No Santuário, dentro da oitava casa zodiacal, Escorpião, está o cavaleiro Milo olhando para sua unha do dedo indicador direito. Com essa unha que ele dispara sua mais poderosa técnica, a Agulha Escarlate. Ele fala sozinho sobre a técnica que tanto se orgulha, quando é interrompido.

— Tão jovem e já está ficando gagá. Tem alma de velho mesmo.

Milo se vira irritado, mas logo abre um sorriso.

— Camus, você está de volta! Até que enfim, pensei que tinha virado um boneco de gelo.

Camus é um homem de cabelos médios vermelhos, olhos azuis escuros e tem 16 anos. Ele se mantém sem sorrir, mas cumprimenta o seu grande amigo. Os dois conversam sobre seus treinamentos. Milo e Camus são muito amigos faz muitos anos.

— Fiquei um pouco mais na Sibéria porque estava tentando alcançar o zero absoluto. É muito difícil conseguir chegar a tal nível. Mas não desistirei! – Comenta Camus.

— Zero absoluto? Você está doido? Isso é impossível! – Responde Milo achando loucura a vontade do amigo.

Camus se vira de costas.

— Vou pedir ao Grande Mestre que logo me indique um discípulo. Treinando alguém, poderei refinar minhas técnicas, tenho muita vontade!

— Você tem jeito de professor mesmo, com essa cara séria. E depois eu que tenho alma de velho. – Comenta Milo tirando sarro com o amigo.

Os dois seguem conversando.

Na entrada do Santuário um cosmo chama atenção de todos. Lorenzo toma a frente dos demais soldados.

— Que cosmo incrível!

Um jovem cavaleiro de 16 anos com longos cabelos loiros e que vivia com os olhos fechados adentra o Santuário. Ele chega meditando e em silêncio e evita conversar com os soldados. Ele está trajado com sua armadura de Ouro. Todos o acham bastante poderoso. Lorenzo se aproxima dele.

— Que bom tê-lo de volta no Santuário, Shaka de Virgem.

— Obrigado soldado!

Shaka se aproxima da entrada das doze casas e avista Nikol, o cavaleiro de Prata de Altar irmão de Lorenzo. Nikol tinha longos castanhos escuros um pouco repicados e olhos azuis escuros, com traços parecidos ao do soldado raso Lorenzo.

— Prazer em revê-lo Shaka. Acabei de sair da sala do Grande Mestre, onde Aioros regressou. Ele ficará feliz em saber que você está de volta.

— Olá Nikol. Estarei indo para a casa de Virgem meditar. Se precisarem de algo só me avisar. – Shaka sobe as escadarias.

Um pouco adiante Aioros está voltando para a sala do Grande Mestre enquanto Aioria foi à casa que eles habitavam no Santuário fora das doze casas. Ele estranha em ver Máscara da Morte na saída da casa de Áries.

— Está deixando a casa de Câncer, Máscara da Morte?

— Sim. Vou resolver umas coisas fora do Santuário.

Aioros coloca a mão na frente de Máscara da Morte.

— Se vai deixar o Santuário sem ser para nenhuma missão, deixe sua armadura na casa de Câncer.

— O que você disse? – Máscara da Morte se irrita.

Aioros fecha os olhos.

— As armaduras não devem ser usadas para fins pessoais, apenas para proteger Athena e a justiça.

— Mas todos saem com suas armaduras, por que eu não posso? – O cavaleiro de Câncer eleva o tom de voz.

Aioros abre os olhos.

— Você tem saído muitas vezes misteriosamente do Santuário sem falar nada nem para mim, nem para o senhor Shion e nem para Nikol quando estamos na função de liderar o Santuário. Então se vai resolver questões pessoais você tem todo direito porque não temos nenhuma ameaça no momento, porém deixe a armadura.

O cosmo de Máscara da Morte explode com tanta raiva que ele fica.

— Está se achando acima dos demais cavaleiros por ser sucessor do Grande Mestre do Santuário, não é cavaleiro de Sagitário?

— Pelo contrário, estou zelando por um bem maior. O mundo nos pode fazer cair em tentações, e é melhor estar sem a armadura já que vive tanto no mundo externo. A não ser que você tenha algo a nos esconder.

Máscara da Morte vira de costas para Aioros e engole seco.

