Shion sente seu corpo sucumbindo com o poder que emana seu vórtex de cristal. Mesmo assim ele eleva seu cosmo para não deixar o vórtex diminuir a intensidade.

— Não posso perder tempo. Terei que te matar, Bedros de Osíris!

— Está me desafiando? Pois bem, chegou a hora de acabar com você e todo o Santuário! – Esbraveja Bedros.

Shion, que estava com as duas mãos para cima para criar o vórtex, abaixa a mão direita e se concentra para atacar sua Revolução estelar. Bedros está frente a frente com ele.

— Você quer ir além do que sua capacidade física consegue. Você não tem mais condições, velho mestre! Haaaaaaaa...

Bedros explode seu cosmo e ataca a vórtex de cristal junto aos corvos e cães. Nada abala o vórtex. Shion ergue seu punho para atacar Bedros. O Berserker vira seu ataque em direção a Shion.

— Você já me atrapalhou demais!

Shion não se move. Toda a sua concentração estava em manter o vórtex, e ele volta a elevar sua mão direita. O golpe a queima roupa de Bedros perfura o peito de Shion.

— Mestre! – Grita Mu e a muralha de cristal é destruída.

— Hahahahahaha. – Se diverte Bedros.

Os cavaleiros de Ouro percebem o ocorrido e ficam pasmos. Shion sucumbe na frente de Bedros.

— Eu sabia que não tinha como sobreviver, velho mestre do Santuário... O que?

O vórtex se racha e se torna uma imensa bolha de energia que explode. Todos os cães e corvos são destruídos. Parte da explosão vai em direção a Bedros.

— Você não tem noção o quanto há de energia nesse vórtex, Bedros. – Diz Shion.

— Aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh...

Bedros é atingido e seu corpo é todo cortado. A energia maligna desaparece completamente. Bedros cai retirando sua mão perfurada do corpo de Shion, que cai de costas. O Berserker se levanta e percebe se pescoço sangrando muito. Isso o deixaria uma grande cicatriz.

— Reconheço seu imenso poder, velho mestre. Você nem tentou se defender do meu ataque para fortalecer seu vórtex, que impediu meu avanço. Eu não consegui meu objetivo, mas apenas momentaneamente. Esperarei os cavaleiros de Athena no Templo do senhor Ares. No momento certo vocês saberão onde é. Mas logo esse Santuário também será do domínio do deus da guerra sangrenta. — Bedros desaparece.

Mu corre para socorrer Shion. Ele pega o seu mestre no colo.

— Mestre, resista.

— Está tudo bem Mu. Eu reconstrui todo o Santuário de Athena, treinei um ótimo sucessor, já escolhi meu substituto e o Santuário tem os doze poderosos cavaleiros de Ouro e capacitados cavaleiros de Prata, além de estar com cavaleiros de Bronze em fase final de treinamento. Eu consegui impedir o avanço de um deus maligno antes do regresso de Athena. Sei que ela está voltando... Eu cumpri minha missão. – Diz Shion em seus últimos suspiros.

— Não fale assim mestre. – Grita Mu.

— Uma guerra Santa está para chegar. E já temos a certeza que não é apenas contra Hades. Temos que nos preocupar com Ares... Com Éris... Ares sem dúvidas nessa geração será o oponente mais temível! – A voz de Shion começa a sumir.

Mu derrama lágrimas segurando seu mestre. As lágrimas caem no rosto de Shion.

— Mestre se poupe...

— Adeus meu discípulo... Adeus cavaleiros de Ouro, um dia nos reencontraremos.

Shion morre. Mu chora muito. Aldebaran e Aioria não conseguem esconder a emoção. Os demais cavaleiros de Ouro estão chocados.

Passam algumas horas e todos os cavaleiros de Ouro e Prata estão na frente do túmulo de Shion. Alguns guardas do Santuário ficaram de olho em Seiya e Ushio, que estavam adormecidos, já que a energia maligna havia isolado o local e eles não escutaram nada. Marin e Shaina também chegam ao local, cabisbaixas.

— Senhor Shion, devemos muito ao senhor. – Comenta Shaka.

Eros deixa uma rosa no túmulo do Grande Mestre.

— Protegeremos o Santuário, senhor Shion.

Máscara da Morte surge nesse momento. Aioria cerra os punhos.

— Onde você esteve maldito?

— As ondas de energia invadiram o Santuário. Levei várias feras ao sekishiki antes que elas invadissem o Santuário, porém não tive como deter todas. Por isso não estava aqui Aioria, seu idiota. – Responde o cavaleiro de Câncer.

Mu e Aioria ficam desconfiados. Os demais cavaleiros veem sentido no que foi dito por Máscara da Morte. Pouco tempo depois, Camus adentra o Santuário.

— Lamento muito... Não estar presente... O senhor Shion já havia me mandado permanecer na Sibéria.

— Não se culpe Camus. Sabemos que você fez a vontade do mestre. – Responde Milo.

Nikol chora muito. Ele regressa a sala do Grande Mestre e deixa os demais no cemitério dos cavaleiros.

