Moeda de Troca escrita por Miss Siozo


Capítulo 5
A crise interna


Notas iniciais do capítulo

Pega a pipoca que vem treta por aí! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807884/chapter/5

A manhã no Santuário começou diferente do Submundo, um clima de confusão e indignação havia sido instaurado e Saori sabia disso. A deusa acordou já esperando pelos problemas. O acordo em si a deixava em desvantagem desde o início, mas o que poderia fazer? Engolia seu orgulho e aceitava ou recusava e perderia mais vidas em uma nova guerra santa. Ao menos agora ela possuía a força de seu exército quase completo, a perda de Shun causaria impacto, não apenas na questão de poder, o impacto social viria.

 

O ex-cavaleiro de Andrômeda era muito querido. Mesmo que não fosse conhecido por todos os cavaleiros, ele conseguiu cativar até mesmo alguns de seus adversários em batalha. Também havia o fato dele ser próximo de seus cavaleiros mais próximos. Seria mais difícil para os quatro aceitar a partida dele, principalmente para Ikki que é o irmão mais velho.

 

A jovem aproveitou seus últimos momentos de sossego sozinha e até fez seu desjejum no quarto. Ela tinha noção sobre o que esperar, mas não queria ter de pensar nisso. Se pudesse adiar essa conversa, mas não poderia mais perder tempo. O prazo da trégua era longo para os padrões humanos, mas Saori precisava se provar uma boa governante desde já para seus cavaleiros e servos. Se eles não confiassem em si, como seria possível executarem seus planos? Seria uma falha atrás da outra. Precisava administrar essa crise criada pelo acordo rápido ou teria que entregar os pontos para Zeus e todo o Olimpo.

 

Athena caminhou até seu trono no salão principal, mas mudou de ideia, pois se queria atingir a massa, ela precisaria descer até a arena. Então ela descia os lances de escadas e convocava seus cavaleiros pelo cosmo até o local. A deusa esperou todos se acomodarem nos assentos de pedra para começar a discursar.

 

— Bom dia a todos! Acho que essa é a primeira vez que consigo reunir tantos cavaleiros e amazonas nessa era — tentou descontrair o clima com o comentário — Sei que a maioria está confusa nesse momento, então irei atualizá-los de tudo o que ocorreu nos últimos meses até ontem. Reservarei um espaço no final para esclarecer as dúvidas — fechou seus olhos brevemente ao dar um suspiro longo — Desde o momento que descobri ser Athena muitas coisas aconteceram, soube do meu passado como um bebê no Santuário e da responsabilidade que eu precisava assumir. Eu sei que muitos aqui apenas seguiram as ordens do falso Grande Mestre e eu não os culpo, pois eu não fazia ideia de como provar quem eu era — olhou para Saga sentado — Também peço que não julguem Saga por seus atos anteriores, por mais difícil que seja. Ele foi influenciado por um espírito maligno ao longo dos anos e apenas tive conhecimento do fato após sua morte. Você provou ser digno de ser um cavaleiro de Athena quando pagou com sua vida para livrar-se desse mal, quando seguiu o plano de Shion para conseguir despertar a minha armadura divina e ao se juntar aos outros para abrir a passagem no muro das lamentações para que os cavaleiros de bronze pudessem passar para os Elísios.

 

— Agradeço sua consideração, minha deusa — o geminiano limitou-se a responder.

 

— Nós tivemos muitas baixas, cavaleiros que eu gostaria de ter conhecido em situação boa e que infelizmente morreram durante o período da batalha das doze casas. Quando a guerra contra Poseidon começou foi pouco tempo depois e eu pensei em me sacrificar para aplacar a crise, já que meu tio pretendia inundar todo o planeta e bilhões de vidas seriam perdidas — os cavaleiros que estavam mortos nessa época ficaram surpresos — Então houve mais batalhas e cinco cavaleiros de bronze muito corajosos negaram o destino que eu havia traçado para mim e me salvaram. Poseidon havia despertado antes da hora e por isso conseguiu ser manipulado com mais facilidade por Kanon, irmão de Saga. A história dele e de como seu ódio tentou condenar toda a humanidade é longa, mas seu arrependimento e suas ações por mim não apagam o passado. Essas ações escreveram um capítulo novo da história — passou a mão brevemente pelos cabelos, precisava controlar seu nervosismo — Por causa dos danos que Kanon causou a Poseidon com essa guerra desnecessária, meu tio solicitou sua presença temporariamente para quitar esses débitos e ajudar a reconstruir seu reino.

