O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 8
Capítulo VI - Jesse Turner


Notas iniciais do capítulo

Notas iniciais: Oi oi hunters : )
Esse capítulo foi um desafio (parece que digo a mesma coisa de todos, né?) mas é a mais pura verdade. Ele é muito mais um capítulo de transição, então esperem mais ação dos próximos.
Adianto que tem um personagem que vai aparecer aqui, que já foi de F na série, mas que está vivo aqui, porque era necessário.
E tem outro que apareceu na série e depois foi esquecido no churrasco...mas meu nome não é CW para desperdiçar personagem interessante, então aqui ele vai brilhar.
Boa leitura ♥



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Ponto de vista de Hazel Laverne, Kansas.

Quando Dean Winchester fica imerso em preocupações, ele tende a ficar quieto, então foram muitas horas de silêncio até aqui. Acabamos de estacionar o Impala 67 em um ferro velho pertencente a Bobby Singer. Desço do carro e cubro os olhos no momento em que uma lufada de ar traz consigo a incômoda e arenosa poeira do Kansas.

Meus cabelos castanhos estão revoltos meio ao vento quando Dean se vira para mim, as pupilas pequenas se escondendo do sol acima de nossas cabeças.

—Ele vai ser duro com você de primeira, o Bobby. Não leve para o pessoal, Laverne. – Assinto, enquanto ele busca entendimento no meu olhar. Caminhamos entre as carcaças de carros antigos corroídos pelo tempo, até que nos vemos de frente a uma casa de madeira no estilo tradicional. A pintura claramente precisa de uma atenção, mas apesar do ar levemente abandonado do lugar, há um estranho aconchego circundando o ambiente. A porta se abre sem a necessidade de que nos pronunciemos, e um homem de meia idade sai em direção ao pórtico e me encara dos pés à cabeça.

Bobby Singer veste uma camisa de flanela xadrez na cor verde, um colete desgastado marrom, e um boné gasto no topo da cabeça. Seu olhar é sério e nada convidativo. Ele desce as escadas com os olhos fixos em mim, e assim que pisa no chão, finalmente desvia o olhar para Dean. E a mudança nos seus olhos é nítida, há um carinho muito especial entre os dois.

Sinto saudades do Sr. Hudson imediatamente.

—Dean, que bom ver você...- Eles se abraçam brevemente, aquele tipo desajeitado de abraço que os homens costumam dar, com tapinhas nas costas e tudo. Dean disfere um sorriso fraco para ele.

—É bom ver você também, Bobby...- Dean se vira para mim, meio sem jeito enquanto coça a cabeça – Essa é Hazel.

Ajeito a minha postura imediatamente e estendo a mão para cumprimentá-lo.

—Prazer em conhecer você, Sr. Singer. – Sorrio sinceramente, e seu olhar confuso ao ver que estou de luvas debaixo desse sol escaldante chega a ser engraçado.

—Pode me chamar de Bobby, menina. Vamos entrando. – Bobby dá um passinho para o lado e estende a mão na direção da porta, para que eu passe primeiro.

XXX

Se um boticário dos anos mil e oitocentos, e um quartel general tivessem um filho, seria a casa de Bobby. Onde se olha há livros empilhados, garrafas com conteúdos misteriosos, armas para todos os lados...

Estou sentada no sofá castigado pelo tempo, com os braços cruzados pousados sobre o colo, e Dean está ao meu lado bebendo uma cerveja. Bobby parece preferir ficar de pé com as costas apoiadas na parede.

—Teve notícias do Castiel? – Dean pergunta com os olhos esperançosos. Bobby sacode a cabeça em negativa – De Sammy?

—Nenhum dos dois. Meu palpite é que Castiel pode estar perto de encontrar Sam, por isso cortou o contato. Com o céu e o inferno nas nossas bundas, ter uma comunicação interceptada me parece desvantagem, você não acha? – Bobby dá um gole demorado em sua cerveja, e Dean o imita.

—Não só o céu e o inferno. A terra também. – Dean diz isso com um receio dançando meio a ironia. Bobby franze o cenho, e eu me apresso a explicar.

—Caçadores estão atrás de mim. Aparentemente algum plano do Crowley ou coisa do tipo, para ser sincera ainda estou tentando entender a situação...- Dou um longo suspiro, e posso jurar que vejo o olho esquerdo de Bobby tremendo – Por isso e por vários outros motivos eu gostaria de agradecer, Sr. Singer. Só o fato de me receber aqui já é um risco tremendo que o senhor está...

—Me chame de senhor mais uma vez e eu te boto para fora, é Bobby! – Ele resmunga e Dean dá uma risadinha discreta. Aí está a personalidade rabugenta de Bobby Singer de que tanto ouvi falar— E não se preocupe com isso, Hazel. Estou aqui para ajudar. E por falar nisso...- Bobby caminha até uma escrivaninha escura frente a sua lareira e traz consigo uma pasta cheia de papelada – Fiz uma pesquisa minuciosa sobre Bela Talbot como você havia me pedido ao telefone, Dean. – Bobby pigarreia antes de continuar - E esbarrei em mais informações. Na verdade, acho que cheguei ao que parece ser o cerne da coisa toda.

