Do outro lado da lei escrita por Nara Garcia


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!

Um capítulo bem leve pra vocês :)

Boa leitura!



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Em menos de uma hora, a garrafa de vinho já estava pela metade. Stella havia tirado suas botas e estava despojada em um dos lados do sofá, enquanto Mac ocupava uma das poltronas. 

Depois de relembrarem alguns dos casos mais marcantes de suas carreiras, pareceu justo falar de algo que não tivesse a ver com trabalho. 

— Me fale algo que eu não saiba sobre você. - disse Stella mexendo o resto do líquido que ainda havia na taça. 

— Você sabe tudo sobre mim. - afirmou ele, arrancando uma risadinha da grega. 

— Ninguém sabe tudo sobre alguém. 

— Você é diferente. - disse com charme, cruzando uma perna sobre a outra. 

— O que está escondendo, detetive? - ela tinha um olhar atento sobre Mac, que apenas deu de ombros e reprimiu um sorriso. 

— Bom, eu não sei se vale, mas não te contei o porquê de não ter dado certo entre Susan e eu. - Stella aos poucos desfez o pequeno sorriso, sentindo-se levemente desconfortável. 

— Não precisa falar sobre isso se não quiser. 

— Eu só não te contei antes porque... Eu não sei bem o porquê, pra falar a verdade. - disse meio envergonhado, desviando seu olhar. - Mas eu quero te contar agora. 

— Tudo bem. - sussurrou em resposta. Mac respirou fundo. 

— Nós nos dávamos bem, apesar das diferenças. Eu queria que desse certo, mas a correria do dia a dia acabou nos afastando. Eu estava focado em algum caso o tempo todo, e Susan não saía do Tribunal. Quase não nos víamos. Parecia mais sensato terminar. 

— Você ficou bem com isso? 

— Foi uma decisão dos dois. Sabíamos que era o melhor a fazer. - disse. - Concordamos em ser amigos. 

Mac batia os dedos distraidamente sobre a almofada, coisa que só fazia quando estava nervoso. 

— Tem algo a mais, certo? - questionou Stella. 

— Você disse que estava resolvendo problemas pessoais, e eu estava com tanta coisa na cabeça que naquela época eu nem te questionei. Eu me senti mal por não conseguir te ajudar, até que percebi que você se afastou por causa dela. 

Stella respirou fundo. 

— Já que sabia, por que não me disse nada?

— Porque se eu falasse alguma coisa, você agiria como se estivesse tudo bem. Não queria que vir aqui fosse algo desconfortável pra você. Apesar de sentir sua falta, achei melhor que o tempo se encarregasse do resto. E aqui estamos nós. 

— Eu sinto muito por isso. - disse baixinho, sem olha-lo. - Eu queria que as coisas dessem certo pra vocês e senti que se continuasse tão próxima, só atrapalharia. 

Mac levantou da poltrona e sentou-se ao lado de Stella no sofá, deixando sua taça sobre a mesinha de centro. 

— Por que não me contou como estava se sentindo? 

Stella pensou por um momento, terminando finalmente de beber o resto de vinho que havia em sua taça antes de coloca-la ao lado da de Mac. 

— Acho que é a minha vez de contar algo que você não saiba. - a repentina mudança de assunto deixou Mac desconfiado. Ele sabia que havia algo a mais que Stella não estava contando. Ainda assim, não parecia certo questiona-la. Pelo menos não naquele momento. 

— O que quer me contar? 

— O que aconteceu não mudou a forma como eu vejo você. - não precisou de muito para que Mac entendesse do que ela estava falando. 

— Por que está me dizendo isso? 

— Hoje mais cedo você disse que não queria me decepcionar de novo, mas a verdade é que você não me decepcionou em momento algum. - ela o encarava com um olhar despreocupado, como se o que dissera fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mac então desenhou um pequeno e quase imperceptível sorriso nos lábios. 

— Para as outras pessoas o que eu fiz não tem nada de errado. Eu perdi o controle com um assassino, idaí? - disse. - O fato de lidarmos com caras como o Louis quase todos os dias faz com que elas esperem que eu seja motivado pelo ódio e por sede de vingança o tempo todo, e eu acabei dando isso a elas. 

