Terapia Compulsória escrita por Miss Siozo


Capítulo 8
Futriqueiros do Pandemônio


Notas iniciais do capítulo

[Echeveria] Bom dia, meus amados!

"Mas já?" vocês perguntam, e eu digo: Sim!! Amanhã vai ser um dia bem corrido e eu amo vcs demais para deixar pra postar amanhã na tarde madrugada. Olha como eu sou legal XD

Brincadeiras a parte, eu particularmente AMO esse cap, espero que vcs amem também!

Boa sorte, boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/808516/chapter/8

Após a pausa e todos tomarem mais um pouco de café e comer uns biscoitinhos, sem nenhum toque de “natureza” por parte de Afrodite, todos estavam reunidos novamente e bem mais calminhos.

Aldebaran havia adorado a pausinha para o lanche, ainda ficou paparicando o ariano mais novo, que estava até quente pela sucinta discussão que teve com Shura.

— Todos prontos? — Agatha prendeu o cabelo — Senhor Camus e senhor Saga, vocês dois falaram bastante durante a vez dos outros. O que me ajudou a entender um pouco mais sobre os problemas mencionados anteriormente. No entanto, precisamos saber quando é necessário compartilhar uma informação e quando fazer isso, pois pode afetar outrem.

— Você fala pomposo demais, senhorita. Esses dois são uns baita fofoqueiros, isso sim — Aiolos riu — O Camus, eu lembro dele pequenininho andando com a chupeta e o paninho na mão, já criava intriga desde sempre. O Saga nem se fala, usava o pobre do Gelado aí como leva e trás! 

— Ai, o Camus era um neném, ele nem deve lembrar disso — Saga cruzou os braços — Sim, dizendo por mim mesmo, eu sou um baita dum fofoqueiro. Mas é bom, sabe, estou ciente de tudo o tempo todo. Era bem útil, principalmente quando eu era Grande Mestre.

— Ah, Saga, vai tomar no cu. Você contava até quantas vezes cada um dos pirralhos ia ao banheiro.

— Contava as suas idas também, confesso. Shaka tinha muita prisão de ventre, coitado!

Shaka ficou vermelho, agora com seus olhos abertos, olhou para o geminiano, muito, muito bravo.

— Qual foi? Até hoje, você vai ao banheiro de cinco em cinco dias, mais ou menos.

— Você tá contando quantas vezes eu vou ao banheiro também? Saga, eu juro que agora eu quem vou pegar essa porra de cadeira…

— Por favor, eu imploro, deixem as cadeiras em paz! — Agatha já estava quase chorando — Senhor Saga, você se ocupa com a vida alheia porque sente prazer nisso? No ponto que seus coleguinhas avisaram, duvido que seja realmente apenas para conseguir informações.

— Um pouco dos dois, acho que no ponto que estou agora, talvez tenha se tornado algo compulsivo, não no sentido médico, mas realmente acho que não posso viver sem uma fofoquinha.

— Você precisa ir pro retiro junto do velho Shion, isso sim. — Touro estava bravo, mexendo no celular e tentando descobrir qual era a conta secundária do dito-cujo.

— O tempo que eu fiquei longe mandou a educação de vocês pro fundo do bueiro — bufou — E acha que o tempo no retiro me impediu de fofocar? Óbvio que não! Confesso que me distanciei um pouco das fofocas do Santuário pelo bem da minha saúde mental, sabe?

— Consigo imaginar, senhor Shion… — disse a terapeuta com pesar — Não queria ter que dizer isso, mas preciso recomendar um detox digital para o senhor Saga.

— O que isso significa? — perguntou Aiolos, confuso com a tecnologia.

— Que ele vai ter que se distanciar da internet e de todos os aplicativos de fofoca — explicou Aioria — Isso daí não é uma desintoxicação, é castigo! Não vivo sem o meu Instagram.

— Na verdade, eu acho que posso conversar com a senhorita Saori sobre isso. A dependência de telas é algo que afeta muitas pessoas da nossa geração e isso irá se agravar ainda mais para a geração que está por vir. Todos vocês poderiam tentar isso, não do modo extremo, mas sem as redes sociais principais.