Bobby puxa uma cadeira e se senta na nossa frente, Dean e eu até ajeitamos nossa postura diante da importância do que ele disse. Bobby começa a folhear a papelada e pigarreia antes de continuar:

—Bela é quem diz ser, no caso, sua tia, Hazel. Bela e Harvey chegaram nos Estados Unidos após a morte nada acidental dos pais, no caso seus avós. – Aquiesço, me lembrando claramente do que Dean havia me contado sobre o pacto de Bela com o demônio da encruzilhada – Ambos com uma quantidade obscena em dinheiro, a famigerada herança. Cada um seguiu caminhos diferentes...Bela tinha problemas com o seu pai...- Bobby suspira e ergue o boné por um momento, coçando a cabeça com sua expressão pensativa – Na verdade, ele tem uma lista de boletins de ocorrência nas costas, por violência contra mulheres, sendo Bela uma delas.

Me retraio por um momento, e sinto o olhar preocupado de Dean sobre mim.

—Então ela não mentiu sobre isso...- Concluo, meio que desejando mudar o rumo da conversa. Bobby assente.

—Não, não mentiu. De qualquer forma, ela foi para o ramo do contrabando de artefatos sobrenaturais e o seu pai investiu o dinheiro que tinha em sua carreira musical. Ele e sua mãe se conheceram em Nova York, mas como qualquer músico faria, se mudaram para a costa oeste. E é aí que o problema começa...

—O problema começa quando eles foram para a costa oeste? – Questiono, um pouco confusa. Bobby me encara com seus olhos esverdeados e sérios ao assentir.

—Seu pai tentou sucesso no ramo da música por um longo período e foi completamente ignorado, Hazel. Você já leu alguma crítica antiga sobre o trabalho dele? – Faço que não com a cabeça, Bobby molha os lábios antes de continuar e Dean o encara completamente compenetrado – Eu li, várias. Aqui, veja uma...

Ele me estende um pedaço de jornal, cujo em uma coluna no canto inferior é possível ver o nome do meu pai associado a uma crítica:

“Harvey Talbot é presunçoso assim como seu som superestimado e nada original”

Meus olhos percorrem brevemente a matéria, e Bobby me entrega mais alguns pedaços de jornal, todos contendo críticas horríveis sobre o trabalho dele. Após ler tudo, um vinco se forma em minha testa.

—Por que isso é relevante, Bobby? – Questiono. Dean parece se perguntar a mesma coisa. Bobby dá um longo suspiro, encostando suas costas na cadeira.

—Porque, assim que Harvey se juntou a Amélie e ambos foram para a costa oeste...a sorte mudou completamente para ele, Hazel. Para os dois, na verdade! Quase como mágica...- Tenho dificuldade de entender onde ele está querendo chegar, mas vejo o olhar de Dean mudar por um breve momento, como se estivesse entendendo.

—Você acha que ele...? – Dean se inclina para frente com os olhos preocupados. Bobby assente com o olhar aflito.

—Tenho quase certeza! Bela poderia ter dito a ele como fazer, anos antes, quando eram jovens. Se não ela, outra pessoa. O que importa é que a fama, o dinheiro e o sucesso vieram como um passe de mágica após Harvey Talbot colocar os pés em Los Angeles...

—Do que é que vocês estão falando? – Olho de Bobby para Dean, sedenta por uma explicação.

—Seu pai pode ter feito um pacto com um demônio da encruzilhada, Hazel. Pedindo todas essas coisas para que a carreira dele desse certo...- Minha garganta fica seca ao ouvir as palavras de Dean.

—Não faz sentido! – Rebato – Você mesmo que me disse que se a pessoa faz um pacto desses, morre em no máximo dez anos! Meu pai viveu por muito mais tempo...

—Esse é o elemento importante, na verdade. Não acho que Harvey Talbot tenha feito um pacto comum, com um demônio comum...- O olhar de Bobby se enegrece – Não temos como saber o que ele pode ter vendido, ou para quem. – Bobby tira os olhos de mim e encara Dean por um momento, se direcionando a ele – Lembra o que você descobriu? Sobre sua mãe ter feito um pacto com Azazel para salvar o seu pai? Ali, ela condenou o Sam, sem mesmo ter o conhecimento disso. E se Harvey Talbot fez algo similar?

Dean fica estático por um momento, e acho que eu também fico.

Ele se levanta abruptamente, e passa as mãos pelo rosto nervosamente.

—Isso pode ser uma possibilidade. Mas não temos como saber com certeza, temos? Mas que há um padrão, não tem como negar... – Dean se vira para mim, e eu estou tremendo muito a essa altura, enquanto faço o meu melhor para disfarçar meu pavor com tudo isso – Você tem visões sobrenaturais, assim como o Sammy. Foi assim que começou para ele. E vocês nasceram quase na mesma época, só dois anos de diferença...

