Do outro lado da lei escrita por Nara Garcia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Segue mais um capítulo, dessa vez nada leve e com um plotzinho básico hahaha

Espero que gostem!



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Mac estacionou em frente a delegacia pouco tempo depois da ligação de Don. Seu semblante cabisbaixo mostrava o quanto aquela notícia o havia afetado. 

Stella recostou a cabeça no banco e passou a olha-lo com preocupação. 

— Você está bem? 

— Ela se matou, - disse com a voz baixa, olhando distraidamente para frente. - provavelmente depois que saímos de lá... 

— Mac.. - sussurrou. - Você não pode se responsabilizar por tudo que acontece. 

— Eu deveria ter deixado esse caso com você. Deveria ter te escutado quando disse que eu estava envolvido demais. 

— Eu estava errada. - disse, atraindo o olhar confuso de Mac. - Aquela família precisa de alguém que esteja disposto a lutar pela justiça que a filha deles merece, alguém que se importe de verdade. Não há ninguém melhor para esse caso do que você. 

— Eu sinto que cheguei ao meu limite, Stella. - confessou. - Como posso ajudá-los dessa maneira? 

— É só lembrar que não está sozinho. 

Ao ouvir aquilo, Mac desenhou um pequeno sorriso no canto dos lábios. 

— Eu não daria conta sem você. 

— É por isso que somos parceiros. - provocou-o, pegando seu celular que começara a tocar. O nome no visor arrancou um suspiro inconsciente da perita, e seu sorriso aos poucos foi sumindo. 

— Está tudo bem? - indagou Mac. 

— Sim, é só algo que eu preciso resolver. - disse. - Posso te encontrar depois? 

— Claro! - Mac sorriu levemente, saindo do carro logo em seguida. Ao vê-lo se afastando, Stella atendeu a ligação. 

— O que você quer? 

— Chegou o momento de colocar nosso plano em prática. 

— E o que eu digo? 

— Invente! Você sabe que o Taylor faria qualquer coisa por você. Use isso a nosso favor. 

•••

Stella correu seus olhos pela delegacia enquanto caminhava, à procura de Mac e Don. Logo ela os avistou conversando próximos a máquina de café. 

— Foi a irmã quem a encontrou. - dizia Don enquanto Stella se aproximava. - Parece que elas marcaram de se encontrar em um restaurante e quando Margaret não apareceu, ela resolveu ir até sua casa. 

— Há alguma chance de não ter sido suicídio? - indagou Mac. 

— Ela foi encontrada com uma arma na mão e uma carta digitalizada no computador. As chances de não ter sido um suicídio são quase nulas. - disse Don. 

— Nós também pensávamos que Marina Garito havia se suicidado. - Mac olhou de relance para Stella que apenas concordou com a cabeça, em silêncio. 

— Que eu me lembre, Marina finalmente estava perto de encontrar o irmão depois de anos o procurando. Ela tinha algo pelo que lutar. A situação aqui é completamente diferente e você sabe disso. - disse Don. 

— O que não nos impede de dar uma olhada no apartamento dela. - insistiu Mac. 

Don respirou fundo. 

— Mac, sabe que para fazermos isso precisamos de pelo menos uma dúvida razoável. O chefe vai alegar que não há motivos para uma investigação, e realmente não há. 

— Podemos encontrar um. - disse Stella pela primeira vez desde que chegara, recebendo o olhar curioso de ambos. - A irmã dela pode saber de algo que não sabemos.

Após desenhar um meio sorriso em forma de agradecimento nos lábios, Mac voltou a encarar Don, esperando que aquilo fosse o suficiente. 

Flack sabia que numa situação como aquela, nenhum argumento, por melhor que fosse, seria o suficiente para tirar aquela ideia da cabeça dos amigos. Por fim, ele simplesmente assentiu.

— Façam o que acharem melhor, ok? - disse ele com um suspiro antes de se afastar. 

Stella suspirou, enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta. Mac a encarou receoso, sabendo que algo a incomodava. 

— O que foi? 

— Nada. Só espero que saiba o que está fazendo. - respondeu com a voz baixa, sem retribuir seu olhar. 

— Foi você quem deu a ideia de falar com a irmã. Se não queria que eu fizesse isso, por que sugeriu? - Mac aproximou-se um pouco mais da detetive, não dando opção a ela senão encará-lo de volta. 

— Porque você encontraria outra maneira de continuar investigando esse caso. Pelo menos assim não é nada ilegal. - disse com certa rispidez. 

Mac arqueou uma sobrancelha. 

— Acha mesmo que eu faria algo ilegal só pra continuar investigando o caso? 

— Não aja como se eu tivesse dito algo chocante. - disse a perita com um revirar de olhos. - Quando você coloca algo na cabeça, não há quem o faça mudar de ideia.

— Você não é muito diferente de mim nesse ponto. - murmurou, desviando seu olhar.

Stella apenas suspirou.

— Só faz o que tiver que fazer e me encontra no carro depois. 

