O grupo ancorou o barco na entrada da Floresta Antiga. Desceram um a um, carregando suas armas e prontos para lutar.

– Melhor irmos logo. Em uma hora vai escurecer e não vou esperar que um inseto venenoso venha me picar – Sieghart pousou a espada no ombro e esperou Jin se aproximar – qual o melhor caminho?

– Os entes já estão no Pântano – Mari desligou o notebook e o colocou na mochila – mas para onde eles estão se dirigindo?

– Fortaleza... – Elesis não parecia nem um pouco feliz.

Começaram a entrar na floresta, enquanto a luz começava a rarear. Andaram durante alguns minutos até que...

– Parem! – Ronan parou. O grupo ficou em posição de ataque. No entanto, Ronan não empunhou sua espada, deixando os amigos desconfiados.

– Ronan... – Arme sussurrou, temerosa do que pudesse acontecer a seguir.

– Tem... – começou ele, mas foi Lass quem continuou.

– ... alguma coisa errada. A floresta está silenciosa demais.

– Também notei isso. Nenhum animal, o lugar até parece morto! – Lire abaixou o arco e guardou a flecha – melhor continuarmos nosso caminho. Em algum momento, vamos acabar descobrindo o que aconteceu.

Guardaram suas armas e continuaram andando. Mas nenhum deles conseguia parar de pensar no que iria acontecer a eles daquele momento em diante. Amy seqüestrada, a floresta completamente silenciosa...

Amy abriu seus olhos e se viu carregada por um ente. Tentou se libertar, mas estava presa por alguns cipós; tentou alcançar seus chakram, em vão. “Devo ter perdido quando me raptaram”, pensou a garota. “Mas para onde estão me levando? Não estamos mais em Vermécia, óbvio.” Enquanto pensava, ouviu um ente, mais a frente dela, comentar com outro:

–O QUE FOMOS FAZER EM VERMÉCIA? ALÉM DE ATACAR E ASSUSTAR AS PESSOAS, É CLARO.

– VÍCTOR DISSE QUE QUERIA ALGO DALI. ALGO QUE PUDESSE FAZER O ENTE ANTIGO VOLTAR AO NORMAL...

– E DESDE QUANDO TESOUROS E JÓIAS FARÃO O ENTE ANTIGO VOLTAR AO NORMAL? TEM ALGO ERRADO, ESTOU SENTINDO; E TEM MAIS: O QUE AS HARPIAS E OS OAKS ESTAVAM FAZENDO AO NOSSO LADO?

– AS HARPIAS E OS OAKS SÃO SUBORDINADOS A VÍCTOR – o ente que carregava Amy entrou na conversa, assustando a garota, que pensou que a criatura a viu acordar – DE QUALQUER FORMA, ELA NÃO DEVE SER ENTREGUE A VÍCTOR.

– O QUÊ?! – os dois entes encararam o companheiro – FOI VOCÊ MESMO QUEM DISSE QUE ELA DEVERIA...

– EU MENTI. HAVIA HARPIAS POR PERTO. ELA FAZ PARTE DA GRAND CHASE, TEM QUE SER PROTEGIDA. TENHO CERTEZA DE QUE OS AMIGOS DELA JÁ CHEGARAM AQUI PARA RESGATÁ-LA, POR ISSO, VAMOS DEIXÁ-LA ONDE ESTÁ O ENTE ANTIGO.

– Estão brincando, né? – a garota esqueceu que deveria se manter em silêncio e acabou falando em voz alta – opa...

– VOCÊ ESTÁ ACORDADA HÁ QUANTO TEMPO?

– Alguns minutinhos... mas já ouvi o suficiente. Agora, dá pra me soltar? Eu tô sem minhas armas, não posso atacá-los; e também, quero saber o que aconteceu aqui.

Os entes formaram um círculo em torno de Amy, abafando a conversa entre os quatro. O ente que a carregava soltou os cipós dos seus pulsos e começou a explicar:

– HÁ MAIS OU MENOS DUAS SEMANAS, O ENTE ANTIGO COMEÇOU A PERDER SUA FORÇA. NÃO DESCOBRIMOS O MOTIVO, POR ISSO, O LEVAMOS A VÍCTOR; ACREDITAMOS QUE ELE SABERIA A CURA PARA NOSSO CHEFE. ELE DISSE PARA IRMOS À VERMÉCIA E BUSCARMOS OBJETOS DE VALOR.

– Entendo, mas isso adiantou de alguma coisa? Quero dizer, vocês já entregaram o tesouro ao Víctor? – a dançarina estava em pé no centro do círculo, atenta a tudo o que lhe diziam.

– ENTREGAMOS APENAS O QUE PEGAMOS DA TERRA DE PRATA. NO ENTANTO, PARECE QUE ELE QUER APENAS PILHAR ALGUNS ITENS VALIOSOS.

– APOSTO COMO FOI ELE QUEM DEU UM JEITO DE FERIR O CHEFE – outro ente falou, deixando sua raiva fluir por entre suas palavras.

– SIM...

– Então, me levem logo! Onde está o Ente Antigo?

– NA ENTRADA DA FORTALEZA DE VÍCTOR...

Amy foi pega de surpresa. Para ficar a salvo, teria de entrar na fortaleza do inimigo, sem armas e nem nada, munida apenas de sua coragem?

– Pessoal, acho melhor nós nos organizarmos em subgrupos – Sieghart estava sentado em uma pedra – assim, podemos cobrir melhor toda a área até a Mari definir o local para onde os entes estão se dirigindo.

– É uma boa idéia. Não gosto de ter que dividir nossas forças, mas é melhor do que ficarmos juntos e não conseguirmos nada – Ryan desencostou-se da árvore e apontou para Lire e Elesis – vamos formar um grupo.

– Jin, Mari e eu formaremos outro – Ronan falou – e Lass, Arme e Sieghart podem formar outro.

– Não obrigado, eu posso ficar sozinho – Sieghart recusou a formação do grupo – eu sou imortal, lembra?

– Mas isso não te impede de se ferir – Mari tirou um pequeno pacote de dentro da mochila – para o caso do grupo não se encontrar com você até amanhã.

Sieghart abriu o pacote e o que viu o deixou radiante de felicidade:

– Um pedaço enorme de torta!

Arme sorriu para a amiga, não sem antes pensar: “mesmo em um momento como esse... é incrível como ela não perde uma chance...”.

– Lass, você vai ser o apoio da Arme. Proteja-a, por favor – Ronan estava sério, mais sério do que Arme já o tinha visto – Arme, pode vir aqui?

Arme seguiu o namorado até um local um pouco afastado dos amigos.

– Ronan... não se preocupe – Arme abraçou o namorado pelas costas.

– Eu sei, mas mesmo assim! – ele se soltou do abraço da pequena feiticeira e segurou suas mãos – assim que eu puder, eu te darei uma solução para o nosso problema. Até lá, quero que você continue viva – ele a abraçou – e mesmo depois de eu encontrar uma solução.

Arme sorriu e levantou o rosto em direção a Ronan. Ele retribuiu o sorriso e a beijou, longamente.

– Vocês dois... eu acho que é melhor já nos separarmos – Ryan chamou o casal, que voltou ao grupo de mãos dadas.

– Vamos lá! – os grupos dispersaram, indo para vários cantos da floresta.