Querido cometa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 10
Mente enevoada


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Tudo bem? Espero que sim.
Retornamos ao festival e suas surpresas.
Desejo a todos uma ótima leitura.



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Hinata não saberia dizer quanto tempo se passou desde que se aninhou naquele abraço. Parecia surpreendentemente calmo, mesmo que a pessoa a qual se unia estivesse mais para furacão que calmaria.

Um latido de seu companheiro a fez soltá-lo e dar um passo para trás.

— Você está bem, Hinata? O que aconteceu?

Ela suspirou, passando a mão pelos cabelos, tentando processar os últimos acontecimentos.

Tinha sido bastante firme dentro daquela tenda, assumido uma postura que sequer esperaria de si. Talvez de Neji, que era bem mais resolvido com suas emoções, mas ela? Não mesmo.

Quando saiu, sentiu a tensão pesar seu corpo, quase sufocante.

— Eu estava no festival. Minha pulseira soltou e caiu. Quando fui procurar, estava dentro de uma tenda estranha.

— Que tipo de tenda? Tentaram te machucar, Hinata? — a preocupação de Kiba se misturava a uma raiva que possivelmente explodiria com uma confirmação.

— Não. Ninguém tocou em mim.

Ele se conteve.

— Mas alguém disse ou fez algo que te assustou.

Hinata assentiu, olhando para Shino, que estava ao lado deles. Um bom observador como sempre.

— O que ele disse? Onde ele está? É alguém de fora da aldeia? — Kiba questionou.

— Eu nunca o vi antes. Só apareceu e... — Hinata passou a mão no pescoço quando sentiu um arrepio.

— Como ele é? — Kiba seguiu o caminho até a esquina de onde ela veio e olhou de lado a outro a procura de quem fosse. — Vamos dar um jeito nesse cara. É um cara, não é?!

— Kiba, pare!

Shino se aproximou de Hinata, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, seguido do ramo de lavanda.

— Você deixou cair.

— Obrigada! — agradeceu entre um meio sorriso, ainda sentida.

Hinata sentiu Akamaru encostar a cabeça em seu braço, oferecendo apoio também.

— Sobre o que falaram? Precisamos saber para decidir como agir. — Shino recobrou a palavra, mantendo sua maneira calma de falar a todo instante.

Kiba se aproximou para saber dos detalhes. Nunca tinha visto Hinata numa situação daquelas. Tinha sentido ela praticamente tremer naquele abraço, algo que até então nunca tinha acontecido entre eles também. Precisava entender o que a tinha deixado daquele modo.

— Ele falou algo sobre o byakugan. Depois sobre a pérola da pulseira. — ela mostrou a mesma no pulso. — Disse que eu tinha sido escolhida. Que era uma pérola da névoa, algo assim.

Shino esperou que ela dissesse algo mais, porém a fala se encerrou ali.

— Uma pérola do nevoeiro? — ele perguntou, vendo Hinata assentir. — Acho que já ouvi falar sobre isso. Sabe, os insetos estão no mundo desde antes de nós e sabem muita coisa. Existem histórias que passam de geração a geração.

— Tá, ok, mas pérola de que? — Kiba questionou. — Explica isso direito.

Shino arrumou os óculos enquanto observava a pulseira no pulso de Hinata.

— O pouco que sei é que a pérola do nevoeiro é muito rara. Ela se conecta a alguém com quem deseja viver numa espécie de simbiose, como meu clã e os insetos. A pérola potencializa traços da personalidade e é alimentada por eles, como se fosse chakra. Não sei mais que isso. Quem possui alguma não costuma espalhar sobre suas experiências.

— Mas isso é algo bom ou ruim? — Kiba perguntou.

— Lembra o que falei sobre seu faro uma vez, Kiba? Às vezes uma grande força pode ser uma fraqueza. Não sabemos o que essa pérola faz. Pode ser poderosa como uma pílula de comida, mas a que custo?

Hinata engoliu a seco. As palavras do homem da tenda agora pesavam em sua mente.

— Isso explica como eu agi lá dentro. Fugi das perguntas e não senti... medo. Por mais que ele tentasse, não me intimidou nenhum pouco na hora. Não sei explicar. Nem parecia eu.

— Ele deve ter falado coisas para tentar confirmar se era mesmo a pérola do nevoeiro e como você reagia a ela. — Shino disse. — Somente o escolhido consegue entender, sentir e ver seu poder. O restante apenas pode notar as pequenas transformações que a pessoa sofre, se for um bom observador.

— E o que vamos fazer?

Kiba inquiriu. Estava de braços cruzados e uma expressão séria que tentava disfarçar a confusão por não entender direito a situação e não saber o que poderiam fazer. A única coisa certa era que não poderiam ficar ali parados.

