Moeda de Troca escrita por Miss Siozo


Capítulo 8
O Cumprimento dos acordos


Notas iniciais do capítulo

Precisamos de um pouco de calmaria, não?
Boa leitura!



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Alguns meses se passaram até que a reconstrução das moradas dos deuses estivesse concluída. O Santuário de Athena voltou a funcionar como nos tempos de paz. Os templos foram reconstruídos e a vila de Rodório recebeu apoio também. Apesar do climão dado no dia do retorno dos cavaleiros à vida, o assunto Shun se tornou um tabu que ninguém tinha coragem de falar alto. Depois da partida de Albion e June para a ilha de Andrômeda e Ikki não ter dado mais as caras no Santuário, outros cavaleiros e amazonas se espalharam novamente pelo mundo após a conclusão das obras. Novos aspirantes precisavam ser treinados para a nova missão que eles teriam naquela era.

 

Poseidon estava satisfeito com a reconstrução dos pilares que sustentam os sete mares. Sua fortaleza estava do jeito que deveria estar, forte, imponente e bela. Os espectros que Hades havia emprestado temporariamente fizeram um ótimo trabalho, mas precisava fazer crescer seu próprio exército. Kanon estava trabalhando para encontrar alguém com o potencial para vestir a escama de Dragão Marinho, somente assim poderia retornar em definitivo ao Santuário, mas também dava uma ajuda no treinamento de novos comandantes com outros generais. Já Thetis, Io e Sorento treinavam os novos aspirantes a soldados.

 

Hades por sua vez via o Submundo reconstruído e não haviam grandes novidades. Pelas notícias recebidas de seu irmão Poseidon, talvez levasse uns dois ou três anos para que parte de seus espectros retornassem ao seu reino. De Athena não havia notícias e nem fazia tanta questão, pois saberia por seu irmão se o tal acordo entre eles estava dando certo.
Sobre a jogada que fez, apenas sabia que o irmão de Shun não frequentava mais o Santuário. Isso porque um belo dia, ele resolveu aparecer no castelo de Heinstein e insistiu para ter notícias de seu mais novo consultor. Foi preciso a Fênix ouvir do próprio irmão que estava melhor e um contato de e-mail para provar que o senhor do Submundo não era cruel de separar definitivamente uma família.

 

 

O dia em que Athena e Poseidon precisavam se encontrar para resolver um dos pedidos inegáveis do acordo de paz havia chegado. Eles se encontraram na Groenlândia, um dos lugares mais próximos do Ártico. A deusa estava acompanhada de Hyoga e Camus, já Poseidon veio com Isaak de Kraken. Um clima diferente estava no ar, pois tanto o General Marina, quanto os cavaleiros se conheciam muito bem, já que Camus foi mestre de ambos. No dia da ressurreição foi complicado haver qualquer tipo de interação entre eles. O cavaleiro de Cisne estava preocupado com a situação de seu amigo Shun e procurava seu mestre revivido para conversarem. Já Isaak juntou-se logo ao seu grupo e foram os primeiros a partir.

 

— Pelo visto, nós promovemos um grande reencontro, Athena — disse Poseidon sorrindo.

 

— Eu fico feliz por isso — deu um breve sorriso social — Podemos entrar na casa? Acredito que ficaremos bem acomodados para elaborar uma boa estratégia.

 

— Está bem. Os rapazes podem ter sua conversa particular — garantiu — Nós vamos entrar para discutirmos alguns detalhes, está bem? — os outros três anuíram e os deuses partiram para dentro da luxuosa casa que foi alugada para a ocasião.

 

Enquanto os três aquarianos finalmente matavam suas saudades uns dos outros e se desculparam por seus erros, os deuses começaram a conversar.

 

— Então, Athena, como tem passado? — perguntou o deus em tom cordial — Já faz algum tempo que nós não nos vemos.

 

— Alguns meses… até que conseguimos reconstruir rápido nossos territórios — por mais que tentasse disfarçar a sua expressão de insatisfação, aquilo não era possível. Algo a incomodava — Eu estou bem, as coisas finalmente estão tomando o curso esperado e agora estamos aqui trabalhando juntos. Como tem passado?

 

— Meus dias tem sido até tranquilos, como Julian Solo ando atarefado, mas tenho meus homens de confiança para cuidar das coisas na Atlântida. 

 

— Isso é ótimo! — deu um sorriso amistoso, mas não foi o suficiente para enganar o deus.

 

— Athena, vai precisar mais de um sorriso e uma dúzia de palavras para conseguir me enganar. Algo a incomoda, eu a conheço há milênios.

 

— Meus pensamentos não seriam adequados para o momento, tio.

 

— Aproveite esse acordo de paz. Nós estamos trabalhando juntos em prol de algo maior — tentava tranquilizá-la — Uma fala sincera por outra, que tal? — sugeriu — Sem julgamentos.

 

— Os planos de Hades me preocupam, não posso negar e não fazer ideia do seu grau de envolvimento neles também me deixam apreensiva — confessou.

 

— Como irmão dele e pelo que tenho conhecimento, ele apenas está colocando sua própria casa em ordem. Isso eu posso garantir — respondeu com tranquilidade — Não creio que Hades queira acabar com o mundo tão rapidamente. Ele está dando chance ao acordo, assim como eu.

