Família Addams WENCLAIR escrita por raexgar001


Capítulo 2
O desafio da gestação


Notas iniciais do capítulo

Não acho necessário abordar uma explicação na fanfic de como a Enid conseguiu engravidar, prefiro que cada um imagine por si só. Porém, claro eu pensei sim em algo quando eu escrevia, talvez futuramente eu traga essa explicação em algum capítulo, por enquanto ela ficará aqui nas notas finais:

— Licantropos na minha fanfic são hermafroditas, ou seja, podem engravidar de parceiros do mesmo sexo como em uma fecundação cruzada. Ou seja, um casal formado por mulheres ou um casal formado por homens, podem engravidar se um dos parceiros forem lobisomem (obviamente a gestação sempre ocorrerá nos lupinos, caso ambos cônjuges sejam lobisomens, ambos podem engravidar, não necessariamente ao mesmo tempo).



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A notícia de que Wednesday e Enid estavam gravidas foi recebida com felicidade pelos Addams durante o almoço de domingo. Enid saltitou alegremente, sem notar que haviam crescido suas orelhas e seu rabo que balançava freneticamente de um lado a outro tamanha empolgação, enquanto Gomez lhe abraçava calorosamente. Wednesday aceitou de bom grado cada uma das palavras de felicitações, estufando o peito com orgulho e dando um sorriso de canto de boca, mostrando seu contentamento. Ela estava radiante!

Enquanto Thing gesticulava para Tropeço de forma orgulhosa que foi o primeiro a saber da notícia, tio Fester já planejava as noites de lua cheia que vez ou outra tinha a companhia da licantropo onde ambos uivavam para a lua e corriam pela floresta do pântano próximo a mansão, segundo ele a criança faria parte dessas noites divertidas. Por outro lado, Pugsley parecia ansioso conversando com sua esposa Ophelia – uma mulher um pouco acima do peso, de cabelos castanhos e feições que lembravam a de um porquinho, algo comum visto que de fato ela fora um antes de transforma-se em humana - de que eles não deveriam ficar para trás, afinal na família tudo era motivo para competições e o rapaz não queria perder, que se dê início à primeira batalha de bebês!

O convite para morarem na mansão mal assombrada fora feito novamente. O casarão era enorme, obviamente, haviam quartos de sobra, tinham o próprio pântano nas proximidades da mansão, um cemitério particular nos fundos onde jazia o corpo de todos os membros da família, inclusive a vovó Addams que havia partido a alguns anos após o casamento de Enid e Wednesday, mas que vez ou outra ainda se comunicava do além durante as sessões espiritas que Mortícia fazia na estufa da família. Embora apreciassem o convite, ambas as mulheres preferiam ter seu “próprio lugar”. Wednesday havia passado da fase de brincar de tortura com seu irmão, embora ainda divertisse com pequenas armadilhas que lhe preparava todo domingo rindo ao ver o mais novo caindo nelas, a latina sabia que estando ali se distrairia do objetivo principal, dar continuidade ao seu romance investigativo que estava no volume 3 encaminhando-se ao final. Pugsley não a deixaria em paz, espalharia armadilhas em todo canto e eventualmente Enid cairia em alguma como ocorreram outras vezes. E como tudo é motivo para competição logo a mais baixa tentaria uma vingança contra Ophelia e essa guerra não teria um fim, ao menos não um fim bom para Pugsley e sua esposa. Já Enid sentia que seu lobo ficava bem mais calmo em um ambiente onde o cheiro de Wednesday estivesse impregnado. A mansão continha muitos cheiros e mal cheiros o que a longo prazo a fazia mais feroz durante suas transformações para caçadas em noites de lua cheia. E com a vinda do bebê ela tinha certeza que seu lobo ficaria mais protetivo por um período, as mulheres licantropo ficavam mais atentas a tudo que pudesse fazer mal aos seus filhotes e digamos que a mansão não era o lugar mais seguro para se ter um bebê perambulando por aí. Por este motivo recusaram novamente prometendo que sempre iriam visita-los, assim como os demais membros que passavam as festividades no local.