Saga bufou irritado.

— Sim, eu sei, já vi médicos falando sobre o assunto e como isso atrapalha nossa interação social e coisas do tipo. Podemos tentar, mas tem que ser só depois do mês que vem.

— Por quê?

— Ai, eu criei um perfil falso no tiktok para ver as contas que me bloquearam, e você nem acredita…

— Com todo respeito, Saga. Vai se foder. Na boa mesmo, vai se foder — Camus tomou coragem para falar novamente — Ninguém liga para quem te segue ou deixa de seguir, falando por mim agora, sim, eu gosto de estar por dentro do que ocorre no Santuário e sei que nada passa despercebido por nós doze. Quer dizer, talvez pelo Aldebaran ou pelo Afrodite, mas a maioria das coisas que ocorrem nós sabemos logo em seguida. 

— Realmente, senhor Camus, entendo que por serem de uma patente elevada, vocês precisam estar cientes do que ocorre no Santuário, inclusive eu acho que é o correto mesmo. Entretanto, vocês espalham isso de forma irresponsável, veja, o comentário que Saga fez sobre o senhor Shaka. Ele ficou constrangido e você o expôs ao ridículo.

— Estamos entre amigos, não tenho que ser podado.

— Tem sim. — Shaka.

— Ah, todo mundo aqui sabe que você tem problemas para cagar…

— Eu não sabia dessa — disse Afrodite — Se quiser, eu tenho umas ervas que são ótimas pra descolar esse intestino preso aí. Quem sabe assim você fica mais de boa com a vida?

— Afrodite… eu vou fingir que você não está falando sobre a minha saúde intestinal para a gente não brigar. Enquanto a você, Saga, seja mais podado sim, é algo íntimo meu — apontava para o próprio peito enquanto falava — Da mesma forma que meus encontros românticos, missões como santo de Athena, são coisas minhas. Eu compartilho algumas histórias às vezes, porém sempre prefiro que as pessoas saibam por mim do que por um sociopata igual você.

— Eu tava só falando para o seu próprio bem, Shaka — brincava com o próprio cabelo — Nada que é preso é bom. São coisas assim que não te permitem aproveitar melhor a vida. Fique a vontade para passar em Peixes que eu posso te ajudar de uma forma mais natural, pois sou completamente avesso a esses remédios de farmácia.

— Não sabia que tu era anti-vacina — disse Aioria.

— Para de misturar as coisas, pequeno Simba! — estava indignado — Não sou contra as vacinas, aliás, a minha carteira vacinal está em dia. Meu problema são com esses remédios sintéticos quando se tem a natureza à nossa disposição — explicou.

— Afrodite realmente usa e abusa da natureza o tempo todo. Nunca vi alguém tão entusiasta — disse o aquariano — Além disso…

— É disso que eu estou falando! — interrompeu a terapeuta — Chega de fofocas! Isso vale para o senhor Camus também.

— Se me permite dizer, o Camus é o tipo de fofoqueiro passivo, ele pega as informações discretamente. Não é igual esse loiro oxigenado aí — Milo apontou para Saga.

— OLHA QUEM FALA!

— Saga, maneire o seu tom! — a terapeuta chamou atenção de novo. — Por favor, vocês já são adultos, são guerreiros, comportem-se como tais! Caramba, eu estou implorando!

— Depois eu chamo vocês de imprestáveis e incompetentes e o ruim sou eu — Shion cruzou os braços, emburrado.

— Porra, cale-se, velho carcomido. Já falou demais — o aquariano balançava a mão, mandando ele calar a boca. — E nem adianta falar de respeito, você mesmo não nos respeita, uma merda isso aí. Eu voto pro Aioros virar Grande Mestre e deixar o Shion lá no retiro.