 

— Então não está envolvido nos planos dele? Ainda não foi cobrado o seu pedido?

 

— Absolutamente não. Ele ainda não cobrou o pedido inegável que devo e nem deu um prazo para isso.

 

— Agora me diga sobre seus pensamentos.

 

— Penso que esse acordo não durará por mil anos. Alguém se inclinará a descumpri-lo antes disso.

 

— Pensa que não serei capaz ou um de vocês já está inclinado para uma guerra — indagou.

 

— Acalme-se, Athena. Eu apenas compartilhei um pensamento meu. Uma guerra não está nos meus planos, a menos que eu seja atacado primeiro, obviamente — explicou — Mal começamos a colocar o planeta em ordem, muito precisa ser feito. Diferente de outras eras, não quero destruir algo que estou me empenhando para reconstruir.

 

— Tudo bem, tio. Vou tentar esquecer esse assunto, pois não podemos nos desviar mais ainda do foco.

 

— Combinado — deram um aperto de mãos — Vamos discutir os detalhes sobre como vamos conduzir essa empreitada congelante?

 

— Claro.

 

 

Do lado de fora da casa, o trio de gelo conversava em um tom mais tranquilo e saudosista.

 

— Muitas vezes perdemos coisas importantes por enganos e mal entendidos — disse Camus — Fico feliz em te rever Isaak e saber o quanto cresceu como guerreiro também.

 

— Sempre será o meu mestre, independente do exército que batalhamos, o senhor tem o meu respeito — disse o general marina com um sorriso — Hyoga — voltou seu olhar para o mais novo — Sei que tivemos uma batalha mortal, mas de verdade, eu desejo resgatar os laços com os dois.

 

— Eu também quero, Isaak, mas temo que esse acordo não dure tempo suficiente para isso — o cisne compartilhou seu temor pela primeira vez, surpreendendo o cavaleiro de aquário —  O tom desse acordo não foi tão amigável. Eu fui uma das testemunhas, não acompanhei todos os trâmites, mas aquele final não me deixou seguro disso.

 

— Fala sobre o seu ex-companheiro, o Shun?

 

— Sim. Não somente sobre ele, mas não posso dizer que o clima é o mesmo.

 

— Da parte do senhor Poseidon, vocês podem se tranquilizar. Ele está empenhado em reconstruir o próprio reino e dar uma nova chance ao planeta — refletia — Os únicos capazes de destruí-lo nesse período de trégua são os próprios humanos com ações destrutivas.

 

— Eu entendo que o que estamos prestes a realizar nos próximos dias é uma maneira de retardar o processo — disse o aquariano mais velho — Mas dou no máximo cinquenta anos para durar tal medida, caso toda a poluição e emissão desenfreada de gases continue na atmosfera.

 

— Por isso o trabalho de conscientização que nossos deuses estão promovendo.

— Não creio que seja eficiente. Talvez se eles se revelassem como divindades a mudança no comportamento das pessoas aparece.

 

— Não creio que esse seria o melhor caminho — ponderava Camus — As coisas poderiam piorar.

 

— Mas, o atual cenário também não é muito favorável — disse Kraken — Consigo entender ambos pontos de vista, mas ao mesmo tempo que penso que a presença de um deus seria importante para dar um norte às pessoas, poderia ter uma pressão maior sobre ele. Ao mesmo tempo, quando agimos pelas sombras nada se torna efetivo, duradouro, sabe?

 

— Esse é um grande dilema dos dias atuais. Quando visitamos a história de quando deuses viviam no meio dos humanos e era sabido da existência deles… — Camus tentava se recordar do que havia nos livros que leu no passado — Tudo era muito primitivo. As pessoas reconheciam o poder deles, mas além do respeito e devoção havia temor também.

 

— E depois com o passar do tempo e disputas de território, uma nova fé havia se sobreposto a outra, a do deus de minha mãe — comentou o loiro.

 

— Isso foi conveniente para a maioria dos deuses, já que os humanos começaram a culpá-los pela destruição de terras e pela morte de seu povo — completou Isaak — Estou me recordando de quando contou essa história para nós quando éramos crianças. Onde quer chegar com isso?

 

— Pelo que sei, não são todos os deuses que tomam a forma humana e circulam pela Terra. Acredito que alguns deles escolhem quando retornar, principalmente para travarem uma nova batalha.

 

— As batalhas já passaram, mestre. Estamos dentro de um acordo de paz.

 

— Tem alguma ideia se Poseidon encontrou com outros deuses além dos que estiveram presentes no dia do acordo?

 

— Nenhum deus olimpiano, pelo o que eu saiba. Por que a pergunta?

 

— Temo que algum desafeto de Athena atente contra ela durante esse período. O planeta pode colapsar.

 

— Talvez nós nem estaremos vivos para ver esse dia chegar — viu a porta da casa abrir — Acho que o nosso bate papo terá que ser adiado.

 

— Tomara que esse dia chegue nunca — desejava o general marina.

 


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Notas finais do capítulo

Um capítulo curto, mais tranquilo e cheio de questões...

É bom termos visões diferentes dos fatos às vezes e os protagonistas "descansam" um pouquinho haha
Fiquei pensando sobre o reencontro do mestre com seus pupilos, todos reunidos após tantos anos. Foi o que eu mais gostei de escrever nesse capítulo.

Até a próxima!



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