Ao se despedirem ao final do dia, Wednesday suspirou relaxada depois de abrir a porta do carro, um Honda HR-V EXL preto, para que Enid entrasse. Quando a loira acomodou-se no estofado do passageiro, Wednesday fechou a porta e deu a volta no carro adentrando e acomodando-se no banco do motorista. Na mente da mais baixa tudo parecia estar em paz, quer dizer, estavam gravidas e isso assustava levemente claro, pois seria a primeira vez, mas tinha certeza que dariam um jeito e seriam as melhores mães. Tudo estava sob controle, tirando o fato de que logo entrariam em discussão por causa dos gostos distintos sobre o quarto do bebê, tudo estava absolutamente bem. E com esse pensamento Wednesday dirigiu para o apartamento que ficava a menos de 30min da mansão, no centro da cidade.

Acontece que Wednesday não poderia estar mais enganada.

[...]

3º Mês de Gestação.

Ficariam surpresos em como a tecnologia avançou, não precisava de muito tempo para descobrir o sexo do bebê, aparentemente essas coisas eram descobertas logo no começo da gestação, se o casal optasse por saber, claro. E Enid ansiosa não quis esperar um minuto a menos, Wednesday mesmo fingindo indiferença no fundo morria de curiosidade, sua aposta era um menino enquanto a lupina afirmava que era uma menina. Obviamente tudo se torna uma competição entre os Addams, logo todos tinham seus palpites e a resposta foi uma surpresa para a família, todos estavam certos! Gêmeos fraternos, um garoto e uma garota. Por essa Wednesday não esperava e se surpreendeu quando notou que a esposa parecia tranquila perante a notícia. Ela explicou que era comum lobisomens gerarem gêmeos ou trigêmeos, deu o exemplo dos seus irmãos mais velhos, trigêmeos que estudaram em Nevermore e que pareciam dividir o mesmo neurônio na opinião da latina. Torcia para que isso não ocorresse com os filhos, embora soubesse que os amaria e aceitaria da forma que fosse.

Então a partir deste ponto as coisas começaram a mudar, Wednesday pensou que estaria preparada, afinal escapou da morte tantas vezes o que poderia dar errado?

A princípio a fome de Enid que já estava grande até certo ponto, aumentou catastroficamente, Wednesday até cogitou comprar outra geladeira tão grande quanto a que tinham na cozinha do apartamento, mas logo descartou a ideia, Enid comia tudo rápido demais para se preocupar em guardar algo. Diante disto, viu-se obrigada a fazer algo que não fazia a muito: caçar. Embora sua família tivesse dinheiro suficiente para ajudar, a mulher era orgulhosa o suficiente para querer ser independente. Quando a conta do supermercado começou a vir próximo a quantidade do salário de ambas somado, ela não pensou duas vezes em tirar suas armas do quarto-de-tortura, um ambiente onde deixava suas recordações, como a primeira guilhotina a vapor que montou quando criança, a pistola que usava para brincar de roleta russa com o pai, entre tantos outros. Por vezes Wednesday tinha companhia nas caçadas, Pugsley e Gomez armados com granada e uma besta, respectivamente, ajudavam-na a capturar cervos que mais tarde seriam devorados quase por inteiro. E pouco há pouco Wednesday tinha pele de animais suficiente para cobrir o piso de quase todos os cômodos do apartamento.  

Durante as noites de lua cheia tio Fester já nem conseguia acompanhar Enid que parecia incansável. Quando estava em sua forma de lobo era notável a protuberância na região abdominal o que a deixava mais bela aos olhos da morena. Enid por sua vez sempre voltava próximo do amanhecer banhada em sangue de alguma carcaça que fizera no caminho, sempre havia tempo para um lanchinho da madrugada. Ela sentia seu lobo mudar aos poucos, além da fome quase insaciável ela notou que assim como o esperado, havia se tornado mais protetiva, de uma forma que suspeitava que poderia não ser considerada mais normal. Wednesday sempre que chegava em casa ia direto para o banho, para evitar eventuais brigas tendo em vista que Enid rosnava para a mais baixa ao sentir o cheiro de outros impregnado nela. Certa vez até triturou um de seus moletons que usara para ir ao mercado onde uma senhora acima do peso ficava lhe empurrando com a barriga suas costas, enquanto a peça de roupa era triturada Wednesday imaginava que poderia ser aquela senhora ali no lugar, vontade não lhe faltava, não havia idade certa diante do olhar mortal de Wednesday Addams, e mesmo tendo ameaçado cortar os pulsos da senhora rechonchuda a latina ainda queria ter feito algo para desestressar, mas apenas passou as compras no caixa assistindo ao fim do dia Enid acabar com o seu moletom.

— Antes ele que eu... – Sussurrou observando alguns pedaços serem expelidos para fora do triturador.

[...]

