– Ei, Lire! Você viu a Elesis por aí? – Sieghart carregava um saco de papel, e a probabilidade de ter doces variados dentro era enorme – eu preciso falar com ela.

– Deixa eu pensar... ah, já sei! Ela deve estar se arrumando!

– É verdade... a gente vai sair daqui a pouco, né? Valeu, Lire, a gente se vê daqui a pouco!

Lire continuou andando pelo corredor que levava ao dormitório masculino. Ela também precisava ter uma conversa séria com alguém. Pouco depois, bateu na porta do quarto do irmão. Ele veio atender com uma cara emburrada.

– O que você quer? Eu já tenho problemas demais sem precisar olhar pra você!

– Ryan!!! Eu só vim aqui conversar. Eu ouvi alguns alunos comentando que você ficou nervoso outra vez... – Lire tentou entrar no quarto, mas Ryan a impediu.

– Tá, você quer falar comigo? Então vamos pra outro lugar.

Os dois foram até o final do corredor para conversar.

– Antes que você comece a falar qualquer coisa que seja, Lire, saiba que eu estou me irritando com facilidade, que não quero que você chegue perto de mim, que não aguento mais você ser o exemplo pra mim, entendeu?! – ele falou tão rápido que seu rosto ficou vermelho, e parecia que não teve tempo para respirar até o momento.

– O que foi que eu fiz? Você fica aí, todo irritado por que não consegue estudar direito, é isso?

– É! É ISSO MESMO! E QUER SABER? QUE SEJA! EU NÃO CONSIGO ME CONCENTRAR NEM NADA, SABENDO QUE VÃO ME COMPARAR COM VOCÊ, QUE VÃO DIZER QUE VOCÊ É MELHOR QUE EU EM TUDO!!!

– NÃO É VERDADE! – Lire perdeu a paciência e começou a gritar também – EU NÃO SOU MELHOR QUE VOCÊ! VOCÊ SABE LUTAR, E CONSEGUE FAZER VÁRIAS OUTRAS COISAS QUE EU NÃO CONSIGO! Você... é melhor que eu...

– Eu... – Ryan não conseguiu dizer nada, e também não conseguiu nem pensar quando sua irmã começou a chorar agachada no chão – Lire... me desculpa... eu vou tentar me irritar menos, vou tentar ficar em pé de igualdade com você e vice-versa, ok?

A elfa abraçou o irmão, deixando-o surpreso. Fazia muito, muito tempo que ela não o abraçava; ele quase se esqueceu de como era bom abraçar alguém que se importava com ele.  E retribuiu o abraço.

– Opa, e aí, Sieghart? – Elesis usava uma regata e shorts, parecia que nem era ela.

– É importante. É sobre alguém – ele parecia misterioso falando daquele jeito.

Os dois se sentaram na porta do quarto das garotas e Sieghart foi objetivo:

– Você gosta de quem, realmente?

A garota ficou tão vermelha quanto seus cabelos, e ela não conseguiu falar por um tempo. Era demais, como ele ficou sabendo? E como alguém, além das meninas, poderia saber? O que responder... Mari ou Lass? Não, não poderia dizer Mari...

– Aháhá! Como assim, de quem eu realmente gosto? Não é óbvio? – ela deu um sorriso forçado, que a deixou com um certo ar de maníaca.

– Nada é óbvio. Você gosta da Mari ou do Lass? Com quem você quer estar?

– Ah, isso... eu... só quero estar com o Lass... mas...eu não sei!!!

– É isso, então?

– Por que perguntou...?

– Eu estou feliz por você... talvez você acabe ficando com o Lass, enfim! – dizendo isso, Sieghart levantou-se, e saiu andando em direção a porta dos dormitórios. Elesis ficou sentada, sem entender exatamente o que aconteceu.

– Elesis? O que você está fazendo aí sentada? – Mari saiu do quarto, usando um vestido verde claro, sapatilhas e estava sem os óculos – pensei ter ouvido a voz do Sieghart...

– Mari, eu tenho que te falar algo – Elesis se levantou e encarou Mari – eu sinto muito, mas acho que não daria certo entre nós!

Mari não entendeu, mas decidiu deixar quieto.

– Ok, eu entendo. Tenho que ir, vou esperar vocês na porta.

A garota de cabelos azuis saiu em direção à porta, e viu um belo céu estrelado. Sentados não muito longe dela, estavam Lass, Sieghart, Ronan, Arme, Ryan e Lire. Faltavam apenas Elesis, Amy e Jin. Mari pôde ver que os gêmeos já estavam ok novamente. Pouco depois, Elesis veio puxando uma Amy infeliz.

Levantaram-se e foram ao portão da escola. Ronan já estava fechando o portão quando a voz de Jin assustou a todos que estavam presentes.

– Eu... preciso falar... com a Amy! – ele estava sem fôlego e vermelho – Amy, por favor... preciso conversar com você...

A garota ficou em silêncio e o ar pareceu ficar um pouco carregado. Mas ela deu um belo sorriso e correu para abraçar o namorado.

MINUTOS MAIS TARDE

– Jin, eu pensei que você não ligasse mais pra mim. Mas, estou muito feliz agora – Amy estava sentada com o namorado em uma cafeteria, que não era muito distante da lanchonete em que os amigos conversavam alegremente.

– Amy... – Jin fechou os olhos e respirou fundo, queria contar para a namorada sua decisão de uma maneira que não a magoasse – eu quero... terminar com você.

A dançarina prendeu a respiração por um momento e não falou nada. Apenas se encolheu na cadeira.

– Eu sinto muito, Amy, mas é você ou as aulas de luta. Sei que parece algo extremamente fútil, mas isso é tão importante pra mim quanto suas aulas de dança são importantes pra você!

– Ah, é mesmo, é? – ela estava vermelha e não derrubou uma lágrima sequer – então, eu acho que eu fiz a maior idiotice do mundo quando eu desisti das aulas de dança por sua causa! Não, espera! A maior idiotice foi namorar com você! – dizendo isso, a garota se levantou da mesa, derrubou a cadeira e saiu correndo, passando pela lanchonete.

– Ei, AMY! – Arme seguiu a prima com o olhar, tentando entender o que aconteceu.

– Jin, mas o que...? – Lass se levantou da mesa, bastante confuso.

Mari tirou um notebook da mesa e começou a teclar, ignorando o que estava se passando ao seu redor. Elesis correu até o Jin, e deu um tapa no rosto dele. Ficaram todos em silêncio, que foi quebrado após um gritinho de Mari.

– O que aconteceu? – Sieghart deu um salto por cima da mesa para ver o que aconteceu – CARAMBA!

– Mari? O que você... – Ryan foi interrompido pela tecnomaga.

– Tem oaks vindo para cá...

– E daí? A gente acaba com eles rapidinho! – Elesis mostrou os punhos, apoiada por Jin e Ronan.

– Eu acho que não, pessoal! OLHEM! – Lire apontou para o alto de um monte próximo.

Oaks, muitos oaks estavam sentados, observando. Também havia harpias e entes, todos se erguendo ameaçadoramente.