A gateway to the Sun escrita por M san


Capítulo 4
A proteção das pétalas azuis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809591/chapter/4

Cinco dias eram quatro dias a mais do que Sasuke esperara permanecer no palácio do Daimyo. Apenas Sakura, Naruto e Shikamaru sabiam de sua presença ali, mas o pouco de paciência que poupara ao não precisar se envolver no que era político daquela missão foi gasta no desconforto de cinco dias se escondendo acima dos forros dos salões ou abaixo dos pisos de madeira dos cômodos. Dali, conseguia ouvir todas as conversas e seguia qualquer movimento suspeito dos familiares ou empregados do Senhor Feudal, mas essa era outra fonte de mau humor. Especialmente as que envolviam Tsukasa-sama, o filho mais novo do Daimyo. 

Quando, ao chegar ao palácio, foi ao encontro de seus companheiros de missão, ouviu por trás da porta seu melhor amigo descarregar em um desabafo a própria frustração. “Ele é um puta de um otário, um escroto do caralho”, esbravejou Naruto, antes de ser contido pelo conselho de um prudente Shikamaru: “Segura tua onda na frente do Sasuke, você sabe como ele é”. O Uzumaki começou a argumentar que Sasuke descobriria de qualquer forma, o que o fez apertar um pouco mais o ouvindo contra a porta. Contudo, antes que o Uzumaki soltasse o que Sasuke supostamente “descobriria de qualquer forma”, Sakura apareceu e a conversa tomou outro rumo. 

Deixara aquela primeira reunião com a certeza que obrigaria Naruto a desembuchar na próxima oportunidade, mas não foi preciso. Como predito pelo companheiro, Sasuke eventualmente descobriu. Tsukasa era o otário, escroto do caralho, e o Uchiha ainda conseguiria acrescentar outras dezenas de adjetivos tão elogiosos quanto. Algumas vezes por dia, continha seu impulso de simplesmente comprometer a missão e assumir uma nova posição. Quando sincero, reconhecia que de alguma forma já o fizera, ao diminuir a vigilância sobre outros moradores do palácio e redobrá-la em Sakura. 

— Ela vai achar que você não confia nela – Naruto acusou, ao ouvir a confissão disfarçada de relatório que Sasuke apresentou. O Uchiha achou injusta a censura, uma vez que segundos antes o rapaz reclamara de como a amiga estava exposta. 

— É, mas o cara simplesmente implicou com ela, né? - ponderou Shikametu, entre dois tragos de cigarro - Sinceramente, estou achando vocês dois até bastante controlados, eu já perdi a paciência com aquele babaca! 

— É que a Sakura sabe se cuidar, né? Tipo, ela quebra a guarda do Daimyo sozinha, se quiser, então não tenho medo dele fazer mal a ela. É mais a raiva de ela ter que... 

— O que você viu? - Sasuke perguntou, interrompendo Naruto e se dirigindo a um  Shikamaru estranhamente afetado. O Nara piscou surpreso por um segundo, mas se recompôs. Pareceu perceber que fugir a sua típica praticidade o entregou. 

— Nah, não importa... É como o Naruto disse, ela sabe se defender - respondeu, apagando a bituca no tronco que usava de banco. Um soco teria desagradado menos Sasuke, o que deve ter se refletido em sua expressão uma vez que Shikamaru acrescentou – Cara, quanto mais rápido acharmos o que tá acontecendo aqui, mais rápido a gente libera a Sakura disso, né? 

Queria ter respondido que não era propriamente ninja de Konoha e que se desse na telha, arrancaria a cabeça do caçula do Daimyo, mas não colocaria Kakashi na reta tão fácil assim. Irritado até a alma, deixou a dupla para trás e voltou aos trabalhos, procurando qualquer pista que indicasse quem estava envenenando o Senhor Feudal do País do Fogo. 

Dois dias se passaram e, favorecendo a ansiedade do time sete, nada mudou. Naruto decidiu não acompanhar Shikamaru, enquanto esse convocava os membros do conselho feudal, sob a desculpa de não sobrecarregar Sakura – que teria que ficar a cargo da segurança do Daimyo além dos cuidados médicos. Sasuke desconfiava que o amigo não confiava no autocontrole do Uchiha, mas o argumento era bom demais para ser derrubado. De fato, Sakura parecia ainda mais exausta do que em Konoha, tendo que drenar veneno do corpo do Senhor Feudal várias vezes ao dia e se desesperando em não saber como a substância estava contaminando o homem: 

— Eu não tenho ideia de como esse homem tá sendo envenenado! O antídoto impede os sintomas, mas tenho que tirar o veneno mesmo assim, o corpo dele não consegue processar tudo sozinho. A quantidade é muito grande, mas de onde vem? Toda a comida e bebida que ele ingere, eu preparo! E eu como exatamente a mesma coisa! Não faz sentido... - Sakura desabafou, em um sussurro, com Sasuke do outro lado da parede. 

— Talvez seja ambiental, alguém tá trazendo algo... 

— Os únicos que entram aqui são o filho, o médico dele e o gato! 