—E tem mais...- Bobby diz, com a voz preocupada e especulativa – O seu passado é incerto como uma nuvem, Hazel. Veja...

Bobby puxa de dentro da papelada uma ficha contendo várias fotos três por quatro de variadas pessoas. Ele ergue o papel e aponta uma foto específica no canto inferior esquerdo.

Sou eu. Eu devia ter cinco ou seis anos, na foto. Não estou sorrindo, muito pelo contrário. Pareço vazia.

E realmente estava.

Logo abaixo da foto, está a minha data de nascimento. Vinte e dois de fevereiro de mil novecentos e oitenta e cinco.

—São os membros da família universal? – Questiono ao pegar o papel, fingindo não estar tremendo. Principalmente quando meus olhos pousam na foto de George White.

—Sim, todos os que se tem registro. Mas sabe o interessante? Está vendo esse garotinho no canto superior esquerdo? – Meus olhos percorrem a página até encontrar a foto do garoto a que Bobby se refere. Ele tem um rosto angelical, com poucas sardas salpicando suas bochechas e uma franjinha nos olhos. Logo abaixo da sua imagem, há o seu nome.

Jesse Turner

E sua data de nascimento. Vinte e dois de fevereiro de mil novecentos e oitenta e cinco.

Um arrepio me percorre a espinha, sem que eu entenda o motivo. Não tenho quase nenhuma lembrança sobre essa época...

No lugar das memórias, uma parede branca parece me proteger. E eu pretendo mantê-la erguida.

Devolvo a ele o papel, em silêncio, e finjo não perceber o olhar analítico e preocupado dos dois recaindo sobre mim.

—Jesse e você eram as únicas crianças no culto, Hazel. Além de ter nascido no mesmo dia que você, no mesmo ano. Isso me chamou a atenção, e eu fui atrás de mais informações sobre esse tal Jesse Turner...

Meu olhar fica longínquo e eu começo a tremer ao ouvir esse nome novamente. E de repente, uma lembrança parece se retorcer e se esgueirar por entre uma das rachaduras da minha mente, enquanto sou dominada por um chiado alto em meus ouvidos.

“-Hazel! Você não pode fazer barulho! – O pequeno Jesse tapa a boca da garotinha pálida ao seu lado enquanto estão ambos enfiados em um armário, dentro do trailer da sua mãe. Como sei disso? Como reconheço esse lugar?

Estamos apavorados. Não sei como sei disso, só sei que estamos.

—Não consigo parar de chorar...- Ela sussurra para ele enquanto soluça. Seus pequenos braços a envolvem.

—Mas você precisa, Lavie. – Esse apelido. Esse apelido faz minha cabeça girar – Vamos, faça como eu te ensinei...

Jesse então entrega a ela uma moeda grande, disforme e prateada. A moeda parece ser tão antiga e castigada pelo tempo. A pequena versão de mim segura a moeda e começa a colocá-la entre os dedos, tentando girá-la do anelar ao indicador, e depois repetir o processo. De novo, e de novo, e de novo...

A moeda tem o rosto de medusa cravado de um lado, e escritas em grego do outro.

—Muito bem, Lavie. Você está ficando boa nisso...- Jesse sussurra, suando de nervosismo. A pequena Hazel sorri para ele entre o choro, mas um clarão interrompe a cena quando alguém abre a porta do armário.

Tudo vira um borrão de novo”

Não sei em qual momento me levantei do sofá e cheguei instintivamente ao banheiro logo abaixo da escada, mas Dean Winchester segura o meu cabelo enquanto eu vomito sem parar, meio a uma tremedeira que me varre por completo.

Quando finalmente o vômito parece cessar, me sento no chão e me apoio na parede, ofegante. Bobby está parado na porta e parece se comunicar silenciosamente com Dean, usando apenas o olhar.

—Eu tive uma lembrança, com Jesse Turner...- Minha voz sai quebrada, enquanto agarro minhas próprias pernas – E eu não tenho lembranças da minha infância. É tudo um borrão. Mas eu o vi...eu me lembrei dele, mesmo que só por um momento... – Passo as mãos pelos cabelos, o suor frio me escorrendo do couro cabeludo ao rosto – Eu não quero me lembrar, Dean.

XXX

Estou com uma camisola branca, deitada em uma das camas que Bobby disponibilizou para mim. Me encolho, observando a luz do luar me banhar. Uma das minhas mãos acaricia as cicatrizes repuxadas do meu braço, tentando se acostumar com a sensação nada uniforme da pele.

Estou tentando me acostumar a quatro anos, sem sucesso.

Dean e Bobby estão na cozinha, conversando com o tom mais baixo possível. E de repente eu tenho vontade de me bater.

Porque não consigo ajudar em nada. Não consigo enfrentar sequer minhas memórias, como serei capaz de lutar pela minha vida quando chegar a hora? Caramba, não consigo nem me alimentar direito...

Sou um fardo. E a cada momento que definho, estou mais longe de sobreviver. E se eu não sobreviver, não conseguirei ajudar a recuperar a alma de Sam. E tudo estará perdido.