— Não vem comigo? - perguntou confuso. 

— Eu preciso resolver uma coisa. - ela se virou para sair mas Mac logo a impediu, segurando gentilmente seu braço. 

— Você está estranha. O que está havendo? 

— Não há nada de errado. - respondeu com rispidez, arrependendo-se logo em seguida. - Mac... 

— Parece que você nem sempre é tão transparente comigo, como disse. - Mac soltou seu braço, respirando fundo. - Vou conversar com a irmã da vítima. Te encontro depois. 

Stella viu Mac se afastando e sentiu como se estivesse perdendo o controle daquela situação. Talvez ela realmente estivesse, mas não havia tempo para pensar naquilo, pelo menos não naquele momento. 

A detetive seguiu até Don, que conversava com dois policiais. 

— Precisamos conversar. - murmurou discretamente, seguindo para uma das salas de interrogatório. 

— O que houve? - indagou Don com seriedade ao adentrar a sala segundos depois. 

— Eu recebi uma ligação. 

— Mais uma? - perguntou. - Olha, se quiser eu posso rastrear a ligação e dar uma prensa nos moleques que estão te passando trote. 

— Não, Don. A situação é bem pior do que imaginávamos. - Stella recostou na mesa que havia no centro da sala e respirou fundo. - Dessa vez ele me ameaçou. 

— Te ameaçou? Do que está falando? 

— Ele disse que se Mac não deixar o caso em até 24 horas, ele vai me matar. 

— O que? - disse indignado. - Nós temos que fazer alguma coisa. Precisa contar para o Mac. 

— Não. - respondeu rapidamente. - E você também não vai. 

Don soltou uma risada, indignado. 

— Stella, Mac está obcecado por esse caso. Ele não vai parar até encontrar algo que ponha Louis atrás das grades. 

— Eu sei, e é por isso que não podemos contar. Nós só precisamos resolver esse caso e tudo ficará bem. 

Don apoiou as mãos no quadril e respirou profundamente. 

— Não. 

— O que? - disse ela confusa. 

— Eu não posso te ajudar dessa vez. 

— Don, - Stella se levantou e aproximou-se do detetive. - eu não me importo de correr esse risco. 

— Mas eu me importo. Stella, esse caso não está acima de você. Eu não estou querendo bancar o protetor, mas é da sua vida que estamos falando. Não vale a pena. - Stella desviou seu olhar, permanecendo em silêncio. - Eu sei que você nunca foi de agir muito pela razão, mas acho que está exagerando ultimamente, não acha? 

— Eu só quero resolver isso. 

— Não, é mais que isso. - Stella voltou a encará-lo, dessa vez confusa. - Eu percebi no momento em que você sugeriu que trocar favores com um criminoso seria boa ideia. 

— E você concordou. 

— Eu só concordei porque o cara tá preso, Stella. Você não encontraria ninguém lá. - disse ele com seriedade, recebendo um olhar surpreso da amiga. 

— Não pode estar falando sério. Don, aquela poderia ser nossa única alternativa. 

— Mas não era, e eu sabia disso. 

Stella estava visivelmente irritada, e indignada por ter sido enganada. 

— Stella, eu só fiz isso pra te proteger. Você não estava pensando direito, só não queria colocar sua vida em risco. 

— Você não é meu irmão, Flack. - cuspiu. - Precisa parar de agir como se fosse. 

Quando Stella saiu da sala, Don levou seu punho cerrado em direção a porta. 

— Droga! - murmurou irritado. 

•••

Mac saiu da delegacia menos de meia hora depois, indo direto para o seu carro. Ao ver que o mesmo estava vazio, pegou seu celular e discou o número de Stella. 

— Oi. Já estou no carro.. Onde você está? 

— Mac, eu preciso te contar uma coisa. 

Mac recostou em seu carro, suspirando brevemente. 

— Stell, olha, não precisa me contar nada que não queira, ok? Eu não devia ter te pressionado. É só que.. Eu me preocupo. 

— Não sei se vai continuar pensando assim depois do que eu te falar.. 

— Isso nunca vai mudar. - afirmou ele. - Por que não conversamos enquanto terminamos aquele vinho, hein? 

Mac esboçou um pequeno sorriso de canto, que logo desapareceu com a ausência de resposta. 

— Stella.. 

— Ontem depois do que aconteceu entre você e o Louis, o prefeito Sullivan foi até a minha casa. 

— O que? Como assim? 

— Ele queria que eu me livrasse dos arquivos que citavam ele. 

No dia anterior... 

— Detetive Bonasera. 

— Prefeito Sullivan. O que faz aqui? - disse Stella surpresa ao abrir a porta de seu apartamento. 

— Digamos que... Vim à negócios. Será que podemos conversar um minuto? - Anthony apontou para o interior do apartamento, mas Stella não permitiu que ele entrasse. 

— O que você quer? Não temos nada para tratar um com o outro. 

— Está enganada. Há uma coisa que eu preciso que você faça por mim. Não é nada demais, eu garanto. 

