Querido cometa escrita por MaryDuda2000
Notas iniciais do capítulo
Olá, pessoal! Como estão?
Espero que estejam todos bem e possam ter uma boa leitura.
Hinata relutou.
A olhos nus, não enxergava o que havia ali dentro. Nada além do breu.
"Talvez o byakugan...", seu pensamento foi interrompido pela voz masculina que vinha lá de dentro. Era um tanto rouca e, sem dúvidas, marcante.
— Não tenha medo, jovem Hyuga. Entre! Garanto que não precisará usar seu byakugan para ver com clareza. Posso garantir que perguntas certas te levarão a respostas mais claras que a água.
Ela respirou fundo e entrou. Quase instantaneamente, a tenda se fechou como uma cortina atrás de si e a escuridão a envolveu.
Pouco a pouco, o teto da tenda ganhou vida como se as estrelas estivessem se espalhando por ali, distantes e não tão brilhantes, mas presentes.
A sua frente, um globo de cristal se acendeu. Em seu interior, fumaça colorida se misturava de maneira ébria, como se unisse e separassem sem se tocar.
— Quem diria que encontraria uma princesa na Vila da Folha?!
— Acho que está me confundindo.
Ele riu. Sua silhueta começou a ganhar formas. Estava sentado atrás de uma pequena mesa redonda, vestia o que parecia uma túnica branca e sua pele tinha um tom cobre que, diante da luz do globo de cristal a sua frente, parecia quase brilhar também. Seus olhos eram de um lilás forte e incomum, tão marcante quanto sua voz.
— Hinata Hyuga, certo?! Não creio que a princesa do byakugan não saiba da própria realeza.
Ele a reverenciou com a cabeça.
— Sente-se, por favor! — apontando para um banco que Hinata ainda não tinha reparado estar ali.
— Diga-me: o que a trouxe aqui?
— Acho que sabe o motivo. — Hinata falou, incisiva. — Minha pérola.
Pulseira. Ela estava ali pela pulseira que Hanabi tinha dado a ela de presente. Certo? Entretanto, havia muito mais que apenas uma pérola junto aos fios trançados. Algo de diferente e especial naquela pérola. Não se lembrava de onde, mas tinha a sensação de familiaridade, de precisar dela. Quando Hanabi a pôs em seu pulso, um calor a envolveu, calmo e reconfortante. Parecia enfim ter encontrado seu destino final. Hinata sentia como se ela tivesse sempre ali mesmo sendo algo tão recente.
— Ah... Seria esta? — segurou a pulseira a vista da moça. — Não seja por isso. Pode pegar.
Hinata esticou a mão e o fez.
— Por acaso sabe o valor da raridade que carrega, jovem Hyuga?
— Claro. Foi um presente de alguém especial. — respondeu colocando no pulso novamente antes de se levantar. — Era apenas isso. Obrigada! Tenho que ir.
Ele suspirou, fazendo um barulho insistente de reprovação.
— Não sei o que me desacredita mais: uma jovem como você não saber o valor do que carrega em mãos ou adentrar a tenda do Grandioso EL e não fazer qualquer pergunta. Por acaso sabe quem sou eu?
— Não. Estou bem.
"Não sei se quero saber.", sua mente reverberou.
Ele bufou, mostrando decepção.
— Pensei que princesas tivessem mais coragem para seguir os próprios desejos, entender a própria capacidade e poder...
Hinata respirou fundo. Sabia que deveria ir embora logo. Neji não permaneceria ali, talvez sequer teria entrado. Ouviu muitas vezes do pai quando pequena sobre a necessidade de proteger o clã e os segredos do byakugan, pois nunca se sabe o que podem querer fazer com seu poder. Já tinham realizado armadilhas para conseguir o que seus olhos guardavam. Não podia acreditar que tinha caído num golpe tão baixo.
— Seja o que for, diga logo. Não tenho tempo a perder.
EL sorriu com o que ouviu, gostava de pessoas diretas, ainda que tivesse ciência que a garota não costuma ser assim. Fez sinal para que Hinata se sentasse novamente.
— A pérola do nevoeiro é tão rara quanto a passagem do cometa, talvez mais. Não se sabe sua origem ao certo, mas sim sua capacidade. Digamos que é transformadora. — praticamente sussurrou a última palavra, de maneira presunçosa. — Ela nutre a calmaria e autoconfiança daqueles que a possuem, mas não qualquer pessoa. Elas escolhem seus donos. Diga-me: qual cor a vê?
Hinata olhou para o próprio punho e a pérola brilhava num azul mar intenso.
— Azul.
Outro sorriso ladino se formou no rosto de EL.
— Pois eu a vejo branca, como outra pérola qualquer. Apenas o escolhido tem acesso a seus estímulos.
— Mas você a reconheceu.
