Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 28
Capítulo 5: Palácio Vulcano - Parte 6




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Uma fusão de anões, caveiras, gnomos, gárgulas e um gorjala... como é que se derrota isso?

A gatuna caíra de joelhos no piso do Palácio Vulcano já em ruínas.

Erguendo-se a cinquenta metros do chão, tão grandioso quanto Bashvaia, estava o general atroz. Seu olhar vagava imponente através de dezenas de pupilas que estavam na sua face grotesca. Sua cabeçorra e o seu corpo possuíam pêlos muito densos e espinhentos.

— Mesmo que todos os exércitos de Lashra se unissem contra mim, de nada adiantaria.

A voz saia com variados timbres, como se falasse por inúmeras bocas ao mesmo tempo. O monstro escancarou a sua boca de modo desproporcional e soltou uma gargalhada, os dentes pareciam lanças de ferro, e a língua se assemelhava a uma serpente sibilante.

— MORRAM!

E agitando um dos seus vinte cinco pares de braços, ele tentou esmagar a indefesa gatuna.

— Rosicler, sai daí, sua imbecil!

Não dá pra derrotar isso...

— Saia antes que seja tarde, menina!

Estava tudo indo tão bem, me perdoe, Reinaldo...

Trunck, a palma afundou no piso do salão e não satisfeito, ele continuou a esmurrar com os outros vinte e quatro pares de braços. Mas para a sua surpresa, a ladina não estava lá, mas sim junto com os companheiros.

— Usando truques para me enganar, não é, sua alquimista trapaceira?

— O mundo é dos espertos.

Usando uma Transmutação Telúrica, a alfonsina deslocara a jovem pela terra através de um túnel. Embora fosse necessária, essa saída era sempre perigosa, pois, se o alquimista fosse atingido no processo, à pessoa poderia morrer soterrada.

— Essa coisa parece uma aranha gigante, Tell.

O mago-espadachim não respondera a observação obvia de Index, em sua mente ele formulava um plano para se desviar daqueles cem membros humanoides. Sua pele tinha um tom terroso e listras em diagonais em todo o seu dorso.

O gorjala se transformara num monstro em formato aracnídeo, em que as patas eram braços e pernas peludas. Seu abdômen era dividido em duas partes arredondadas.

— Saragat, vende os olhos de nosso amigo, não quero que ele veja o que farei com ele. Letícia, eu quero que use uma transmutação para que eu chegue lá no alto. E Rosicler...

— O quê?

O garoto se virou para ela e soltou um sorriso amigável, como nunca tinha dado antes.

— Me deseje sorte.

— Hã, certo... Boa sorte!

Index foi posto no colo da ladra e ela ficou de pé.

O garoto dera as suas últimas ordens ao grupo, embora tivessem sido extremamente contestadas pelo líder da companhia.

— Você é maluco, sabia? Tudo bem, eu entendo o que está sentindo. Deusa Nalab, que as minhas palavras sejam ouvidas por vós, atende o apelo de teu servo... Obnubilar.

Em volta da cabeça do adversário, surgiu uma redoma de sombras muito densa. O general atroz debateu-se tentando se livrar-se do golpe, mas não conseguiu se desvencilhar da conjuração sombria.

— Maldita seja essa conjuradora.

Está querendo que eu responda para me localizar, não é? Vá se ferrar, grandão.

A alquimista formara uma gangorra de pedra e em pleno ar, formou um esquife de chumbo com mais de uma tonelada como contrapeso.

— Suba aí, Tell. Una os braços e pernas ao seu corpo. E quando chegar bem perto, abra os braços e as pernas para retardar a queda. Calcule bem a trajetória.

— Eu entendi...

Mesmo tremendo um pouco, ele subiu na gangorra e Letícia pediu para que ele fizesse a contagem de um a três.

— Um, dois... três.

Quando o bloco caiu, o neto de Taala foi arremessado nas alturas. Seguindo as recomendações da alquimista, o Lisliboux juntou os braços e as pernas ao seu corpo e avançou em direção ao inimigo com as duas espadas desembainhadas.

No meio do caminho, para frear a velocidade, ele abriu os braços e usou a sua transmutação. O fogo envolveu as espadas.