6º Mês de Gestação.

Wednesday havia evitado morar na mansão com os pais pelo motivo de querer se concentrar na sua escrita, porém quem disse que seria uma tarefa fácil dar continuidade ao seu livro morando com uma lobisomem grávida de gêmeos? Os hormônios de Enid estavam fora de controle assim como a sanidade de Wednesday que se esvaia lentamente, por essas e outras pediu um prazo maior para as editoras que prontamente aceitaram já que a latina sempre entregou e corrigiu os scripts antes dos prazos propostos, adiar alguns meses poderia ser bom para o marketing do livro, causar espera nos fãs por algo que eles querem muito aumentam mais ainda o engajamento, apenas teriam que lembra-los vez ou outra sobre o projeto soltando aos poucos uns spoilers sobre Víbora, a protagonista do livro.

  Sem a escrita para lhe atrapalhar – e Wednesday nunca imaginou que ficaria grata por não ter suas horas sagradas para dedicar-se ao livro – a mulher podia se concentrar totalmente na lupina que hora ou outra fazia comentários inesperados e agia de formas estranhas – até mesmo para os gostos de Wednesday. Situações onde a latina fora surpreendida por uma loira que lhe beijava vorazmente havia se tornado comum. Enid lhe imprensava na parede do corredor, no box do banheiro, sob a ilha de mármore na cozinha, na máquina de lavar e em diversos outros lugares pelo apartamento, beijando-lhe de forma desesperada, tomando o controle ao deslizar a língua para dentro da boca da mais baixa, beijando seu pescoço e arranhando levemente sua cintura, lhe provocando. Por vezes isso acabava com ambas nuas em algum cômodo do apartamento, as roupas rasgadas e jogadas pelo caminho. Outras vezes a mais alta apenas ia embora, sem explicações, deixando uma Wednesday sem folego e confusa para trás.

Havia dias que Enid ficava manhosa, não permitia que Wednesday levantasse da cama a prendendo com força, os braços envoltos da cintura puxando-a mais para si, isso podia durar horas e ao mínimo movimento para longe da loira ela rosnava, com o passar do tempo a morena passou a saber aproveitar esse tempo para ler, escutar podcasts ou massagear a enorme barriga, apreciando os chutes que os gêmeos davam. Por falar nisto, o primeiro chute foi realmente algo surreal, Wednesday esperava um momento mágico a ser compartilhado com a licantropo, porém o que recebeu foi um chute inesperado que a remessou para fora da cama. Enid admirada e surpresa com os chutes dos filhos inconscientemente repetiu o ato chutando Wednesday para longe, mesmo com um nariz sangrando a latina sorriu ladino, contente ao ver a barriga movimentar-se levemente para cima.

A primogênita dos Addmas comparava sua situação como estar vivendo em um campo-minado, o que seria prazeroso se fosse de fato um, ela adoraria estar em um ambiente onde ao mínimo passo errado seu corpo poderia ir aos ares. Porém ao invés de bombas terrestres que poderiam arrancar seus membros com uma explosão, ela tinha uma lobisomem com temperamento incontrolável - culpa dos hormônios da gravidez – que também poderia arrancar seus membros, porém com mordidas ou cortes precisos. Nunca sabia dizer qual o momento certo para alguma ação sua, no mesmo dia que receberia elogios por ter voltado de mais uma caça com um enorme cervo, ela também poderia ser ignorada por horas a fio descobrindo só depois aos prantos de Enid que Wednesday havia comido um bolinho de carne que sobrara do almoço e que a loira desejava o alimento para si. E para fechar com chave de ouro, havia a melhor parte dos seus dias que era ser acordada durante a madrugada para atender algum pedido peculiar da lupina.

— Wed... Wednesday... – Enid lhe balançava levemente sussurrando seu nome carinhosamente. Wednesday abriu os olhos deparando-se com a escuridão do quarto, apenas a luz da lua iluminava uma pequena parte do cômodo dando a pouca visão da poltrona que Enid usava para fazer crochê enquanto a mais baixa lhe massageava os pés, a loira estava fazendo sapatinhos para os bebês, ambos os pares bem coloridos.

— Que horas são? – Wednesday encarou sonolenta os grandes olhos azuis, que lhe fitavam com um brilho já conhecido por ela. Estremeceu imaginando o que viria a seguir – O que você quer desta vez cara mia?