 

“Foi exatamente o que ele disse que sentiu ontem à noite quando fomos conversar sozinhos — pensou o gêmeo mais velho.

 

— Depois da dura batalha contra Poseidon, eu quis poupar os cinco cavaleiros de bronze que estavam nela para a próxima que sabia que viria. Foi um erro tentar impedi-los, vocês mais uma vez se fizeram essenciais para vencermos — olhou para Seiya — Minhas guerras contra Hades acontecem periodicamente. Para mim, elas perderam o sentido há muito tempo, mas pelo visto não bastaram para ele. Eu gostaria de agradecer profundamente pelos esforços de todos que batalharam tanto aqui como lá no Submundo. 

 

“Eu realmente quero entender o que está acontecendo” — pensava Seiya — “Por que ela está enrolando tanto para falar?”.

 

— Não pensem que o esforço de vocês foi em vão. No entanto, nossas ações desagradaram outros deuses e cá chegamos a esse acordo de mil anos — ela desejava manter certa neutralidade, mas a garota mimada dentro de si não se permitia sentir contrariada — Então para que mais batalhas desnecessárias fossem evitadas, meu pai Zeus decidiu intervir antes que uma nova guerra santa acontecesse em um curto espaço de tempo. Não direi os nomes dos deuses em respeito ao acordo, mas quero deixar claro que mais uma guerra nas proporções da última iria aniquilar a humanidade e tudo que conhecemos.

 

— Saori, você me desculpe, mas, por favor, chegue no ponto! — o cavaleiro de pégaso disse irritado — Diga o que precisamos saber.

 

— Eu não concordo com o tom que meu amigo Seiya usou, mas eu concordo com ele — disse Shiryu — Por favor, minha deusa, seja direta — pediu educadamente.

 

— Tudo bem, rapazes. Vocês estão certos. Falar sobre esse tratado é difícil para mim — colocou uma das mãos sobre o peito — Primeiramente, esse acordo envolve o meu compromisso de ser uma boa deusa, o que envolve essa aliança com Hades e Poseidon. Caso eu falhe, já estou a par das consequências. Não se preocupem com isso, envolve somente a mim — ela desejava não ter que se pronunciar, porém continuou — A segunda coisa envolvia um pedido inegável para cada um dos deuses. Algumas pessoas testemunharam esse momento e acho que podem concordar que nem eu e nem Poseidon fizemos pedidos abusivos. Já expliquei o motivo de Kanon ter partido temporariamente. Finalizar esse acordo garantiu a volta de todos os guerreiros, não somente os que morreram nas guerras santas, como também os que morreram graças à crise do Santuário anterior à elas. Perguntas?

 

— Sim, eu tenho uma — surgiu Ikki descendo as escadas — Disse que eram pedidos inegáveis, mas não que eram inegociáveis. Por que permitiu que meu irmão partisse como uma mera moeda de troca? Faria o mesmo se fosse qualquer um de nós?

 

— Fênix, esse não é o melhor tom para se falar com nossa deusa — disse Shaka que parecia estar em meditação esse tempo inteiro — Sua dúvida é pertinente. No entanto, eu creio que caímos em uma espécie de armadilha. Estamos vivos, há tempos que não víamos o exército de Athena tão poderoso, mas esse acordo nos deixou acuados. Pelo o que disse, não me pareceu que tivesse algum poder de decisão.

 

— Você está certo, Shaka. Eu não tive grande poder de negociação sobre os termos e estamos vivendo as consequências disso — disse com pesar — Ikki, eu realmente lamento muito pela partida de Shun, mas até ele compreendeu ser necessário. Eu espero que ele consiga ficar bem por lá.

 

— Athena está sendo otimista demais em relação a Hades — o cavaleiro de Cisne se manifestou — Quem garante que Shun ficará bem sendo um escravo lá embaixo?

