Um pouco distante de onde Shun e Daidaros conversavam na Ilha de Andrômeda, June está escondida chorando. Spica surge de frente a ela.

— Está chorando? Onde está toda a sua valentia agora?

— Vá embora Spica! – Grita June.

Spica começa a rir a irritando.

— Você não passa de uma garotinha arrogante. Acho que já sabe onde é seu lugar agora. Você é uma menina, se toca. Eu ficarei com a armadura de Camaleão, mas não pense que eu desisti da armadura de Andrômeda. Ela nunca teve um portador desde os tempos mitológicos e serei eu a ficar com ela.

June para de chorar e começa a rir.

— Está rindo de que? – Spica se irrita.

— Você jamais vencerá o Shun. Aliás, a armadura de Camaleão será minha.

— Não se eu te espancar agora. Eu pouco me importo que você seja mulher, para conseguir o que quero eu passo por cima de tudo. – Spica parte para dar um soco na cara de June.

Spica percebe que em grande velocidade June saltou e ficou em suas costas. Ela pega Spica pelo pescoço e o vira a sua frente.

— Sou uma menina que adora te surrar. – June dá um soco em Spica e o joga longe.

Spica se levanta irritado. Ele limpa seu rosto.

— Isso não ficará assim June! Você vai me pagar. Só não será agora porque o mestre Daidaros está se aproximando. – Spica deixa o local reclamando.

June vai para uma pedra atrás do vulcão. Ela limpa sua máscara molhada de lágrimas e a coloca novamente. June pensa em sua infância e um filme passa em sua cabeça. Ela se lembra de ser resgatada por Albion, do tempo que ela viveu sozinha na Turquia, dos orfanatos clandestinos, do tempo que treinou no Japão, dos treinamentos de seu mestre Albion... A aspirante a amazona respira fundo.

— Tenho que me tornar uma amazona!

ILHA DA RAINHA DA MORTE

Ikki e Esmeralda estão no campo de flores. Ele está todo dolorido.

— Eu não sei quanto tempo vou aguentar esse treinamento. Mas eu preciso resistir, tenho que voltar para o Japão com a armadura. E quando eu voltar, você irá comigo Esmeralda.

Esmeralda sorri.

— Irei sim com todo o prazer. Mas você está com o corpo dolorido e machucado, será que meu pai não te da um dia de descanso?

— Claro que não. Ele é cruel, mas tenho que reconhecer que nesses 3 anos estou muito mais forte. Ele é meu mestre e está me tornando um cavaleiro. Só acho estranho as atitudes dele com aqueles cavaleiros negros. – Responde Ikki.

Esmeralda olha para cima.

— Tudo o que ele faz é estranho, Ikki. A forma que ele te treina querendo despertar o ódio em você não é normal. Os cavaleiros não têm essa maldade dentro de si, tem um grande espírito de luta, mas meu pai há muito tempo se tornou assim, um sujeito cheio de ódio, desde que a minha mãe morreu principalmente.

Ikki pega nas mãos de Esmeralda.

— Sei que você já sofreu muito Esmeralda. Seu pai cuida de você assim, como uma escrava. Perdeu a mãe cedo...

— Não sofro mais que você Ikki. Olha tudo o que você está passando nessa Ilha...

— Mas agora temos um ao outro. – Ikki segue segurando as mãos de Esmeralda e fica ainda mais próximo.

Ikki rouba um beijo de Esmeralda. Os dois ficam muito felizes. Eles escutam passos de alguém se aproximando e resolvem ir embora. Ambos se separam, mas ficam a noite toda felizes pensando um no outro. Ikki mesmo dolorido fica animado para o próximo dia de treinamento, sabendo que após o treino terá a companhia de Esmeralda, que irá com ele ao campo de flores.

No dia seguinte Guilty está ainda mais inspirado em treinar Ikki. Ele joga brasas no corpo de Ikki, joga pedras pesadas em cima dele e manda Ikki superar tudo. O garoto grita irritando Guilty. Guilty surra Ikki, que só tenta desvencilhar. Os golpes que Ikki acerta em Guilty são fracos, o que revolta o líder da Ilha.

— Ikki quanto tempo você está nessa Ilha?

— Três anos mestre!

— E com todo esse tempo você ainda não descobriu o que precisa para conseguir força? O ódio Ikki, você tem que odiar o inimigo! – Guilty volta a repetir.

Ikki se levanta.

— Eu sei... Mas estou dando o melhor de mim!