— Não tenho nada a esconder. Muito bem Aioros de Sagitário, deixarei minha armadura em minha casa. A única coisa que estou a fazer é voltar em meu local de treinamento, a Ilha Sicília, para refinar minhas técnicas.

Os dois voltam em silêncio até a casa de Câncer. Aioros segue caminho e Máscara da Morte tira sua armadura e retorna.

— Sujetinho arrogante, Shura tem razão. Ele que não tome cuidado comigo! – Diz Máscara da Morte consigo mesmo. Ele deixa as doze casas.

Na entrada do Santuário, Lorenzo o encara. Máscara da Morte mostra toda a ira no seu olhar, mas o soldado não abaixa a cabeça. Encarando Lorenzo, Máscara da Morte deixa as doze casas.

Em um local afastado um homem forte de cabelos azuis escuros assim como os olhos e boa aparência está averiguando os arredores do local, que parece uma fortaleza com ruínas antigas que lembra em alguns aspectos o Santuário. O homem traja uma imponente armadura dourada com contornos alaranjados. Ele sente um cosmo se aproximando.

— Sinto alguém próximo!

Ele olha ao redor. A presença se intensifica.

— Mostre-se logo! Não vai se esconder de mim muito tempo.

Um homem surge diante dele. Ele é idêntico a ele, apenas seus cabelos azuis são um pouco mais escuros e tem 1 centímetro de altura a mais. Ou seja, os dois são irmãos gêmeos.

— Sa-Saga...

— Que bom revê-lo vivo, meu irmão Kanon!— Responde Saga.

— Como conseguiu adentrar o Templo Submarino?

Kanon revela de qual local se trata aquele lugar. Saga se aproxima de Kanon.

— Não foi tão difícil. Vim admitir que você estava coberto de razão.

— O que disse? – Kanon não entende.

— Você tinha razão em sua ambição. E agora veja o que conseguiu, é o representante de Poseidon! Eu não consegui ser o Mestre do Santuário, então irei te ajudar. Não permitiremos que Poseidon desperte totalmente e vamos o jogar contra Athena. Os dois devem morrer e com isso dominaremos o mundo juntos, como você sempre desejou.

Kanon dá passos para trás assustado com a proposta de Saga.

— Então de fato havia um mal oculto em você...

— Sim! E agora vamos desbancar os deuses nos unindo, meu irmão. Irei te ajudar.

Kanon vira de costas para Saga.

— Sinto lhe dizer, mas não posso fazer isso!

— O que?

Kanon volta a se virar de frente.

— Saga para chegar até aqui passei por diversas provações. Quase morri diversas vezes afogado e fui salvo por um confortante cosmo. Depois quase fui morto pelo monstro lendário telquines e fui novamente salvo por esse cosmo. Foi quando Nike, a deusa da vitória, apareceu para mim para dizer que o cosmo que me salvou foi de Athena. Por diversas vezes novamente quase morri afogado ou virei comida de peixes carnívoros, mas novamente Athena me salvou todas essas vezes. O cosmo de Athena tirou toda a maldade e ganância que existia dentro do meu coração. Agora vivo para servi-la e para me redimir com ela. Espero que um dia ela me perdoe.

Saga encara Kanon alguns segundos em silêncio. Logo ele se pronuncia.

— Serve Athena sendo um marina de Poseidon?

— Quando libertei a alma de Poseidon, o Imperador dos mares me revelou que também tem uma dívida com Athena e que pretende ajudá-la, já que muitos seres malignos surgirão para tentar destruí-la. Eu me uni a ele, acreditando em sua palavra. Nada permitirei que aconteça a Athena.

Saga coloca a mão no ombro de Kanon.

— Estou orgulhoso de você Kanon. Tudo que falei foi um teste.

— Teste? – Kanon estranha.

— Sim. Se a maldade permanecesse dentro de você eu teria que te eliminar. Mas agora você é um novo homem. Me dê um abraço. – Saga abraça Kanon.

Kanon está se sentindo estranho.

— Não me disse como conseguiu chegar até aqui, o Templo Submarino.

— Isso pouco importa Kanon. Importante que estamos juntos...

A mão de Saga se torna uma lâmina e se prepara para perfurar Kanon. O irmão de Saga percebe e o empurra. Os dois se olham frente a frente.

— Você tentou me matar!

— Você merece uma punição por ter armado contra Athena.

Kanon fecha os olhos.

— Ainda está querendo me enganar?

— Do que está falando?

