Moeda de Troca escrita por Miss Siozo


Capítulo 15
Dom especial (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Sei que ando sumida há um bom tempo, muita coisa aconteceu nos últimos meses, mas deixarei a explicação para quem quiser ler nas notas finais.
Terminei de escrever esse capítulo na madrugada e estou postando em uma data especial, meu aniversário. Fica de presente para vocês!
Boa leitura!



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Pouco tempo se passou e os cavaleiros de Athena estavam se adaptando à nova realidade bem. Não é como se fosse algo difícil, afinal agir como um civil não é a coisa mais complicada do mundo. Seiya treinava com Aiolos no Japão, que também aproveitou para estudar melhor o idioma do país para não depender tanto do inglês para se comunicar. Eles não sabiam ao certo quando deixariam o país, pois aquilo dependia de Saori, que não estava muito aberta a diálogos. A verdade é que fora dos interesses da empresa, a jovem se encontrava mais reclusa e bastante reflexiva. Ela procurava se informar sobre o Santuário, mas não fazia mais nenhum movimento no “Tabuleiro dos Deuses”, pois qualquer coisa parecia arriscada ao seu ver.

 

No Submundo, um clima de monotonia pairava no ar. O funcionamento do local parecia um “relógio suiço”, harmonioso, mas faltava “alma”. As almas não faltavam naquele lugar, afinal, estamos falando sobre a morada delas após seus julgamentos, mas no sentido de vitalidade, as ausências foram sentidas. Hades, quando um dia conversou com Poseidon, soube da posição atual de sua sobrinha, que fez algo parecido com que fizeram com Pandora e Shun, só que em grande escala. O deus dos mares achou interessante haver esse equilíbrio entre uma vida de guerreiros e uma vida comum. Estava pensando em implantar algo do tipo em seu exército, mas ainda precisava de um tempo, já que ainda carecia de um bom número de soldados. Logo, apenas poderia agraciá-los com algumas folgas no mês e estabeleceu horários com a ajuda de Sorento, seu braço direito.

 

Hades só podia replicar o que Poseidon fazia, já que gostaria de estar em vantagem numérica para dispor do modelo de Athena. Ao mesmo passo que considerava imprudente a estratégia da sobrinha, pois aquilo desprotegia a mesma e o Santuário, achava inteligente o fato de seus guerreiros se espalharem pelo mundo, dando a cobertura às demandas globais.

 

— Ao mesmo tempo, seus guerreiros podem desfrutar de uma vida para além da servidão. O exército dela pode crescer, receber novos aprendizes, adeptos.

 

— Isso é verdade — concordou Hypnos — Eles podem crescer em sabedoria, deleitar-se-ão com os prazeres do mundo, mas não por inteiro. 

 

— Além do mais, há uma semente de discórdia plantada no Santuário. Talvez essa “benevolência” de Athena seja uma forma de agradar o próprio exército, para que a visão ruim que adquiriram seja aos poucos apagada — disse Thanatos.

 

— Acho que os dois podem estar certos — disse o imperador. — O que ela fez foi bastante arriscado e sem grandes garantias. Mas, cogito em flexibilizar a rotina do Submundo quando os nossos espectros emprestados retornarem.

 

— Não vejo nada de errado sobre como as coisas são conduzidas por aqui — resmungou Thanatos — Por que mudar?

 

— No final de tudo, todos que trabalham conosco são humanos. Os humanos servem aos deuses, mas até que ponto essa provação toda compensa? — refletiu — A maioria quando morre não tem seu descanso eterno merecido. Quando suas almas não terminam em uma de minhas prisões, encarnam para a servidão novamente.

 

— Em eras isso nunca foi uma preocupação do senhor, por que agora?

 

— A preocupação constante com as guerras me privou de olhar para outras questões, Hypnos — respondia — Esse acordo, de alguma forma foi uma oportunidade para pensar em algumas ideias que em outro contexto seriam impensáveis ou tolas.

 

— Bom, isso só o tempo dirá, mas como está Pandora e seu novo mascotinho? Eles estão desfrutando da mesma liberdade que o exército de Athena. Como vai a empreitada? — ironizou Thanatos.

 

— Sei que não simpatiza com ambos, mas poderia ser mais comedido com suas palavras, meu irmão.