Era verdade. E nenhum dos homens parecia estar envolvido, avaliou Sasuke, cansado. Naquela noite, o rapaz checou todos os mantimentos do palácio e testou a água do lugar inteiro com o kit que Sakura emprestara. O trabalho seguiu até o amanhecer, mas o jovem retornou ao posto derrotado: nenhuma contaminação foi encontrada. 

A derrota, entretanto, serviu de motivação e o fez se decidir: levaria o Senhor Feudal para Konoha e o deixaria lá, sob as barbas de Kakashi. Isso diminuiria a carga sobre Sakura e eles teriam mais liberdade para investigar. E foi procurando pela kunoichi que Sasuke retornou ao palácio, camuflando sua presença e desviando dos que encontrava no caminho. Àquela hora, ela estaria na salinha próxima aos aposentos do Daimyo, preparando a medicação do dia enquanto Naruto distraia o homem contando causos de missões. Por isso, ao ouvir a voz da garota soar irritada do outro lado da porta, Sasuke hesitou. Trocou-a pela abertura entre a parede e o teto, entrando no cômodo com a certeza de que não seria visto e se escondendo atrás de um biombo decorado. Desconfiara de quem estaria ali com a jovem e odiou estar certo, um misto de peso e queimor no estômago metabolizando a raiva. 

— Sakura-chan, quando você parar de se fazer de difícil, eu vou garantir pessoalmente que você não precise mais trabalhar... 

— Tsukasa-sama, tenho certeza de que não é a primeira vez que eu digo ao senhor que não estou me fazendo de difícil - Sakura respondeu, de costas ao rapaz, concentrada nas gotas que pingavam da pipeta dentro do béquer onde ela misturava o medicamento do Senhor Feudal - Além disso, eu gosto do que eu faço e não pretendo parar. O senhor pode dar um passo para trás? Está muito perto e cortando a luz, eu mal consi... 

— Sinceramente, Sakura-chan, qual a necessidade desse joguinho? - Tsukasa interrompeu, se aproximando um passo - Basta eu te pedir ao meu pai, ele certamente não fará oposição a tê-la com uma das noras. 

— O senhor deve saber que isso não vai acontecer. 

— E você deveria mesmo se dedicar a atividades menos desgastantes que medicina ou missões! Eu consigo ver daqui que suas mãos estão ásperas! Uma jovem não deveria ter calos nas mãos... 

Se perguntado, Sasuke não saberia explicar em que momento desistiu. Não foi consciente que ele abandonou o esconderijo e segurou o punho do rapaz antes que esse alcançasse o de Sakura, a força imprimida suficiente para deixar um bom hematoma como lembrança. Se a raiva não estivesse derretendo suas entranhas, talvez tivesse achado graça quando os olhos mimados do herdeiro substituíram o desdém pela surpresa e então o pavor ao se virem refletidos nos mortais de Sasuke. Mas durou apenas um segundo. Quando Sakura exclamou seu nome, o Uchiha já soltara o braço do homem, permitindo que esse atingisse o chão com o impacto adequado. 

— O que você tá fazendo? - a garota ralhou, se agachando para examinar o corpo inerte no assoalho - Você sabe o que ele vai aprontar quando acordar? Vai fazer um inferno das nossas vidas! 

— Não sou ninja de Konoha, ele não pode... 

— Mas eu sou! E o Kakashi-sensei que vai responder por isso! Puts, Sasuke... Vamos, me ajuda a colocar ele naquela cadeira ali... 

Sasuke levantou o rapaz pela gola do kimono e jogou-o na cadeira, sem qualquer cerimônia. Concentrou sua consideração em não apelar com Sakura, que se debruçava sobre o rapaz com um cuidado que fez o Uchiha se irritar a ponto de desviar o olhar. O certo era largá-lo ali e deixá-lo, uma vez acordado, absorver a sorte de não ter sido arremessado em um poço qualquer.   

— O que deu em você? - Sakura perguntou, levantando as pálpebras inconscientes de Tsukasa e apontando a lanterninha que sacara do bolso – Ele vai ficar apagado o dia inteiro! 

— Então teremos um dia de paz... - respondeu, ríspido. 

Um som abafado fez Sasuke voltar os olhos à Sakura outra vez a tempo de vê-la disfarçar uma risada, fechando a cara. Não durou muito, entretanto. Quando os dois se fitaram, ela cedeu, balançando a cabeça e suspirando vencida. O rapaz sentiu suas feições aliviarem junto às dela. 

— Eu apago a memória dele. 

— Você consegue fazer isso? - Sakura perguntou, arregalando os olhos em admiração. As orelhas de Sasuke esquentaram um pouco quando ele acenou confirmando – Uau, Sasuke-kun! De qualquer forma, você veio me contar alguma coisa? 

— Hum... Não achei nada nos mantimentos nem na água. Passei a noite procurando. 

— Outra vez? A gente já não tinha visto tudo? 

— Hm... Mas devemos ter deixado algo passar. Só não sei exatamente onde procurar agora... Você recebeu o relatório sobre o veneno? 