— É lamentável tudo o que aconteceu, mas agora temos que organizar as coisas aqui no Santuário. – Quem diz é Shura.

Todos olham para o cavaleiro de Capricórnio.

— O que quer dizer com isso? – Pergunta Camus.

— Aioros e Shion estão mortos. Temos que escolher um novo Grande Mestre.

Aioria se irrita com a fala de Shura.

— Meu irmão não está morto!

— Ele está desaparecido há três meses, quando deveria retornar do Japão, e segundo o Berserker que invadiu o Santuário, ele está morto. Não temos mais um líder, então sugiro uma votação aberta entre nós para decidir o novo Grande Mestre.— Sugere Shura.

— Isso não é uma república para decidirmos uma coisa séria dessas por voto, sendo que pode haver troca de favores. – Comenta Aldebaran.

Shura olha irritado para Aldebaran.

— Não temos outra escolha. Shion morreu e seu substituto escolhido, Aioros, está morto ou desaparecido. O outro cavaleiro que disputou com Aioros para ser o novo Grande Mestre pela vontade de Shion, o Saga, já abandonou o Santuário e sua função como cavaleiro há muito tempo. Temos que tomar uma decisão.

Os cavaleiros olham entre si. Não há muito que fazer. Mas Aioria volta a resistir a ideia de Shura.

— Quem deve nos liderar agora é Nikol, assistente do Grande Mestre!

— Deixe de ser tolo cavaleiro de Leão. Nikol é um cavaleiro de Prata, somos cavaleiros de Ouro. A ordem natural das coisas é que com todos os cavaleiros de Ouro preparados, um deve ser o Mestre do Santuário. – Diz Shura.

Todos olham entre si. Os cavaleiros de Prata se afastam, deixando apenas os cavaleiros de Ouro no local. Shura percebe a indecisão de todos e os orienta decidirem no Coliseu. Todos concordam.

Os cavaleiros de Ouro vão para a arquibancada do Coliseu. O soldado Lorenzo faz a guarda do local, de olho no que está acontecendo. Dentre o silêncio de todos, Shura volta a se manifestar.

— Vamos parar de perder tempo. Vamos à votação, e não pode votar em si mesmo. Mu de Áries, em quem você vota.

Mu respira fundo. Ele ainda está atordoado com tudo o que aconteceu. Mas ele já tem sua decisão.

— Para mim não existe outro cavaleiro de Ouro mais qualificado. Ele é um dos cavaleiros de Ouro há mais tempo. Aldebaran de Touro!

Shura escuta a contra gosto a opção de Mu. Ele olha para Aldebaran.

— E você cavaleiro de Touro?

— Ninguém é mais capacitado do que o discípulo direto do senhor Shion. Mu de Áries.

Shura olha para os guardiões das duas primeiras casas e balança a cabeça negativamente. Ele se vira em direção a Máscara da Morte.

— Máscara da Morte. Concorda com algum dos dois?

— Claro que não. Meu voto irá para você, Shura.

O cavaleiro de Capricórnio sorri. Ele olha em direção a Aioria.

— Em quem você vota Aioria?

— Repito mais uma vez que meu irmão não está morto. Mas na sua ausência, Aldebaran de Touro é o mais qualificado.

Shura tenta esconder sua irritação. Ele se dirige a Shaka.

— Shaka de Virgem, sem dúvidas você é um dos cavaleiros mais sábios do Santuário. Me diga, em quem você vota?

— Tenho muita curiosidade em vê-lo com seu espírito de liderança no comando Shura. Então te darei esse voto de confiança.

Shura mostra um semblante satisfeito. Ele olha para Milo.

— E você Milo?

— Gostaria de falar algumas palavras antes de decidir meu voto. – Diz o cavaleiro de Escorpião.

— Então deixe para depois Milo. Já adianto que meu voto é para você.— Shura surpreende com seu voto, sabendo que Milo era bastante orgulhoso.

— O que? – Milo arregala os olhos.

Shura olha para Camus, que estava em silêncio observando tudo.

— E você cavaleiro de Aquário?

— Acompanho seu voto e indico Milo.

Shura encara Eros. O guardião da última casa sem dúvidas não era nem um pouco simpático com relação a ele. Dos 9 votos só faltava o dele e de Milo. Shura obtinha os votos de Máscara da Morte e Shaka enquanto Aldebaran obtinha os votos de Mu e Aioria. Milo obtinha os votos de Shura e Camus, enquanto Mu obtinha o voto de Aldebaran. Os dois últimos votos eram decisivos. Ele resolve saber logo a decisão de Eros.

— Chegou sua vez, Eros de Peixes.

Eros vira de costas para Shura.

— Prefiro escutar o que Milo tem a dizer primeiro.

Shura se irrita com o cavaleiro de Peixes, mas discutir naquele momento o queimaria. Ele passa a palavra para Milo. O cavaleiro de Escorpião começa a falar das qualidades de Shion, da responsabilidade de ser o Grande Mestre, dos perigos que os inimigos poderiam causar, até revelar seu voto.