— Você nunca foi de se importar com o que as outras pessoas pensam. Por que está se importando agora? 

— Isso não tem a ver com elas, tem a ver com você! Quando eu saí daquela sala de interrogatório o seu olhar foi o primeiro que eu encontrei. Você me faz querer ser uma pessoa melhor todos os dias. Sempre foi assim. Então quando eu me dei conta do que tinha feito, senti que era o mesmo cara egoísta de um tempo atrás. O cara que se importava mais em vencer do que em lutar por justiça. Talvez eu tenha ficado com medo de que você achasse o mesmo. - ele a olhava nos olhos o tempo todo, sem vacilar um segundo sequer. Havia uma necessidade em seu olhar, a mesma de quando ela o encontrara no bar na noite anterior. - Você tem razão, eu não me importo com o que os outros pensam. Mas com você é diferente. 

— Quer mesmo saber o que eu penso sobre você? - perguntou ela com sua cabeça levemente inclinada e um pequeno sorriso no canto dos lábios. 

Mac não falou nada, apenas balançou a cabeça de uma forma quase que hesitante. 

— Nada é capaz de fazer eu ter menos orgulho do homem que você é. - ela enfatizou cada palavra enquanto retribuía seu olhar, não deixando espaço para qualquer dúvida. 

O detetive sorriu levemente, permitindo que um breve silêncio confortável irrompesse entre eles. 

— Eu já admiti mais coisas pra você essa noite do que em todos esses anos que nos conhecemos. 

— Podemos culpar o vinho. - a voz um tanto provocativa de Stella arrancou uma risada dele. 

— É, acho que podemos. 

Sentir-se relaxado não era algo tão comum para Mac. Contudo, pela primeira vez naquele dia ele não sentiu como se o peso de todo aquele caso estivesse sobre ele. 

Enquanto pensava naquilo, ele mal se deu conta de que estava o tempo todo a olhando. 

— Quer me contar no que está pensando? 

Ao ouvir sua voz, ele saiu de sua momentânea distração.  

— É que conversar sobre essas coisas com você me fez perceber que mesmo depois de todos esses anos, você continua sendo uma caixinha de surpresas pra mim. - confessou ele. - As vezes você me olha e sabe exatamente como estou me sentindo, sem precisar fazer qualquer esforço. Eu achava que depois de um tempo conseguiria fazer o mesmo com você, mas ou você esconde muito bem o que sente, ou eu não sou tão bom em te ler quanto pensava. 

— Eu não costumo esconder o que sinto. Talvez das outras pessoas, mas não de você. 

— Bom, isso só confirma o que eu disse. - Mac esboçou um pequeno sorriso enquanto pegava a garrafa de vinho e colocava um pouco mais em sua taça. 

— Eu me lembro das várias vezes em que você entrou no meu escritório depois de um dia tenso me perguntando se eu estava bem, porque, de acordo com você e exatamente nas suas palavras, meu sorriso estava diferente naquele dia. - relembrou ela. - Ou das vezes em que você foi ao meu apartamento de surpresa sem fazer ideia de como meu dia havia sido difícil, e fez eu me sentir melhor. 

— É bom saber que apesar das minhas mancadas, ainda consigo fazer você se sentir bem. - sorriu de canto. 

— Esse é o seu maior dom, Mac Taylor. - Stella curvou-se um pouco sobre a mesinha e pegou a garrafa que Mac havia deixado, pondo um pouco mais em sua taça também. 

Foi quando o celular de Mac tocou. 

— Se for um caso, você não sabe onde eu estou. - disse a perita dando uma golada em seu vinho, arrancando um sorriso de Mac. 

— Sim senhora. - respondeu com um tom brincalhão. - Taylor! Oi, Don. 

Stella percebeu a expressão no rosto de Mac mudar segundos após o início da ligação. Seja lá qual fosse o assunto, Mac estava visivelmente desconcertado. 

— Estamos indo praí. - disse ele antes de desligar. 

— O que aconteceu? 

— A mãe do Walter foi encontrada morta. 

Continue... 


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