Desde que ouvi o nome do garotinho da minha lembrança, meu corpo pareceu reagir de maneira violenta. Não quero me lembrar.

Não quero me lembrar. Não quero me lembrar. Não quero me lembrar. Não quero me lembrar. Não quero me lembrar....

Mas o rosto de Jesse não sai da minha cabeça...

Busco em meu pescoço o colar prateado que ganhei de Sam, e seguro o símbolo antipossessão entre os dedos, me agarrando a ele como se pudesse exorcizar o medo de mim. Sem querer, faço com o símbolo exatamente como a versão infantil de mim fez na memória, com aquela moeda. E um estranho conforto recai sobre mim.

Ouço uma batida na porta do quarto e me sobressalto.

—Hazel? – É a voz de Dean.

—Só um momento...- Respondo, e me levanto apressadamente, vestindo um robe por cima da camisola, um que cobre os braços e o restante também – Pode entrar.

Dean o faz, devagar. Sua barba está por fazer e suas olheiras parecem quase piores que as minhas. Ele caminha pelo quarto, e então se encosta na parede ao lado da janela.

—Precisamos conversar...- Assinto, com os dedos ainda acariciando o símbolo prateado do meu colar – Sammy te deu isso? – Dean questiona com um vinco na testa. Sem querer, acabo sorrindo.

Mas sei que é um sorriso triste.

—Foi. Tentei me livrar dele por anos, mas nunca consegui...- Ele sorri, e concorda com a cabeça.

—É bem a cara dele, ter te presenteado com algo que podia te proteger. Nunca se passou pela minha cabeça que ele havia te contado as coisas, naquela época. Vocês foram bem discretos quanto a isso...- Concordo, desviando o olhar, desconfortável por estar falando de Sam, e Dean parece se dar conta disso – Me desculpe por falar dele quase o tempo todo, Hazel. Eu sei o quanto isso te machuca. Me machuca também, mas você é a única pessoa com quem posso falar sobre ele. Sei lá, é estranho...- Dean passa a mão pelos cabelos loiros e curtos, soltando um grande suspiro – E tudo em você me lembra ele.

—Tudo em você me lembra ele, também. – Admito, porque é verdade. Dean Winchester é o único que entende minha agonia nesse momento – Está tudo bem. Acho que na lista de tópicos sensíveis, Sam é o único tópico que consegue me fazer sorrir de vez em quando.

Ficamos em silêncio por um breve momento, e então Dean pigarreia e se aproxima de mim.

—Eu não sabia que você não se lembrava da sua infância...- Ele começa, incerto de suas palavras. Assinto devagar, desconfortável.

—Tenho uma lembrança ou outra, mas é confuso. Só me lembro de coisas corriqueiras, como se fossem fotos de objetos aleatórios do dia a dia ou a voz de alguém. Mas não, nenhuma lembrança sólida...- Respiro fundo, encolhida – Não até hoje, pelo menos.

Dean faz que sim com a cabeça, devagar. Quase posso ver sua cabeça processando as minhas palavras minuciosamente.

—E você nunca achou isso estranho? – Seus olhos estão sérios e preocupados. Solto um suspiro demorado.

—É claro que achei estranho, sempre. Mas também sei que dado ao histórico da minha família, provavelmente isso deve ter sido a melhor coisa que me aconteceu, portanto se há uma porta na minha cabeça que me leva a minha infância, eu nunca tentei abri-la. – Aponto para a minha cabeça com o indicador – E espero que essa porta fique trancada para sempre, Dean. Porque sinto na minha pele e nos meus ossos que o que está trancafiado por trás dessa porta é mau, muito mau. E eu sei que você e Bobby acham que revirar a minha história nos dará as respostas de que precisamos...

—Não achamos, Hazel. Temos certeza! – Dean se levanta e passa a andar de um lado para o outro, aflito – E eu detesto isso, de verdade. Mas todos os sinais estão apontando para isso, porra! Depois que você veio para cá, Bobby e eu conversamos mais um pouco. Jesse Turner está em uma lista de pessoas desaparecidas, Hazel. O garoto simplesmente nunca mais foi visto. A mãe, Gabrielle Turner, cometeu suicídio em mil novecentos e noventa e nove, que foi quando o garoto desapareceu. Você acha tudo isso coincidência?

Sacudo a cabeça de um lado para o outro, com a garganta ardendo, embebida em medo e raiva.

—Não, eu não acho coincidência, Dean! – Prendo o choro que tenta irromper do meu interior. O peito de Dean sobe e desce, ofegante.

—Porque não é! Não poderia ser. Você e esse garoto estão conectados de alguma maneira, Hazel. Talvez ele soubesse de alguma coisa, mas...não temos como encontrá-lo, não correndo contra o tempo como estamos. Se pudermos juntar todas as lacunas em branco, poderemos entender o quebra cabeça que é você. Caramba, podemos chegar ao nome do demônio que a porra do inferno inteiro diz estar ligado a você! – Dean parece transtornado – E eu odeio te pedir o que estou prestes a pedir, e eu queria muito que Sammy estivesse aqui. Ele saberia exatamente quais palavras usar, ele sempre foi bom com isso. Sabe, quando tínhamos um caso e as pessoas precisavam de algum conforto, Sammy sabia exatamente o que dizer. Eu não sou bom com isso...- Dean se senta na cama, parece contrariado e um pouco atormentado – Mas ele não está aqui e eu sou o único que pode cuidar de você agora.