 

— Eles estão bem. É o máximo que posso contar a quem não se importa de verdade com o bem-estar deles — finalizou Hades — Estou de saída.

 

— Vais ao salão de julgamentos?

 

— Não, Hypnos. Vou até o castelo na superfície — tirou o aparelho móvel do bolso — Até que esta engenhoca é interessante. Não serve apenas para a comunicação, há entretenimento nessa coisa.

 

 

Em Londres, Shun e Pandora seguiam com sua rotina normalmente. O japonês estava adaptado à nova escola e a alemã também desfrutava de viver como uma civil. A verdade era que ela estava sempre em alerta, mas disfarçava bem, pois não queria prejudicar o tratamento de seu “irmão mais novo”. A mentira de que eram irmãos adotivos convenceu bem os colegas do colégio.

 

Apesar de estarem quase sempre juntos, Shun e Pandora têm os seus momentos separados. A general de Hades “afrouxou as rédeas” e permitiu o ex-cavaleiro ter um pouco mais de liberdade. E foi em um desses momentos que algo inesperado aconteceu.

 

— “Caminhar para pegar um pouco de sol e ar puro, recomendações médicas” — repetia para si mesmo as palavras de seu médico — É um milagre não estar chovendo.

 

— Aconselho a levar um guarda-chuva mesmo assim — disse a moça. — O período de chuvas está prestes a passar, mas mudanças de estações são um tanto imprevisíveis.

 

— Não havia lhe visto, Pandora. Vai sair também?

 

— Não, Shun. Vou ficar em casa e ser completamente “inútil” ao mundo! — jogou-se no sofá — Também comecei a fazer terapia e minha terapeuta recomendou que eu tivesse mais momentos ociosos. Daqui a pouco não teremos sossego, as aulas de verdade vão começar e tudo será mais corrido do que o projeto de verão da escola.

 

— O Adrien comentou isso comigo. Que o projeto é bom para quem está se adaptando ou está “pendurado” em algumas disciplinas.

 

— Ele está certo. Por isso que eu peguei esse balde de pipoca para comer enquanto vou fazer algo chamado “maratona de séries” que a Patrícia me recomendou. É bom para ter assunto adolescente. Às vezes eu me esqueço que sou uma. 

 

— Eu também esqueço — riu —  Vou dar uma volta e não demoro. Vou arejar um pouco a mente e quem sabe assisto alguma dessas séries contigo.

 

— Vou deixar para ver a comédia quando você chegar.

 

— Combinado!

 

O rapaz saiu e começou a sua caminhada. No início pensou em ir até o parque, mas deixou que seus pés o guiasse. Caso se perdesse poderia usar o GPS ou pedir ajuda. Sua mente divagava sobre várias questões repetitivas. Sentia dificuldades em apenas “viver o momento”, pois andava ansioso ou preocupado com algo na maior parte do tempo. A medicação o ajudava, mas não fazia milagres. É difícil encarar um caminho novo de peito aberto quando se está muito ferido. O medo era o principal combustível que o paralisa ou o movimenta sem pensar muito.

 

— Alguém! Me ajuda! — ouviu uma voz vinda de um bosque.

 

“Eu preciso ir até lá ajudar” — deu o primeiro passo, mas parou — “E se for alguma armadilha? Estou fora de forma… Pandora tem razão… E se eu chamá-la?”.

 

— Socorro!

 

— Não dará tempo. Eu irei até lá…

 

Caminhava e ainda ouvia a voz no mesmo volume de antes. Achou estranho, pois parecia que a pessoa estava mais perto de si do que realmente estava.

 

— Oi! Onde você está? — perguntou Shun.

 

— Perto do lago, por favor! — Implorava a voz — Você precisa nos ajudar!

 

Então ele correu o mais rápido que conseguiu. Seu coração estava acelerado, assim como sua respiração. Até que finalmente chegou e viu uma mulher com cerca de vinte e cinco anos. Ela estava molhada da cabeça aos pés, mas não havia sinal de água ao redor dela.

 

— Finalmente alguém atendeu ao meu chamado! Mas, não sei como um menino poderia ajudar.

 

— Tente contar primeiro o que houve.

 

— O carro está afundando no lago. Meu filho está lá dentro. Tente salvá-lo, por favor!