— Enfia essa votação na casa do caralho! — Mu estava puto novamente — Sei que meu mestre vacilou muito feio, mas isso não é motivo de ficar ofendendo o tempo todo um idoso! Tu não é um pedagogo desconstruído? Deve ser por isso que o seu pupilo não tem um pingo de respeito pelos mais velhos.

— Não aponte esse dedo para mim, ou eu vou tirar ele e enfiar no seu…

— PEDAGOGIA, ótimo ponto, Mu! — Agatha estava com os cabelos em pé, viu que chamar a atenção não estava sendo eficiente, então desviar o assunto parecia ser uma estratégia melhor— Aqui consta que você é um pedagogo formado, está correto?

— Sim. Eu tenho licenciatura em física, por conta disso cursei algumas matérias sobre pedagogia e me encantei por isso. Estou fazendo pós-graduação em educação por conta disso, por mais que eu tenha trancado o curso por questão de Guerra Santa e aquela baboseira toda.

— Interessante — a terapeuta movimentava a sua caneta — Me contaram sobre o seu relacionamento com seu aluno, dizem que é um tanto conturbado. É verdade?

— Conturbado? A senhorita está sendo gentil. Aqueles lá vivem em pé de guerra — se pronunciou Shura — Desde que os dois se reencontraram e o jovem Hyoga começou a morar em Aquário, não tem um dia que eu não ouça as discussões dos dois. Isso até atrapalha o meu processo de mindset.

— Você tem mesmo que pensar bastante na vida, bode. Só para ficar falando difícil. Estamos em uma terapia e todos aqui precisam falar e ser entendidos. Pode ser? — brincava com sua agulha escarlate. Na verdade, queria atingir em cheio o capricorniano, mas segurava a onda por causa da terapeuta.

— Nós estamos perdendo o foco novamente — massageava as têmporas — Qual o seu problema com o menino?

— É que ele é um rebelde sem causa. Eu já fui assim, quando tinha a idade dele, coisa do signo, a culpa não é toda dele. Mas como ele está no primeiro decanato, essas coisas são um pouco mais fortes para ele. Acredita que ele me afrontou hoje antes de virmos para cá?

— Muitas vezes os adolescentes tentam buscar a própria identidade e tentam se desvincular da figura paterna. Não sei se é o caso, mas já fiquei sabendo que os cinco rapazes são órfãos e provavelmente você foi a coisa mais próxima que ele teve do pai. Talvez possamos fazer uma sessão apenas eu, você e o rapaz Hyoga, ver se houve algum evento que possa ter ocasionado essa rebeldia.

— Na verdade, houve um. Há alguns anos… é algo bem pessoal, não sei se cabe contar.

— Aquilo lá, Camyu?

— Oui. Digo, sim. Perdão, essa história realmente me afeta.

— Agora você trate de abrir o bico, não me deixe curioso assim! — Saga pediu — Prometo que nada do que dissemos aqui irá sair, juro por Athena — colocou a mão no peito em sinal de promessa.

— Olha, já é um avanço. Estou orgulhosa de você, senhor Saga — Agatha ficou genuinamente feliz.

— Por Athena? Estou até surpreso… — Afrodite pareceu encantado. — Então está seguro, Camus. Se sentir de boa…

Milo apertou a mão do aquariano. Eles trocaram olhares e o francês suspirou:

— Tudo bem. Eu não acho que vocês saibam, porém eu não treinei apenas o Hyoga. Recebi dois pupilos para treinamento, o outro se chamava Isaak — suspirou. Apertou a mão do seu namorado de volta — Ele tinha um gênio um pouco difícil, aquariano, como eu. Porém ele era corajoso, destemido, sua ambição o movia para o caminho de cavaleiro e era algo realmente bonito. Inclusive, ele ajudou muito Hyoga no processo.

Ele parou. Seu cosmo gelado se espalhou tanto que Shaka até colocou uma blusinha.