— No momento, só podemos ficar ao lado da Hinata e de olho em qualquer coisa estranha. Temos que descobrir o que realmente queriam com você e a pérola.

A Hyuga assentiu, sentindo uma mistura de alívio com apreensão.

— Melhor voltarmos para o festival. É nossa chance de descobrir algo mais.

Apesar de querer ir atrás de quem quer que fez aquilo com Hinata, Kiba sabia que não podia meter os pés pelas mãos. Mesmo com receios, a companheira de time jamais tinha estado naquela situação, nem mesmo no seu período mais tímido, quando formaram o Time 8. A Hinata de agora era muito mais autoconfiante e segura de seus dons para se deixar abalar por um desconhecido por conta de uma pulseira ou uma pérola de fumaça, névoa ou sei lá o quê. Escutar Shino era a coisa mais prudente a se fazer. Enquanto isso, poderia observar de perto os efeitos da tal pérola e talvez entender mais sobre essa história toda.



◇ ♤ ◇

 

Os três seguiram lado a lado enquanto Akamaru tentava de alguma forma farejar algum aroma distinto, algo que remetesse ao homem da tenda. A descrição de Hinata não era muito precisa e bem mais visual. A única coisa que lembrava de fato era o aroma peculiar. Kiba também tentou a ajudar, porém o excesso de aromas de comida fizeram seu estômago protestar e tirava totalmente o foco.

— Cara, que fome! Podíamos fazer uma pausa e passar no Ichiraku antes de continuar procurando o esquisitão.

— Você só pensa em comida? — Shino repreendeu sem sinais de exaltação, como sempre. — Se vangloria de um dom que não consegue usar porque o estômago fala mais alto.

— Ei! — Kiba protestou, fechando o rosto.

— Vamos parar e comer algo. — Hinata interveio.

Estava acostumada a ver essas trocas de farpas entre os amigos vez ou outra. Não era constante, porém episódios que podiam ser bem acalorados. Sabia muito bem que a intensidade de Kiba acabava batendo de frente com a firmeza de Shino. Era algo engraçado de pensar, mas somente depois que a situação já tivesse passado.

— Viu só? Até a Hinata está com fome. — Kiba provocou.

— Ela diz isso porque é legal demais com você. — respondeu, contudo deu o assunto por encerrado ali mesmo e seguiu para o restaurante.

Comeram em silêncio, se é que poderia dizer isso com o tanto de vozes que preenchiam o ambiente. A refeição foi rápida para que pudessem retornar tão logo quanto possível ao plano.

Hinata não deixou de se sentir meio culpada por aquilo. Se não tivesse entrado naquela tenda nem saído correndo assustada pelas ruas, não teria transformado o festival numa missão para seu time. Devia ser um dia de descanso e festa. Sentia-se uma grande estraga prazeres.

Assim que terminou de comer, deixou o dinheiro do ramen sobre o balcão e pediu licença aos rapazes, esperando por eles do lado de fora do restaurante.

Sua energia tinha mudado bruscamente durante o dia. Antes, não sabia como se sentir em relação ao festival. Apenas esperava que tudo desse certo. Depois, a euforia de Hanabi a envolveu e estava tudo indo tão bem. Agora...

Olhou para o próprio pulso por um instante. A pérola tinha assumido um tom lilás.

— Ei, Hinata!

Kiba se aproximou, parando ao lado.

— Oi.

— Por que pagou? Eu quem chamei vocês. Pode deixar que eu pago a conta.

Akamaru ficou de pé, apoiando-se em Hinata que desequilibrou por um momento, sendo amparada por Kiba.

— Cuidado, Akamaru. — repreendeu e o cão o encarou com uma expressão que Kiba entendeu muito bem. Sabia que o companheiro compartilhava a mesma opinião que Shino.

— Não precisa se preocupar. Ele é um bom amigo. — Hinata sorriu, acariciando a cabeça peluda de Akamaru. — Acho que também ficou assustado com toda essa situação.

O cão deu um latido baixo, lambendo a mão dela antes de voltar a posição normal, sem sair do seu lado.

— Hinata?! — Kiba chamou em tom despretensioso, atraindo a atenção da garota. — Olha, eu queria te...

— Hinata! — um grito o interrompeu e chamou atenção de ambos. Sakura vinha em sua direção. — Por acaso você viu o Sasuke?

— Só naquela hora, mais cedo... — a Hyuga respondeu.

— E o Naruto? Está com você ainda?

