Cadê você, filhota? escrita por Jude Melody


Capítulo 4
William não pode querer


Notas iniciais do capítulo

Adstrito: “que está submisso ou sujeito a; subordinado” (Dicio)



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Os amigos o chamavam de Will, mas Amália não aprovava. William é um nome tão bonito. Sim, ele pensava, pelo menos não é russo. Ter de carregar o nome de outro homem como se fosse seu era uma tragédia.

Todas as tardes, Amália entrava em seu quarto sem bater na porta. Já fez o dever de casa? Até nos domingos... Reclamava dos papéis e livros espalhados. Você precisa ter mais capricho, William. Olhe só essa letra! Ele desviava o rosto. Não havia nada de interessante para aprender sob a luz do abajur.

As férias de verão eram sua liberdade. Corria pela floresta, subia as montanhas. Época gostosa em que não havia telefone celular para vigiarem cada passo seu. Amália não se deitava até que ele retornasse. Às vezes a encontrava no sofá da sala, a cabeça pendendo sobre o ombro, os lábios murmurando o nome do outro.

Então as aulas recomeçavam, e era ele quem queria se deitar sobre a carteira, fechar os olhos, pensar no Mundo. Acordava com o chicoteio da vara próximo a seu ouvido. Amália nunca batia direto nele. Mas doía mesmo assim. Enquanto viver sob o meu teto, estará adstrito às minhas regras, entendeu?

Ele entendeu.


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Notas finais do capítulo

Amália é professora de Literatura e profunda admiradora das obras de Shakespeare. Aprendeu vários idiomas para ler seus autores favoritos no original.

Para quem não é fluente em inglês, “will” significa “desejo”. Por isso o trocadilho no título do capítulo.



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