— A mãe do Hyoga faleceu em um naufrágio. O corpo dela está no navio afundado nos mares gelados da Sibéria, um de seus objetivos era ter força e fôlego para visitá-la e a ver uma vez mais. Então um dia ele tentou ir… e obviamente, deu tudo errado. Acabou sendo arrastado pela correnteza e eu não estava presente para conseguir trazê-lo de volta à superfície. Quem tentou prestar socorros foi… Isaak. Ele mergulhou como um herói, conseguiu salvar o loirinho, porém acabou sendo puxado pela correnteza.

Ele respirou fundo e negou com a cabeça. Então, Milo continuou:

— Nunca encontramos o corpo do Isaak. Hyoga contou que no processo do socorro ele acabou ferindo o olho, isso provavelmente dificultou nas buscas. Não sabemos se ele realmente passou dessa para a melhor ou se conseguiu sobreviver por um milagre.

— E o pior… o pior é que não há um dia sequer que eu não me culpe. Eu sei que se estivesse por perto eu poderia evitar essa tragédia. E eu não consegui. — Suas lágrimas escorreram e congelaram em seu rosto, quebrando em cima da mesa. — Desculpe. Eu non gosto de expor minhas emoções assim, porém… o que aconteceu com o Isaak eu não consigo superar…

— Consigo entender esse sentimento de perda dos dois. É difícil mensurar em como isso afeta cada um, mas creio que com o jovem Hyoga o fardo seja pior, pois de certa forma, foi ele que causou esse acidente e deve se sentir culpado. Ao mesmo tempo, o senhor alimenta a culpa da ausência, da negligência — suspirou — Não houve maneira de impedir o que houve, creio que tenha noção disso. Também não há um meio de voltar ao passado e o que o rapaz vivo tentou fazer foi isso, se conectar com alguém que não está no mesmo plano que a gente.

— Realmente.

— Preciso ter uma sessão apenas com os dois. Podemos ver a marcação depois, mas até lá, pelo bem da convivência de vocês, deixarei um conselho. Tente escutá-lo, por mais difícil ou incoerente que isso possa soar para ti. As pessoas mais jovens tem um jeito muito próprio de se comunicar, nem sempre tem aquele “tato” na hora de falar e as coisas saem atravessadas, sabe?

— Definiu o patinho inteiro nessa. Aquela língua estala feito chicote, PLAPLA, PLAPLA! — comentou Milo.

— Nem no momento de luto do seu namorado você respeita, né? Insensível — Máscara da Morte negou com a cabeça — Camus, se preciso for, pode contar comigo nesse processo. Nessa vida como necromante já tive que lidar muito com pessoas próximas a mim que se foram e alguns que não sei o paradeiro até hoje. Se quiser, podemos marcar um cházinho lá em casa…

— Na sua casa não, pode ser na minha. Tá livre sábado?

— To sim.

— Marcado.

— Enfim, tente ouvi-lo e se faça ouvir também, mas não vá pelo caminho da imposição, ok? Sei bem que aquarianos odeiam normas de qualquer forma.

Ficaram em silêncio por mais alguns momentos. Agatha olhou para o relógio de pulso e respirou fundo:

— Percebi que ainda falta um de vocês. Com essa última parte, fecharei a sessão de hoje. Foi bem longa, mas geralmente as primeiras sessões são assim mesmo. Depois conversarei com Athena para um retorno e as providências a serem tomadas sobre cada um dos casos.

— Suponho que seja a vez do Shion agora. — Dohko sorriu — Ele é o único que não foi, e com a idade que ele está, coitado, deve estar cheio de carambolas na cabeça.

— “Coitado” é o seu rabo. A gente tem a mesma idade, tigrão.

— É que eu fiquei muito tempo sem fazer nada né.

— E o que você acha que eu estava fazendo lá no retiro?

— Sobre isso, é exatamente isso….


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[Miss Siozo] Fica o questionamento: Até que ponto uma fofoquinha faz bem?
Saga ultrapassou os limites do aceitável faz tempo.
Sobre o Picolé (digo: Camus), bateu uma peninha dele. Ele e o patinho precisam de uma sessão exclusiva pra resolver treta antiga.
Até segundinha!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Terapia Compulsória" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.