— Eu não vou fazer nada por você! - exclamou Stella antes de tentar fechar a porta, porém, Sullivan a impediu. 

— No prédio ao lado, nesse mesmo andar, há um jovem curioso com uma câmera fotográfica nas mãos. O trabalho dele é apenas tirar algumas fotos nossas. E adivinha? - disse, aproximando-se ainda mais de Stella. - Basta uma ligação e todas essas fotos, desde o momento em que eu entrei nesse prédio até agora, serão enviadas de forma anônima para a imprensa, o que não seria nada bom visto que o laboratório está prestes a iniciar uma investigação sobre mim, certo? 

— Ele me ameaçou. Disse que se eu não cuidasse dos arquivos ele faria de tudo para que eu fosse afastada, no mínimo. 

Mac fechou os olhos momentaneamente, tentando assimilar tudo aquilo. 

— E o que aconteceu depois? 

— Ele disse que os arquivos deveriam ser entregues até hoje a tarde, caso contrário... - suspirou. - Eu não queria fazer, mas pensei que se essas fotos viessem a tona poderiam comprometer o caso. Aquela menininha merece justiça, Mac. Eu não poderia estragar isso.. Então antes da Lindsay entrar na sala de arquivos, eu escondi tudo que tinha o nome dele, menos... 

— O arquivo da empresa Downton, para não levantar suspeitas. - completou ele. 

— Eu pensei que conseguiria fazer isso, mas eu não consegui. Foi então que as ligações começaram. 

— Que ligações? 

— Ameaças. Em uma delas o Don estava por perto e eu disse que era apenas um trote, mas elas ficaram mais sérias, até que agora pouco, antes de entrarmos na delegacia, ele me ligou e disse que se você continuar nesse caso, ele me matará. - explicou. 

— Eu vou acabar com ele. - disse irritado. 

— Não, você não vai. - disse Stella, calmamente. - Eu sei que pode ser difícil agora, mas eu preciso que você confie em mim. 

— O que você vai fazer? 

— Eu vou terminar isso. 

— Stella, onde você está? - perguntou, tentando manter a calma enquanto voltava para a delegacia e, discretamente, pedia para que um dos policiais rastreasse a ligação. 

— Eu consegui algumas provas.. Só preciso de uma confissão e tudo estará resolvido. 

— Não, nem pensar. Não vou deixar que vá até ele, ainda mais sozinha. 

— Mac, se não fosse por mim já poderíamos ter resolvido esse caso. Eu preciso fazer alguma coisa. 

— Lembra da mensagem que me enviou ontem? Nós vamos resolver isso, mas juntos. Você estava sendo ameaçada, Stella. Nada disso é culpa sua. Agora, por favor, me diga onde você está e me deixe te ajudar. 

— Eu preciso resolver isso sozinha, Mac. 

Antes que tivesse chance de respondê-la, a ligação foi cortada. 

— Conseguiu encontrá-la? - indagou exasperado olhando para o policial com expectativa. 

Após alguns segundos, o semblante decepcionado do policial fora o bastante para respondê-lo. 

— Droga! - disse irritado. 

Ao perceber a movimentação estranha, Don aproximou-se. 

— Mac, o que está havendo? 

— A Stella está indo atrás do Sullivan. Precisamos encontrá-la, agora! 

— E por que ela faria isso? - indagou Don. 

— Porque ela se sente responsável, Don. Sullivan a ameaçou, disse que se ela não se livrasse das provas que o incriminavam, ele a mataria. 

"Por que ela não me contou isso?", pensou Don. De repente ele sentiu-se péssimo por ter dito que não a ajudaria. Ele a deixou na mão e saber disso acabava com ele. 

— Há uma casa a poucos quilômetros daqui. - disse um policial, aproximando-se deles. - Ele comprou há pouco tempo. 

— Como sabe disso? - indagou Don. 

— Ele estava se gabando disso para um colega meu que trabalha no gabinete. Disse que estava indo todos os dias até lá para deixar tudo perfeito antes que a família se mudasse. A imprensa ainda não sabe. 

— É o lugar perfeito para se esconder. - disse Mac. - Qual é o endereço? 

•••

Alguns breves minutos depois, Mac estacionou em frente à casa. O lugar não era tão grande, diferente das outras propriedades que Sullivan tinha em seu nome. 

— Don, eu vou entrar sozinho. - disse ele pelo rádio. 

— Está maluco? Não sabemos o quão perigoso esse cara é. 

— Sou eu quem ele quer. Vamos deixá-lo pensar que está no controle. 

Mac saiu do carro e caminhou até a entrada. A porta estava entreaberta e as luzes apagadas. Com a arma em mãos, ele entrou. 

— Stella! - chamou, mas sem sucesso. 

De repente, uma pancada na cabeça o derrubou. Antes mesmo que tivesse a chance de lutar, mais uma pancada fora disparada contra sua cabeça. 

Num instante, tudo escureceu. 

Continue... 


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