— Você tem que esquecer que sou seu mestre. No combate você tem que pensar em matar o inimigo, mesmo isso sendo um treino. Todos os velhos princípios de combate que você aprendeu no Japão estão te impedindo de prosseguir.

Ikki olha fixamente para seu mestre.

— Obrigado pelos conselhos mestre!

Guilty volta a dar uma surra em Ikki.

— Eu já disse que ficar agradecendo é inútil. Você vai sempre fracassar se não despertar esse ódio que existe em você. Jamais conseguirá conquistar a mais poderosa armadura de Bronze agindo assim.

Ikki sangra no chão. Guilty vai beber água e Esmeralda aproveita para se aproximar.

— Shun... – Ikki deixa escapar ao ver Esmeralda próxima.

— Sou eu Ikki. – Diz Esmeralda.

— Desculpa Esmeralda... É que me lembrei do meu irmão... Fico imaginando como ele está agora! – Justifica o garoto.

— Esses ferimentos vão acabar matando você. Todos os dias você se fere... – Lamenta Esmeralda.

Ikki volta a pegar nas mãos de Esmeralda.

— Está tudo bem, mas eu já te pedi para não vir aqui. Você se arrisca demais apenas para cuidar de mim.

Esmeralda sorri.

— Está tudo bem. Mesmo sabendo que vou te ver depois, não suporto te ver sofrendo.

Guilty surge de surpresa e empurra Esmeralda. Ela cai com violência no chão e sangra.

— Não faça isso mestre! – Grita Ikki.

Guilty dá um soco na cara de Ikki.

— Seu moleque otário. É ela né? Ela que está atrapalhando seus treinamentos. Ela que está impedindo de me escutar e despertar seu verdadeiro poder. Já disse que só vencerá se odiar. Odeie seus pais que te deixaram órfãos. Odeie seu irmão que o fez tão jovem ter que cuidar dele e acabar parando aqui. Odeie aquela fundação que sem escrúpulos te mandou para cá. Odeie o Santuário que está por trás de tudo o que está acontecendo com você. Odeie tudo nesse mundo, Ikki. Você tem que odiar.

Guilty golpeia Ikki a cada palavra que pronuncia. Ikki vai de cara ao chão.

— Ikki! – Grita Esmeralda se levantando.

— Essa menina é um estorvo na minha vida. Ela só me atrapalha. Odeie ela também Ikki! — Guilty golpeia Esmeralda.

— Não! – Grita Ikki.

Ikki corre para socorrer Esmeralda, que está ensanguentada. O golpe acertou sua barriga e a perfurou.

— Esmeralda... Fale comigo Esmeralda. – Grita Ikki.

— Ikki... Você vai se tornar o Fênix. Obrigado por tudo, você foi a melhor coisa da minha vida. – Responde Esmeralda perdendo os sentidos.

— Eu vou cuidar de você Esmeralda. Resista.

Esmeralda morre nos braços de Ikki. Ele grita e chora. Guilty se aproxima.

— Idiota! Ela morreu por sua causa. Se você lutasse pra valer, eu não teria que atacar ela.

Ikki explode seu cosmo. Chamas surgem nas suas costas.

— Mas o que é isso? Surgiram chamas? É a Fênix! – Grita Guilty.

Ikki da uma surra em Guilty, que começa a sangrar e não acompanha seus golpes. Ele vai de cabeça no chão.

— Esplêndido. É disso que estou falando. Esse sim é o futuro cavaleiro de Fênix! Agora nossos treinamentos serão muito mais produtivos. – Diz Guilty se levantando.

Ikki parte para cima de Guilty e volta a surrá-lo. Guilty não consegue acompanhar a imensa força de Ikki.

— Estava escondendo o jogo não é garoto? Ótimo, o treino de amanhã será ainda mais produtivo. Vá se lavar que eu vou dar um jeito no corpo da menina. – Guilty diz limpando o sangue de seu corpo.

— Seu maldito, imprestável. Você matou a Esmeralda. Eu nunca irei te perdoar, seu monstro. – Grita Ikki descontrolado.

Guilty vira de costas.

— Chega de drama, ela era uma inútil. Agora com você dominado pelo ódio, você jamais derramará uma lágrima novamente. Chore o que tem para chorar agora.

Os olhos de Ikki estão vidrados de ódio. Ele só enxerga Guilty a sua frente.

 - Eu vou acabar com você maldito! – Ikki volta a partir para cima de Guilty.