— Ele parece um meteoro...

Rosicler exclamou num tom típico dos sonhadores, mas sua respiração ficou entrecortada. Prevendo o pior, o monstrengo revidara com os seus braços.

— Não será tão fácil, nanico...

Droga, o calor das lâminas me denunciou.

Golpeando a esmo, Tell se defendera do primeiro soco cravando a Justiceira no punho do general atroz. E antes que pudesse ser pego de surpresa, ele saltou para o outro braço. Percorrendo-o com as lâminas em chamas, ele ia causando uma extensa queimadura por onde passava. Tentando esmagá-lo, o adversário estapeava o antebraço.

— De que adianta correr se não pode se esconder?

— E de que adianta atacar se não pode me ver?

Empreendendo um novo salto, ele chegou a outro punho, e ricocheteando numa mão espalmada, usou o polegar do adversário para evadir. Usando as lâminas, ele decepava membro a membro que tentava capturá-lo.

O filho de Taran recortava a carne do seu inimigo e incinerava as partes que decepava. Mas o seu maior objetivo era a cabeça do oponente.

— Ruorrrrrrrrrgh, não, não poder ser! Como esse ser ínfimo consegue me ferir?

— Em Flande nós derrotamos monstros em Polimerização Mágica. Vocês podem até ficar mais fortes e maiores, mas ficam muito mais lentos. Mas agora, eu tenho que saber: onde está o meu avô?

Crinch, o ataque foi magistralmente coordenado entre o conjurador e o jovem Tell.

— O que foi isso?

Não podendo estapear o garoto devido à ausência das mãos, ele chacoalhou a cabeça. Entretanto, o jovem guerreiro não largou o cabo da Mugen um minuto sequer.

Se duas gotas a fez ficar menor, então se eu despejar todo esse frasco para reverter o seu tamanho...

E como havia imaginado, o rapaz procedeu. Nos primeiros momentos, nada ocorreu.

— O que foi agora, sua formiga? Eu, huorgh...

O som de “slinz” percorreu os ouvidos dos presentes. No mesmo instante, o cabo da Mugen ganhou um tamanho desproporcional para o que tinha antes. A lâmina atravessou o piso, revelando uma folha de oito metros. A katana havia trespassado o general atroz de um lado a outro, do alto da cabeça até o solo.

— Eu vos purifico...

Recitando a fórmula, o jovem saltou no ar e foi amparado por uma das transmutações aeriformes de Letícia. A alfonsina o levou até o chão em segurança.

Quando a purificação terminou, milhares de humanos estavam purificados, apenas o gorjala com o corpo dividido em dois continuava com a sua monstruosidade intacta.

— Espere, ele não é humano!

Labatut abriu um dos seus olhos e soltou uma risada estertorante para o garoto.

— Você não achou que, cof, eu era um humano transformado em monstro, achou? Nenhum dos Generais Atrozes é, vê se cresce, garoto... Cof-cof, cada dia mais o poder do meu deus Enug aumenta, e daqui a algum tempo não será mais necessário transformar nenhum ser em monstro, cof, seja vivo ou inanimado...

— Então quer dizer que os monstros podem surgir de qualquer coisa?

O servo de Nalab tinha muito interesse em saber o nível de perícias de Zarastu.

— Há, cof, pouco tempo, o meu rei vem evoluindo com a grandiosa habilidade de gerar monstros, a mais poderosa conjuração, que até mesmo Generais Atrozes desconhecem. Cof-cof, mas não se preocupem, pois, os humanos não serão mais úteis no mundo que iremos criar e transformá-los em cof-cof, monstros é uma benção que deveriam aceitar...

— A coisa mais terrível abaixo do céu é um homem transforma-se em monstro.

— Não, espere aí, você não falou sobre o meu avô, não morra ainda!

— O seu avô é? Cof-cof, eu não me importaria mais com ele, por que...

A criatura revirou o olho e soltou um último e agonizante suspiro.

Embora o garoto desejasse a resposta, ele não a obteria mais naquele triunfal momento. Tell se contentou em resgatar os purificados e evadir do Palácio Vulcano. Logo se precipitaria vulcão adentro, pois a Mugen destruíra algumas escoras de sustentação.


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