— São três da manhã – Respondeu a primeira pergunta. A hora dos mortos, pelo menos isso – Eu tive um sonho, onde eu nadava em uma calda de chocolate e acordei morrendo de vontade de tomar chocolate quente.

— A tudo bem, eu preparo para você – Wednesday já se preparava para levantar da cama contente por ser algo mais simples desta vez, os desejos da loira poderiam variar de querer comer concreto a mariscos, quando sentiu as mãos de Enid segurarem seu pulso parou imediatamente fitando a loira que sorria envergonhada.

— Na verdade mi amor, eu gostaria de tomar o chocolate quente do Cata-Vento...

Wednesday piscou algumas vezes.

— Do mesmo Cata-Vento que fica em Jericho?

— Isso!

— Não! Vá dormir Enid – Wednesday tentou voltar a se aconchegar na cama, irritada por ter sido acordada por um pedido tão absurdo, a cada dia que passava suas olheiras ficavam maiores e mais profundas.

— Mas amor, eu quero tanto – Enid impediu que a latina deitasse segurando seus ombros e direcionando o olhar raivoso para si – Por favor, é só um copinho.

— Enid, este seu “copinho” – Fez aspas com os dedos – fica a três horas de carro daqui! Eu não vou sair por aí a essas horas por causa de um capricho seu – Ao sentir o aperto de Enid nos seus ombros, Wednesday rapidamente pensou que tal palavra havia sido uma péssima ideia.

— Capricho? Capricho?! – Enid tomava um olhar de fúria, suas garras crescendo involuntariamente juntamente com seus caninos que já estavam amostra – Eu estou carregando duas crianças que você colocou em mim! Eu levo esse peso para todos os lados, eu que irei passar pelas dores do parto, eu que tenho os pés inchados de carregar por ai seus filhos, minha bexiga já foi pro caralho de tanto que vou ao banheiro, eu sinto dores nas costas, não durmo em qualquer posição e você vem me dizer que o desejo dos seus filhos de tomarem um chocolate quente é apenas um capricho meu Wednesday Addams?!

— Eu é... Ãn...

Eram poucas as vezes que Wednesday perdia uma discussão, então naquela madrugada ela colocou seus sapatos enquanto aos berros Enid falava algo sobre a Addams não se importar com ela, e em alguns minutos a latina dirigia com um enorme moletom por cima do seu pijama para a cidade onde elas se conheceram e estudaram juntas.

[...]

9º mês de Gestação.

O nascimento estava cada dia mais perto, logo mais, elas voltariam para casa com dois serzinhos aninhados em seus braços e isso estavam as deixando sem sono. Há algumas noites, haviam recebido visitas dos amigos, onde Yoko e Bianca brigaram pelo cargo de madrinha e Eugene argumentou sobre ele ser a melhor opção para padrinho do que uma mão com vida própria.

Bianca viera acompanhada de Lucas o padrão que havia feito “chover sangue” na noite do baile. Ambos tinham se aproximado bastante após investigarem juntos a morte do prefeito, essa aproximação resultou em um namoro e atualmente um noivado, eles pareciam felizes, porém Wednesday nunca que confiaria cem por cento no Walker, principalmente por ele ter usado Enid para conseguir sua vingança no passado. Eugene por sua vez, viera com a namorada Parker Needler, uma colega de infância de Wednesday, ambas não se viam a anos, ficaram surpresas quando se reencontraram daquela forma. Eugene e Enid curiosos perguntaram do passado que compartilhavam e elas comentaram que haviam sido colegas de turma no fundamental, durante a fase rebelde de ambas na pré-adolescência trocaram temporariamente de estilos onde Parker assumiu o preto clássico da Addams e essa vergonhosamente havia experimentado algumas cores diferentes, assumindo que aquilo de fato não era para si, a única cor que aceitaria em sua vida seria as que vinham de Enid. Já Xavier viera sozinho, o artista não tinha encontrado a parceira “ideal” ainda, sempre trocando de namorada anualmente, sentia-se culpado por ter deixado Bianca no passado e ainda tinha certas questões com Wednesday que ele não havia superado, o garoto aparentemente ainda precisava de muita terapia, mesmo embora nunca tendo ultrapassado nem uma linha com ambas mulheres, sempre fora muito respeitoso e não pretendia estragar a felicidade de nem uma das amigas.

