– Jin, idiota! IDOTA IDIOTA IDIOTA!! Eu devia ter batido nele quando tive chance! Eu... – a garota andava por um parque cheio de casais. Mas seus resmungos foram interrompidos por gritos e sons de objetos sendo arremessados.

As pessoas corriam na direção contrária da dela, e a dançarina não conseguia entender o por quê. Logo, compreendeu.  Entes saíam de todos os locais sombreados, formando um círculo ao redor dela.

– O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO TÃO LONGE DA TERRA DE PRATA? – Amy pegou os chakram que trazia presos a roupa e os ergueu, em posição defensiva.

– VOCÊS ESTÃO VENDO O MESMO QUE EU, AMIGOS? UMA JOVEM QUERENDO LUTAR CON...  – o ente não pôde falar mais nada, pois Amy saltou agilmente sobre ele, atacando-o com toda a força que tinha. Os outros entes começaram a atacá-la, até que um deles a derrubou.

– O QUE FAZEMOS COM ESSA AQUI?

– VAMOS LEVÁ-LA... VICTOR DEVERÁ SABER O QUE FAZER COM ELA...

O ente que citou Victor levantou a garota pela cintura e começou a andar, seguido de perto pelos outros entes.

– Essas harpias não acabam nunca? – Lire e Arme atacavam as harpias, respectivamente atirando flechas e jogando feitiços, juntamente com Mari, que invocava canhões para derrubar as criaturas aladas.

Os rapazes atacavam tanto os entes quanto os oaks, tentando defender o maior número possível de pessoas.  As criaturas pareciam ignorar o fato de estarem lutando contra os guerreiros da Grand Chase, apesar de estes ainda serem alunos.

– Onde está a Elesis? – Lire perguntou, antes de desferir um golpe certeiro em um oak particularmente enorme – ela não é de fugir de uma briga.

– Pedi para ela... PUNIÇÃO ASCENDENTE! –Sieghart derrubou dois entes decompostos usando um único ataque –... voltar pra escola e pedir por reforços!

 – Então, é bom que ela chegue logo! –Jin falou, parecendo se divertir à custa das criaturas que combatia.

– Iahuu! Com certeza, Jin! Não vai ter monstros o suficiente para a Elesis e pros outros! – Ryan deu uma machadada no pé de um ente, que berrou de dor.

– Hê, quero ver se algum deles vai conseguir nos derrotar! – Lass parou por um momento, para apreciar o local que antes fora uma parte da lanchonete, e que agora era um campo de batalha.

– LASS, CUIDADO! – Ronan gritou para o amigo, que não teve tempo de reagir. Foi puxado para o alto por uma harpia.

– EI, ME SOLTA, SUA GALINHA SUPER DESENVOLVIDA!!! – Lass se debatia, mas sabia que, se a harpia o soltasse, era uma vez para ele.

– LASS! – Sieghart tentou acertar a harpia, mas sem sucesso.

– DEIXEM COMIGO! – Mari levantou a boca do canhão para o alto, até fazer mira. Um raio azul disparou em direção a harpia.

–IHIHI... QUERO VER ME DERRUBAREM COM VOCÊ COMIGO, CABELOS PRATEADOS!!

– Me solta, bicho nojento! – Lass viu o raio do canhão acertar a harpia em cheio. Pouco depois, o rapaz estava caindo, sem saber o que fazer – O QUE FOI QUE ELES FIZERAM?!

Mas Lass foi salvo por Arme, que conseguiu usar o vento para segurá-lo, impedindo-o de se estatelar no chão.

– Valeu, Arme. Mas e agora?

– Agora, nada – Ronan respondeu, olhando as criaturas baterem em retirada.

Elesis corria pelas ruas esburacadas, tentando prestar atenção em tudo a sua volta. Era demais pedirem a ela para que saísse de uma luta. E era uma grande luta. Entes, harpias, oaks. E ela nem precisou persegui-los, pois já fizeram o favor de irem até ela.

– Mas o quê? – a ruiva parou bruscamente, e foi se esconder atrás de uma estátua parcialmente destruída. Os entes andavam de um jeito estranho, pareciam querer esconder algo.

– PAREM COM ISSO! ELA NÃO VAI FUGIR, PORTANTO, PAREM DE AGIR COMO GUARDA- COSTA! – Elesis viu que o ente que estava no meio carregava alguém, mas não dava para saber quem era, pois estava distante.

– E COMO VOCÊ SABE QUE ELA NÃO VAI ACORDAR LOGO? – um ente de folhas secas pareceu duvidar do que o primeiro ente disse.

– ELE SABE! NÃO PRECISA QUE NINGUÉM FIQUE DANDO PALPITES! –um terceiro ente entrou na discussão.

–CHEGA!! EU VOU LEVAR A MENINA DE CABELOS ROSA ATÉ VICTOR. NÃO PRECISO QUE NINGUÉM FIQUE ME RODEANDO.

Ao ouvir isso, Elesis teve que se aproximar mais, tomando o devido cuidado para não ser vista e nem pisada. Seria Amy? A garota saiu correndo, sem dar nenhuma explicação, embora fosse óbvio o motivo. A ruiva viu algo despencar um pouco a frente dela.

Teve que esperar que os entes se afastassem o suficiente para poder se aproximar do objeto. Ela mal conseguiu acreditar no que viu: os chakram de Amy! Então, era realmente ela.

A garota os recolheu do chão e voltou a correr. A escola e os outros alunos que se danassem para saber sobre o ocorrido. Precisava avisar aos amigos e, principalmente, Jin. Mesmo que o rapaz tivesse terminado com Amy, ele iria tentar salvá-la. Elesis passou por vários oaks caídos no chão, alguns chorando, outros completamente desacordados.

– PESSOAL!  – Elesis gritou, assim que avistou seus amigos.

NO DIA SEGUINTE

– Como você conseguiu essa permissão pra gente, Mari? – Arme estava curiosa. A amiga conseguiu que o diretor da escola os deixasse partir para salvar Amy.

– Eu disse que ela é nossa amiga. E que minhas notas são excelentes. Ele não teve como me questionar.

O grupo de nove pessoas estava sentado em um barco, aguardando a chegada na Terra de Prata, a terra natal de Jin.

Jin estava quieto, observando a água bater no barco e pensando no que Elesis falou a eles na noite anterior. Que Amy, obviamente, foi capturada pouco depois de sair da cafeteria; que ela deve ter lutado, mas sem sucesso. O rapaz estava completamente perdido. Se ao menos não tivesse falado nada daquilo para Amy, se não tivesse sido egoísta! Ela estava certa, e ele, errado, como sempre.

– Eu vou te salvar, Amy.

– Ronan... eu não sei o que fazer. Amy foi raptada e... – Arme engoliu em seco.

– Continue, Arme, estou te escutando – o rapaz abraçou a namorada, protegendo-a do vento marítimo.

–... acho que estou sendo muito egoísta. Só consigo pensar em tentar encontrar uma solução para o nosso problema...

– Você não está sendo egoísta. Mas saiba que, qualquer que seja a sua decisão, eu vou te apoiar. Nem que eu tenha que te esperar um milhão de anos.