só se for realmente necessário - Crowley confirmou.

Ele se arrependeu de ter causado uma certa áurea triste em Aziraphale, porém, sentiu alívio ao ver que ela sorriu para ele de maneira reconfortante. Fosse o que enfrentassem, o mais importante é que estariam juntos.


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