— Recebi há uns 20 minutos. Estava estudando quando esse palhaço aqui entrou e me atrapalhou... Aí fui fazer os remédios e... o que é isso? 

Sakura levantou o queixo de Tsukasa e Sasuke pode ver a que ela se referia. Um corte fino e comprido, bem desenhado no pescoço do rapaz, assumia um tom levemente azulado onde as casquinhas de cicatrização deveriam fechá-lo. 

— Parece um arranhão de gato... - Sasuke opinou, pensando que sua kunai iria mais fundo. Sakura, contudo, pareceu levar um choque no cérebro. Seus olhos arregalaram e seu queixo caiu, a boca aberta em um perfeito “O”. O Uchiha olhou outra vez para o arranhão que examinavam, mas desistiu de deduzir o que a jovem percebera - Quê? 

— Você é um gênio, Sasuke-kun! 

— Certamente não, não tenho ideia do que você viu. 

— Como eu não pensei nisso! Estava na minha cara o tempo todo! Meu Deus, cinco dias aguentando esse idiota, poderia ter sido tão mais rápido! - Sakura exclamou, ignorando Sasuke e se levantando num salto – Mas isso ainda não resolve quem, nem por que... Só o como... 

— E o “como” é o quê? 

— Sasuke-kun, me encontra com Naruto no lugar de sempre! Eu vou pra lá em uns dez minutos, 

— Hm... - Sasuke concordou, desistindo de fazê-la compartilhar sua epifania. 
 
 

O lugar de sempre era afastado do palácio, escondido por um pequeno bosque de árvores centenárias, altas o suficiente para que em suas bases não se ouvisse o farfalhar das folhas da copa sob o vento forte. Sasuke estava sentado em um ponto alto quando sentiu o tronco tremer e, olhando para baixo, viu Naruto escalar saltando de galho em galho até alcançar o que o sustentava. Esperando ver um clone, surpreendeu-se quando o original o cumprimentou com a energia de sempre, mexendo nos bolsos da calça. 

— Ô, teu falcão não foi muito discreto dessa vez, o Daimyo quase viu... 

Sasuke deu de ombros, largando as costas contra o tronco principal da árvore. 

— A Sakura-chan vai demorar? - Naruto perguntou, sentando-se – Como ela se livrou do idiota lá? 

Aparando o caqui que o amigo arremessara, Sasuke interpretou ambas as perguntas como algo de retóricas ao perceber Naruto se ocupando com a própria fruta ao invés de fitá-lo esperando retorno. Abdicou, portanto, de responder, dedicando-se a fazer careta com o caqui doce além da conta. 

— Estamos aqui tem cinco dias, certo? - o Uzumaki considerou, depois de alguns minutos de silêncio dispensados a se melecar com o sumo da fruta - Então, você vai ficar cinco dias a mais na Vila, no mínimo, além do que tinha pensado antes, né? 

Naruto piscou animado e Sasuke franziu as sobrancelhas. 

— Não sei de onde você tirou isso. 

— Ah, qual é, Sasuke!!! Deixa de ser idiota, não é como se fosse ruim ficar na vila! A gente pode sair numa missão mais legal, cara! Kakashi tá tendo problemas com uma quadrilha de ladrões de carga, vamos atrás? Você, eu, Sakura-chan?  

Outra vez, o rapaz levantou as sobrancelhas e sorriu entusiasmado, mas o Uchiha, após mirá-lo por meio segundo, fechou os olhos e encostou a cabeça no tronco que usava de apoio às costas. Aquela foi a gota d’água a Naruto. 

— Vai embora, então, eu desisto! Fica por aí, vagando quem nem alma penada! Você vai perder a Sakura e vai morrer sozinho, levando esse nome metido contigo e eu não vou no seu enterro igual você não foi no meu casamento! 

O tom genuinamente machucado de Naruto fez o Uchiha abrir os olhos. Buscou a voz na garganta, mas achou nada e estalou os lábios, frustrado. Fitando as costas do amigo, que virara a cara como criança emburrada, Sasuke pensou que se soubesse do drama associado, não teria faltado ao bendito casamento. Sua vida era definitivamente mais tranquila vagando que nem alma penada pelo mundo, sem ter que encarar no rosto dos amigos as consequências de suas decisões. Até as mais bestas. Por outro lado, o som da floresta, que geralmente era sua trilha sonora, lhe pareceu estranhamente mudo depois que a voz estridente do Uzumaki murchou desapontada. Ao contrário do que demonstrava, apesar de não se incomodar com a solidão e de frequentemente escolhê-la, não a preferia. Sentia falta do aborrecimento que a animação de Naruto e a apatia de Kakashi lhe causavam. As horas passavam em um compasso melhor na companhia dos companheiros. E ainda tinha Sakura, mas o que ela irritantemente lhe provocava, o impacto sobre o balanço do tempo que a garota tinha, esses eram em níveis tão diferente de todo o resto que podiam deformar o tecido da própria existência, fazê-lo questionar suas certezas e trocá-las pelas dúvidas. E foi ela quem, minutos depois, fez a árvore chacoalhar ao escalá-la e o trouxe de volta ao presente, antes que pudesse encontrar como responder ao desacato de Naruto. 

