Grãos de Areia a Beira Mar escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 25
Capítulo 25




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Depois de uma noite de sono merecida, em que até mesmo T'hani tinha dormido a noite toda e deixado seus pais descansarem, a família toda estava reunida pela manhã.

Bektchel tinha ajudado a arrumar o príncipe para passar o dia com suas roupas leves, porém tradicionais do povo da superfície, quanto a alimentá-lo, Shuri fazia questão de fazer isso, justo agora que ele estava começando a comer outros tipos de alimento além de leite materno.

—Eu queria levar o T'hani a um passeio - Namor comentou com a esposa, observando o filho com a boca toda suja de manga, apesar de lambuzado, certamente fofo.

—Isso é bom, que bom que vai usar seu tempo livre de hoje pra isso - ela respondeu à proposta, alegremente - mas eu sinto um porém nisso, tem alguma coisa diferente em mente, algo que precise da permissão da sua rainha?

Ao terminar de falar, ela estreitou os olhos o encarando, desconfiada.

—Eu gostaria que estivesse ao menos ciente - ele riu, deixando a pequena tensão do momento sair dele - quero mostrar Talokan de perto ao T'hani, as baleias e depois, um reconhecimento aéreo pelo oceano.

—Quer levar nosso bebê pra voar? - a ideia pareceu radical demais aos ouvidos de Shuri - você tem ideia que ele tem só 10 meses e que isso pode ser muito perigoso?

—Entendo suas preocupações de mãe, mas você, meu amor, é uma cientista, que tem noção de todas as habilidades físicas que nosso filho tem - ele contrapôs, fazendo uma clara expressão confiante de que tinha razão.

—Ainda assim ele é um bebê! - Shuri apontou para a criança em questão, enfaticamente.

—Acho engraçado você ter medo de ele voar comigo do que se aproximar das baleias - seu marido argumentou  de braços cruzados.

—Eu acho voar mais perigoso que ver baleias - ela deu de ombros.

—Você confia em mim, não confia? - Namor a desafiou a responder.

—Você sabe que sim - ela desviou o olhar, mas depois olhou para ele.

—Você sabe que amo o T'hani tanto quanto você, vou cuidar bem do nosso filho - ele prometeu.

—Eu acho bom mesmo - ela se levantou e deu um tapa no braço dele, o que o fez rir.

—Vou me lembrar disso como um aviso - ele ainda comentou de bom humor.

Se aproveitando da proximidade de Shuri, ele beijou a esposa apaixonadamente. Pouco depois, saiu com T'hani, fazendo justamente o que tinha prometido.

Os cuidadores das baleias receberam seu rei e seu príncipe com alegria, deixando que se aproximassem dos grandes animais. T'hani observou tudo com atenção, intrigado, mas curioso para entender o que eram. De repente, ouviram o som poderoso que uma delas emitia, o sonar audível, que abalou as estruturas do jovem príncipe. Era completamente novo demais para compreender, mas de alguma forma, aquilo o deixou paralisado, certamente algo a ser referenciado.

Depois disso, T'hani já em terra firme com seu pai sentiu o impulso que levou os dois pelos ares. Lembrando das recomendações bravas de Shuri, Namor voou suavemente, segurando o filho corretamente, o deixando aproveitar o vento percorrendo o rosto e a vista que o trajeto oferecia. Olhando para baixo, T'hani viu o mar, parte de quem ele era, para onde sempre retornaria.

Os dois então voltaram para casa depois de um tempo, encontrando a rainha sozinha, sentada à beira mar, abraçando os joelhos, olhando o horizonte, sorrindo ao notar o marido e o filho se aproximarem.

—A viagem foi segura, então - ela comentou, correndo para ver como T'hani estava.

—Nem demoramos tanto assim - Namor respondeu, beijando a bochecha dela enquanto lhe entregava o filho.

—Eu senti a falta de vocês, estava apenas esperando vocês dois - Shuri avisou.

