Up all night I won't quit escrita por Arin Derano


Capítulo 11
[BEANDI] - Capítulo 1




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— Tá gravando? — perguntei, e quando Jay fez um positivo com a mão livre, eu e Skye nos posicionamos a frente do celular.

— Estamos aqui na frente do castelo abandonado da cidade, e o que faremos hoje Bea?

— Vamos entrar e gravar o que encontrarmos lá dentro! — completei.

— Partiu! — elu foi na frente, seguide por mim, Yasmin e Jay. A princípio, Yas só tinha vindo para jogar na nossa cara de que não tinha nada na construção abandonada.

— Vocês sabiam que pessoas já entraram aqui, não? — Skye contou. — Nos anos 80, uma universitária entrou e encontrou todas aquelas decorações de castelos que a gente vê nos filmes, com direito a trono real, lustres, candelabros e tudo mais. Se a gente tiver sorte, podemos procurar pelo jornal que tem os desenhos dela na universidade.

— Como você pode ter certeza de que o desenho é real? — Yas questionou.

— Não tenho, mas é legal de imaginar que seria real mesmo assim.

Era um dia fresco, um fim de tarde com poucas nuvens. Tínhamos o dia de folga e decidimos que seria ótimo gravar o castelo abandonado que encontramos semanas atrás por acaso, em um dia que fugimos das aulas. Ou melhor, eu e Skye. Yas e Jay eram certinhos, não faltavam aula por nada.

A uns meses atrás, eu e elu decidimos criar um canal de conteúdo de curiosidades no TikTok e estava dando certo. Modéstia a parte, éramos muito bons no que estávamos fazendo, e tínhamos nosso amigo introvertido que seria nosso cameraman. Yas não queria participar do canal ativamente, só aparecer em algum vídeo ou outro, já que precisávamos convencer ela a gravar com a gente.

O castelo abandonado já estava lá a séculos. A mata que crescia ao redor mostrava os anos sem dono nem cuidado. Apesar disso, a construção ainda estava intacta, com algumas janelas quebradas aqui e ali.

Nosso grupo deu a volta pelo castelo, procurando por atalhos para entrar. Depois de uma volta e meia, encontrei uma tábua coberta de ervas daninhas meio solta que escondia uma fenda na parede.

— Ei gente! — chamei, e os três vieram em minha direção. Yas me ajudou a tirar a tábua do lugar, já que era mais pesada do que eu imaginava. Analisamos a fenda por alguns segundos e entrei, depois de decidirem que por eu ser a menor seria mais fácil para mim.

— Tenta abrir a porta para a gente! — Skye pediu, sua voz e a dos outros ficando distante conforme eu entrava na construção.

Eu saí em um corredor, repleto de poeira, teias de aranha e perto da janela quebrada ao fim dele, a natureza começava a tomar seu lugar.

Tossi para tirar a poeira dos pulmões e limpei as mãos na roupa. Eu gostava de pintar e esculpir, estava acostumada a ter as roupas sujas. Caminhei pelo corredor, tentando abrir as portas que encontrava no caminho sem sucesso. Suas maçanetas eram bem antigas, adornadas com desenhos de rosas e espinhos em prata e a madeira parecia ser maciça. Existiam alguns suportes para velas nas paredes, muitos já quebrados, caídos e enferrujados.

Saindo dele dava para o salão principal. Algumas cortinas com brasões apagados ficavam em uma parte mais elevada do ambiente. Uma cortina inclusive estava rasgada, boa parte dela arrastando no chão. Algo naquilo me dava uma sensação ruim, quase como seja lá quem fosse que vivia aqui tivesse saído às pressas.

Toda a decoração de que Skye tinha falado não encontrei. Olhei para cima em busca de um lustre, e o vi no centro do pé direito alto, com ervas daninhas pendendo dele. Uma janela circular dava uma pequena vista para o céu lá de cima.

Olhando para o lado oposto de onde tinha vindo, havia um outro corredor muito mais longo com mais portas. Precisei segurar o anseio de explorar tudo aquilo para fazer quando conseguisse abrir a porta para eles. Analisei a porta de entrada e suas dobradiças, além da maçaneta que eram alças de metal. Parecia tudo bem enferrujado, mas eu não desistiria tão fácil. Tentei forçar e chutar.

— Ei! Tá tudo certo aí? — ouvi Skye gritar do lado de fora.

— Tá sim! A porta não abre, tá enferrujada. Vou procurar por outra porta ou coisa assim. É um castelo né? Deve ter um monte de passagens secretas! — respondi.

Quando dei meia volta procurando por outra entrada, senti um calafrio percorrer meu corpo, o que era estranho. Não estava frio. Continuei procurando nos cantos das paredes e janelas por ali sem sucesso.

Eu estava no caminho para o outro corredor quando senti outro calafrio, mais intenso dessa vez. Cruzei meus braços e olhei ao redor. Era uma sensação semelhante a ter alguém te olhando, como se algo tivesse... errado.

De um segundo para outra, fui arremessada contra a parede e caí no chão. O baque me fez perder o fôlego por um tempo. Enquanto eu recuperava o ar e me levantava, uma força me prendeu contra a parede novamente, me sufocando. O choque mal me deixava perceber o que estava acontecendo, mas consegui ver que era uma pessoa que me impedia. Uma pessoa linda por sinal.

Ela usava vestes meio antigas para hoje em dia, mas quem seria eu para julgar? Era negra, e seu cabelo estava trançado em longos dreads, com alguns detalhes em prateado que não conseguia ver muito bem. E era mais alta do que eu também. Suas unhas pinicavam meu pescoço, e seu olhar a fazia parecer nem um pouco amigável.

— Oi... — consegui dizer. Pensei em algo que poderia me tirar daquela situação em poucas palavras. — Você é linde.

Elu me soltou e respirei fundo umas três vezes para minha respiração voltar ao normal. O que diabos tinha sido isso?

— Desculpa, eu já estava de saída — menti, massageando meu pescoço. Elu não disse nada, apenas me fitou de volta com os braços cruzados. — Você não é da polícia né? Eu posso me explicar...

Elu não me respondeu.

— Qual é seu nome? E seus pronomes? — Estendi minha mão, mantendo o sorriso em meu rosto. — Eu me chamo Bea, uso qualquer...

— Vá embora. Encontre seus amigos e não voltem mais.

Processei a informação por um momento.

— Espera aí... Quer dizer que você mora nesse lugar? Esse castelo é seu? Como...

Em segundos eu já estava sendo sufocada de novo.

— Escuta raio de sol, você e seus amigos vão sair agora daqui se não quiserem problemas, me entendeu?

Eu assenti. Elu era forte o suficiente para conseguir me erguer do chão me segurando só pelo pescoço. Isso até era meio... preocupante. Se duvidasse, elu poderia acabar comigo em minutos ou menos.

Quando me soltou, massageei meu pescoço traçando minha rota de volta, e ouvi o barulho e rangido de uma porta abrindo. Era a porta da frente. O grupo não deveria estar por ali perto pois não os ouvi. Então... quem tinha aberto?

Olhei para ê mal-humorade na busca de algumas respostas, sem sucesso. Fui em direção a porta e dei uma última olhada antes de sair.

Elu já não estava mais lá.


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