Terapia Compulsória escrita por Miss Siozo


Capítulo 7
Os Isentões


Notas iniciais do capítulo

[Echeveria]

Bom dia, pessoal! Mais uma vez tentando aumentar a dose de serotonina durante o serviço, o que é muito bom

Cap focado nos capricornianos e librianos de plantão.


Boa leitura!



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A terapeuta olhou novamente para sua lista e viu que quase pulou dois indivíduos em especial. Obviamente eram aqueles que conseguiam se camuflar diante dos mais problemáticos do grupo. Shura e Dohko tinham algo em comum, a capacidade de se distanciar a própria figura dos problemas, os famosos “isentões”. A profissional respirou fundo antes de anunciar os próximos nomes.

— Chegou a vez de tratar de suas próprias questões individualmente, senhor Shura — sorriu — O senhor Dohko acompanhará esse grupo.

— Tá né… — disse o “jovem ancião”.

— Ora essa. Pensei que seria apenas sobre os primeiros problemas, mas é o que dizem, né? Não sabemos que temos um problema até que alguém aponte um. — Shura até desdobrou um óculos e colocou, para parecer um pouco mais intelectual.

— A lista é mais extensa do que imagina — alfinetou o escorpiano — Sério, só o teu jeito de falar me sobe um puta ranço, coach de merda!

— Coach é uma profissão digna, bem melhor do que um sexólogo que força garotos a se beijarem entre si!

— Pelo menos o meu diploma tem validade em todo território nacional. Não são esses certificadozinhos mequetrefe que você tem.

— É, eu fecho o mês com mais do que o triplo do seu salário como cavaleiro, se você não fosse um ignorante e aceitasse algumas aulas eu poderia te ensinar a juntar mais, seu pobre!

— Tá falando isso só porque depois daquele “exposed” que eu fiz eu te tirei alguns seguidores né, seu fajuto!

Um apontava o dedo para o outro, o tom de voz ia aumentando aos poucos e agora os dois já estavam quase brigando. A terapeuta, já sem esperanças, massageou as próprias sobrancelhas e pediu, quase mutada pelos dois barraqueiros ali:

— Shaka, por favor, pode fazer o senhor Milo ficar calado?

— Claro, senhorita — pegou seu rosário, e quando começou a queimar seu cosmo, Milo arregou:

— Ok, ok, já parei, não precisa!

— Aproveita que pegou o rosário… — Máscara da Morte pediu — Me solta, por favor? A Sam tá me mandando mensagens, ela tá preocupada. Prometo que não vou machucar ninguém!

— Pode soltar o senhor Salvatore, Shaka. Vamos te dar uma última chance, Milo. Por favor, aproveite.

Assim que saiu do efeito do Tesouro do Céu, Máscara se estalou todo, até pegar o celular e responder a namorada. Enquanto isso, Camus bateu na mesa, apontou para o próprio corpo e depois para a boca.

— Senhor Camus, eu entendo de verdade que ficar sem a fala possa ser bem ruim, mas o senhor precisa prometer que não vai interromper a não ser que tenha algo realmente pertinente para a consulta.

O Mago de Gelo fez um sinal de X no peito.

— Ok, pode liberar a fala do senhor Camus.

Shaka balançou o rosário novamente. Camus abriu a boca e moveu a língua, logo apontou para o escorpiano:

— Quando chegar em casa vamos conversar bem sério.

— ENTÃO, como eu ia dizendo — Agatha tentou cortar qualquer possível discussão — O que tenho sobre vocês dois, senhor Dohko e senhor Shura, são que vocês são basicamente os “isentões” do Santuário, para falar em termos mais contemporâneos. O senhor Dohko foi apontado como uma pessoa negligente que não é capaz de delegar uma ordem direta. Há algum receio de errar ou de se indispor com alguém?

— Não sei, eu não gosto de tomar decisões. É simples, pensa que para cada coisa que eu escolher existem dois resultados, um é muito bom e o outro é uma total catástrofe. Mas a chance de ser uma catástrofe total é enorme!

— Eu me lembro de quando éramos jovens… — Shion, que estava quieto depois da bronca que tomou do aquariano, falou timidamente — Por diversas vezes nossas missões acabaram dando errado porque Dohko se recusava a escolher as coisas!

— É, já pensou? Recentemente tive que ajudar os moleques a descongelar o Hyoga. Eles queriam que eu escolhesse como?! Mas dependendo da minha resposta o coitado do pato ia ser partido ao meio, ou pior!

— Era só ter deixado ele lá, vocês que são enxeridos — Camus usava seu cosmo para brincar de congelar e descongelar a água.

— Fala isso mesmo, cadê o espírito pedagogo?