— Hey, você é o original! - Sakura exclamou, ao alcançar o time, apontando para o rapaz loiro que ia ao seu encontro irritado - Não era melhor ter ficado lá para proteger o Daimyo? 

— Nah, meus clones dão conta... Você descobriu alguma coisa, Sakura-chan? Não vejo a hora de cair fora daqui. 

Sakura franziu a testa, olhando acusadora de um companheiro ao outro. 

— Vocês brigaram – suspirou, derrotada – O que foi dessa vez? 

— Nada, o que você descobriu é mais importante. 

A jovem fitou Sasuke de canto de olho e, suspirando outra vez, deixou-se vencer. Enfiando a mão no bolso, Sakura tirou dele algumas pétalas avulsas, as quais exibiu sobre sua palma aberta entre eles. O Uchiha reparou no tom azul, o mesmo do arranhão de Tsukasa, mas não poderia listar qualquer outra particularidade ao que via, apesar do sorriso triunfante da garota indicar que existia algo de vitória do despetalado murcho que ela segurava. 

— O que é isso? - Naruto perguntou, se curvando para ver mais de perto a suposta resposta a todas as perguntas. 

— Crisântemo - Sakura respondeu, aumentando o sorriso – Bem, pétalas de crisântemo. Lindo e tóxico. É daqui que vem o veneno. Vejam isso aqui... 

Dessa vez, a kunoichi tirou um saquinho transparente de dentro do bolso, guardando um retalho mínimo de tecido que sujara a parte interna de azul, no mesmo tom das pétalas que ela mostrara. 

— E isso? 

— Um pedaço do tecido da caminha do gato – Sakura respondeu, entregando a Naruto o saquinho que ele se esticara para ver – Encharcaram o pano com o veneno feito a partir do crisântemo. O gato pisa lá, depois sobe no Daimyo e a intoxicação se dá por contato, ele absorve o veneno pela pele. 

— Mas o gato não adoeceu – ponderou Sasuke, sem acreditar que deixara passar um método tão batido quanto aquele. 

— Quem fez o veneno é um químico excepcional, tanto que fez o veneno ser absrovido por contato, o que não é o padrão para esse tipo de toxina. Meu palpite é que o gato tem tomado antídoto também, um diferente do meu. Mas extraí uma boa quantidade de veneno do corpo do bichinho antes de vir pra cá. Se ele parasse de tomar o antídoto, o que estava sendo acumulado nele o mataria.  

— Então quem faz isso se preocupa mais com o gato do que com o Senhor Feudal? 

— Talvez só se preocupe com o vetor. Sem o gato, não tem contato com o Daimyo – Sasuke respondeu, ao que Naruto acenou concordando. 

— Hm... é, talvez. 

— Não concorda? 

— Então, acontece que crisântemo não mata humanos. Quem está fazendo isso quer o Daimyo doente, mas não morto. Talvez realmente se preocupe com o gato – Sakura conjecturou, guardando as provas no bolso outra vez – Bem, de qualquer forma, só saberemos quando pegarmos o responsável. Sasuke-kun, acho que se você vigiar no cômodo do gato, encontraremos o culpado. Ele terá que ir até lá para encharcar o tecido ou ministrar o antídoto no gatinho. 

— Hm... 

— Naruto, caso o Sasuke-kun não descubra nada ainda hoje, você pode tentar descobrir quem cuida dessas flores. Seria um plano b, para não chamar muita atenção. Elas estão no jardim privado no Daimyo, de uso da família. São as únicas azuis, você pode fingir que se interessou, sei lá... Faz sua mágica. 

— Beleza! 

— Eu vou mandar essas amostras para Konoha, para ter o laudo probatório. No meio tempo, vou fingir demência e agir como se continuássemos sem saber de nada. Qualquer novidade, vocês me chamam! - a jovem avisou, virando-se e preparando-se para saltar e desfazer a escalada. 

— Mas e o palhaço lá? - Naruto quis saber - Ele não desgruda de você, se a gente te chamar ele vai ver... Aliás, como você se livrou dele? 

— Ah... Ganhei um dia de paz. 

Os olhos dela cruzaram divertidos com o de Sasuke uma fração de segundo antes dela partir. 

Nem o gato, nem o culpado fizeram companhia a Sasuke durante sua tarde de vigília.  Escondido no forro do cômodo, cujo luxo dedicado ao bichano o fez se sentir insultado, ele observou o local permanecer desocupado todo o dia com o tédio adequado. Pouco a pouco, a esperança de concluir a missão antes de anoitecer foi diminuindo, até zerar perto do pôr do Sol. E também foi no fim da tardinha que o cérebro do jovem se entregou e o desconectou da realidade, a distração profunda lhe afogando enquanto sonhava com a cama emprestada pelo sensei a quilômetros dali. 