Yoko viera com a esposa Divina, a sereia melhor amiga de Bianca. Apenas tinha o diferencial de que as mulheres não estavam sozinhas, nos braços de Divina dormia um garotinho de pouco menos de três meses, ele tinha os traços asiáticos herdados de Yoko e os olhos claros iguais aos de Divina. Joui Tanaka já era muito bem conhecido pelo casal Addams, quando o pequeno nasceu Enid insistiu para Yoko deixar ela e Wednesday treinarem um pouco como cuidar de um bebê, aos dois meses o garotinho passou um final de semana aos cuidados das mulheres, Yoko e Divina não interferiram muito, observando de longe e instruindo-as em como tomar os devidos cuidados, o garotinho até mesmo havia sido amamentado por Enid que já produzia leite. Mesmo com sua inexpressividade de sempre, por dentro Wednesday sentia-se agradecida pela insistência da esposa em faze-la treinar, ter essa experiencia lhe deixava de certa forma mais tranquila pelo que estava por vir.  

Enquanto organizava os presentes recebidos dos amigos no quarto das crianças, Enid sorria de orelha a orelha suspirando contente com a vida que tinha. Quando mais nova, tinha pavor de ser expulsa da alcateia, o pensamento de estar sozinha lhe atacava a ansiedade, afinal lobos vivem em conjunto, ser um renegado significava que não poderia se aproximar de grupos de lobisomens, se caso uma matilha sentisse que seu território estava sendo invadido por um excluído, o líder tinha autorização para atacar e matar. Enid nunca imaginaria que mesmo não tendo mais contato com ninguém da família ela se sentiria tão bem, obviamente sentia saudades, principalmente do seu pai, mesmo que ele não tenha dito ou feito nada para lhe defender, ela não guardava rancor do homem. A lupina encontrou nos Addams a matilha que sempre sonhou, pessoas que lhe aceitavam, e encontrou em Wednesday a companhia que quis a vida toda, aquela companhia que achou que nunca teria caso não se transformasse, tamanha era sua aflição no passado que até mesmo chegou a jogar suas frustações em cima da latina que acabara de conhecer. Wednesday achava que ser uma loba solitária era perfeito, ninguém lhe incomodaria, Enid sentiu naquele comentário que ela de fato não falou por mal, não estava lhe atacando e nem diminuindo seus sentimentos, estava apenas dando seu ponto de vista, por isso soltou um “você é péssima em consolar as pessoas” tendo como resposta o olhar penetrante da menor. Jamais imaginara que um dia estariam juntas, construindo sua própria matilha, Enid sentia-se leve e molhada.

Este fato fixou em sua mente, molhada?

Então notou que sua bolsa estourou, a princípio ficou sem reação travada por alguns longos segundos, seu coração martelava em seu peito seus “divertidamente” gritavam desesperados em sua cabeça, correndo para todos os lados sem ninguém no controle. Quando a primeira contração veio ela recobrou a consciência e moveu-se pelo quarto apressadamente, no caminho um rastro de água.  

— Wednesday! – Gritou de forma tão desesperada que em segundos teve a visão da esposa nua completamente ensaboada, ela havia corrido desesperada do banho quando ouviu o grito da mulher – A bolsa, ela estourou.

E Wednesday entrou em pânico, assim como Enid demorou alguns segundos para raciocinar logicamente, quando volto a si, ela escorregava pelo piso de madeira do apartamento em direção ao quarto de casal. As bolsas que levariam para o hospital com os pertences de Enid e das crianças já estavam prontas a alguns dias, bastava apenas pegar e as colocar no carro. Secou-se com uma toalha ignorando o incômodo que o sabão lhe causava deixando sua pele grudenta, vestiu uma calça jeans, sapatos com solar alto branco com uma tira preta no meio do solar e um cardigan listrado preto e branco. Seus cabelos por sorte não estavam molhados, apenas os amarrou de forma desleixada em um coque. Devidamente pronta e com seu coração batendo freneticamente, ela pendurou as bolsas coloridas sobre o corpo e disparou para fora do quarto, segurando Enid pelo braço, lhe guiando cuidadosamente para fora do apartamento em direção ao elevador e depois ao carro, onde deixou-lhe confortável no banco do passageiro.

Enquanto dirigia fez uma breve ligação para Pugsley contando que estavam a caminho do hospital, sem esperar respostas do irmão desligou o aparelho e concentrou-se no trajeto que fazia. Enid vez ou outra reclamava de dores e Wednesday marcava no relógio o período entre as contrações, pelo menos haveria tempo de chegarem ao hospital. Quando finalmente deram entrada, Enid foi levada a uma sala para trocar suas vestes por uma bata hospitalar, Wednesday com três bolsas penduras sobre si, ajudou-lhe a se vestir e aguardou ao lado dela o momento que entraria na sala de parto, quando finalmente foi chamada Enid caminhou com um olhar preocupado direcionado a si.