Me sento ao seu lado, e olho no fundo dos seus olhos. Fico procurando os olhos de Sam nos seus, mas não importa o quão parecidos eles sejam, nunca serão iguais.

Só queria me lembrar de como era, olhar nos olhos de Sam. Talvez isso me desse as forças de que preciso.

—Eu sei o que preciso fazer, Dean. – Constato, perdendo a batalha interna do meu corpo e deixando uma lágrima quente brotar no meu rosto. Junto a ela, outras caem, embaçando os meus olhos – Mas eu não quero, porra. E se o que eu descobrir for demais para mim?

Fico refletindo, nadando nos meus temores. Tenho medo do que pode ter acontecido comigo, de tão terrível, para a minha cabeça ter simplesmente apagado as memórias. Temo o tipo de coisa que Harvey Talbot pode ter feito, frio como era...Depois de todos esses anos e de todo o ressentimento, ainda sinto a falta dele. Sinto falta do homem que me carregava em seus braços e cantava suas músicas para mim. E honestamente, eu nunca soube o que aconteceu a esse homem que usava os braços para me abraçar, porque em seu lugar, ele virou um homem que usava os braços para me ferir. 

Se ele fez o que Bobby e Dean acham que fez...seria como perdê-lo mais uma vez, dentre tantas. Quantas vezes é possível perder as pessoas? 

Os fragmentos de todos que um dia eu amei parecem ser arrancados de mim, pouco a pouco. 

Olhando para trás, acho que eu sempre soube, no fundo. Que algo estava errado, desencaixado. Especialmente depois da noite em que os meus pais morreram. 

—Você não vai sobreviver se não soubermos a verdade, Hazel. Não iremos a lugar nenhum sem descobrir quem você realmente é, ou melhor...o que você é, e qual é o demônio que está ligado a você, colocando-a nesse holofote todo com céu, terra e inferno! – Dean faz algo inesperado. Ele pausa sua fala por um momento, e me olha com uma certa dor nos olhos, erguendo sua mão e limpando as minhas lágrimas de maneira suave, com a ponta dos dedos - Eles destruíram você, não por completo, mas quase. E isso não é justo, porra...já vi esse filme antes. Foi assim com o Sammy... – Seus olhos são gentis e preocupados ao dizer isso – E mexer nas suas lembranças vai te destruir mais ainda, Hazel. Caramba, vai acabar com a pouca sanidade que te restou. Mas quer saber? Você não terá chance alguma de sobreviver a um ataque quando um demônio vier para cima de você, ou um anjo ou o diabo que seja...não enquanto não souber a verdade sobre si mesma. E eu posso te proteger até certo ponto, Hazel. E acredite em mim, eu sou bom no que eu faço. Mas não sou invencível e muito menos daria conta do que sinto que está por vir, não sem nomes e informações do que é que estamos enfrentando...

—Eu sei que você tem razão, Dean...- Constato, as palavras com um gosto amargo na ponta da minha língua, o choro silencioso cessando – Eu só não sei como fazer isso, Dean. Não tenho mais forças.

—Bobby e eu pensamos muito sobre isso, Hazel...e acho que ninguém conseguiria sozinho, não passando por tudo o que você passou e tem passado. Na verdade, se quer saber a minha opinião, qualquer um já teria surtado a muito tempo, na sua pele...você está segurando bem as pontas, Hazel, está mesmo..., mas mesmo assim, isso não é...

—Não é o suficiente, não nessa situação. – Completo a frase por ele. Dean aquiesce com a cabeça, desconfortável.

—Não, não é. Desculpe, garota. Mas é a verdade. Mas nós pensamos em uma pessoa que pode nos ajudar com isso, se você estiver disposta a tentar. – Dean me olha especulativo, os olhos beirando o desespero.

—Quem? – Questiono. Dean solta um longo suspiro antes de voltar a falar.

—Ela é médium, e das boas...se chama Pamela Barnes. Ela pode revirar a sua cabeça e trazer para a superfície todas as coisas que precisam ser trazidas. Com a ajuda dela, podemos encontrar as respostas. E nesse momento, acho que ela é a nossa única opção.

Um frio percorre minhas entranhas. Deixar uma estranha revirar a minha cabeça?

Deixá-la abrir a porta dentro da minha cabeça que tem me protegido por todos esses anos? Tenho vontade de vomitar. Quero dizer não, quero ter o direito de dizer não.

Mas não tenho.

Me olho no espelho pendurado na parede, pelo canto dos olhos.

Estou horrível. Estou uma bagunça. E pareço uma sentença de morte ambulante.

Não tenho opção nenhuma a não ser aceitar.