— Porque tenho um dom, minha cara. Não me chamam de Grandioso EL à toa, sabia?!
A garota apenas o encarou. Não estava disposta a ficar de rodeios. Tudo aquilo era nebuloso demais. Não se sentia bem com isso. Queria ir embora quão logo fosse possível.
— Você falou sobre poder. Por isso a pegou, suponho.
— Não. Assim você quase me ofende, sabia?! — EL tocou na bola de cristal a sua frente, fazendo com que a névoa interna assumisse um tom branco e girasse em espiral, como redemoinho, antes de estourar num roxo dramático. — Apenas você tem acesso a esse poder. Essa pérola intensifica tudo que você emana, jovem Hyuga. O que mais genuinamente poderoso seria que a confiança no seu verdadeiro eu?
Hinata encarou aqueles olhos. Desconhecidos e cheios de mistérios. Não sabia se acreditava no que ele dizia, mas com certeza estava na hora de ir embora.
— Se era isso que tinha a dizer, devo ir.
— Não tem perguntas sobre o coração? — EL questionou, um tanto ofendido. — Acho que é a primeira moça que entra em minha tenda esta noite sem querer saber se conquistará o rapaz por quem seu coração bate mais forte.
— Não estou aqui para conquistar ninguém.
EL abriu novamente seu sorriso presunçoso.
— Tem certeza?
Ele tocou novamente no globo e por um momento Hinata pôde jurar escutar uma risada de Naruto ecoar longe, baixa.
"É uma armadilha. Preciso sair daqui.", pensou.
— Sim. Agora, adeus.
Como se jogasse sua última isca para tentar mantê-la ali, EL elevou a voz, que ecoou como se a tenda se estendesse por vários metros ao redor deles.
— Sei que há algo dentro de você. Um amor... Não correspondido? — fez uma curta pausa. — Ah... Acho que ele sequer sabe de seus sentimentos. Não acha detestável quando as pessoas não notam o óbvio? Ou talvez finjam não notar para evitar partir um coração... Talvez apenas usem seus sentimentos para alimentar o próprio ego.
— Talvez, mas isso não acontece comigo.
— Tem certeza?
— Sim. — Hinata falou, convicta.
— Absoluta?
Ela manteve a postura, tentando entender o real motivo dele atraí-la até ali.
— Garota tola... Com algo tão grande dentro de si, um talento natural tão incrível como byakugan e não enxerga o que está diante de seus olhos... Pobre daquele que a ama e sequer é notado. Lástima! Amores não correspondidos são mesmo devastadores... Há muito mais água para alimentar sua fonte. Talvez devesse ter mais sede.
— Chega! Não estou interessada em seus joguinhos mentais. Não funcionará comigo.
Hinata se levantou. Aquilo já tinha ido longe demais. Não podia mais ficar ali mais um minuto sequer.
Deu-lhe as costas e procurou a saída em meio ao breu.
— Sabe o que vejo? — EL continuou a falar, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos das mãos. — Névoa. Ela está te dominando internamente, aquecendo seus nervos e seu sangue. Está te estimulando e dando confiança, fazendo com que toda timidez fique escondida em algum lugar aí dentro. Ainda assim, está aí. Não se esqueça disso. Jamais. A pérola da névoa pode ser tanto sorte quanto grande revés.
EL permanecia ali, observando-a e chamando cada vez mais para sua espiral de questionamentos e metáforas.
Sem dizer mais palavras, Hinata usou seu byakugan para encontrar a saída da tenda e caminhou para fora sem olhar para trás.
A claridade tomou conta de seu campo de visão de maneira quase ofuscante.
Vozes, crianças correndo, aromas deliciosos que abririam o apetite de qualquer um, mas nada daquilo a manteve ali.
Não sabia ao certo quando deixou de andar e passou a correr nem mesmo quando fechou os olhos. Apenas sentia a necessidade de sair dali.
Tinha acabado de virar uma esquina quando bateu de frente com alguém. As mãos seguraram seus ombros, firmes e cautelosas.
Ela levantou o olhar para notar o rosto tão familiar. Um alívio tomou conta de seu corpo e soltou o ar que sequer tinha notado prender.
Encostou a cabeça no peito do rapaz a sua frente.
Fechou os olhos e respirou fundo.
Sabonete e uma dose de perfume que parecia estar em combate com o cheiro de terra. Reconfortante.
As mãos deixaram seus ombros e suavemente aqueles braços a envolveram. Sem dizer nenhuma palavra, ele tinha entendido o que Hinata precisava naquele momento.
Ela fez o mesmo.
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E aí? O que acharam?
Parece que não eram somente as meninas que estavam de olho nos sentimentos de Hinata.
Algo errado não está certo. Quem será EL? O que acharam dessa história de pérola do nevoeiro?
Vemo-nos no próximo capítulo. Até!