Naruto. A lembrança veio como um estalar de dedos na mente de Hinata. Depois que deixou a tenda, nem mesmo lembrava que estava acompanhada do rapaz. Ele tinha ido comprar bolinhos e ela simplesmente o abandonou. Justo quando tudo estava indo tão bem... Notou que não tinha ficado tão envergonhada perto dele. Seria influência da pérola?!

— Eu me perdi dele. — foi apenas o que disse, o que não era de fato mentira. Eles tinham mesmo se desencontrado.

— Aquele idiota! — Sakura bufou, olhando ao redor.

As ruas estavam cada vez mais cheias conforme chegava a hora do cometa cruzar o céu.

Mais fogos puderam ser ouvidos ao longe e um cheiro de pólvora junto a almíscar dominava aos poucos as ruas.

"Um cheiro estranhamente familiar", pensou Hinata.

— Vou continuar procurando por eles. Se tiver notícia do Sasuke, me avisa, tudo bem?

Sakura os deixou assim que a colega assentiu.

— Sasuke causando problemas de novo? — Kiba questionou. — E eu achando que ele voltar para a Vila ia ser uma preocupação a menos para a gente.

— Tem muita gente no festival. Não é tão difícil assim perder alguém de vista. — Shino enfim se aproximou. — Ao invés de se preocupar com Sasuke, devia manter o foco em encontrar quem intimidou Hinata ou quem sabe pagar o jantar para o qual você nos convidou.

— Ei, mas eu paguei!

— O seu e o da Hinata. Ainda bem que eu sou precavido.

A entrada abrupta de Jiraya até os fundos do restaurante chamou atenção de todos e evitou mais uma troca de farpas entre os rapazes do Time 8.

A tentativa frustrada de se esconder pareceu ainda mais ridícula quando o homem erguei o cardápio diante do rosto, como se a grande cabeleira branca também fosse desaparecer por trás do papel.

— Aconteceu algo, mestre Jiraya? — Ichiraku perguntou detrás do balcão.

— Tsunade! Ela está perdidamente apaixonada por mim. — ele respondeu.

Ichiraku apenas riu, voltando ao trabalho, porém o Ero Sannin permaneceu no lugar, vez ou outra levantando o olhar para conferir se havia algum sinal da Quinta Hokage.

— Isso não é normal. — Shino se pronunciou.

— Não é ele que costuma correr atrás da Quinta Hokage? — Kiba falou, conforme deixavam o restaurante. — Naruto vive falando que ele é um velho tarado, fica espiando o banheiro feminino e tudo mais. Por que ia fugir dela?

— Não acho que a senhora Tsunade se comportaria assim. — Hinata se pronunciou, confusa com a ideia de ver a hokage agindo como as meninas dias antes ao falarem da história do cometa do amor.

Mais a frente, alguns artistas do parque pareciam fazer um espetáculo em meio a rua. Grandes pernas de pau os deixavam em altura superior ao tamanho de uma casa. Lá de cima jogavam confetes, tocavam instrumentos e cantarolavam, fazendo alegria dos que passavam. Ao soar de tambores, um véu branco foi esticado cortando a rua de lado a outro. Uma pequena explosão se deu acompanhada de uma nuvem de fumaça lilás e diversas pombas saíram voando. Logo o som de palmas, risadas e assobios ecoou. Todos claramente encantados.

— Nossa! — Hinata soltou, admirada.

Passar em meio aquele cenário estava fora de cogitação. As ruas paralelas pareciam a solução perfeita para evitar a multidão, respirar um ar que não estivesse impregnado de almíscar sem abandonar o festival completamente, afinal tinham atrações por todos os cantos.

Não precisou que Kiba dissesse nada. Shino parecia compartilhar o mesmo pensamento.

Hinata os acompanhou.

Viraram a esquina e estagnaram.

Nem mesmo nos piores cenários de guerra ou maiores pesadelos, Kiba imaginaria uma cena de tamanho impacto. Era algo inimaginável, assustador e paralisante, conseguindo superar até mesmo a ideia estúpida de Naruto de ajudar a escolher um vestido para a irmã e testá-lo através do jutsu sexy.

De fato, aquela roupa combinou muito com Hana. Ela era bonita, esperta e tinha uma presença extremamente marcante.

Só que a última cena que Kiba gostaria de ver era a que presenciava naquele exato momento.

Hana, com um dos braços apoiados na parede, enquanto o outro envolvia a cintura do homem a sua frente, mantendo-o extremamente próximo.

Ninguém menos que Gai sensei.

E estavam se beijando.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Tivemos momento do Time 8, umas ideias meio estranhas só de pensar e outras inacreditáveis mesmo vendo. Parece que o cometa do amor está trazendo surpresas reais a Konoha.
Até a próxima!



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