—Quando começamos? – Sinto tontura ao dizer isso. Dean sorri tristemente. Ele sabe como isso é assustador para mim, sabe o que vai me custar.

Sabe que, no fim, talvez não reste mais nada de mim.

—Amanhã. – Dean se levanta a caminho da porta, parando por um momento antes de sair – E Hazel? Você é a pessoa mais durona que eu já conheci.

Sorrio para ele, mesmo que eu não acredite nisso.

Nem por um momento.

XXX

Na manhã seguinte, tomo um banho gelado e visto um jeans, ao qual preciso de um cinto para que ele pare de cair dos meus quadris. Uma blusa preta de mangas compridas, deixo os cabelos soltos e calço coturnos para aquecer os meus pés. Estou tão nervosa que todas as minhas extremidades estão geladas. Desço até a cozinha, e me sento silenciosamente na mesa entre Bobby e Dean.

Reviro os ovos mexidos com o garfo por uns dez minutos, e vou me forçando a engolir a comida aos poucos. Meu estômago parece reclamar pela comida forçada garganta abaixo, mas eu seguro o vômito o máximo que posso até a sensação estranha passar.

—Você está preparada, Hazel? – Bobby me faz essa pergunta ao tomar um gole de café, os olhos preocupados sobre mim.

Assinto, receosa.

—Preciso estar, não é? – Sorrio um sorriso fraco. Dean concorda com a cabeça.

—Ela vai dar conta, Bobby. – Dean me disfere uma piscadela de incentivo, e todos nos levantamos da mesa quando Pamela Barnes bate à porta.

XXX

Minha primeira impressão de Pamela foi a de choque. Por algum motivo eu esperava que ela se parecesse com uma cigana ou coisa assim, por ser uma médium. Mas sua jaqueta de couro e a forma como apertou a bunda do Dean e deu risada disso, me deu ao menos uma pequena noção de que nada sobre Pamela é comum.

—Oh, desculpe querida! Eu sempre faço isso com os Winchesters, ele não é seu namorado, é? – Ela parece me encarar, mas está com óculos escuros, então não consigo ter certeza.

—Não, não é. Fique à vontade para apalpá-lo. – Ergo as mãos no ar, e me afasto – Mas por favor, não me apalpe.

Faço isso meio que para quebrar o gelo, e funciona. Pamela dá uma risada com sua voz firme e rouca.

—Não vou, querida. Não danço essa música, se é que me entende. Cadê o grandão? – Ficamos em silêncio por um breve momento, e então Bobby pigarreia.

—Temos muito o que conversar, Pamela. Mas primeiro, entre. Vou te servir, tenho seu whisky preferido! – Pamela sorri, e se apoia em Bobby que a conduz para a cozinha. É aí que percebo que ela é cega.

—Ah, não acredito! Rufus trouxe da última viagem? – Bobby ri e faz que não com a cabeça.

—Rufus, me trazendo whisky? Não, não...esse eu tenho na minha coleção sempre para o caso de um de vocês dois aparecerem aqui na minha porta. – Bobby serve uma dose para todos, mas quando vai colocar um pouco da bebida azul escura em um copo para mim eu me apresso a dizer:

—Eu não bebo, Bobby. Obrigada...- Ele assente e coça a cabeça, confuso por um momento.

Beber parece via de regra na vida dos caçadores.

—Eu não tenho refrigerante nessa casa desde mil novecentos e noventa e sete, você aceita água? – Sorrio para ele, assentindo. Dean se senta à mesa ao lado de Pamela, ambos bebericando o whisky. Bobby me serve a água, e ambos nos juntamos a mesa. – Bom, Pamela, sobre Sam...

Fico absorta em meus pensamentos, tentando não prestar atenção na conversa longa onde Bobby explica tudo o que aconteceu com Sam, e em seguida tudo sobre mim.

À medida que escuta, o sorriso de Pamela vai diminuindo.

Até desaparecer.

XXX

O bunker de Bobby Singer é assustador e incrível ao mesmo tempo. As paredes redondas de aço puro se estendem por metros e metros, a ventilação no teto com o símbolo antipossessão refletindo, junto a outros milhares de símbolos ao qual não tenho a mínima noção do significado. Bobby e Dean estão sentados em um canto enquanto eu me deito em uma cama que mais se parece uma maca, anexada na parede.

—Preciso que relaxe, querida. E que confie em mim... – Pamela se senta em um banquinho ao lado de onde estou deitada. Estou trêmula, todos os meus ossos parecem de vidro e o suor na palma das minhas mãos aumenta à medida que tento me concentrar.

Acho que estou prestes a fazer a coisa mais assustadora de toda a minha vida.

—Podemos repassar o que você vai fazer, por favor? – Peço a ela com a voz vacilante. Pamela me disfere um sorriso acalentador.