—Pensei que tinha gostado desse tempo de folga - seu marido opinou, se aconchegando ao lado dela.

—Foi bom por um tempo - ela suspirou - falando sério, é bom ter um tempinho só pra mim de vez em quando, mas eu também amo ter vocês dois por perto.

—Concordo - ele assentiu, olhando e sorrindo para ela - então vamos aproveitar a companhia um do outro.

Shuri apenas assentiu e deitou a cabeça no peito dele, deixando T'hani brincar com a areia na sua frente por um tempo.

—Olha só pra ele, parece tão crescido... - ela murmurou, observando o filho, mais uma vez admirada.

—Ele está, tão esperto e risonho, certamente crescendo - ele completou - acho que isso é um bom sinal...

—Sinal de que, exatamente? - Shuri quis saber.

—De que ele viva uma vida mortal, e não infinitamente longa como a minha, algo comum assim é um alívio - Namor confessou, algo que sua esposa não esperava ouvir no momento.

—Acho que é a primeira vez que escuto você lamentar sua longa vida - ela apontou - entendo o que quer dizer, um dia não estaremos mais aqui.

—Ainda assim eu sou mortal, é um paradoxo, certamente, mas... não quero pensar sobre isso agora - ele se voltou para ela - como sempre digo, quero me apegar ao presente.

—Não há momento melhor que o agora - ela concordou com o sorriso.

—Mas eu confesso que andei pensando em uma coisa futura, ao menos para um futuro próximo - Namor puxou Shuri para um pouco mais perto dele.

—Me diga, meu marido - ela tentou imitá-lo quando a chamava assim, ele riu baixinho em resposta antes de prosseguir.

—T'hani é um menino adorável, mas pode começar a se sentir sozinho daqui a algum tempo, eu pensei que um jeito de lhe garantir uma companhia seria lhe dar um irmão, o que você acha? - Namor terminou com um floreio, como se a estivesse convidando para um encontro.

—Você tá falando mesmo que quer ter mais filhos? - Shuri disse, um pouco impressionada.

—Pra mim não é uma má ideia, mas você é a mâe aqui, e respeito muito sua opinião, minha rainha - ele chegou a assentir para ela.

—Bom, eu me senti apavoradíssima quando soube que estava grávida, mas depois as coisas melhoraram, eu me acalmei e sei que sou uma boa mãe, crescer com um irmão me dá a dimensão de ter duas crianças na família  - ela considerou de forma prática - pensar nas coisas com antecedência pode ser uma boa vantagem.

—Então sua resposta é sim? - ele sorriu de lado.

—Sim, Ku'kul'kan, vamos ter mais um filho - ela riu em alta voz - mas daqui uns anos, tá bem? Seria difícil cuidar de duas crianças pequenas ao mesmo tempo, e eu acho que eu e T'Challa temos uma diferença de idade enorme, então vamos ficar no meio termo.

—Quatro anos seria um bom tempo? - seu marido quis assegurar.

—Sim, pra mim está bom - ela assentiu e então o beijou, como que para selar o acordo.

Olhando de volta para T'hani ficaram em completo silêncio e estática ao vê-lo se mover, tentando ficar de pé sozinho pela primeira vez. Ele acabou caindo sentado, mas não desistiu, Namor quis ir até ele por um momento, mas Shuri o impediu, seu instinto materno lhe dizia o que estava prestes a acontecer.

Com primeiros passos cambaleantes, T'hani deu as costas aos pais e foi até o mar, chegando a molhar os pés. Deu uma risadinha olhando para tŕas, como se tivesse zombando deles.

—Ah meu filho, você é extraordinário! - seu pai se aproximou dele, se ajoelhando, esperando que andasse um pouco mais.

—Vem aqui, seu pirralhinho, vamos andar mais um pouco, hein! - sua mãe se aproximou dele, pegando sua mão, o fazendo andar mais um pouco.

Molhando os pés dos três, a água banhou também os grãos de areia que pisavam, o local do encontro de dois mundos que se tornavam um.


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