Kanon abre novamente os olhos e mede Saga. Ele fala gritando:

— Pensa que continuará a me ludibriar com a face do meu irmão? Mostre logo sua verdadeira face, cretino!

Saga se levanta e fica novamente próximo.

— Eu não sei do que está falando. Mas já disse, você deve morrer!

Kanon desvia do golpe e contra ataca, lançando Saga contra um pilar. Kanon o soca, fazendo inimigo sangrar. Sua forma começa a mudar.

— Isso! Mostre seu verdadeiro rosto. – Diz Kanon.

— Hihihi. Até que você não é tão burro. – A voz é estridente.

Um ser que parece mais um monstro se forma. Ele tem a pele lilás e é corcunda. Tem cabelos e olhos pretos.

— Diga logo. Quem é você?

— Eu sou Kasa de Lymnades, um futuro general marina. Agora sei de todos os seus planos.

Kanon encara o monstro.

— Meus planos são os mesmos que de Poseidon.

— Poseidon deve matar Athena. Se ele não quer, assim o convencerei. Tomarei seu lugar como representante do deus dos mares, você está ligado a Athena. Ele causará um grande dilúvio!

Kanon olha para dentro do Templo de Poseidon.

— Então você era o homem destinado a escama de Lymnades. Um ser horrendo que se transformaria nos entes queridos para matá-los, assim como a mitologia que lymnades eram belas ninfas que podiam se transformar em outros seres para seduzir.

— Era não, eu sou! E já disse Dragão Marinho. Eu liderarei o exército de Poseidon! – Diz Kasa.

Kanon ri de forma irônica irritando Kasa.

— Poseidon me deu carta branca. E não será você a ser um general marina, você é um ser podre por dentro!

— Como se atreve? – Se revolta Kasa.

— Você é um ser patético que se não se transformar em outra pessoa, nenhum poder possui. Se transformar deveria ser uma técnica do general marina de Lymnades, não sua única alternativa. – Responde Kanon.

Kasa eleva seu cosmo e mostra ódio por Kanon. Ele prepara sua técnica:

— Te mostrarei se não tenho nenhum poder: “Salamandra Satânica”.

Kanon detém a técnica com apenas uma mão.

— Isso é poder digno de uma marina? – Ironiza Kanon.

— Cretino! Saiba que estou ainda em treinamento. Me tornarei muito mais poderoso! – Avisa Kasa.

Kanon balança a cabeça negativamente convicto do que tem que fazer.

— Não terá tempo. Sumirei com sua existência e eu mesmo encontrarei o herdeiro de Lymnades. Desapareça Kasa: “Triângulo de Ouro”.

— O meu corpo... Está sendo tragado... Aaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh... – Kasa desaparece.

Kanon olha para o céu e vê o mar. A dimensão se fecha. Kanon fica pensativo.

— Esse sujeito me fez pensar muito mais em Saga. Onde estará meu irmão? Sinto que a maldade oculta que habitava nele já não está mais junto dele. Mas não consigo encontrar rastros de seu cosmo...

SANTUÁRIO – GRÉCIA

Os soldados percebem que mais um cavaleiro de Ouro acabara de chegar. Lorenzo admira o cosmo.

— O cavaleiro que dizem ser o mais misterioso...

Um homem loiro com cabelos longos um pouco ondulados, olhos azuis claros e traços delicados surge trajando uma armadura de Ouro. Ele se aproxima dos soldados e cumprimenta um a um, algo nada típico dos cavaleiros de Ouro, que sempre cumprimentam de forma geral, ou como no caso de Shura e Máscara da Morte, nem cumprimentam.

— Soldados trago para cada um de vocês uma flor de girassol. Essa flor amarela traz boas vibrações e boa sorte.

Todos agradecem o cavaleiro educado. Ele sobe a escadaria para a casa de Áries e olha para sua medalha com pingente de coração amarrada no pescoço. Ele passa pela primeira casa vazia e chega na segunda casa, onde encontra Aldebaran.

— Como vai cavaleiro de Touro? – O cavaleiro o cumprimenta com muita cordialidade.

— Então é você, o cavaleiro de Peixes!— Aldebaran aperta sua mão. – Seja bem vindo.

— Obrigado Aldebaran. Trouxe para você uma flor. - O cavaleiro o entrega uma camélia rosada.

Aldebaran estranha o presente do cavaleiro de Peixes e o encara com semblante sério.