Por isso, quando o assoalho velho estralou com passos leves e apressados, o Uchiha, para a própria vergonha, se assustou. Espiando entre as frestas do forro, Sasuke viu uma moça não muito mais velha que ele próprio entrar no cômodo, as joias e o Kanzashi de ouro e jade acusando que aquela não era mais uma serviçal do palácio. Quase nada de luz passava pela janela, mas o rapaz reconheceu o rosto da mulher entre os tantos outros que ele seguira durante a semana. Takeko era filha de um dos membros do conselho feudal, e tinha sido oferecida como concubina ao Daymio. A cerimônia de oficialização foi adiada devido ao estado de saúde do noivo, mas a prometida não retornou à casa dos pais, permanecendo à disposição do Senhor Feudal. Sasuke a viu se dirigir à caminha do gato e, contra a própria razão, torceu para que ela não despejasse veneno sobre o pano enfeitado. Em vão.  

O ninja se posicionara bem acima do colchão do gato, de moto a ter certeza de que veria se esse fosse encharcado de veneno. Contudo, ao vê-lo sendo, suspirou desesperançoso. Era óbvio o motivo de Takeko e, em sua praticidade extrema, o achava justo. Não o percebendo ali, a mulher escondeu o vidrinho antes cheio dentro da faixa do kimono e deixou o lugar sem outra ação qualquer. Sasuke ponderou por um segundo se a seguia ou se comunicava à Sakura. Tinham o quem, o como e o porquê. Era caso fechado, pensou, abandonando o esconderijo e decidindo que sua pouca preocupação com o Daimyo afetava significativamente sua vontade de fazer o serviço bem-feito. Queria apenas tirar Sakura dali, a atitude extrema da culpada martelando no Uchiha o que poderia ter acontecido à sua companheira caso a conjuntura fosse diferente. A Haruno estava protegida por alguns dos ninjas mais poderosos do mundo, ela mesma sendo uma. Mas se Sakura não fosse aluna dos dois últimos kages e companheira dos dois shinobis mais fortes vivos, se ela não conseguisse derrubar um exército com um soco, Tsukasa a teria pedido ao pai como uma criança pede um taiyaki no meio da rua. Ele a imaginou sendo obrigada a casar com o homem e sua inclinação em entregar Takeko vacilou. Se Kakashi não fosse ser responsabilizado, ajudaria a mulher a fugir. 

Mas não o faria e, por isso, voltou ao quarto onde abandonara Tsukasa desacordado, dando dois soquinhos na porta dos aposentos do Daimyo no caminho. Era o sinal para Naruto e Sakura de ele os estaria esperando. Camuflou-se na sombra, quase fundindo-se à parede, fitando de canto de olho o corpo inerte do herdeiro ainda jogado sobre a cadeira onde o deixara mais cedo. Segurou a ânsia. E se eles culpassem o gato, cogitou infantilmente. O gato se envenenara com as flores sozinho. Bufou. Era a desculpa mais estúpida que já imaginara. 

— Sasuke-kun? - Sakura chamou, abrindo a porta e se afastando para Naruto entrar. 

— O que aconteceu com ele!? - o ninja exclamou, apontando para Tsukasa desacordado - Você fez isso? A gente podia ter só achado outro lugar, teme! 

— Te conto depois. O que houve, Sasuke-kun? Achou o culpado? 

— Hum... Takeko – Sasuke anunciou, afastando-se da parede e colocando-se a vista. 

— A noiva? 

— Hum. 

Naruto levou as mãos à cabeça e Sakura soltou um lamento baixinho, antes de morder o lábio. O que veio depois foi o silêncio. Não era como se algum deles tivesse desenvolvido alguma conexão com a mulher, ou conversado além do interrogatório padrão que dedicaram a todos os moradores do palácio, mas a empatia é um exercício de se colocar no lugar do outro e, naquele caso, era fácil trocar os personagens envolvidos. Naruto disfarçava mal os olhares que lançava à amiga e Sasuke apenas a fitava sem pensar em esconder. Ela, por sua vez, colocou os cabelos atrás das orelhas e, encostada na parede, encarava firmemente o nada, sacodindo a cabeça de tempos em tempos. 

— O que faremos? - Naruto perguntou, quando não entrava mais luz alguma pela janela, o Sol já tendo há sumido – Temos que prendê-la, certo? Não temos como fugir disso... 

— Não, não temos. Podemos no máximo diminuir a pena dela. Tentar matar o Daymio seria pena de morte, mas o Kakashi-sensei pode converter para prisão perpétua. 

— Perpétua? Ela não chegou a matar o cara, e você mesma disse que o veneno não era fatal, certo?  

— Sim, mas terá pressão política. Punição exemplar, essas coisas. A família dela deve abandoná-la para reduzir os danos, mas eles serão expulsos do conselho também. Se bem que eles merecem, deram ela de bandeja praquele velho. Tomara que percam tudo! Podiam eles irem pra forca! 

Sasuke e Naruto se entreolharam. Era comum Sakura perder a linha, mas o tom dela foi além. Havia ódio e nojo e nenhum deles estava acostumado a ouvi-la, de forma tão visceral, desejar a morte de alguém. Mesmo que fosse de forma genérica, sem nome ou rosto. A jovem, contudo, se recompôs e continuou: 

— Ok, faremos o seguinte: vamos procurar a Takeko e tomá-la sob nossa custódia antes de avisar ao Senhor Feudal. Assim, ele não poderá colocá-la sob a própria guarda. Eles certamente a matariam. Ela vai responder ao processo em Konoha e podemos apelar para diminuição de pena. Mas é tudo que podemos fazer por ela, dentro da lei. 