— Quer travar uma luta para matar ou morrer? Muito bem Ikki, só que você vai se arrepender. – Guilty eleva seu cosmo.

Porém o cosmo de Ikki já estava no seu limite. Guilty percebe que foi superado por seu discípulo. Ikki não para de disparar golpes, e Guilty começa a sucumbir.

— Pare agora, você me superou, está de parabéns, mas vai acabar me matando.

— É a morte que você merece seu maldito. Matou minha Esmeralda. Matou sua própria filha. – Ikki segue descontrolado.

Ikki golpeia o peito de Guilty e o atravessa.

— Seu maldito... Você arruinou meus planos... Você acabou com a minha vida... Mas o velho Ikki morreu. A partir de hoje nasceu o cavaleiro de Fênix, e você vai odiar a todos. Os meus planos irão para frente de outra forma...

Guilty cai morto no chão. A urna da armadura de Fênix brilha no pedestal, entrando em ressonância com o cosmo de Ikki. A urna ameaça abrir, mas surge cavaleiros negros, um chutando a urna e o outro golpeando a barriga de Ikki com uma faca.

— Aaaaaaaaaaahhhh... – Ikki sangra.

— Então você matou o mestre Guilty? Dominou o ódio é?

Ikki levanta a cabeça e reconhece um dos homens que o atacou.

— Jango!

— Hahahaha exatamente. Agora com a morte de Guilty, eu sou o novo líder da Ilha da Rainha da Morte. A armadura de Fênix é minha!

Ikki vai interceder, mas dois cavaleiros negros o seguram pelos braços.

— Quem são eles? – Grita Ikki.

— Hahahaha eu sou o Unicórnio Negro.— Diz um que segurou o seu braço.

— E eu sou o Urso Negro.— Diz o cavaleiro que segurou o outro braço.

Do lado de Jango surgem mais dois cavaleiros Negros. Todos tem o nariz e a boca cobertos por uma máscara.

— E esses são o Hidra Negro e o Lobo Negro. Eles me seguem, e me aceitam como líder. Agora com a morte de Guilty eu dou as cartas aqui. E minha primeira ordem é a sua morte Ikki. – Diz Jango.

Ikki consegue se desvencilhar dos cavaleiros que o seguravam e fica em posição de combate. Sua barriga sangra com o ferimento da faca.

— Minha visão está turva...

— Você não resistirá muito tempo Ikki! – Ri Jango.

Um golpe poderosíssimo acerta os cavaleiros negros. Alguém imponente surge em frente a todos.

— Então os cavaleiros negros estão dentro e fora da Ilha da Rainha da Morte agindo. Quem pensam que são?

Jango e os cavaleiros negros arregalam os olhos.

— Um cavaleiro de Ouro!

Saga se mostra diante de todos. Ikki fica surpreendido.

— Esse é o cavaleiro de Gêmeos. Aquele que dizem que abrigou a alma do deus da guerra Ares por maldição. Ele deve ter vindo para o seguirmos para destruir o Santuário! – Comenta o Unicórnio Negro.

— Idiota! Já faz tempo que me livrei do espírito maligno. Mas pelo visto vocês sabem sobre Ares. Foi alguém ligado a ele que conseguiu desfazer o selo de Athena na Ilha? – Questiona Saga.

Os cavaleiros negros olham entre si.

— Agora ele é apenas um cavaleiro, não temos que responder nada que ele pergunta. Mate-o! – Exige Jango.

Os cavaleiros negros atacam em conjunto. Saga detém com uma mão.

— Com um golpe pífio desses pretendem me derrotar?

— Ele deteve com uma mão! – Grita o Urso Negro.

— Agora acabarei com a ganância de vocês: “Explosão Galáctica”.

— Aaaaaaaaaahhhhhhh... — Os cavaleiros negros são derrotados.

Jango salta no pedestal para roubar a armadura de Fênix. Ikki salta em cima dele.

— Você não vai roubar a armadura cretino.

— Ikki seu idiota! – Os dois caem no chão e trocam socos.

Jango é jogado nos pés de Saga que o olha por cima.

— Você é o líder dessa Ilha agora com a morte do antigo líder não é? Pois o farei desaparecer para sempre. Se perca em um lugar desconhecido: “Outra dimensão”.

— Aaaaaaaaahhhhhhh... — Jango desaparece com a dimensão aberta por Saga.

Saga e Ikki se encaram. Ikki está com ódio no olhar.