—Vou visitar partes importantes da sua memória que foram escondidas, Hazel. Memórias relevantes para entendermos mais sobre o que aconteceu na sua infância, algo que possa esclarecer o motivo de você ter um dom sobrenatural...e até mesmo algo que nos ajude a chegar ao nome do demônio que está ligado a você. Só eu e você vamos ver o que tem aí dentro...- Ela acrescenta, cautelosa – E eu prometo te trazer de volta caso as coisas sejam...demais.

Assinto, travando o maxilar para que meus dentes parem de se chocar.

—Muito bem, garota corajosa. Agora feche os seus olhos...

Faço como ela manda, o corpo inteiro tensionado e estático. Sinto suas mãos geladas passando pela minha testa, e a ouço murmurando alguma coisa.

Em questão de segundos, sinto a sensação de estar adormecendo.

O mundo ao meu redor desaparece como fumaça, e estou imersa dentro da minha cabeça.

XXX

Ponto de vista de Dean Winchester.

Estralo todos os dedos das duas mãos enquanto assisto tudo acontecer. Assim que o silêncio se estabelece no bunker, olho para Bobby, muito preocupado pelo que pode vir a seguir. A verdade é que esse foi um movimento arriscado. Bobby e eu sabemos disso.

Mas que outra escolha nos resta?

Enquanto encaro a cena, Hazel deitada e em transe, provavelmente prestes a ver algo que pode destruí-la ainda mais, quase posso imaginar como Sammy reagiria se soubesse.

Ele jamais deixaria isso acontecer, tenho certeza. E por isso me sinto culpado. Bobby parece adivinhar o meu pensamento, porque coloca sua mão pesada e calejada em meu ombro e me olha com compreensão transbordando em seus olhos:

—Não tem outro jeito, Dean. Precisamos saber o que é que vamos enfrentar. Não dá para dar tiros no escuro...- Assinto contrariado, e ele continua – O perigo precisa ter nome, rosto e endereço, se possível. Tenho quase certeza de que ela pode ser como Sam, Dean. Que pode ter sangue de demônio.

—Penso que pode ser pior, Bobby. Muito pior...- Sinto minhas mãos esfriando conforme o sentimento de culpa vai me tomando – E quer saber? Mesmo com toda a verdade pode ser que nada seja o suficiente para salvá-la, Bobby. E eu terei falhado mais uma vez.

Minha voz se embarga. Vejo um rastro de piedade no olhar de Bobby, e me encolho por isso.

—Não é seu dever salvar todo mundo. E no entanto, aqui está você mais uma vez, dando tudo de si...

Não respondo a isso. Ficamos em silêncio em seguida, esperando pelo que é geralmente normal de acontecer quando Pamela faz essas sessões, que seriam as luzes piscando e Hazel gritando e se sacudindo sem parar.

Mas nenhuma dessas coisas acontece. O tempo começa a passar e absolutamente nada acontece.

Nenhum som, apenas o silêncio absoluto. Um vinco se forma em minha testa, e Bobby também parece muito confuso.

Quarenta minutos se esgotam, e quando estou prestes a dizer algo, Pamela se vira para nós dois, com o nariz sangrando e uma expressão de exaustão no rosto.

—Nunca vi nada parecido, rapazes...- Um arrepio me sobe pela espinha e eu engulo em seco – Não é possível atravessar ou acessar memória alguma da infância dela. É como se a mente dela tivesse três estágios...

—Estágios? – Questiono. Pam assente:

—Sim. De um lado, há uma...uma espécie de parede gigantesca, feita de algo que se parece com uma fumaça branca. Eu nunca...nunca havia visto algo assim. No meio, onde consigo estar, estão suas lembranças a partir de quando ela foi embora daquele lugar que vocês mencionaram...e do outro lado...

Sua voz vacila. Ela parece ficar trêmula por um momento.

—Do outro lado...? – Bobby se inclina para a frente.

—Há um outro muro, igual ao anterior. Exceto que esse é preto como a noite. E antes que me perguntem...não, eu não tenho a mínima noção do que isso significa. – Bobby e eu nos entreolhamos, frustrados.

—Voltamos à estaca zero, então...- Suspiro derrotado ao dizer isso. Hazel continua em sono profundo, imóvel. Pamela faz que não com a cabeça.

—Não, isso não. Uma coisa posso garantir a vocês dois, sobre a garota.

Meu coração acelera os batimentos, aflito.

—O que pode nos garantir, Pam? – Questiono. A médium dá um longo suspiro antes de se pronunciar:

—Posso garantir que essa garota não é humana.

XXX

Ponto de vista de Hazel Laverne.

Foi como adormecer. Não vi nada, não senti nada.

Abro os olhos e olho ao meu redor, confusa. Não estou mais no bunker. Me encontro na cama do quarto que Bobby havia disponibilizado para mim.

—Oi...- Me sobressalto ao ouvir a voz de Dean, e vejo que ele está sentado em uma poltrona perto da porta do quarto, completamente exausto – Adivinha só? Você é tão cabeça dura que nem mesmo a maior médium do mundo conseguiu entrar nela. O que acha de tentarmos com uma marreta?

Ele me difere um sorriso fraco meio a suas palavras.