— E fora? 

— Tá doido, teme? 

— Manter a cabeça dela já tá no limite, Sasuke-kun. Em teoria, teríamos que obedecer a uma ordem direta do Daimyo. Eu não o farei, vocês também não, e isso é o máximo que vamos conseguir.  

Era impressionante como quão pouco havia acontecido e, ainda assim, ele se sentia sobrecarregado. Ouviu uma Sakura pouco paciente explicar para os eventos ao Daymio e como a Anbu já estava a caminho para escoltar Takeko até Konoha, mas prestara meia atenção. Os soluços da mulher abraçada à Sakura horas antes ainda ecoavam em sua cabeça em momentos alternado à voz da própria Haruno. Eu te entendo, teria feito o mesmo, mas não posso te deixar fugir, a médica dissera, enquanto tentava convencer a prisioneira a engolir algo do chá calmante. Não valia a pena arriscar a estabilidade do país do fogo apenas para deixar uma ré confessa escapar, mas tudo ainda parecia além do injusto a Sasuke. Contudo, nem o Uchiha nem Naruto sabiam o que dizer. Pelo menos não para as duas. 

— Eu olho pra ela e fico lembrando da Hinata – Naruto confessou, no dia seguinte, a um Sasuke mal-humorado e a um Shikamaru recém-regresso, enquanto viam os Anbus se afastarem com a jovem presa entre eles – Quando ela quase foi obrigada a casar com o Toneri. 

— É, aquilo foi assustador – Shikamaru comentou, enrolando um pergaminho e guardando-o no bolso – Isso aqui não será tão assustador, mas consigo ver um drama político se arrastando por algumas semanas. E talvez vocês tenham que ir a um velório. 

— Como assim? O Kakashi-sensei não vai deixar condenarem ela a morte! 

— Nah, é o meu mesmo... Deveria ir pra Suna amanhã, mas não vou conseguir. Então talvez a Temari venha me matar – Shikamaru lamentou, observando as nuvens no céu claro de início de tarde, saudoso de uma paz de espírito que se acabava – Bem, eu vou indo. Vocês vão esperar pela Sakura, né? 

— É, ela já deve tá vindo. Queria ir logo, não almocei... 

— Tá bom. Avisem ela que eu faço o relatório. Vou ter que fazer hora extra mesmo... 

Após Shikamaru partir, Sasuke se virou para a entrada do palácio, por onde Sakura deveria sair para encontrá-los. Tão vazia quanto no minuto anterior, o Uchiha avaliou que aquele era seu limite e desistiu de esperar. 

— Ela tá demorando... - anunciou a um Naruto distraído que voltou ao presente sob o chamado do amigo. 

— Sakura-chan mandou a gente esperar. 

Nem o próprio Uzumaki considerou o argumento, largando o posto e seguindo Sasuke. Passaram pela guarda e pelos funcionários sem serem incomodados, mesmo que os murmurinhos no caminho fossem tão discretos quanto um circo de rinocerontes. Ninguém os abordou nem mesmo ao entrarem sem cerimônia nos aposentos do Daimyo, onde deveriam encontrar Sakura concluindo o tratamento do homem e orientando o médico permanente do Senhor Feudal sobre os cuidados diários. Contudo, Naruto bufou nada constrangido ao espiar o lugar e Sasuke quase o imitou. O dia de paz acabara e Tsukasa-san esticava o pescoço sobre o ombro de Sakura, que desviava sem muita discrição enquanto extraía uma bolha com veneno da barriga do Senhor Feudal e despejava na bacia metálica que o outro médico segurava. 

— Fujiwara-sensei, isso é tudo que eu vou conseguir extrair. O restante deve ser metabolizado pelo organismo dele, não precisa se preocupar. Tem antídoto o suficiente para um mês, o gato tá limpo e todo mundo tá imunizado. Daimyo-sama, o senhor deve ficar muito bem a partir de agora. Mas as recomendações de sempre permanecem, viu? Comer melhor, fazer exercício e pegar Sol. 

— Eu me sentiria melhor se você tivesse feito como eu ordenei, Sakura-chan – o Daimyo respondeu, a voz afetada soando mais aguda que de costume – Deveria ter entreguado a assassina à minha guarda pessoal... 

— Não houve morte, então não há assassinos, Daimyo-sama. Além disso, uma vez que eu decretei a prisão dela, não poderia voltar atrás. O senhor conhece o código, e ele é claro quanto a alterações na custódia: somente o Hokage-sama pode autorizar. O senhor pode pedir a ele, entretanto. 

Sasuke estava disposto a apostar seus dois olhos que o homem preferiria tomar outro gole de veneno do que se envolver no trabalho burocrático que envolveria pedir a custódia. A preguiça do nobre era tamanha que ele fez sinal para o médico ajustar a coberta e o travesseiro, fingindo não ouvir a médica. O Uchiha tinha certeza de que não conseguia mais dissimular o desprezo que sentia, estampando-o em cada parte visível de seu rosto. 