— Ok, já estou começando a entender — a terapeuta riscou o bloquinho novamente — Muitas vezes durante a nossa infância as pessoas julgam as nossas decisões, senhor. Isso vai desde coisas mais simples, como a roupa que escolhemos, até as brincadeiras que vamos fazer. Lembra de como foi esse quesito na sua infância?

— Não, senhorita. Eu estou vivo há mais de um século, não lembro de quase nada da minha juventude.

Agatha ficou confusa, mas achou melhor não questionar.

— O jeito que podemos trabalhar isso, senhor, é que nossas ações têm consequências. Todas elas. Quando o senhor escolheu não tomar decisões, já está tomando uma. E isso pode ser catastrófico. O caso do Hyoga, que foi mencionado, já pensou se você não diz nada e o rapaz realmente acabasse se ferindo no processo, isso poderia te gerar o sentimento da culpa.

O libriano pensou um pouco e concordou.

— Sim, mas se eu tivesse dado a resposta errada eu me sentiria culpado do mesmo jeito.

— Assim como Aiolos, o senhor precisa trabalhar melhor isso de confiança. É algo que posso colocar em pauta para outra sessão — suspirou — Agora vamos voltar para o caso do senhor Shura. Por acaso consegue se recordar sobre como essa “vontade empreendedora” surgiu? Por favor, seja sucinto em sua resposta.

— Na verdade, isso é um tema de uma das palestras do meu curso. Se quiser posso providenciar para você um desconto, principalmente se você tiver Capricórnio no seu mapa astral…

— Eu preciso sair daqui, por favor — Milo ergueu a mão, logo se levantou e saiu.

Ela não julgou. Se pudesse ela mesma sairia correndo e não voltaria nunca mais.

— Senhor Shura, com todo o respeito, se você quer mesmo que eu ajude vocês, preciso que você coopere. Não me use como se eu fosse um dos seus seguidores dispostos a pagar para ouvir palestras.

O espanhol respirou fundo e tentou tirar a cabeça disso. Até notou que estava sendo meio ganancioso, mas era o seu jeitinho.

— Eu comecei a trabalhar como empreendedor quando notei que minha carreira como cavaleiro era muito arriscada e poderia acabar em um triz. Assim eu fiz um curso de educação financeira e comecei a ajudar as pessoas que, assim como eu, tem interesse em mercados de ações.

— Para de aloprar, você já assim desde a infância — Mu disse — Eu era menor que ele e eu me lembro. Ele que me apresentou esses mantras fajutos.

— O meu mestre era um homem de negócios, assim como eu — sentia orgulho ao falar dele. — E não minta, esse lance de “calma entra, raiva sai” te ajuda bastante.

— Não ajuda nada, eu preciso ficar comendo o pólen da Afrodite sempre que estou quase tendo uma crise. Já falei: estou melhorando, mas não é por você, cabrinha.

— Cabrinha é o caralho. — Cobriu a boca com a mão — Desculpe, não queria xingar.

— Por incrível que pareça, essa foi a frase mais honesta que você disse hoje — disse Agatha — Creio que os ideais de seu mestre o tenham moldado dessa maneira. Não é errado ser um pouco ganancioso, dificilmente conseguimos seguir um objetivo sem o mínimo de ambição. No entanto, foi plantada uma semente corrompida dentro de você e o seu verdadeiro eu está sendo escondido, sufocado em meio às amarras sociais. É impossível para um ser humano, até para os deuses, serem aceitos por todos. Já percebeu que seu comportamento atual desagrada muita gente? Isso porque você está se podando em demasia. Enfim, a sua lição é reencontrar com esse Shura que existe aí dentro de você que foi suprimido pelas lições de seu antigo mestre.

Shura se sentiu pessoalmente atacado, mas decidiu ficar quieto, pois reclamar demonstraria que estava se sentindo ofendido e que a carapuça serviu.

Apenas se sentou, tirou os óculos e olhou para a moça, sorrindo:

— Vou pensar nisso que você me disse, senhorita. Também no que disse aos meus colegas. Se nos encontrarmos de novo, falarei para a senhorita sobre as descobertas do “Shura interior”.

“Redescubra seu Eu interior”, é um belo nome para um curso….

— Até que foi mais fácil do que eu pensei — Agatha olhou o caderninho, pensando se faltava mais alguém para essa primeira sessão. “Estou meio descrente sobre essa mudança do tal Shura, mas prefiro acreditar que foi genuíno”, pensou — O último grupo é composto por Saga de Gêmeos e Camus de Aquário.

— Se me permite dizer, senhorita — Afrodite avisou — Parece que você deixou os piores para o final. Acho melhor fazermos mais uma pausa.

— Até parece que eu sou pior do que você, seu drogado — Saga se aborreceu.

— É, nós faremos uma pausa de dez minutos.

— Vou pedir para as servas trazerem algo para comermos — Máscara da Morte avisou — Se você comer mais bolinhos, as coisas podem sair do controle.


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