Crush Culture escrita por bimmbinha


Capítulo 6
Telefone Residencial




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Perplexa, Tenten não percebeu o momento que os ladrões armados saíram de perto deles, muito menos quando diversos policiais, também armados, invadiram a escola. Ela sequer prestou atenção quando seus pais vieram correndo em sua direção a abraçá-la.  Estava em estado de choque e não conseguia prestar atenção em absolutamente nada do que acontecia a sua volta.

Rock Lee chorava desesperadamente, soluçando, enquanto corria para abraçar os seus pais. E por outro lado, Gaara e Ino que foram os últimos a deixar a escola, foram escoltados por policiais.

Tenten permaneceu absurdamente séria e imóvel, enquanto sua mãe chorava descontroladamente a envolvendo em um forte abraço e prometendo que tudo iria ficar bem. Tudo está bem,  foi o que adolescente gostaria de dizer, entretanto se calou, ainda estava pensando sobre o momento exato em que os ladrões ordenaram que os quatros se deitassem no chão.  Eles tinham levado a porcaria do seu celular, seu dinheiro e os seus caríssimos fones bluetooth! Argh! Ela nunca sentiu tanta raiva em toda sua vida!

Enquanto tentava processar o que tinha acabado de acontecer, ela foi conduzida pela mãe, ainda chorosa e desesperada até o carro, a colocando sentada no banco do passageiro da viatura policial. Segundo os policiais, a senhora Mitsashi estava abalada demais para dirigir e ela e o marido concordaram, aceitando a carona de volta para casa.

Assim que chegou em casa, seus pais prepararam waffles e um suco de laranja natural para ela. Ela assistiu algumas séries e depois foi tomar banho, trocar de roupa e seguir para o quarto.

Quando finalmente a ficha caiu do que tinha acontecido, Tenten desatou a chorar desesperadamente. Nunca sentiu tanto medo e desespero em toda sua vida e para piorar a situação aqueles malditos tinham levado o seu celular e o seu bluetooth. Tenten chorou descontroladamente, com o rosto enfiado entre os travesseiros e gritando freneticamente em pura raiva, chutando os pés e socando o ar descontroladamente. Seus pais compreensivamente deixaram que ela finalmente extravasasse suas emoções após o episódio traumático.

—Mas que inferno! Como é que eu vou falar com os meus amigos agora? — Perguntou para a mãe, com os olhos inchados de tanto chorar e vestindo o seu pijama de pandas.

A mãe sorriu sarcasticamente e direcionou seu olhar para uma coisa antiquada, que, embora estivesse há anos em cima da escrivaninha de Tenten, a adolescente passara boa parte da sua vida ignorando aquilo.

Não.

—Até comprarmos outro celular, esse é o único modo de você telefonar para os seus amigos, querida.

Ela fez uma careta e rolou os olhos.

—Pelo amor de Deus, mãe! Nós estamos em 2023, ninguém mais liga para ninguém! Essa é uma das maravilhas tecnológicas!

—Eu sinto muito minha querida, mas você terá de se contentar com nosso velho e primitivo telefone residencial até termos dinheiro para te comprar outro.

A filha franziu o cenho e bufou, questionando-se como iria fazer para ligar para um dos seus três cavaleiros se ela era mentalmente incapaz de gravar um número de telefone. Tenten encarou o telefone residencial, que felizmente era sem fio – ao menos isso – por alguns minutos.  Que azar desgraçado!

—Eu tenho quase certeza de que meus amigos não usam telefone residencial, mamãe.

—Bem, você vai ter que se acostumar. Eu e o seu pai iremos até o supermercado, você vai ficar bem sozinha?

Com certeza não, pensou a morena.

—Vou sim, podem ir.

(...)

Minutos depois, Tenten continuava a encarar seriamente o seu telefone sem fio pensando em como iria fazer para ligar para os meninos e perguntar se eles estavam bem. Tsc. Seu pai tinha razão: ela precisava mesmo aprender a anotar os números em uma agenda, justamente para casos como esse.

Ela estava sentada na cadeira. Como não estava no clima para ligar o computador e ver as mensagens de falsa empatia em suas redes sociais, a morena preferiu ficar girando ali da forma mais aleatória e entediante possível, até escutar a campainha tocar e subitamente se alarmar. Ela arregalou os olhos, assustada e rapidamente se levantou, deixando o quarto e correndo em direção as escadas, indo até a cozinha para pegar um objeto que pudesse usar para se defender. Ela já tinha assistido inúmeros filmes de terror e sabia que era sempre assim que começava: quando os pais do protagoniza por alguma razão precisavam se ausentar e o deixavam sozinho e vulnerável, uma presa perfeita para espíritos demoníacos ou serial killers.