—O que...? – Me sento, confusa. Vejo pela luz da lua que irrompe da janela que já é noite. Eu dormi o dia inteiro? — Quer dizer que ela não conseguiu ver nada?

Dean balança a cabeça, negativamente.

Um misto de alívio e desespero me acomete.

Porque não posso ser egoísta. Precisamos de respostas.

Eu preciso, desesperadamente, ser útil nessa equação.

Dean percebe meu desespero aparente, e se apressa a dizer:

—Não é culpa sua, Hazel, acredite. Ninguém seria rapaz de resistir ao transe de Pamela, não de propósito. Você foi muito corajosa por permitir isso tudo, você fez o que você podia...

Me levanto e o interrompo.

—Não. Eu não fiz merda nenhuma! – Ando a passos duros em direção a minha mochila, e começo revirar tudo até encontrar minha pasta azul, a que mostrei ao Sr. Hudson antes de tudo desmoronar – Quer saber?! Que se dane! Tá vendo isso aí? É uma pesquisa. Eu estava cavando o meu passado, do meu jeito...antes de o Castiel aparecer e tudo cair na minha cabeça. Vamos atrás dele, Dean. Ele vai ter as respostas de que precisamos.

Dean franze o cenho, e fica muito sério ao folhear o conteúdo da pasta.

—Jesse Turner? Ninguém o encontrou, Hazel. Fizeram até um funeral simbólico para a mãe dele, antes de ela se matar. Não há chance alguma de acharmos ele...- Assinto, mas molho os lábios e aponto para uma folha em específico, que ele tem em mãos.

—Jesse pode não estar vivo ou estar na porra do fim do mundo, mas não é dele que estou falando. Estou falando de George White...- Acho que nunca havia pronunciado o nome dele em voz alta. Só a sonoridade desse conjunto de letras faz a minha língua formigar. Dean fica intrigado e eu não vacilo, nem por um segundo – O desgraçado está muito bem trancafiado, na porra da prisão de segurança máxima, em New Orleans. A gente pode ir até lá e arrancar dele tudo o ele que souber.

Dean ergue as sobrancelhas, surpreso.

—Faria isso? – Ele questiona, incerto.

Farei isso, Dean. – Não hesito, minha voz firme dessa vez. Dean solta um suspiro demorado, o olhar pensativo.

—Então é o seguinte, Laverne... – Dean Winchester se levanta da poltrona e me devolve a pasta em mãos. Seu olhar é obstinado e firme – Eis o que iremos fazer. Bobby e eu iremos treiná-la por pelo menos duas semanas, só o básico. Como atirar, como se defender, todo o conhecimento sobre como enfrentar todas as criaturas possíveis...e aí então, nós iremos partir para encontrar George White.

—Não temos duas semanas! – Protesto. Dean ergue a mão levemente no ar, em um gesto que quer dizer que quer que eu me acalme.

—Você tem razão, não temos. Mas não posso sair por aí com você sem conhecimento ou preparo nenhum, seria como te sentenciar a morte. Acredite, vão vir atrás de nós. E nem com um ano de treinamento você estaria pronta, mas saber o básico do básico pode fazer a diferença entre a vida e a morte, no seu caso. Isso não está aberto para debate, ok? – Dean me olha no fundo dos olhos – Começaremos amanhã, bem cedo.

Acabo aceitando, mesmo contrariada.

A cada minuto que passa, corremos mais riscos. Sei que anjos não podem nos encontrar graças ao que Castiel gravou em nossas costelas, e sei também que Bobby tem diversas proteções anti-demônios no perímetro de sua propriedade, nos deixando praticamente invisíveis. Tenho também o conhecimento de que, se qualquer caçador ousar aparecer aqui, vai se arrepender.

Mas sei também que não podemos ficar escondidos para sempre. Preciso enfrentar tudo isso.

Preciso me salvar, para poder salvar Sam.

—E...Laverne? – Dean me desperta dos meus devaneios. Colo meu olhar no seu, podendo ver a lua refletida em sua íris – Peço desculpas com antecedência. Eu não vou pegar leve com você, para o seu próprio bem.

Ergo a cabeça, decidida a dar tudo de mim.

—É bom você não pegar leve mesmo. Eles não pegarão. – Dean Winchester assente.


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Notas finais do capítulo

Considerações importantes:
Na série, Dean e Sam conhecem Jesse Turner ainda pequeno, e aí ele some. Puff! Sem explicações.
Aqui, não. Aqui ele tem a idade da Hazel (Óbvio né, nasceram no mesmo dia) e nunca se encontrou com os Winchester.

Espero que, mesmo sendo um capítulo transitório, vocês tenham gostado. É como eu disse desde o início, o foco é romance mas também me aprofundarei na história da personagem e no lore da série, que eu acho fascinante.

E estou escrevendo algo que eu gostaria de ler ♥

Comentem, se possível. Os comentários são como gasolina no meu coraçãozinho. Assim que os recebo, acendo um fósforo e deixo a criatividade me incendiar (que cafona, sério. Eu preciso ser interditada)

Abraços, Hunter.
Carry on.



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