— Gostaria muito de votar em Camus. Ele já tem experiência como mestre já há alguns anos. Mas ele anda muito ocupado com a função de treinar seu discípulo. Então darei meu voto de confiança para Shura.

Shura comemora por dentro. Ele passa a frente na votação, faltando apenas o voto de Eros.

— Chegou sua vez, Eros de Peixes. – Diz Shura.

Shura fica apreensivo. Ele torce para Eros dar um segundo voto para Mu ou votar em Aioria, Shaka ou Camus. Ele imagina que seria inimaginável um voto de Eros em Máscara da Morte. Então ele aguarda a decisão do cavaleiro de Peixes.

— Pois bem, eu voto em Aldebaran!

Todos olham entre si. Shura se sente desconfortável.

— Então empatou! Temos que desempatar.— Diz Milo. – Para isso, Camus deve votar novamente, já que Shura e Aldebaran ainda estão na disputa e os demais já votaram em um dos dois, fora é claro, vocês dois que não poderão votar novamente.

Shura percebe que não irá vencer. O voto de Camus fatalmente irá para Aldebaran, já que Shura sabe que Camus tem grande admiração pelo cavaleiro de Touro. Então ele resolve agir antes.

— Não se deve votar novamente. Empatou! Com isso, eu e Aldebaran devemos ter um duelo!

— Duelo? Está louco Shura? – Pergunta Aldebaran.

Shura salta para a arena do Coliseu e aponta para Aldebaran.

— Venha me enfrentar Aldebaran. Está com medo? Vamos ver quem é mais qualificado.

— Isso é tolice. Não se escolhe o Grande Mestre na força! – Comenta Eros.

Shura desdenha do que é dito por Eros.

— Temos que ter uma liderança o mais rápido possível. Chamem um cavaleiro de Prata para intermediar o duelo. Tome isso Aldebaran: “Excalibur.”

O ataque cortante de Shura vai direto a Aldebaran na arquibancada. O cavaleiro de Touro desvia e o ataque acerta uma parte da arquibancada. Aldebaran salta na arena do Coliseu de frente a Shura.

— Muito bem Capricórnio. Acabarei com sua ganância de poder com a imensa força do meu Grande chifre.

— Eu te racharei no meio se for necessário, Touro! – Responde Shura.

Os dois elevam seus cosmos. Mu fica indignado.

— Como podem se enfrentar em um momento que temos que nos unir após a morte de meu mestre?

— Sinto muito Mu, mas esse sujeito está muito obcecado. Eu não posso evitar, vou ter que enfrentá-lo. – Responde Aldebaran olhando para Mu.

— Seja partido ao meio Aldebaran: “Excalibur.”

— Contenha-se Shura: “Grande chifre”.

O confronto dos golpes abala o Coliseu.

Um pouco distante dali, em uma das casas afastadas no Santuário, Seiya desperta.

— Que sensação estranha. O ar parece um pouco pesado.

Ele olha pela janela e avista Marin. Ela anda de um lado para outro, demonstrando preocupação.

— O que a Marin tem?

Seiya sai da casa. Quando pensa em se aproximar de Marin, percebe sua mestra indo ao encontro de Shaina.

— Shaina parece que está acontecendo um confronto no Coliseu. O que os cavaleiros de Ouro estão fazendo?

— Não sei Marin. Só sei que não estão sendo nada prudentes. A morte do Grande Mestre abalou todos, assim como o desaparecimento e iminente morte de Aioros.

— O Grande Mestre morreu?— Seiya surge de surpresa no meio da conversa das duas amazonas.

Marin e Shaina se viram de frente a Seiya.

— Está ouvindo conversa alheia, seu moleque atrevido! – Grita Shaina.

— Seiya, aqui não tem nada para você saber. Volte para o seu alojamento e descanse para o treino de amanhã. – Diz Marin.

Seiya ignora Shaina e se vira para Marin.

— Mestra, eu não tive como evitar escutar...

— Faça o que eu te mandei Seiya. Agora eu estou ocupada. – Marin corre e vai para o outro lado do Santuário com rapidez. Seiya olha com surpresa.

Shaina se coloca na frente de Seiya.

— Não ouviu garoto? Suma daqui. Aproveite seus últimos momentos no Santuário!

— Eu não falei com você. E o que você pensa não me interessa! – Diz Seiya virando de costas.

Shaina salta de frente a Seiya. A amazona disfere vários golpes contra o discípulo de Marin.

— Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh...

— Arrogante! Respeite uma amazona de Prata! – Shaina segue socando Seiya.

— Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh...

Seiya vai ao chão. Shaina ia dar um novo soco em sua cara, quando Seiya segura sua mão e a derruba, ficando por cima dela. Shaina o olha nos olhos e parece perder a força de seu braço. Seiya a olha com raiva e solta seu braço.

— Você que é arrogante. Nem lutei com seu discípulo e já diz que ele venceu. Irei fazer o que a Marin me pediu, depois falo com ela.

Shaina se sente estranha depois desse rápido combate com Seiya.

— Por que estou me sentindo estranha de novo? Esse garoto... Aquele dia... – Shaina fica com o pensamento perdido. Ela caminha pelo Santuário.