— Bem, a parte burocrática não é comigo e o que envolvia medicina já está concluído. O senhor deve ficar um bom tempo sem ver minha cara, Fujiwara-sensei! 

— Menina Sakura, é sempre muito bom recebê-la. Tsunade-hime arranjou uma discípula capaz de superá-la! 

— Nem se preocupe, Fujiwara. Sakura-chan vai voltar aqui antes do que ela imagina! 

Um fogo derreteu a frieza de Sasuke e, sem pensar, ele desviou de Naruto e sua desinteressada tentativa de contê-lo, chegando a Tsukasa antes que Sakura pudesse responder. Puxando o herdeiro pela gola, afastou o rapaz da garota e colocou-se entre os dois. Não quebrar os dentes do homem seria abatido na lista de dívidas que tinha com seu sensei. Estava disposto a confiar, de início, que sua fama e a ameaçadora promessa silenciosa que irradiava a partir de seus mortais fossem suficientes para alcançar o que as polidas resistências de Sakura não conseguiram. Mas não hesitaria em a cumprir a promessa e fazer jus à fama se fosse preciso. 

— Sasuke-kun... 

Ouviu o sussuro de Sakura atrás dele, mas não a deu atenção. Seus olhos estavam fixos no homem à sua frente, cujos olhos apavorados traiam sua tentativa de manter a pose sustentada no poder que o nobre pensava ter. 

— Você é o Uchiha, certo? - Tsukasa provocou, o sorriso zombador vacilando, mas a voz soando mais firme do que Sasuke esperava – Acho que você não está enten... 

— Tsukasa, já chega – o Daimyo interveio – Estou cansado, meu coração está partido, quero me recolher. Prepare meu chá, Fujiwara. E vocês três já podem ir. 

O ninja passou por Tsukasa puxando Sakura pela mão mais rápido do que o homem era capaz de processar. Naruto, guardando a porta, esperou os amigos passarem e deixou Sasuke fechá-la atrás de si. Contudo, quando havia ainda algo de fresta, a voz do Daimyo pode ser entreouvida: 

— Tsukasa, você tem que saber quando perdeu a batalha – o homem aconselhou num lampejo de bom senso – A Sakura-chan sempre esteve inalcançável, não vê? E ela nem precisaria fazer nada. A espada do menino Uchiha corta a cabeça de um Daimyo do mesmo jeito que corta a de um coelho. E ele cortaria a sua por ela. 

Sasuke não se preocupou em saber se os companheiros também ouviram. O estômago queimando, ele só pensou que até um relógio quebrado acerta duas vezes ao dia. 

A fome de Naruto os fez desviar o caminho. A apenas algumas horas de Konoha, Sakura desistiu de aguentar os lamentos do amigo e, substituindo-os por seus próprios resmungos, os guiou a um vilarejo próximo, cortando caminho pela parte mais fechada da floresta. 

— Mas olha só, esse vilarejo é turístico então a gente vai morrer numa grana pra comer lá! Isso tudo porque você não quer pílulas de comida. 

— Pílula é para quando a gente tá em missão. A nossa já acabou! 

— Você acabou de casar, não deveria tá juntando dinheiro, ao invés de gastar com comida cara? 

— Hinata disse que eu posso gastar dinheiro com comida de vez em quando – Naruto se defendeu, satisfeito. 

— Aff, a Hina-chan é muito mole com você... 

Após mais alguns minutos de corrida, o time chegou ao destino. A beira de um lago que se estendia ao horizonte, era fácil entender o motivo que fizera do vilarejo um ponto turístico, algo que os moradores pareciam ter aprendido a explorar muito bem. Se na orla do lago apenas banquinhos interrompiam a paisagem, estrategicamente posicionados para os visitantes apreciarem o pôr-do-sol, recuadas alguns metros dezenas de barraquinhas sortidas serviam a quem tivesse interesse pratos da culinária local, lanches rápidos, doces, sorvetes e uma variedade de joguinhos e itens de artesanato. O mau humor de Sakura foi rapidamente dissipado em uma tenda com bolsas de couro bordadas, que a atraiu com a eficiência de um imã natural. 

— Eu já tinha vindo aqui antes, sabe? - Naruto comentou, enquanto ele e Sasuke esperavam seus pedidos na banquinha de takoyaki – Trouxe a Hinata antes da gente se casar. O lugar é pra ser romântico, as meninas adoram! 

Sasuke, cujo tamanho da fome foi revelado pelo cheiro irresistível de fritura caramelizando, não respondeu. Pedira dois pratinhos para levar um à Sakura, mas agora se perguntava se deveria pedir um terceiro para caso o segundo não sobrevivesse a viagem até a garota a duas barracas dali. 

— Hey, teme, você me entendeu? - Naruto repetiu, impaciente, ao que Uchiha apenas tirou os olhos do chef e os pousou em Naruto, sem emoção - Entendeu? Sasuke, deixa de ser burro!!! O Sol tá se pondo, eu reclamei o caminho todo para a gente parar aqui e você ter um tempo com a Sakura-chan! 