 

— Por mais antipatia que eu tenha pelo meu tio, eu posso garantir que ele é um deus de palavra. Mal ele não fará — tentava acalmar os ânimos em vão.

 

— Não farão mal à ele, mas também não há garantia de que Shun terá a chance de ser feliz — disse Shiryu — Nossa prosperidade será construída sobre o sofrimento dele. Isso não é justo...— apertava os punhos.

 

— Eu entendo que estejam abalados. Vocês quatro podem tirar um tempo para se recuperarem, mas mandarei um chamado assim que necessário — aquilo estava a cansando emocionalmente — Nossas missões a partir de hoje serão voltadas para ajudar diretamente as pessoas e reportar movimentos suspeitos de outros deuses, nesse segundo caso somente assim conseguiremos o aval para agir.

 

— Já ouvi besteira demais, eu vou embora! — Ikki se preparava para deixar o Santuário quando um homem tocou seu braço.

 

— Espere um pouco, rapaz. Nós iremos com você, precisamos conversar sobre seu irmão — logo uma amazona se juntou ao cavaleiro.

 

— E quem é você?

 

— Albion de Cefeu, mestre de Shun — respondeu o loiro — June e eu também estamos de saída — virou-se para Athena — Sei que o convite não se estende a nós, mas vamos partir para reconstruir a Ilha de Andrômeda.

 

— Desculpe-me por ter esquecido desse detalhe, Albion — a jovem estava constrangida — Podem partir à vontade e por favor, levem a armadura de andrômeda de volta para a ilha. Infelizmente ela precisará de um novo portador que esteja à altura dela.

 

— Adeus! — mestre e pupila disseram juntos — Vamos, Ikki? — o mais velho chamou e eles foram juntos embora.

 

Dado o momento, todos foram dispensados de seus afazeres. Muitos dos revividos ainda queriam matar as saudades entre si e estavam mais alheios sobre o que aquela reunião iria de impactar em seus futuros. Já outro grupo, esse sim discutia as possibilidades daquele acordo.

 

— Esse acordo foi uma verdadeira sinuca de bico — comentou Aldebaran — Mas fico aliviado em não precisarmos interferir nos assuntos dos deuses.

 

— Athena não respondeu propriamente a pergunta de Fênix — Camus levou sua mão ao queixo, pensativo — Será mesmo que ela faria o mesmo com qualquer um de nós caso Hades escolhesse?

 

— Creio que não — disse o indiano — Eu vi o quanto nossa deusa tentou salvar o jovem Shun de carregar a alma de Hades no Submundo. Ela pôs sua vida e todo o destino do planeta em risco por suas ações, naquele momento ela havia pensado somente nele.

 

— Estou sentindo um “mas” — comentou Milo — Dessa vez ela o sacrificou para o bem de todos os habitantes da Terra.

 

— Sim, isso é inegável, mas não acredito que ela faria o mesmo com qualquer um de nós — caminhavam para subir as escadas — Poucos seriam resilientes para aceitar tal destino.

 

— Também creio que a deusa tenha seus favoritos — disse Milo — Não a julgo por isso. Aqueles garotos estavam sempre ao lado dela.

 

— Shun era um desses garotos, Milo. Não entendo onde quer chegar — disse o anfitrião da primeira casa.

 

— Acho que entendi o que esse escorpião quer dizer, Mu — Afrodite deu um breve riso — Será que Athena está mesmo apaixonada?

 

— Pelo pouco que estive perto dela, sim — disse o escorpiano — Ela não quis poupar aqueles cinco à toa. Creio que todos estão cientes dos feitos deles, mas um nome se destaca. O nome envolvido no pedido dela para Hades…

 

— Seiya? — questionou Camus — Isso me soa como uma intriga.

 

— Não queria ter que concordar com o Milo, mas acredito que no fundo ele esteja certo — bufou Shaka.

 

— SHAKA! — todos exclamaram em uníssono, incrédulos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As coisas começaram mal no Santuário. A Saori que lute para lidar com isso! Boa sorte para ela!
Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Moeda de Troca" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.