 

Shun avistou a parte traseira do carro e o menino estava lá afundando. Deveria ter cerca de quatro anos, mas não entendia como a mulher havia escapado e deixado a criança para trás. Ele tirou os sapatos, seu casaco e a camiseta para entrar no lago. A água fria foi a primeira coisa que sentiu, mas estava determinado a chegar ao veículo. Para seu espanto viu a mesma mulher dentro e claramente morta, o condutor também estava com vários ferimentos e igualmente morto. Apenas a criança estava ali batendo no vidro sem entender direito o que acontecia. Não estava conseguindo forçar as janelas do veículo para abrir, tampouco quebrá-las. Ele não desejava ter que usar seu cosmo, mas depender de sua força bruta também não era uma boa opção. Tentou produzir uma corrente de ar, porém havia falhado. Se esforçou mais e conseguiu produzir uma rajada que lembrava um pequeno redemoinho e com o outro braço conseguiu produzir uma abertura no vidro traseiro do carro e retirou o menino em segurança. 

 

Shun nadou com o garoto, mas se sentia exausto. Seu senso de dever ainda falava mais alto do que seu corpo e por isso conseguiram chegar em terra firme. O garotinho não parecia ter sido fisicamente afetado, contudo precisava de cuidados. O japonês o vestiu com seu casaco e procurava por seu telefone. 

 

— Eu agradeço por ter salvo o meu pequeno Bruno. Não conseguiria partir em paz sabendo da forma como ele poderia morrer — disse o espírito — Você deve ser uma pessoa especial para ter conseguido falar comigo assim.

 

— Então desde o início você já sabia que estava…

 

— Morta? — completou — Não. Não sei ao certo quanto tempo tem desde o acidente, o carro afundava devagar quando que vi exatamente aqui e não conseguia retornar para o lago. O irresponsável do meu marido bebeu demais e discutíamos até que do resto eu ainda não recordo direito. Deixe-o em segurança com Beatrice, minha prima.

 

— Eu o farei, não se preocupe — prometeu.

 

— Você é um herói, mocinho. Qual é o seu nome?

 

— Meu nome é Shun.

 

— Sou Aurora. Gostaria de te conhecer em outras circunstâncias, mas infelizmente não foi possível — ela se aproximou do filho e fez um carinho em sua cabeça antes de partir — Adeus!

 

Uma luz forte surgiu e desapareceu de repente. Shun tentava pensar na melhor solução. Não conseguiria sair dali com a criança sozinho, teria de dar explicações às autoridades, mas mal aguentava manter seus olhos abertos. Conseguiu chegar até o telefone e ligou para sua “quase” irmã.

 

— Pandora, eu preciso de ajuda. Nos localize pelo GPS e chame a polícia.

 

— Shun, o que está acontecendo?

 

— Eu salvei uma criança no lago, usei meu cosmo e estou perdendo a consciência. Por favor, venha rápi…

 

— “Rápido”. —  Completou a frase do jovem antes de encerrar a chamada — E a terapeuta ainda acha que posso me dar ao luxo de ter um dia ocioso? — suspirou — Vou trocar de roupa enquanto ligo para a polícia…


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Notas finais do capítulo

Agora Shun consegue ver as almas fora do ambiente do Submundo e finalmente percebeu o quanto deixar de treinar prejudicou sua performance no salvamento do menino.
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Sobre o meu sumiço. Não lembro se foi nessa ou outra fanfic minha que eu mencionei que iria fazer uma cirurgia. Então, eu fiz e já me recuperei. Ficava doente semana sim, semana não (ainda estou assim :/ ). O trabalho não tem me dado muita trégua e quase sempre estou exausta. Algumas ideias sobre as histórias até passam pela minha cabeça, mas estava difícil de me concentrar para escrever.
Também passei por desilusões dolorosas dentro desse fandom e pensei muito em desistir de tudo isso aqui, tive um bloqueio criativo muito forte que durou meses, mas o incentivo de alguns leitores me motivaram a voltar aos poucos. Tenho muitos projetos para fechar, eu sei, mas levará tempo. Não desistam de mim, ok?
Agradeço muito ao apoio em todas as redes que publico minhas fanfics! Até o próximo capítulo!



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