— Ah... 

— Ahhhhhh... Caramba, você é muito burro! 

— Eu não sei se... - começou Sasuke, mas Naruto nem o deixou ensaiar. 

— Que você não sabe, eu sei! Você sabe de bosta nenhuma! Achei que era impossível alguém pior que eu, mas você realmente supera expectativas! Ó, pega isso aqui, entrega pra Sakura-chan e chama ela pra sentar naquele banquinho ali pra lanchar. Vai rápido! Depois você me agradece! 

Sasuke quis revidar os insultos, mas Naruto já enfiara os pratinhos de takoyaki equilibrados em sua mão e o empurrara em direção à Sakura. De canto de olho, o rapaz percebeu o céu alaranjado e calculou que, se queria ver o Sol se pondo, não tinha tempo para dedicar a implicar com Naruto. Resolveu seguir o conselho. 

Não era mais que dez passos o que separava ele de Sakura, mas o espaço se esticou no que Sasuke tentava o vencer. Paradoxalmente, o tempo acelerou e o rapaz ainda mordia o lábio seco sem decidir quais palavras usar quando alcançou a jovem recebendo o pacote que acabara de adquirir de uma senhorinha convenientemente gentil. Em meio segundo de pânico, Sasuke esqueceu como falar ao se ver confrontado pela artesã que, se dirigindo a ele, perguntou como poderia ajudá-lo. Não conseguiria explicar como sua voz soou tão firme em resposta: 

— Estou com ela. 

— Ahhhhhh, entendi! Mas que casal lindo, vocês dois! - a senhorinha elogiou, inocente. Sasuke observou de canto de olho Sakura manifestar toda reação que ele mesmo não o fez. Corando ferozmente, ela sacodiu as mãos em frente ao corpo, tentando negar e, ao mesmo tempo, se perdendo incapaz de completar frase alguma. Ignorando a garota, a dona da banquinha continuou  – Sua namorada está de murrinhagem para levar o caderninho também! Por que você não o dá de presente a ela? 

— Não, não é preciso, a gente já tá indo – Sakura cortou, empurrando Sasuke antes que esse pudesse receber o caderninho de capa de couro marrom que a artesã oferecia – Muito obrigada, oba-chan! Boas vendas pra senhora! 

— Você não quer o caderno? - Sasuke perguntou quando sua voz já não podia ser ouvida pela comerciante. 

— Não, não, ela só quer vender... 

— Hm... Eu trouxe takoyaki. Quer se sentar ali pra comer? 

— Ahhhh! Eu adoro isso! Vamos! 

Sasuke detestava dar razão a Naruto e por isso mesmo jamais contaria ao amigo o quanto se coração aqueceu quando Sakura, sentada ao seu lado, se serviu dos bolinhos sorrindo num brilho que ofuscou o pôr do sol. Lembrando-se de quanta fome ele mesmo sentia, o rapaz engoliu alguns, bem menos inexpressivo que a garota com duas bochechas cheias e infladas. Achando-a fofa, ele transferiu um de seus takoyaki para o prato da kunoichi sem que ela notasse. 

— Uau, Sasuke... essa vista é incrível! 

— Hum... - Sasuke concordou, sabendo que a que ele apreciava era diferente da dela. 

—  Eu não vou falar pro Naruto que fiquei feliz de parar aqui – Sakura confessou, rindo culpada – Mas parece até que estamos em um encontro, né? 

Sasuke não respondeu. A Haruno se voltou a ele com a luz avermelhada do fim de tarde quase camuflando suas bochechas coradas. As íris verdes, entretanto, essas estavam totalmente expostas, a insegurança e ansiedade refletidas evidenciando o que a kunoichi mais forte de sua geração de fato era: uma garota. A Sasuke, contudo, a vulnerabilidade de Sakura era o ponto fraco em sua própria armadura. Quando ela o olhava tentando ler sua alma, ele sentia que o escudo que colocara entre si e o mundo ressonava, desintegrando e o abrindo desprotegido... a ela. Perdido nos olhos dela, percebeu seu coração em um compasso que desafiaria o punk rock quando Sakura voltou a falar: 

— Hey, Sasuke-kun... Quando você for embora de novo... Dessa vez, me leva com você? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente do céu, que vida! kkkkkkkrying

Então, eu não sei fazer mistério. Pq coloquei um na fic? Eu não sei também. Dá para encher várias bibliotecas com o que eu não sei.

Migas, migos e miges, cá estou eu, postando depois de um século, pedindo desculpas e dizendo que os tentarei ser menos enrolada no próximo. Em troca, posso contar com o apoio de vocês em comentários biitos me dizendo oq tão achando??? posso, posso??? Eu podia tá matando, podia ta roubando, podia tá sendo coach dizendo que quem quer fica rico, mas eu tô aqui só pedindo coments lalalala


Muito obrigada por todos vocês que têm lido a fic! Vocês são os melhores! ♥♥♥


Bjooooo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A gateway to the Sun" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.