— Não acho muito interessante ficar dando flores para homens.

O guardião da última casa zodiacal cai na risada. Aldebaran não entende.

— Não se preocupe Aldebaran. Cada flor tem um símbolo. Essa que te entreguei, que é uma camélia rosada, representa a grandeza da alma. Você é muito grande não só de tamanho, e sim de sua alma, percebe-se isso. – Diz o cavaleiro de Ouro partindo para a próxima casa e deixando Aldebaran sem palavras.

Passando pelas casas de Gêmeos e Câncer vazias, o cavaleiro educado chega na casa de Leão e encontra Aioria bastante sério.

— Cavaleiro de Peixes...

— Aioria, irmão do futuro Grande Mestre Aioros. – Os dois se cumprimentam.

— Então você é... O cavaleiro de Ouro mais misterioso, que poucos têm informações.

O cavaleiro sorri apertando a mão de Aioria.

— Sim, deve se lembrar. Me chamo Eros. Eros de Peixes!

Eros retira uma flor e mostra para Aioria, que se sente desconfortável.

— Eros o que significa isso? Está me dando uma flor? Está me achando com cara de marica?

Eros da risadas e Aioria segue sério.

— Pare com isso Aioria. Essa flor laranja que estou te entregando se chama coroa imperial. Ela representa majestade, realeza, poder e glória. Acho que combina bastante com o cavaleiro de Leão.

Aioria gagueja e Eros passa por ele.

— As pessoas costumam confundir flores com interesses amorosos e algo que apenas as mulheres gostam. Cada flor tem um significado. Eu sou homem Aioria, assim como você. Apenas aprendi sobre o significado das flores nos meus treinamentos e me fascinaram. E isso não fere nem um pouco minha masculinidade. Sou um cara que assim como o meu nome, gosto de espalhar o amor.— Eros deixa a casa de Leão.

— Esse Eros... Realmente tem algo especial nele. – Diz Aioria.

Eros chega na casa de Virgem e encontra Shaka meditando. Shaka interrompe sua meditação.

— Não se preocupe Shaka, não vou atrapalhar sua meditação, estou a caminho da minha casa. Mas tenho algo a lhe entregar. Uma flor de lótus. Essa flor rosa e branca simboliza mistério, espiritualidade e proteção. Você deve saber, os budistas atribuem ela também ao significado de vida eterna. – Diz Eros.

— Eu sei sim Eros. É muita gentileza de sua parte. Não daria para imaginar uma atitude dessas de guerreiros como nós, os cavaleiros de Ouro. – Responde Shaka pegando a flor.

— Podemos ser guerreiros implacáveis no campo de batalha e sermos unidos como companheiros. Isso é o amor entre os seres humanos. Nós todos temos o mesmo objetivo. Proteger a Terra e nossa deusa Athena.

Eros deixa a casa de Virgem deixando Shaka com ótima impressão sobre ele.

O cavaleiro de Peixes passa pela vazia casa de Libra e chega em Escorpião. Milo o encara.

— Eros de Peixes...

— Bom revê-lo Milo. Quero te entregar uma flor...

— Não venha com graça para cima de mim cavaleiro. Não gosto que debochem da minha cara. Está me achando com cara de que? – Milo se altera.

A flor que Eros estava entregando para Milo era roxa. Ele olha para flor que emana um gostoso perfume.

— A íris de cor roxa simboliza sabedoria e conhecimento. Eu reconheço que você é muito sábio, cavaleiro de Escorpião.

Milo segue irritado.

— Para isso não precisa me entregar uma flor. Um homem entregando uma flor para outro homem não pega nada bem.

— Depende do ponto de vista. Se estou dizendo o que ela significa mostra o que realmente penso. As flores que crio com minhas técnicas não morrem jamais se forem bem queridas por quem as recebe. É só você não pensar por um lado ruim, sou homem também Milo.

Eros passa por Milo deixando a flor no chão.

— Nós como cavaleiros de Ouro devemos ter um forte laço de amizade. A minha intenção é apenas essa. Flores fazem parte da natureza, é um bom presente para os amigos. Para mulheres entrego rosas vermelhas, aí sim significa que quero algo com alguma delas.— Eros sai sorrindo.

Milo observa Eros deixando sua casa.

— Nisso ele tem razão. – Milo coloca a mão no queixo. – Esse sujeito é mais esperto do que eu pensava.