A Mitsashi praticamente saltitou até a cozinha, pegando a primeira frigideira que achou e então correu até a sala. A campainha ainda tocava insistentemente e ela, prendendo a respiração, se aproximava da porta com muita desconfiança e se preparando para um possível ataque.  Os olhos castanhos estavam estreitos de maneira desconfiada e ela estava muito bem posicionada, pronta para acertar em cheio o cretino ou a cretina serial killer.

A campainha continuou tocando várias e várias vezes, e Tenten respirou fundo antes de finalmente decidir abrir a porta. Mal abriu a porta e já acertou o cara com a frigideira enquanto gritava.

—Toma essa, seu babaca!

—Puta que pariu, Tenten! O que é isso?! — Cambaleando, Sasuke recuou alguns passos, segurando o local atingido. A Mitsashi arregalou os olhos e sorriu sem graça, enquanto o Uchiha choramingava de dor, segurando o local atingido.

Atrás dele, Neji gargalhava prazerosamente e Rock Lee abafava uma risada, meneando a cabeça em incredulidade. A morena sentiu as bochechas esquentarem e coçou a nuca, visivelmente constrangida, enquanto se aproximava de Sasuke que, ainda sofrendo de dor, preferiu manter uma distância segura do corpo da colega de classe.

—Eu sinto muito, muito, Sasuke, eu fiquei um pouco paranoia por causa do assalto de hoje cedo. — Explicou sorrindo sem graça. Ele continuava a choramingar, segurando a testa que com certeza ficaria um galo enorme por causa daquele ataque inesperado. — O que é que vocês estão fazendo aqui?

—Nós viemos ver se você estava bem e te chamar para assistir alguns filmes. — Explicou Lee.

Tenten assentiu lentamente e Neji sorriu triunfante.

—Isso com certeza melhorou muito a minha noite. Que satisfatório!

Sasuke se virou para fulminá-lo com o olhar e o Hyuuga sorriu mais ainda, antes e passar pelo moreno e adentrar a residência da morena. Tenten olhou rapidamente para o seu relógio de pulso da Hello Kitty, constatando que seus pais deveriam retornar dali há alguns minutos e então convidou o Uchiha e Lee para entrarem também.

—Você deve ser uma daquelas malucas que ama assistir a filmes de terror, né? — O Uchiha indagou encarando sugestivamente para a frigideira que ela tinha nas mãos e Tenten concordou, rindo, antes de fechar a porta atras de si.

—Eu sinto muito, muito, Sasuke, eu jurava que era um serial killer.

Fazendo biquinho, o moreno continuou a segurar o local atingido.

—Acho que só vai sarar se você der um beijinho na testa.

A Mitsashi arqueou a sobrancelha, e ele assentiu.

—É isso mesmo o que você ouviu.

Rindo, Tenten se aproximou dele e beijou suavemente a testa dele, que, de fato, estava formando um galo enorme.

Neji rolou os olhos com impaciência e então pegou o controle remoto, ligando a televisão. Essa era uma das desvantagens em se conhecerem desde o útero de suas mães: a intimidade entre eles era enorme.  Às vezes Tenten ia até a casa de Rock Lee só para pegar algumas frutas na geladeira. Os três tinham essa conexão cósmica gerada dentro das barrigas de suas mães, melhores amigas e por esse motivo foram presenteados com o apelido de “trigêmeos siameses” quando ainda estavam no ensino fundamental. Não que Tenten se importasse, na verdade.

—Melhorou? — Perguntou, sorrindo para Sasuke.

—Eu estou com vontade de vomitar! — Neji gritou. A culpa era exclusivamente de Rock Lee por ter convidado aquele idiota para irem até a casa de Tenten, era só para os dois estarem ali, mas aquela tarântula maldita tinha que incluir Sasuke!

Ele se recusava veementemente a ficar de vela para a garota que gostava com aquele canalha talarico.

Tenten rolou os olhos e o Uchiha ofereceu o dedo médio para o Hyuuga, pensando em oferecer um remédio para ele, mas desistiu da provocação assim que se sentou no sofá. Os quatros tinham tido um dia muito difícil e por mais que ele quisesse ficar sozinho com a Mitsashi, sabia que ainda não tinha o direito de expulsar os melhores amigos dela da casa dela.

Ainda. Mas caso as coisas com ela evoluíssem, ele definitivamente iria expulsá-los. Neji, provavelmente a vassouradas.

—Você não vai adivinhar no que a minha mãe me disse hoje cedo, Ten. — Lee fungou uma risada de escárnio. — Ela quer que eu aprenda a usar o telefone de casa! Você acredita nisso?

A morena soltou um gritinho animado e desatou a rir. Estava passando Jumanji na televisão, mas como era o antigo nenhum dos quatros se deu ao trabalho de prestar atenção.

—Minha mãe disse a mesma coisa, aí eu falei: Como eu vou ligar para eles se eu não tenho o número deles? E ela disse que não vai me dar outro celular até ter dinheiro o suficiente, ou seja, vamos ser obrigados a nos comunicar da maneira mais primitiva e antiquada possível.