— Estarei logo atrás de você cara mia – Tranquilizou-a sabendo o motivo do olhar, Enid relaxou mais e acompanhada por uma enfermeira adentrou o lugar.

— Wednesday! – Pugsley apareceu no corredor com toda família atrás de si, as pessoas os olhavam curiosos perguntando-se se já era halloween.

— Cuide dos pertences feioso, eu vou entrar.

— Estaremos aqui, esperando – Gomez tocou o ombro da filha para firmar sua palavra, Wednesday assentiu deixando as bolsas com o irmão.

Uma enfermeira chegou para lhe indicar o lugar para vestir a roupa especial para entrar na sala de parto, enquanto se afastava pode ouvir Ophelia dizendo que haviam tido sorte de estarem próximos do lugar, assim puderam chegar rápido, mais tarde ela descobriria que a família havia entrado de penetra em um funeral que ocorria próximo do hospital. A primeira visão que teve ao entrar na sala de parto não foram os médicos, as enfermeiras, ou muito menos os aparelhos, ela só tinha olhos para Enid que mesmo suada e levemente descabelada estava mais linda do que nunca. Imediatamente segurou sua mão para mostrar que havia chegado, fazendo a loira lhe encarar com um sorriso nos lábios, por baixo da máscara Wednesday também sorriu.

Enid gritava, apertava sua mão e lhe machucava com as garras, Wednesday apenas ignorava o sangue escorrendo e a dormência de sua mão tão pálida pela força que a lupina fazia, já nem circulava sangue direito naquela região, ao seu lado uma enfermeira parecia preocupada com os hematomas da latina que de forma fria a mandou continuar seu trabalho. Enquanto isso Wednesday focava em passar apoio para Enid, ajeitando os fios de cabelo que grudavam na testa suada, a loira chorava de dor e isso machucava a menor que se preocupava cada vez mais em quanto tempo aquilo ia durar. Foi então que quase trinta minutos depois escutaram o primeiro choro.

Para Wednesday o mundo fez silêncio para apreciar a beleza daquele som, o bipar da maquina conectada ao dedo de Enid não emitia mais som, os profissionais da saúde pareciam sussurrar. O choro tomava conta do lugar enchendo seus ouvidos e acelerando seu coração, minutos depois, outro choro preencheu o ambiente e Enid desabou na cama, afrouxando o aperto na mão da latina e chorando aliviada, feliz e cansada.

— Você fez um ótimo trabalho cariño – Wednesday beijou-lhe o topo da cabeça recebendo um suspiro satisfeito.

No segundo seguinte veio na direção delas o primeiro mundo, um cabelinho ralo no topo da cabeça de cor loira, leves sardas na bochecha e chorosa, a bebê foi entregue a Enid que tremia levemente em êxtase. Wednesday perdeu-se na perfeição que era sua filha, tão bela e pequenina, aproximou o indicador na face da recém nascida alisando levemente sua bochecha notando o que o choro parava aos poucos. Enid ainda em lágrimas deixou um leve selar na testa da filha, observando outra enfermeira se aproximar com o que seria o segundo mundo delas. O recém-nascido foi deixado nos braços de Wednesday que havia travado, a respiração falha por segurar todo um mundo em seus braços. Porque era aquilo que seus filhos eram, o mundo das Addams. Os cabelinhos ralos no topo da cabeça mostravam uma coloração preta e o pequenino não chorava alto como a irmã, parecia mais calmo.

— Enid – Wednesday chamou tomando atenção da licantropo que se surpreendeu ao notar o largo sorriso da morena - Eles são perfeitos.

— São sim amore mio – Sorriu de volta, tão largo quanto Wednesday, foram poucos os momentos que Enid viu sua esposa sorrir assim, poderia listar nos dedos. Durante a primeira vez, no dia que lhe pediu em noivado, no dia do casamento. A loira voltou a atenção para os filhos – São perfeitos.


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Notas finais do capítulo

Erros ortográficos por favor me avisar, eu já revisei algumas vezes, mas sempre pode passar algo despercebido.
Obrigada por lerem até aqui, a ideia ainda é lançar um capitulo por semana, então vejo vocês em breve!
Até mais!



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