Nem mesmo o sol escaldante foi capaz de conter Shuri, Namor e T'hani de ter um dia de folga fora de suas obrigações reais. Nos últimos anos, um momento tinha se tornado uma tradição da família, precisavam de um tempo para relaxar, para aproveitarem a companhia um do outro.

O pequeno príncipe, animado com o passeio, estava experimentando variados chapéus em frente a um espelho enquanto seus pais terminavam de se arrumar com as ditas roupas da superfície.

—Qual fica melhor, mãe? O amarelo ou o azul? - o menino de seis anos, tão esperto e maduro pra sua idade, o que ainda surpreendia sua mãe, pediu a opinião dela.

—Acho que o azul, mas pensei que você queria escolher - ela se aproximou dele, ajeitando seu chapéu.

—Não, hoje você pode escolher, você sempre se veste bonito, mamãe, você entende muito dessas coisas - ele elogiou e explicou o motivo de sua decisão.

—Ah obrigada, você que é um amor, T'hani - ela o abraçou em gratidão.

—Vocês dois estão prontos? - Namor os apressou levemente, mas sorriu ao presenciar a cena de afeto.

—Sim, só dando os toques finais - Shuri respondeu pelos dois.

Logo depois, estavam de volta à vila que sempre visitavam, onde os habitantes quase que os conheciam, mas sem nunca saber seus nomes e de onde vinham, e cochichando e questionando aqui e ali porque o homem e seu filho sempre usavam um chapéu ou boné na cabeça.

Sentindo a mão escorregar da mão de sua mãe pelo suor que o calor intenso provocava, T'hani correu até a barraca de sorvete mais próxima, enquanto sua mãe sorriu de sua pressa, notando seus pés e as sandálias que estavam ficando pequenas porque, novamente, ele estava crescendo rápido demais, Namor o chamou para não ir tão longe.

Ela fez as honras de comprar sorvetes pra todos e enquanto caminhavam por ali, disse o que estava pensando.

—Ele está crescendo tão depressa, as sandálias mal cabem nos pés - Shuri comentou.

—Concordo, parece que era ontem que estava aprendendo a falar e agora já faz tantas coisas sozinho, quase como se não precisasse mais de nós - seu marido concordou.

—Não, não ele ainda precisa e muito, ainda é nosso menininho - ela completou, um tanto desesperada - falando em precisar, ele precisa de roupas novas e eu acho que você também.

—Eu? Roupas novas daqui? Ah não, minha esposa, não vai me fazer ficar aqui um tempo longo escolhendo roupas novas da superfície, eu prefiro e aprecio que escolha minhas próprias roupas por mim - Namor ergueu as mãos na defensiva, não muito disposto àquela atividade de compras.

—Está bem, eu te entendo, mas eu não posso deixar de elogiar como você fica bem com roupas da superfície, ainda mais escolhidas por mim - ela o elogiou um pouco, sem deixar de apontar suas próprias qualidades quando se tratava desse assunto.

—Está vendo? Exatamente o que disse, concordamos nisso - ele replicou sem muita paciência - mas se quer fazer isso com o T'hani, não me importo em fazer companhia.

—Obrigada, meu amor - ela agradeceu beijando seu rosto.

Terminando o sorvete, lá foram eles, explorando uma das lojinhas da pequena cidade. Shuri deixou que T'hani escolhesse o que lhe agradasse, e experimentasse uma de cada vez, principalmente camisetas e alguns sapatos.

Não tinha quem o fazia usar tênis, nada fechado ou apertado que prendesse seus pés e os impedisse de sentir a areia da praia ou a água do mar. Acabaram saindo com mais três camisetas e quatro sandálias, uma compra muito proveitosa, com certeza.

Voltando para casa, o príncipe brincou um pouco mais à beira do mar, em frente à sua casa, ocupado com seus castelos de areia, algo com o que ele sempre gostou de brincar.

—Um perfeito arquiteto, como sua mãe - seu pai elogiou, enquanto o observavam brincar.

—Espero que não tenha ciúmes disso amor, ao menos ele puxou isso de mim, todo o resto é tão parecido com você - Shuri apontou.

—Bom, está tudo equilibrado então - ele assentiu, rindo - quem sabe como nosso próximo filho vai parecer, mais comigo ou com você.

—Não vai demorar muito pra descobrirmos isso - ela contou distraidamente - daqui 27 semanas, pra ser mais exata, ou não, quer dizer, tomara que o bebê não se adiante.

—Você está grávida outra vez - ele se aproximou dela surpreso, a esmagando num abraço - conseguimos!

—Conseguimos ter mais um filho? Sim, como meu rei desejava... - Shuri riu, ainda afagando os cabelos dele.

—Você queria também - ele rebateu, agora olhando para ela, tocando sua barriga - por que não me contou antes?

—Eu planejava contar hoje, a oportunidade não tinha surgido antes - ela se explicou - aqui e agora me pareceu ideal, aliás, tantas coisas boas nos aconteceram bem aqui, tantos momentos felizes.

—Isso tudo torna esse lugar nosso lar - ele segurou a mão dela, o sentimento de felicidade transbordava em seus olhos - nós construímos isso juntos, e... obrigado, Shuri, por ter me escolhido, por ter ficado.

—De nada, eu... - ela deixou algumas lágrimas caírem - você sempre tem um dom com as palavras melhor do que eu, mas eu te amo muito, eu amo nossa família, amo a vida que construímos juntos, vocês são a coisa mais importante pra mim.

—Obrigado por me amar - ele beijou a mão dela solenemente, tocando o ventre dela de novo logo em seguida.

Shuri o beijou outra vez, algo que nunca se cansaria de fazer, mais uma coisa a qual era grata por ter a oportunidade de fazer todos os dias, estar com o homem que amava.