—Isso não seria um problema se eu não imaginasse que Lee, é claro, vai usar o telefone para gravar o próprio peido enquanto estivermos na ligação com ele. — Neji revirou os olhos. Ele era surpreendentemente previsível.

—Há! Eu estava mesmo pensando em fazer isso! — Rock Lee admitiu.

—E você, Sasuke? Também vai ser obrigado a usar telefone residencial?

Ele fez que sim e sorriu.

—Na verdade, eu poderia comprar outro celular, mas só de pensar que eu vou parar de receber ligações e mensagens de garotas estranhas já me traz uma incrível sensação de paz. Acho que vou aderir ao telefone residencial também.

Tenten e Rock Lee riram.

—Seria uma pena se alguém descobrisse o número do seu telefone residencial e passasse para o seu fã clube de malucas. — Neji sorriu diabolicamente.

Sasuke estreitou os olhos e então pegou a almofada que tinha atrás de si e a arremessou contra o rosto do Hyuuga, que desatou a xingá-lo furiosamente. Tenten e Lee desataram a rir, divertindo-se com a cena, até que, de repente, estavam todos os quatros entretidos com uma guerra fatal de almofadas, rindo e xingando uns aos outros.  O quarteto estava tão ocupado em atacar uns aos outros que sequer perceberam quando os pais de Tenten chegaram em casa.

Os pais se entreolharam, intrigados. É claro que não era nenhuma surpresa verem Neji e Rock Lee no meio de uma guerra idiota, mas o garoto de cabelos espetados era novidade.

A senhora Mitsashi decidiu que iria ter uma conversa séria com Tenten assim que estivessem a sós.

Devido ao fatídico episódio do assalto, o colégio ficou fechado por uma semana a pedido da polícia. Durante esse período, o quarteto decidiu começar a se comunicar pelo velho e ultrapassado telefone residencial.  A morena estava sentada na poltrona, com o telefone em uma mão.

Oi mi amores! Como estão?

—Nossa, eu não sabia que você falava espanhol. Seu sotaque é muito sexy, Tenten. — O comentário de Sasuke a fez sorrir e corar simultaneamente.

Eu sou mesmo obrigado a escutar isso? Sério? — Neji grunhiu raivosamente.

Se quiser, pode sair da chamada, ninguém vai sentir sua falta.

—Há! Bem que você queria, né Uchiha?

Tenten revirou os olhos e então ergueu os pés, apoiando-os sobre a escrivaninha.

Será que dava para os dois idiotas pararem, pelo amor de Deus? Tem Tenten para todo mundo! Mentira, não tem, mas por favor, parem de brigar. Eu estou entediada, o que nós vamos fazer hoje?

—O que vocês acham de vir aqui em casa? Tem piscina, tem sorvete, milk-shake e o Neji pode tirar nossas fotos se beijando na piscina, Tenten.

Fazendo uma careta, a morena se afastou do telefone exatamente no mesmo instante que o melhor amigo começou a gritar os palavrões mais ofensivos e pesados possíveis da maneira mais agressiva possível.  A morena pôde escutar uma gargalhada histérica ao fundo, que pressupôs sabiamente ser do Uchiha, mas preferiu esperar mais alguns minutos antes de voltar a encostar seu rostinho ao telefone. Felizmente, Neji tinha parado de xingar.

Ele se transformava em uma pessoa completamente diferente quando estava com raiva e, apesar de achar sexy, a morena não conseguia não deixar de se sentir assustada com os palavrões que ele proferia.

Acho uma ótima ideia. Aliás, Sasuke, você conhece várias garotas né? — Lee perguntou animadamente. — Você bem que podia me arranjar uma ficante, o que acha?

Tenten revirou os olhos e passou a encarar as próprias unhas.

Tudo bem. Eu sempre quis ser o cúpido de alguém.

Tenten fez uma careta, não sabia o que era mais chocante: ele ter concordado em ajudar Rock Lee, que sempre falava obscenidades para as garotas quando ficava extremamente nervoso ou se era o fato de ele querer ser o cúpido de alguém. Desde quando Sasuke Uchiha era a favor do amor?

—Sendo assim, bem que você podia bancar o cúpido entre eu e a Tenten né? — Indagou Neji, usando a voz mais dissimulada possível.

A resposta foi uma gargalhada extremamente forçada por parte do Uchiha e Tenten desatou a rir.

Ou eu podia bancar a cúpido e arrumar namoradas para vocês dois, o que vocês acham?

—Ta, nós podemos discutir isso depois. — Sasuke claramente não pretendia retornar a aquele assunto posteriormente, mas, naturalmente, não disse isso, atendo-se a outra questão. — Então vocês vão vir? Vou pedir para o meu irmão assar as carnes.

Nós vamos sim, Sasukinho.  Até daqui a pouco!


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